Me levantei sobressaltada e sentei na cama, seu rosto estava iluminado pelo sol que entrava na janela do corredor.

– Castle - arfei - qual parte do "não tente gracinhas" você nao entendeu?

– Calma ai Kate - ele disse levantando as mão e rindo.

Só agora percebi que ele tinha um celular, o meu celular nas mãos, e ele estava tocando.

– Acho que você deixou na cozinha ontem a noite quando subiu para o quarto, e esta tocando, é o Esposito.

Levantei e arranquei o celular da mão dele.

– Beckett.

– Hey Kate, que demora heim. Enfim, Roy esta falando que teremos de ir na casa da Melanie, achei que quisesse ir junto.

– Com certeza, vou me arrumar e já estamos indo.

– Estamos? - Espo disse, posso apostar que ele estava sorrindo maliciosamente nesse momento - tem alguem - ele frisou a alavra alguem - ai com você?

– Não Espo, não tem, até logo - desliguei. - Temos que ir - falei para o Castle.

– Mas já? Tinha até preparado um café para você, como retribuição por ter me deixado ficar aqui.

– Acho que da tempo de tomar um café, mas agora preciso me trocar - falei, mas ele não se mexeu - Castle, preciso me trocar, por favor, saia.

Ele fez um beicinho mais saiu. Assim que fechei a porta eu sorri. Não tinha esquecido meu celular ontem a noite lá quando subi para o quarto, eu fui até lá em baixo durante a noite, para ve-lo. Tentava convencer a mim mesma que desci até lá só para ver se ele estava bem, mas o frio na barriga que senti assim que o vi essa manha me dizia que eu estava tentando enganar a mim mesma.

Troquei-me rapido e logo desci.

– Hora de trabalhar - falei depois de ter ficado algum tempo o observando - É melhor ir para casa e trocar de roupa, você...

– Eu sei Beckett, pode deixar - ele piscou - acho que já está seguro voltar para casa.

Tomei o café que ele preparou e então dei carona para ele até a sua casa e segui para a delegacia.

Quando Castle chegou fomos os quatro até a casa de Melanie. A casa continuava a mesma de anos atras, eu me lembrava de brincar com ela ali naquele jardim muitas vezes.

– Melanie Mason, NYPD, abra a porta - Espo falou, não ouvimos nada - Melanie - ele tentou novamente, mas nada, não ouvimos nada vindo de dentro da casa, então Espo olhou para mim, deu um passo para tras e arrombou a porta - NYPD - ele entrou berrando, sendo seguindo pelo Ryan, eu e Castle.

Vasculhamos a casa toda mas não havia ninguem lá, o celular estava em cima da mesa de centro na sala.

– Explicado porque ela não atende o celular - falei quando vi 6 chamadas perdidas - mas porque ela sairia de casa sem levar o celular?

– Bom, vamos vasculhar e ver o que encontramos pela casa - Ryan disse.

– Tudo bem, eu e Castle vamos voltar para a delegacia e vamos ver se conseguimos entrar em contato com ela.

Eu voltei para o carro e fomos para a 12ª.

– Sabe Castle, isso esta estranho, a Melanie nunca sai sem celular...

– Você não vai gostar do que eu estou pensando...

– Que ela deixou em casa para não a rastrearem? - perguntei e ele apenas assentiu - passou pela minha cabeça também. Mas devo confessar que é dificil pensar nela como uma assassina.

Suspirei e o resto do caminho foi silencioso. Ao chegarmos na delegacia ligamos para a academia de dança e ela não estava lá, tentamos ligar para o David, mas ele não atendia.

– Ela e o garoto não estão em parte alguma? - Roy perguntou.

– Não conseguimos achar nenhum deles, Senhor.

– Ha alguma possibilidade de terem fugido?

– Talvez...

– Emita um alerta para eles, se tentarem sair da cidade nós saberemos, e assim teremos mais policiais atras deles.

Eu concordei e fui até o telefone para fazer o que o Capitão tinha mandado.

– Você acha mesmo que ela fugiria?

– Não achei que ela fosse capaz de matar alguem, então não sei de muita coisa - falei sem animo.

– Conversei com a Alexis e minha mãe sobre o bolshoi na Russia. Depois de elas terem ficado horas falando de como a Melanie era boa elas finalmente concordaram que sim, essa vaga na Russia é um motivo e tanto para matar alguem. Minha mãe é atriz, você sabe, e ela disse que o mundo das artes pode ser não tão bonito por tras das cortinas.

– Sim, eu sei, muitas vezes a Mel chegava em casa com o pé torcido, ou então com o tornozelo cortado, por conta de terem sabotado a sapatilha dela. Mas ela ter matado por uma vaga que não faz sentido, Castle, ela é simplesmente perfeita dançando, essa vaga era dela, sem duvida alguma.

