LANA

—Ah caramba! Que coisa deliciosa -Lisa disse enquanto devorava o bolo em seu prato

—Você não gostou?

—An? -parei de olhar em volta e me concentrei nela.

—Você nem provou! -ela riu me entregando um pratinho com bolo.

—Valeu mas eu não...

—Tudo bem, sobra mais pra mim -ela pegou da minha mão e começou a comer. Lisa tinha uma historia de amor com bolos.

—Quer mais? -ri da cara que ela fez.

—Vamos pegar alguma coisa pra bebermos -ela chamou e foi na frente mas quando fui segui-la,
topei com alguém. Não cai porque a pessoa me segurou pelos cotovelos e logo que eu vi quem era, me soltei. Não falamos nada, apenas nos encaramos.

—Bem vinda de volta, Lana -o frio na barriga voltou ao ouvi-lo falar
meu nome.

—Obrigada -olhei pro chão desconfortável. E nessa hora me perguntei aonde estava minha amiga devoradora de bolos ao invés de estar ali e me ajudar.

—Eu espero que tenha feito uma boa viajem de volta -voltei meu olhar pra ele que coçou a nuca. Dava pra ver que estava sem graça.

—E fiz -nem conseguir dar um pequeno sorriso se quer. Eu me sentia deslocada.

—Ali está ela! Lana, querida! -olhei pro lado e vi minhas tias -Vem aqui, meu bem! -obrigada tias.

—Me da licença -voltei a olhar pra ele que assentiu e me encaminhei ate elas.

—Ta tão bonita! -uma elogiou.

—E os namoradinhos, hein? -essa não, vai começar.

—Obrigada -sorri -E eu não tenho nenhum, tia.

—Duvido! -uma disse e as outras riram. Por que elas estavam em grupo? -Não tem nem um rapazinho que você ta de olho, querida?

—Tem não, que isso -ri sem graça e tentei me afastar.

—Meu bem -outra tia chamou e eu voltei -Você ate pode não estar de olho em nem um, mas tem um ali que não tira os olhos de você -ela apontou pra algum ponto atras de mim e eu me virei pra ver.

—Ahn... ele é... meu irmão, tia. Minha mãe se casou com o pai dele -me aprecei em dizer.

—Ah sim, minha filha! Mas ele é um gatinho hein? -dessa vez eu conseguir me afastar em meio a um sorriso falso.

—Lana! -me virei -Achei você -Lisa me puxou pela mão ate um lugar mais vazio.

—Não vou mais sumir, prometo -ela sorriu empolgada.

—Menina! Você tem que me contar tudinho! Como tá o coração?

—Meu coração? Sinceramente tá... -ela me interrompeu.

—Deve estar ao máximo ne? Com essa surpresa e depois de estar de volta -ihh, ela não quis dizer em relação a ele. Ufa!

—Você nem imagina, amiga! É tão bom voltar pro frio assustador de Londres. Nem tinha reparado o quanto eu gostava ate começar a sentir falta -tudo bem, confesso que a ultima parte não foi pra Londres.

—Ai, to tão feliz que você esteja aqui de novo -ela me abraçou -E parece que não sou a única. Olha so quanta gente veio te ver no meio da noite!

—Tenho uma familia e tanto hein -eu ri -Obrigada.

—Eu não vim por você, Lana! Eu vim pelo bolo, duh -ela se fingiu desentendida -E também porque amanha é domingo -a olhei incrédula.

—Ah então essa é sua desculpinha?

—Vou fingir que sou legal so porque você voltou -sorri. Ela era uma boa amiga, a melhor.

—Quer saber? Ate fiquei com vontade de comer aquele bolo agora.

—Yeeeeah! Vamos pegar um pedaço grandão pra você -rimos e ela me arrastou de volta a cozinha. Ele estava la,
encostado numa pilastra e conversando (animadamente, eu diria) com a minha avó. Eu queria que ele me notasse, era inevitável. E queria que ele viesse falar comigo também, mas acho que pra isso acontecer eu precisava ficar sozinha.

—Lisa -ela olhou pra mim -Aquele ali não é o Davi? -apontei e ela virou o rosto. Davi era meu primo, por quem a Lisa tinha uma quedinha básica.

—Ai Jesus! -ela virou de novo e começou a arrumar o cabelo e conferir se o rosto estava limpo no reflexo de uma colher -E ai?

—Ta linda, vai la -a encorajei e ela sorriu e começou a andar em direção à ele, me deixando sozinha.

Isso, agora so faltava o Nick sacar a deixa.

Eu dei uma olhada de novo pra onde ele estava da primeira vez e ele não estava mais la. Merda.

—Quer ajuda? -minha mãe ofereceu vendo que eu estava pegando um pedaço do bolo.

—Não precisa, obrigada -eu disse mas acabei derrubando na minha blusa -Droga.

—Calma, filha. Vai la limpar que eu tiro um pedaço pra você -fiz como ela pediu. O banheiro do andar de baixo estava ocupado então fui no de cima.

Que inferno, estava dando tudo errado! Pelo menos a porta do banheiro de cima estava entreaberta, não devia ter ninguém. Entrei com um pouco de raiva, admito, dando toda atenção à minha blusa e fechei a porta com força.

—Mas o que isso? -ele perguntou se virando pra mim e eu gritei com o susto.

—Desculpa, desculpa Nick -tentei desviar meu olhar mas ele estava sem camisa.

—Que susto que você me deu -ele riu. RIU. Como assim? Não era nada engraçado.

—Eu entrei com pressa e não te vi aqui, desculpa -dessa vez, com muito esforço, eu consegui desviar minha atenção pro teto.

—Tudo bem -ele falou calmo -Não tem nada de novo aqui -senti minhas bochechas corarem. Por que eu ainda não tinha saído daquele banheiro?

—Desculpa, eu acho melhor... -virei a maçaneta mas a porta não abriu -Eu ir -tentei de novo, nada de porta aberta.

—Quer ajuda? -ele ofereceu. Eu devia ser muito burra mesma.

—A porta não quer abrir -forcei a maçaneta e nada aconteceu.

—Você bateu com força, deixa eu... -ele disse e colocou a mão sobre a minha na maçaneta mas eu tirei de uma vez.

—Não tá abrindo -eu disse o obvio.

—Mas como assim? -ele chegou mais perto e eu so quis abraçar ele. Daquele jeito, nem precisava de camisa nenhuma.

—Talvez seja o jeito e não a força -ele se afastou e eu segurei a maçaneta novamente e dessa vez uma coisa aconteceu. A maçaneta saiu.

—Meu Deus -dissemos juntos.

—E agora? -perguntei me virando com ela na mão.

—Agora ferrou -ele respondeu super positivo.