A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 30
Bruxaria


Notas iniciais do capítulo

Hohohoho

yay mais um e cabou (por hoje, não ta nem na metade (ok, já passou um pouquinho da metade)

eu tenho umas surpresinhas pra vocês

Informações dos personagens:
Elizabeth - http://the-wicked-of-mind.tumblr.com/post/70209729003/a-feiticeira-personagens-i
Desenho meu da Feiticeira (depois, muito depois eu falo o nome de verdade dela) - http://the-wicked-of-mind.tumblr.com/image/70217184773

Eu estou tentando desenhar os outros personagens, mas ainda não fiquei satisfeita.
De qualquer forma, aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/434398/chapter/30

XXX

ELIZABETH

ELIZABETH SE SENTIA FRACA, como uma garotinha de 10 anos. Parecia que seu sistema muscular tinha voltado cerca de seis anos no tempo, impedindo ela de ter a malandragem das ruas que veio com a experiência de luta e as cicatrizes de andar com as gangues. Ela deu outro passo para trás, Johnathan deu um para frente.

Lute com ele – disse a voz de Sam em seus ouvidos – não é isso que você quer? Faça ele pagar.

Sam estava parcialmente certo – Johnathan teria que eventualmente pagar pelo que tinha feito a ela. Ele era seu valentão, seu bully. Se não fosse por ele, ela talvez não teria chegado ao ponto de odiar sua vida o suficiente para fugir de Hades, seria boa com as pessoas e não teria a constante sensação de que não era desejada perto de seus entes queridos, de que era apenas um incômodo para eles. (Ela tinha que admitir que era apenas parcialmente culpa dele, sua mãe tinha grande participação nisso).

Foi a parte do parcialmente que fazia ela voltar a sua consciência. Não, isso era uma estupidez. Sam os queria um contra o outro, e não era só isso – queria que ela ganhasse a luta. Sabia que ela tinha vantagem sobre ele: os mortos ao redor para chamar um exército, a natural capacidade de ser boa lutadora com espada e a névoa ao seu favor. Os raios dele não chegariam até eles com a cúpula de vidro tapando céu, e não havia corrente de ar ali para que ele controlasse os ventos. Sem falar que estavam no subterrâneo, o que era naturalmente a ruína de um filho do Senhor dos Céus e o a melhor das vantagens para uma filha de Hades.

A batalha estava ganha. Elizabeth não queria ganhar.

Tinha que achar um jeito de acalmar Johnathan, de fazê-lo voltar à razão. Inferno, o que tinha feito a ele para que a odiasse tanto? Até onde podia lembrar, ele era o mau da história, suas respostas possivelmente dolorosas eram apenas defesa pessoal.

Johnathan então avançou, tentando ataca-la com a espada. Ela conseguiu desviar por pouco, ele era muito rápido. Também era muito experiente com a espada, muito melhor do que ela. O que quer que tenha acontecido com ele depois que ela deixou o Jardim de Infância deve ter deixado ele no acampamento Júpiter tempo o suficiente para que se tornasse perito na arte da batalha.

Ele era muito bom, ela tinha que admitir. Quando alcançou a outra parede, tinha cortes em muitos lugares, até quase torcera o tornozelo andado para trás. Se continuasse nisso, não ia continuar por muito tempo.

Precisava usar seus poderes sobre a névoa (se eles realmente existiam), era o único poder que ela podia usar sem arriscar matar Johnthan. Elizabeth apertou os olhos, tentando se lembrar da dica de Catherine – ela tinha dito algo como as pessoas vem o que querem ver, ou o que esperam. Certo, tinha certeza sobre isso.

Johnathan brandiu a espada, atacando um arco que atravessaria seu pescoço se ela não tivesse desviado imediatamente. Ele perfurou a parede, destruindo a gaveta do final descanso de Sophie Argyos (uma mulher grega que tinha morrido de tuberculose, embora Elizabeth tivesse certeza que os gregos não chamassem tuberculose de tuberculose) e cravando sua espada de Ouro Imperial fundo na parede. Elizabeth teve tempo de se afastar o bastante antes que ele tirasse a espada de lá, apenas para encara-la até a morte e apontar a espada de novo com ódio.
– O que eu fiz pra você?! – ela gritou. Johnathan não respondeu.