– Diminuir a concorrenncia - ele eu de ombros.

– Vamos encontra-la, e perguntar o porque disso tudo - falei e me virei para o elevador quando ouvi o barulho que indicava que a porta iria abrir.

Espo chegou e passou por mim com uma cara nada boa, parou na frente do quadro.

– O que acharam? - perguntei.

– Encontramos um frasco do mesmo veneno que matou Isabella, no deposito da casa da Melanie. No frasco tinha o nome da loja, Ryan foi até lá.

Eu respirei fundo, todas as peças levavam a ela.

– Já tem um alerta para ela e o David, temos policiais atras deles, vamos encontra-los, eu só não entendo o motivo dela - falei.

– Acredito que só vamos saber quando eles aparecerem aqui.

Eu concordei com Espo e ficamos esperando por alguma noticia, mas nada aconteceu durante toda a manha. Perto do almoço Ryan volta.

– Fui até a loja que vendeu o produto. Eles disseram que uma garota comprou esse veneno a uma semana, dizendo que era para alguns animais que estavam incomodando a plantação, segundo o balconista, ela era bonita, o cabelo loiro comprido e liso...

– É ela - falei - temos que encontra-la, não vou ficar aqui sentada enquanto outros procuram, em algum momento ela tem que ir naquela academia de dança, ela vive para a dança, não vai ficar tanto tempo longe. - me levantei e peguei meu casaco - você vem? - disse para o Castle, que logo levantou e me seguiu.

– Se ela tivesse aparecido por lá, não acha que a Helena tinha ligado?

– Não sei Castle, eu só perguntei pela Melanie, não falei que ela era suspeita...

Seguimos para a academia em silencio. A fase de descrença havia passado e eu estava com raiva, raiva de mim por acreditar nela, e raiva dela por ter feito o que fez.

– Detetive - Helena logo apareceu sorrindo quando entramos na sala de dança - no que posso ajudar?

– Ola Helena, bom, eu estou atras da Melanie, não a encontro em lugar algum.

– Oh, ela não passou aqui hoje, o que é bem estranho, ela é a mais dedicada das alunas, mas pode ser que ela tenha resolvido dar uma volga a si mesma. Ela é perfeita, se fizer metade do que faz no ensaio a vaga é dela - Helena sorriu orgulhosa - mas ela não é capaz de ficar muito tempo sem dançar, já procuraram no teatro na outra quadra?

– Não

– Acho que vão a encontrar lá, eu costumava ir lá quando queria passar sozinha minha coreografia, muitas bailarinas fazem isso.

– Muito obrigada Helena - eu sorri para a mulher, ela ficaria arrasada, assim como eu, quando descobrir.

Assim que saimos da academia eu liguei para Espo para eles virem até o teatro. Eu e Castle esperamos na frente do teatro enquanto eles não chegavam.

– Pelo o que Helena falou, a vaga era quase garantida da Melanie, o que a deixa sem motivos para assassinato, como você disse - Castle falou.

– Bom, mas a Isabella era mais nova do que ela, quem sabe ela não pensou que a Isabella teria mais chances por isso?

Logo Ryan e Esposito estavam ali, pegamos nossas armas e entramos no teatro. Ele estava vazio e escuro, passamos pela bilheretia e assim que entramos no corredor para chegar aos assentos pudemos ouvir uma melodia, chegando nos assentos pudemos ver o palco, que estava levemente iluminado e alguem estava dançando. Era ela.

Quando entramos a arquibancada estava toda escura, então ela não conseguia nos ver, ela estava dançando maravilhosamente bem, como sempre. A musica já estava quase no final quando chegamos

So I throw up my fist
Throw a punch in the air and
Accept the truth that sometimes life isn't fair
Yeah I'll send out a wish
Yeah I'll send up a prayer
And finally someone will see
How much I care

É ironico ela estar dançando algo dizendo que a vida não é justa, ela tirou a vida de alguem, quem cometera uma injustiça era ela. Quando a palavra "care" da ultima estrofe foi cantada ela saiu girando pelo palco e saltou num grand jete quando tocou "What can you do" começando o refrão novamente

What can you do
When your good isn't good enough
And all that you touch tumbles down

– Ual - Castle, Espo e Ryan falam juntos.

– Vamos lá - eu falei apenas e fomos por tras das cortinas até onde ela estava.

Ela estava olhando para frente, e de repente vira para nós, ela deu um pequeno sorriso e tinha lágrimas nos olhos, engoli em seco por ve-la assim. Mas ela tinha errado, e precisava pagar por isso.