Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 24
Surprise


Notas iniciais do capítulo

Eu acordei tão feliz hoje por estar chovendo que resolvi dar uma passadinha e postar o capítulo pra vocês, mesmo que eu tenha 35 questões de Geometria pra fazer até o final do recesso de Carnaval.
Só queria comunicar que nesse capítulo teremos uma leve surpresinha, que vocês podem gostar. Mas acho que é previsível, então não se animem muito.
Boa leitura.



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A semana se arrastou tão lentamente que eu fiquei pensando se até o tempo estava contra mim. Quando o fim de semana finalmente chegou, eu quase me alegrei - e então lembrei que deveria comparecer na arrumação do baile.

Eu havia decidido que tiraria proveito daquilo. Talvez se eu pudesse ocupar minha mente com qualquer coisa (in)útil, parasse de pensar em Jace apenas por um momento. Quero dizer, eu precisava disso. Estava começando a ficar difícil ter que encarar a droga da luz do dia sabendo que eu havia feito uma das grandes besteiras da minha vida. Precisava de uma distração.

Quando cheguei ao colégio, lá pelas nove da manhã, descobri que eu não era a única que havia sido obrigada a comparecer. Pelo jeito as pessoas da St. Xavier estavam tão animadas quanto eu para o baile de inverno. Poderia contar no dedo as pessoas que estavam realmente sorrindo enquanto penduravam faixas em letras prateadas pelas paredes altas do ginásio.

— Qual é o tema esse ano? - perguntei para Maia, uma garota da minha turma de Biologia que estava prestes a ser reprovada nessa mesma matéria.

— É o aniversário do colégio - ela bufou, espalhando cola branca pela própria mão. - Estão tentando fazer algo no estilo Cinderela ou sei lá, baile de gala. Desperdício de tempo, se quer a minha opinião, mas as líderes de torcida estão animadas com isso.

— Típico - murmurei.

Olhei em volta, me perguntando o que eu teria de fazer para me livrar daquilo em menos de quatro horas. Enquanto olhava para a porta central do ginásio, ela se abriu, e eu observei enquanto Simon - parecendo tão animado quanto eu - entrava. Quando me viu apoiada contra uma das mesas, ele acenou e veio até mim.

— Desde quando você participa do Comitê? - perguntei, levantando as sobrancelhas.

— Desde que eu sou tão bom em Educação Física que estou pendurado nessa matéria - esclareceu.

Para a minha sorte, Simon não passava de um nerd magricela que não ligava para basquete ou futebol americano. Ele simplesmente preferia jogar Dungeons And Dragons durante o final de semana inteiro e comer pizza como se não houvesse amanhã.

Olhei para Maia, que estivera arrancando a cola já seca da palma de sua mão. Ela estava entretida na tarefa, e não parecia ligar para a minha existência ou a de Simon. Eu lembrava de ter sido meio que amiga dela no primeiro ano, porque fazíamos todas as aulas praticamente juntas, mas o segundo ano era diferente demais. Havíamos nos afastado e resumido nossos encontros à uma hora de aula de Biologia.

— Você vai vir para o baile? - direcionei minha pergunta para os dois.

Simon fez uma careta, e Maia riu como se eu houvesse acabado de dizer que havia molhado as calças.

— Eu não viria nem se fosse arrastada pelos cabelos - Maia disse, estreitando os olhos. - Além do mais, a professora de Biologia não falou nada sobre ter que comparecer aqui depois de hoje.

— Sorte sua - bufei. - O treinador tem uma visão mais rígida sobre isso. Você vai trazer Isabelle, Simon?

Ele hesitou. Okay, talvez eu houvesse colocado um leve tom de hostilidade na minha pergunta, mas juro que não foi proposital. Além do mais, eu estava ansiosa para ver Isabelle - não me pergunte por que -, mas não havia conseguido coragem para ligar para ela.

— Acho que sim - ele respondeu por fim. - Mas não tenho certeza.

Eu assenti. Fiquei me perguntando se, em outras circunstâncias, poderia chamar Jace para vir comigo. Seria melhor do que ter que ficar no meio daquelas garotas com vestidos me sentindo uma idiota por estar sozinha.

E, ótimo. Lá estava Jace de novo, preenchendo meus pensamentos. Eu estava claramente falhando na missão de me distrair.

Comecei a ajudar Maia e Simon a encher um cartaz com purpurina branca. O cartaz dizia "SEJA BEM-VINDO AO CENTENÁRIO DA ST. XAVIER", com letras grandes e arredondadas.

— Essa escola é velha - comentei, espalhando cola por uma enorme letra S.

— Segundo meu pai, ela é apenas tradicional - Maia falou, num tom quase irritado.

— Apenas uma visão mais gentil - falou Simon. - Esse lugar parece mesmo estar caindo aos pedaços. Talvez o diretor pudesse parar de nos mandar organizar bailes e arrecadar dinheiro para algo realmente útil, como um macarrão com queijo que não tivesse gosto de papel crepom.

— Você já experimentou papel crepom? - fiz uma careta.

— Essa não é a questão. Além do mais, eu não lembro de ver a cara do diretor desde que ele tomou o lugar do Sr. Riviera.

Maia estava estranhamente calada. Quando percebeu que eu a estava observando, suspirou.

— O diretor dessa espelunca é meu pai - falou, seu rosto corado. - Acho que é o único motivo de eu estar aqui.

Simon pareceu tão desconfortável quanto eu. Não falamos mais nada enquanto pendurávamos a faixa do lado de fora da porta do ginásio, que dava para o estacionamento traseiro.

Não fizemos mais muita coisa além de ajeitar as cortinas sobre o palco e montar uma barraca de jogos. Era entediante, e não me ajudou em nada no quesito "Não lembrar de Jace".