Ela precisava atordoa-lo tempo o bastante para parar Sam, que ainda tinha forte influência sobre ele. Ela suspirou, não era difícil imaginar o que Johnathan mais queria nesse momento.

Ela puxou a espada e a apontou para Johnathan.
– Venha, filho de Júpiter.

Se Elizabeth fosse descrever a batalha contra Johnathan, diria que foi uma das coisas mais emocionantes que já aconteceram com ela. Faíscas literalmente saíam do confronto de suas espadas, fazendo com que eles se afastassem imediatamente como imãs opostos. Ele quase a matava por pouco, e ela quase o matava por pouco. Podia sentir a influência do lugar sobre ela – estava no subterrâneo, sentia seus músculos fortes a todo o momento e estava sempre pronta para atacar. Hécate tinha dito que os poderes dos semideuses eram dados por seus pais em momentos de aflição. Ela podia imaginar Hades intercedendo por ela, apoiando-a se seu objetivo era matar o filho de Júpiter (ou Zeus, tanto faz).

Infelizmente, para ela, Zeus parecia estar fazendo a mesma coisa por Johnathan. Cada um de seus golpes pareciam ser mais fortes, deuses, ele estava se tornando Héracles na sua frente. Ela precisava agir logo ou um dos dois acabaria morrendo.

Ela então viu a oportunidade perfeita – Johnathan se preparava para atacar ela de novo, desta vez ele queria cortar seu pescoço fora. Hécate tinha dito que a sua criatividade ajudaria ela a respeito de controlar a névoa, então talvez tudo o que ela precisava fazer era imaginar.

Ela pulou para o lado, mas sua mente estava em outra coisa.

Ela imaginou a cena como em um filme: Johnathan atacou com sua espada, mas ela era criativa de mais para simplesmente deixa-lo decapitá-la. Em sua mente, Elizabeth usava a espada de ferro estígio na horizontal para interceptar o ataque. Johnathan, como era certamente em sua cabeça o mais forte, forçava a espada negra com tanta força que a rompeu em duas, fazendo Elizabeth cair para trás e bater com as costas na parede atrás dela. Johnathan aproveitou a deixa – ele avançou com a espada e fez um corte em seu pescoço, a degolando.

Elizabeth caiu no chão, seu pescoço sangrando vermelho como um rio. Ela tentava parar o sangramento com as mãos, mas não adiantou – Johnathan deu um golpe fatal seu coração.

A verdadeira Elizabeth jazia oculta pela névoa enquanto Sam aparecia ao lado de Johnathan, que encarava o corpo morto (e falso) de Elizabeth.
– E eu que pensava que ela ganharia. – disse Sam, ao lado de Johnathan – Acho que superestimei a bravura dela, não teria coragem de te matar. – Johnathan caiu para seus joelhos, e observou a espada e as mãos cheias de sangue.
– O que eu fiz? – ele disse, seu rosto repleto de pavor – Os acampamentos... e Pluto... ah deuses. – Sam gargalhou, parecendo realmente orgulhoso.
– Agora você não terá apenas uma luta contra nós, mas entre vocês mesmos. Nossa, melhor do que eu imaginei. Hades deve querer o seu couro agora. – Johnathan olhou muito irritado para Sam ao seu lado.
– O que você fez comigo? – ele brandiu a espada – Por que?! Você não precisava dela?
– Ah, agora eu vejo que era uma inútil, morreu facilmente – Sam deu de ombros – Deve haver outro necromante em algum lugar que vá colaborar para com a minha Senhora, talvez mais tarde quando ela já estiver desperta.
– Eu vou matar você – disse Johnathan, calmo mas com tanta raiva que fez Elizabeth (a verdadeira) ter arrepios – mandar você de volta para o mundo inferior.
– Ah, você não pode. – disse Sam – Ela podia, mas você não tem o poder sobre os mortos. O que foi idiota da sua parte triplamente: primeiro por mata-la, já que vai dar em guerra dos acampamentos e deuses e tudo mais. Segundo por que ela, só ela, podia me mandar de volta para o mundo inferior por causa da seu poder sobre os mortos. Terceiro por que, bem, não era nem culpa dela, era?

