POV Jace

–Jocelyn, como ela está? Por favor, deixe-me vê-la! –Corri para Jocelyn que acabara de sair do quarto de Clary no hospital de Idris.

–Ela esta muito fraca... –Ela falou. As suas olheiras haviam aumentado muito de um dia para o outro, mas suspeitava que ela dormisse mal a mais do que uma noite apenas. –Ela esta acordada, entre, mas não fale sobre Simon ela não está pronta.

Alec dormia nos bancos do lado de fora do quarto e achei melhor mantê-lo assim.

Abri silenciosamente a porta. E lá estava ela, ela tentou abrir um sorriso para mim, mas parecia cansada demais para fazê-lo.

–Jace, você esta bem?

–Você recebe um golpe de uma espada que quase atravessa você inteira, volta do mundo dos mortos e está me pedindo se eu estou bem? –Falei tentando manter a voz firme, ato no qual falhei. Corri em sua direção e abracei com o máximo de cuidado possível. –Fiquei tão preocupado com você Clary, pensei que fosse perdê-la.

–Calma, estou aqui. –Ela disse sorrindo. Seus olhos pareciam ter perdido a cor e o brilho que tinham, e Clary estava mais branca que o normal. –Mas e você? Como está você? E os outros? E Simon?

–Eu estou bem, quero dizer, na medida do possível. Alec levou uma flecha na perna ainda está mancando, mas está bem. A maioria está bem, recuperando na medida do possível. –Eu sabia que não adiantaria esconder de Clary, cedo ou tarde ela veria em minhas feições que havia algo que estava errado. –Clary... Eu não sei o que falar... Para acabar a guerra, Izzy e Jonathan tinham combinado que ele pegaria a Pyxis e deixaria ser possuído novamente, e assim cometeria um suicídio e mataria ele e o demônio, mas foi Simon quem pegou a caixa, e depois de ser possuído ele tacou fogo em si mesmo. Sinto muito Clary, Simon foi muito... Simon foi o herói, morreu com honra e ele sempre vai te amar, independente de onde estiver.

Ela olhava para a janela como se não conseguisse acreditar, sentei ao seu lado da cama e deixei um beijo em sua testa fiquei ao seu lado em quanto ela soluçava e deixava as lagrimas caírem, falando o quanto doía e o quanto seria difícil para ela suportar a dor.

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POV Clary

Depois da guerra ainda ficamos mais um ano em Idris, Maryse tomou o lugar de Consul e o Inquisidor, um homem que perdera toda a família para a guerra. Eu e Jace nos casamos nesse meio tempo, Jace me obrigou a fazer uma festança, não me importei em relação a isso, só queria estar ao lado dele. Agora sou Clarissa Adele Fairchild Morgenstern Herondale Lightwood, mas para poupar tempo prefiro apenas Clary Fray Herondale, tanto eu quanto Jace assumimos o sobrenome Herondale mesmo ele sendo um eterno Lightwood, Jace também assumiu o Instituto, mesmo a maioria das pessoas falando que ele era muito infantil e irresponsável. Magnus e Alec se casarão em breve. Izzy era a que estava pior, se movia apenas pela felicidade alheia, desde a morte de Simon e do pai ela não come direito e passa boa parte do dia no quarto, ou sozinha em algum lugar de Idris.

E foi nesta manhã que resolvi visita-la.

Era cedo, Alec e Izzy deviam estar ainda dormindo, mas mesmo assim resolvi tocar a campainha.

Eu era a única que ainda não havia falado com ela. Minutos depois Alec com cara de quem acordara minutos atrás abriu a porta para mim.

–Que diabos você está fazendo aqui as sete da matina cunhadinha? –Ele passara a me chamar desse jeito desde o casamento, não que eu ficasse irritada, mas era estranho receber comentários assim, ainda mais vindos de Alec.

–Ta com cara de resaca, ontem a noite deve ter sido ótimo, deve ter feito Magnus lançar muito glitter... –Olhei maliciosamente para Alec que me respondeu com uma cara de cala boca desgraça, mas já ficando ruborizado.

–O que você quer? –Ele pediu agora com mais cara de rabugento.

–Quero falar com Izzy. –Disse determinada.

–Ela está dormindo, mas pode subir.

Subi as escadas e me dirigi até seu quarto, bati na porta de leve e entrei. E vi a ultima coisa que esperava. O quarto estava uma bagunça, mas isso não me surpreendia, o que me surpreendia era Izzy no meio de tudo com uma mala e uma mochila em mãos surpresa em me ver.

–Para onde você está indo? –Pedi e ela largou suas coisas no chão e se sentou na poltrona. –Você não vai deixar a Clave, não é?

–Eu sinto muito Clary, mas é muito doloroso ficar em qualquer lugar que me lembre de Simon.

–Você acha que não é difícil para mim também? Eu perdi meu melhor amigo, aquele que sempre esteve ao meu lado, e como você acha que Alec reagiria?-Falei, apelando para o lado familiar ao ver que nada mudaria sua opinião.

–Ele não precisa saber... –Ela falou encarando o chão.

–É claro que precisa, ele é seu irmão! Maryse jamais deixaria isso acontecer, você deixaria de ser uma caçadora para sempre! –Falei aumentando a altura de minha voz.

