“Foi estranho, vi todos os meus desejos numa pessoa só.”

“Tudo começou com um jogo de sinuca... E logo aquela que mal sabia jogar me chamou atenção. Eu não sabia sequer seu nome, só sabia que ela jogava muito mal. E o que eu mal sabia, era que ela seria minha mais nova paixão.”

Duas lindas mulheres entram num bar bem rústico, frequentado por rockeiros bem heavy metal.

Lyah era frequentadora assídua do bar, ela era quem dominava a sinuca. Ninguém conseguia superá-la, ela adorava quando “noobs” ouviam falar de suas façanhas num bilhar, o que os instigava a virem de todas as partes para desafiá-la, onde apostavam grandes quantias em dinheiro, tais quantias que regavam a noite de Lyah e seus amigos com o mais caro whisky que poderiam beber.

Lyah era uma linda Rockeira de olhos azuis e marcantes, boca bem desenhada, cabelo liso, porém bagunçado num corte que lembrava os dos anos 80, num tom louro escuro com mechas. Seu corpo chamava muita atenção, tinha seios medianos, cintura fina, o que dava a impressão de ser um pouco mais alta do que a medida de seus 1,69m de altura. Era durona, adorava uma briga. Protegia os amigos com unhas e dentes quando necessário, uma de suas maiores qualidades. E era dona de uma voz... Incrível. Quando podia, pegava a guitarra que por vezes ficava encostada, pois o bar não tinha uma banda fixa, mas tinham uma jukebox que só tocava clássicos do rock.

Nesse dia, Lyah não estava em seus melhores, tudo tinha dado errado. Todas suas expectativas amorosas e profissionais tinham ido por “água baixo”. Tinha mandado tudo à merda antes de virar o primeiro copo de vodka. Depois do seu décimo copo, - uma garrafa pela metade, e muitas lamurias jogada aos amigos que estavam ali fazendo de tudo para distraí-la - elas entraram no bar. Riam a toa. Passavam uma ótima energia, enquanto Lyah as observava calada, e com o taco de sinuca - recém-usado - em sua mão. Tinha acabado de jogar uma partida, a qual – pela primeira vez – perdeu. Sua cabeça estava a mil, seu coração dilacerado. Tudo o que ela queria era se afogar em mais um copo de vodka.

Gentilmente uma das garotas pergunta se pode jogar, Lyah com o taco na mão apenas esticou o braço entregando-lhe o taco e acenando com a cabeça em sinal positivo, o qual dava a permissão daquele pedido.

Elas arrumam as bolas, e começam a partida. Lyah as observava, e não poderia deixar de notar a beleza daquelas que nunca havia visto em sua vida. Uma loira, de aparentes 1,60m, fazia o tipo “gostosa” de corpo, bonita de rosto, olhos castanhos e dona de uma simpatia incrível e contagiante. Logo ela tinha feito amigos no local. A segunda amiga, já mais na dela, mas não menos divertida e alegre, aparentava ter 1,65m de altura, magra, mas com curvas lindas. Olhos cor de mel o que contrastava em perfeita harmonia com o ruivo de seu cabelo. Lyah não pode evitar o sorriso de canto de boca ao terminar de “analisar” o perfil das “desconhecidas”. Talvez aquele tenha sido o único sorriso que ela deu a noite toda.

– Aê Lyah, não vai jogar mais? – Um de seus amigos a desafia.

– Não, valeu. Até porque as meninas estão jogando. – A ruiva olha pra Lyah como se tentasse dizer um “desculpa por ocupar sua sinuca”. Lyah entende aquele olhar. – E está divertido vê-las jogar, é bom ficar na torcida de vez em quando. – A garota lhe sorri em agradecimento.

– E você está torcendo pra quem? – Pergunta a loira caminhando bem sexy com o taco na mão em direção a Lyah.

– A-ainda não sei. – Gagueja. Não esperava. - Acho que pra primeira que consiga acertar uma tacada. – Disse divertida. As duas novatas caem na gargalhada.

– Então olha só, você vai torcer por mim... – A loira acerta a tacada, mas não consegue encaçapar.

Lyah continua a observar as garotas com seu jogo terrível. Mas aquilo estava a distraindo, ver duas lindas garotas que não entendiam nada de sinuca, numa partida emocionantemente frustrante que ninguém conseguia sair do zero.

– Lyah... Gostou de alguma? – Perguntou Liz, sua melhor amiga.

– Quê? Ah... Não. Quer dizer... São lindas, mas não me interessa. Só estou me divertindo com o jogo mesmo. É engraçado vê-las fazendo a bola querer fugir paras as montanhas. – Ri.

– Tem certeza? Aquela ruiva ali não para de te olhar, e eu sei que ela faz muito bem o teu tipo.

– Liz... Sabe que eu te amo, né? – Liz balança a cabeça em sinal positivo. – Mas não queira dar uma de cúpido... Eu não to legal por causa de meu rompimento com a Vivi. Sem falar no resto das desgraças que me aconteceram no decorrer da semana. Então, por favor... Não tente nada. Não vim aqui pra ficar com alguém, vim pra estar com meus amigos, jogando sinuca, bebendo e tentando esquecer o que ta fazendo doer. E não, ela não ta olhando pra mim. Ta olhando pro Rafa, acho que eles se conhecem.

As garotas param o jogo, afinal se continuassem iriam virar a noite naquela partida. Saíram do bar e o Rafa, um dos frequentadores do bar as seguiu.

– Viu? – Lyah olha para Liz que entorta a boca e coça a cabeça, como sempre faz quando fica confusa ou desapontada. Liz pegou essa mania de Lyah, por serem muito próximas.

– Vamos beber então! Que essa noite alivie tua dor, e que essa vodka te faça esquecer os problemas, pelo menos por hoje!

– É! Que me faça esquecer... – Vira mais um copo tão rápido que o liquido desce rasgando sua garganta.

A noite passou, e o sol se fez presente. Ficaram poucos, só os amigos do dono do bar, os quais o ajudaram a fechar. Desceram para a praia, sentaram na areia, cantaram algumas musicas do Whitesnake e do AC/DC, depois ficaram contando histórias de terror, piadas... Tava todo mundo bastante descontraído, inclusive Lyah. Mas quando ela olhou para o horizonte, lembrou do rosto que ela tanto queria esquecer. E sua feição triste voltou a se fazer presente.

Caminhou até a água corrente, que ia e voltava em pequenas marolas matinais que molhavam seus pés. As lágrimas que evitou derramar a noite toda caíram em um choro silencioso, amargo, pesado... Tentava engolir, mas nada descia. Levou a mão até o cabelo, e o massageou enquanto soltava um suspiro. O vento batia em seu rosto como fortes tapas, e tudo o que a noite a fez esquecer voltou pela manhã.