Culpa dela? Elizabeth estava confusa. Sam estava falando sobre a razão de Johnathan ter ficado tão bravo? Ela achou ter visto os olhos de Johnathan parecerem mais úmidos.
– Você não tinha esse direito.
– Agora que ela não está mais aqui, eu acho que adoraria ter posse do seu corpo – disse Sam – um filho de Zeus... bem, eu teria poderes sobre o vento e raios se tomasse seu corpo para mim? Tenho certeza que a minha Senhora ficaria contente com seu sangue para a oferenda... ou devo dizer, meu sangue?

Sam então deixou o cara moreno de novo, avançando para Johnathan. Elizabeth teve que tapar a boca para não gritar – a cena era definitivamente não recomendada para menores de 16 anos. Sam literalmente pulou dentro de Johnathan, que caiu no chão e começou a ter uma batalha interna e parecer a menina do filme O Exorcista. Seus olhos giraram dentro das órbitas, ficando brancos. Sua boca começou a babar espuma, seu corpo convulsionava. Ela sabia que os Eidolons geralmente possuíam o corpo mais pacificamente, mas aquele ataque era sinal de que Johnathan estava lutando.

Por fim, Sam ganhou. Ele se sentou no chão, limpou a baba da boca e começou a gargalhar compulsivamente. Então ele se levantou e começou a gritar, como um louco.
– MINHA SENHORA VOCÊ ESTÁ VENDO ISSO?! EU CONSEGUI! EU TOMEI O CORPO DO FILHO DE JÚPITER! SEREI PODEROSO E ÚTIL A VOCÊ!

Elizabeth observava a cena com uma mistura de horror e interesse. Ela saiu das sombras, sabia que agora era a hora de agir.
– Sam. – ela disse – Eu ainda estou aqui.

Sam parou imediatamente, e então olhou para ela com horror.
– Você não... – seus olhos dourados foram na direção do corpo ensanguentado que não estava no chão, e então se arregalaram com horror ao olhar para ela – Como...
– Você não disse... – ela falou, invocando as sombras ao seu redor. Sentiu elas lamberem seus pés, como chamas frias. Chamas negras frias que a inundavam como um casaco. Sua visão ficou preto e branco, ela reconheceu que seus olhos deviam ter ficado vermelhos de novo – ...que eu era uma bruxa?
– Não pode ser... – Sam andou para trás, cambaleando nas pernas de Johnathan – A minha Senhora...
– Samuel – ela disse, as sombras percorreram toda a câmara envolvendo por fim o corpo de Johnathan – volte para o Mundo Inferior. AGORA!

Nisso o chão de todo o cômodo rachou sob seus pés, criando várias fendas as quais pareciam sugar o ar da câmara. Sam abriu a boca de Johnathan, pó dourado saiu dela como uma ventania indo na direção das fendas. As sombras envolveram ele, girando ao redor do filho de Júpiter e fazendo ele levantar do chão. Elizabeth sabia que os eidolons geralmente eram exorcizados mais calmamente – mas esse era diferente, tinha milhares de anos de prática e sua alma era tão forte quanto Elizabeth era obtusa. Deslocá-lo para o mundo inferior era uma tarefa dificílima, quase impossível.

Quando Johnathan finalmente era dono de seu corpo novamente, Elizabeth vacilou até o chão. Ela sentiu a madeira fria contra seu rosto e fechou os olhos, sentindo o sono tomar conta.

Não está acabado, Bruxa. – disse Sam enquanto sua presença se esvaía – eu esperarei por seu sangue na cripta da minha senhora, dentro dos portões do paraíso.
– Elizabeth? – perguntou Johnathan, debruçado sobre ela – Você não está morta, está?
– Não – ela disse – mas eu posso tirar um cochilo agora? – Johnathan riu aliviado.
– Espere. – ele disse, e caminhou para algum lugar atrás dela. Elizabeth se lembrou do cara que Sam estava possuindo antes de Johnathan e se levantou, indo na direção dele.

Johnathan e Elizabeth se ajoelharam aos seus lados, Elizabeth na esquerda e Johnathan na direita. Eles se olharam por um minuto se perguntando silenciosamente o que deveriam fazer, até que Elizabeth tocou o pescoço do homem, pressionando os dedos suficientemente para poder sentir seu pulso.

Não havia pulso, ele estava morto.