–Ela só não precisa saber, o mundo é perigoso eu preciso me proteger de algum modo, eu também preciso esquecer-me de Simon, você não tem noção do quão frágil me tornei, eu simplesmente odeio isso, eu preciso viver minha vida. É claro que nunca vou me esquecer de Simon, ele sempre será aquele que amei, mas precisa entender que é difícil demais, até para mim.

–Izzy eu não estou aqui para te impedir, eu vim aqui para conversar sobre Simon e sobre como você estava. –Falei.

–Clary eu já decidi, não vou mudar minha opinião...

–Fale para os outros no mínimo, eles vão entender, todos apenas querem sua felicidade. –Falei com total sinceridade em minha voz.

–Eu posso falar, mas nada vai me impedir de ir embora. Mas não vou falar nada para minha mãe, ainda mais agora que ela assumiu o cargo de Consulesa.

Depois disso nos reunimos à tarde para Izzy se despedir, eu fiz o portal para Nova York e fiz Izzy prometer que visitaria o Instituto e então ela passou, mais um Lightwood se fora.

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Não sou a melhor em contar histórias, também não poderia dizer que foi um final feliz. Em histórias, ninguém mostra as pessoas juntando os cacos quebrados, ajoelhadas nos mesmos sem se importar com a dor que causava. Não seria sensato dizer que Izzy superou a perda, que eu superei, que Alec não estivesse dando a mínima para o pai, ou que todos estivessem felizes, de mãos dadas como no fim de uma peça, sorrindo. Não é um conto de fadas, é simplesmente o que é... Poderia ter sido diferente, poderia ter sido melhor, menos doloroso. Tivemos momentos de felicidade, mas ficou marcado, jamais seria removida, uma dor incomoda no fundo do coração. Mas como em qualquer fim previsível, tentamos encobrir o pior com o melhor.

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–Eu quero conhecer a tia Izzy! –Adrien o meu filho mais velho, falou.

Ele tinha os cabelos e o rosto de Jace, já o temperamento e o os olhos verdes eram obra minha, ele tinha oito anos, mas era cuidadoso e detalhista como qualquer adulto, nada fugia de seus olhos. Ele se jogou na grama verde do instituto.

–Quem é tia Izzy? –Pediu minha outra filha, Annie, outra ruivinha invocada na família, ao menos tinha os olhos do pai fazendo-a parecer uma pequena princesa, sinto pena dela no futuro, por ser dois anos mais nova que Adrien, teria superproteção em dobro.

–A tia Izzy ela é irmã do seu pai e de Alec, mas ela deixou a Clave. Vocês vão conhecer ela, um dia. –Respondi com calma escondendo a carta que tinha em mãos, a primeira carta que Izzy havia mandado. Ela falou que estava bem, havia encontrado outro caçador de sombras fugitivo e tiveram uma filha, estavam morando na cidade, e talvez no futuro viesse visita-los.

As duas crianças correram em direção ao portão assim que ele fechou. Deitei-me no peito de Jace esperando as demais crianças chegarem.

Em questão de segundos, Max filho de Alec e Magnus, pulou em nossa direção, assim como Sophie filha de Jonathan e Jenna.

Max, assim como Adrien já tinha oito anos,cabelos castanhos e olhos azuis, calmo como o pai, adora um bom livro, e o nome não foi dado a esmo nem traz duvidas de onde veio. Sophie tinha cabelos castanhos e olhos verdes, um doce de garota, desde pequena vive grudada em seus lápis de cores, sempre que posso tento ensina-la a pintar, ela realmente tem um grande dom.

Logo depois seus pais vieram caminhando e conversando, e depois se reunindo a nós.

–Por que Jordan, Maia e o filho não vieram? –Jace pediu brincando com meus cabelos.

–Eles tiveram que cuidar de outros assuntos, mas então é verdade sobre a carta? –Alec pediu e eu a entreguei para ele.

–Crianças vão brincar de alguma coisa e deixem os adultos aqui conversando. –Jonathan falou se juntando a nós em nossa rodinha, mal deu tempo de terminar e as crianças já estavam aprontando em algum lugar do Instituto.

–Será que ela esta feliz? –Alec questionou, talvez mais para si mesmo que para os outros.

–Ela esta bem Alec. –Jace falou com a mão no Parabatai. –Assim como nós. –Ele sorriu contagiando os demais.

–Estamos ficando velhos, esta na hora de termos nosso merecido descanso, paz e sossego. –Jonathan falou deitando na grama.

–Papai, Adrien me chutou!- Sophie apareceu chorando e se jogando nos braços de seu pai. Logo depois Adrien apareceu mancando.

–Mãe, a Annie chutou meu Bob! –Ele mancou até mim e apenas encarei a pequena ruiva com minhas mãos no quadril e olhar sério mesmo estando rindo por dentro, olhei para Jace que ria com a referencia a bob, provavelmente outra criação dele. -Fala sério Jace, você esta estragando esse garoto.

–Eu não, filho fala o que te ensinei.

–Sexta é dia de o Bob ir para as cavernas escuras e apertadas do mundo. –Falou rindo, logo comecei a bater em Jace.

–Esse é dos meus!- Magnus falou rolando de tanto rir.

–Boa sorte para nós. - Alec falou batendo em minhas costas.

–Talvez nós não tenhamos tanto sossego, mas será uma boa vida. –Falei olhando as crianças voltarem a brincar, correndo felizes, rindo e se provocando. Jace me puxou para seu colo e assim passamos o fim do dia.