— Acho que eu vou para casa agora - falei, assoprando uma cacho bagunçado para fora do rosto.

— Eu também - Simon falou, ajeitando os óculos. - Vou entrar num campeonato online de videogames, preciso estar conectado antes de uma da tarde.

Revirei os olhos enquanto fazíamos nosso caminho para fora do colégio. O sol ameaçava aparecer por entre as nuvens, mas nada que merecesse minha expectativa. Eu quase poderia prever uma tempestade que duraria toda a semana, embora o canal 6 insistisse em dizer que as temperaturas aumentariam.

Simon e eu caminhamos até minha casa, falando vagamente sobre a possível evacuação do Japão nos próximos vinte anos, por conta do acidente nuclear que havia acontecido alguns poucos anos atrás. É, eu também não faço a mínima ideia de onde esse assunto surgiu.

— Te vejo depois - ele falou, enquanto eu destrancava a porta de casa.

— Até mais - respondi.

Quando Simon finalmente se foi, percebi que precisava urgentemente da minha cama. Eu não estava com ânimo para fazer nada, nem sequer desenhar. Queria apenas afundar nos meus cobertores e tentar cochilar um pouco, porque era o único jeito que eu conseguia imaginar para poder esquecer um pouco tudo o que estava acontecendo.

Porém, quando cheguei ao apartamento de minha mãe, a expressão que ela tinha me dizia que eu não poderia, nem tão cedo, descansar. Ela sorria abertamente, de um jeito que ela quase nunca fazia. Seu cabelo estava solto, o que era estritamente incomum, e caía em mechas onduladas sobre seus ombros.

— O que houve? - perguntei, jogando as chaves sobre o balcão da cozinha. - Alguém comprou seus quadros por milhões de dólares? Descobriram o que diabos está escondido na pintura da Mona Lisa?

Minha mãe revirou os olhos.

— Nem passou perto.

— Então por que está tão feliz?

Jocelyn hesitou por um momento, como se juntasse coragem para dizer algo. Aquilo me deixou meio que nervosa, e irritada também, porque não estava com paciência. Tudo o que eu queria era me trancar no quarto, escapar da civilização ou algo assim.

— Luke acabou de sair daqui - ela falou.

— Ainda não entendi qual é a de tudo isso. Luke está sempre saindo daqui, ele vive aqui. Desembucha.

Ela revirou os olhos novamente e gesticulou para que eu me sentasse no sofá. Bufando, eu fiz o que ela disse. Alguma pontada de curiosidade começava a se remexer no meu estômago.

— Ele, bem, me pediu uma coisa - continuou, e quando viu que eu estava prestes a falar alguma coisa, tampou minha boca com sua mão. - Fique calada, Clarissa.

— Com todo esse suspense, você não está colaborando - falei, mesmo que ela continuasse com a mão em minha boca. - Fale logo o que ele pediu.

Ela alargou ainda mais seu sorriso, os olhos verdes, assim como os meus, faiscando.

— Ele me pediu em casamento, Clary - falou. - E eu aceitei.

Arregalei os olhos. Eu nunca havia imagino algo romântico entre minha mãe e Luke, ou talvez estivesse envolvida demais em meus próprios problemas para perceber isso. Olhando por esse lado, eu não passo de uma egoísta sem noção.

Depois de alguns minutos, eu permanecia em silêncio, encarando minha mãe.

— Por favor, diga alguma coisa - ela falou, soando quase desesperada.

— Eu estou assustada - confessei. - Assustada e inconfundivelmente surpresa. Ah, e meio confusa também. Mas estou feliz. Acho que eu só preciso de um tempo para absorver isso. Volto daqui a pouco.

Minha mãe franziu as sobrancelhas, mas assentiu. Me levantei, caminhando tão lentamente até meu quarto que eu parecia um zumbi. Joguei-me pesadamente sobre a cama, sentindo todos os meus músculos doloridos de repente.

Eu estava verdadeiramente feliz, é claro. Não poderia imaginar ninguém melhor para minha mãe além de Luke, que estava conosco desde que eu conseguia me lembrar. Mas ainda assim, não poderia afastar a sensação de que estava tudo dando certo para os outros enquanto tudo parecia errado para mim. Esse sentimento só me fez sentir mais egoísta ainda.

Fechei os olhos com força e permiti que um sorriso se abrisse em meu rosto. Se havia algo que eu sabia, era que deveria demonstrar somente felicidade. E daí que eu me sentia triste? Era uma daquelas situações em que você precisa fingir que está perfeitamente bem, porque a situação exige isso.

Antes que eu pudesse pensar em outra coisa, meu celular vibrou em meu bolso. Era uma mensagem. Peguei-o hesitantemente, sem tentar imaginar de quem era. De algum modo, fiquei surpresa ao ver o nome de Luke no identificador. A mensagem dizia:

Tenho uma surpresa para você.

Levantei as sobrancelhas, sorrindo enquanto digitava a resposta:

Já estou sabendo.


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Notas finais do capítulo

Eu precisava encaixar a Maia de algum jeito na história. Me pareceu injusto não colocá-la, já que ela é uma personagem que eu me identifico tanto. Sério, eu também sou do tipo que odeia vestidos e tudo mais, assim como a Maia, e ela até se parece fisicamente comigo (embora eu seja meio que amarela, e não morena como ela).

Então, gostaram da pequena surpresa? Eu não poderia terminar essa história sem Jocelyn e Luke com seu "final" feliz também.
Agora eu tenho que ir, porque serei forçadamente arrastada até o shopping da minha cidade (minha família tem um senso esquisito de diversão). O lado bom disso é que eu vou comprar Convergente e comer pizza :3

Mandem reviews u_u