Elizabeth retirou a mão, e então tentou de novo. Chegou os pulsos, ainda não tinha pulsação. Olhou para Johnathan, fez um sinal da mão cortando o ar na frente do pescoço indicando morte. Johnathan baixou os olhos azul-céu.
– Droga.

Elizabeth olhou para o morto no chão, então tomou sua mão e cantou. Foi um som baixo, muito triste. O homem não era nada de especial para ela, nem sabia seu verdadeiro nome, mas ela tinha que saber, ele merecia que alguém se importasse com ele, merecia que seus familiares e amigos soubessem, ou tivessem alguma ideia do que aconteceu. Ela cantou algumas poucas palavras, uma melodia simples de algumas notas. Não foi um som perfeito, mas lembrava ela as melodias que sua mãe cantava no piano em francês quando ela era pequena, como canções de ninar. Tomou alguns segundos dela para perceber que estava cantando em grego.

Quando Apolo disse que ela tinha uma voz digna de acordar os mortos, ela pensou que ele estava fazendo uma brincadeira. Assim que ela terminou de cantar, os olhos do homem se abriram levemente e um brilho branco foi emitido deles. O homem apareceu ao seu lado, como uma projeção que lembrava seu corpo, mas de uma forma muito menos digna da realidade. Uma parte de Elizabeth lamentou pelo homem, outra por Evan, esta última inconscientemente – se ele era deslumbrante morto, o que tinha sido quando vivo?
– O que está acontecendo? – perguntou o homem. Ele olhava para seu corpo no chão com olhos arregalados. Elizabeth largou a mão de cadáver e se levantou.
– Eu me chamo Elizabeth – ela disse – eu vou tomar as providências para que seus parentes saibam o que aconteceu com você. Ou ao menos... – ela olhou para Johnathan, que parecia confuso no chão – saibam que você está morto.
– Então, eu estou mesmo? – o homem parecia desesperado, o que fez o coração de Elizabeth afundar. Se tivesse bolado outro plano... ela talvez tivesse salvo ele, talvez ele não teria morrido quando Sam o deixou.
– Eu... eu sinto muito. – ela conseguiu dizer, ouvindo sua voz vacilar – mas eu não posso fazer nada. – ela apertou os lábios, sentindo os olhos ficarem úmidos. Estaria chorando por alguém que ela nem conhecia?

Ela se conhecia bem o suficiente para saber que não era isso, ou pelo menos estava chorando pelo morto errado. Ela piscou os olhos com força, fazendo os projetos de lágrimas se dissiparem e consequentemente atrasando a formação de outras lágrimas.
– Você não... – o morto suspirou – certo, eu acho que chegou a minha hora.
– Não – Elizabeth disse rapidamente. O morto levantou as sobrancelhas, fazendo os olhos que antes da possessão do eidolon tinham sido verdes se arregalarem.
– Não?
– Não é isso que eu quis dizer – ela mordeu o lábio. Droga, tinha dado falsas esperanças para ele – não foi sua hora. Você provavelmente deveria ter tido uma longa vida, tido vários filhos e envelhecer ao lado de sua mulher, ou marido se for o caso. Mas não foi o que aconteceu, a vida não é justa. Eu pelo menos espero que a sua morte seja. É por isso que eu te chamei. Me diga seu nome, e eu vou encontrar seus parentes e tentar dizer o que aconteceu, vou avisá-los para que não tenham a falsa esperança de ver você voltar. – ele pareceu triste, mas porém aliviado.
– Você faria isso? É esse o seu trabalho?
– Não. – ela disse – Mas eu estou disposta a fazer um sacrifício, já que você fez o seu.

O nome dele era Anderson Fairchild. Segundo Andie – como ele fazia questão de ser chamado – ele não tinha quaisquer parentes vivos, com exceção de uma meia-irmã que cuidava, filha de sua mãe. Era como filha dele e estava sozinha no mundo sem ele, por isso estava tão preocupado de sua morte, sem falar que era jovem demais para morrer. Elizabeth não tinha uma boa memória, mas sabia que nunca iria se esquecer do nome de Andie Fairchild por que era um mortal que morrera por sua causa.

Assim que ele se esvaiu e passou de vez dessa para a melhor, Elizabeth desabou contra o chão rachado. Ela pensou ter ouvido Johnathan gritar atrás dela, mas ela simplesmente não conseguia se importar ou dar a mínima atenção – já estava inconsciente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!