Os Marotos escrita por St Clair


Capítulo 10
Capítulo 10: Praia


Notas iniciais do capítulo

Ei pessoal! Acho que demorei um pouquinho, mil desculpas!
Capítulo fresquinho pra vocês!
Boa leitura! ;D



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Sirius Black

O expediente terminou cedo naquela sexta-feira. O clube seria fechado para manutenção pelo resto do dia, o que me transformava num homem livre às três da tarde.

Passei pela secretaria e vi Joanne, uma das estagiárias, ajeitando os papeis. Ela era baixinha, seios fartos e não muito magra, mas seu jeito tímido era, de certo modo, extremamente sedutor.

– Fim de expediente? – Perguntei a ela.

– Pois é, que sorte, não? – Respondeu ela, sorrindo para mim.

– Bota sorte nisso! – Brinquei, rindo. – Tem planos por agora?

– Na verdade não... – Pensou ela. – Tenho que esperar minha carona, que só vem às cinco, horário normal, né?

– Aceita companhia? – Propus, sabendo que ela não iria recusar.

Lílian Evans

Sentei-me em frente ao computador com uma boa xícara de café e uma manta quente nas costas. Já se passava das oito da noite, porém eu sabia que ficaria a madrugada acordada se quisesse terminar a edição das fotos de noivado que tirara na véspera. Com o casamento marcado para a tarde seguinte, quanto antes eu adiantasse tudo, melhor seria.

Abri a primeira foto e sorri, o típico começo com sorrisos congelados e a pose dura. Sendo um casal bem tímido, apenas ao final eu conseguira algo realmente espontâneo. Passei algumas fotos e me senti toda arrepiada com uma foto em especial: ele a segurava pela cintura, ela apoiava o queixo em seu peito e olhava em seus olhos de forma apaixonada, ambos sorriam um para o outro como se todo o resto fosse dispensável. Era por momentos como aquele que minha profissão valia à pena.

Já se passava das dez quando a campainha toca e uma loira sorridente entra em meu apartamento.

– Pensou no que eu lhe propus? – Questionou ela.

– Dorc... – Respirei fundo e pensei cuidadosamente nas palavras seguintes. – Não é por que acabou conhecendo Lupin por um acaso tremendo que isso seja um presságio para eu me casar com ele e ter um monte de filhos!

– E quem falou em um monte de filhos?! – Defendeu-se ela. – No máximo uns dois, Lílian! Não seja exagerada!

Revirei os olhos e voltei para o computador, desistindo da discussão.

– E além do mais... – Ela disse, depois de um tempo. – Seria legal se saíssemos nós três e pedíssemos para ele levar mais dois amigos, assim o clima não ficaria tenso ou coisa parecida... O que acha?!

– Acho essa ideia completamente falha! – Admiti. – E eu já contei a você e a Lene sobre o James.

– Sim! Mas você não pode se fechar a outras possibilidades! – Insistiu ela. – E pelo que eu soube, não rolou nem uma bitoquinha!

“Na verdade, quase rolou...”, meu cérebro completou, lembrando-me de quando desci do carro e os lábios dele tocaram o cantinho dos meus, mas eu não admitiria isso à loira.

– O problema é que, conhecendo você e Lene, vão querer me empurrar de todas as maneiras para o colo dele! E eu não quero isso! – Reclamei.

– Nós!? – Ela fingiu surpresa. – É claro que não! – Apenas a repreendi com o olhar e ela revirou os olhos. – Ok, e se prometermos não fazer isso dessa vez?

– Não sei se confiaria muito... – Ri, mas não seria naquele dia que eu cederia à uma das ideias brilhantes de Dorcas.

[...]

– Ah, tem certeza de que não quer ficar para um cafezinho? – Insistiu a noiva.

– Tenho sim, muito obrigada! – Agradeci. – Estou um tanto cansada. – Admiti.

– Poxa, que pena! – Falou ela, caminhando comigo até a recepção.

– Espero que tenha se divertido e aproveitado! – Comentei.

– Ah, com certeza! Adorei! E queria te agradecer por isso, estou muito feliz! – Seus olhos não negavam o quanto se sentia alegre e, em meu interior, eu também ficava feliz por vê-la realizada.

– Não há o que agradecer! Boa viagem ao Caribe!

Ela sorriu mais ainda, acenando enquanto eu caminhava em direção a meu carro, já se passava das dez da noite e eu estava exausta.

Assim que cheguei em casa, coloquei a bolsa com as câmeras e os equipamentos em cima do sofá e tomei um banho, colocando um pijama mais leve e sentindo-me cada vez mais sonolenta, agora que meu corpo estava relaxado. Tomei um copo de leite e apaguei logo em seguida.

[...]

“Bom dia, flor do dia! Vamos acordar?”

Vi a mensagem de Lene por volta do meio dia, quando finalmente meu corpo sentiu-se inteiro de novo para deixar a cama. Tendo trabalhado muito no dia anterior, tudo o que eu queria era aproveitar um domingo preguiçoso no aconchego do meu apartamento.

“Bom dia pra quem acordou agora. ‘rs”, foi o que eu respondi.

Tomei uma ducha para acordar e coloquei um vestido velho e confortável, prendendo o cabelo num coque e andando descalça pela casa em busca de comida. Não demorou muito e meu celular estava tocando.

– Oi! – Falei, a boca cheia de bolacha recheada.

“Onde está a boa educação dona Lílian? E vê se essas são horas de acordar?” – Lene imitou minha mãe de forma falha, fazendo com que ambas rissem. – “Mas me diz, quais os planos para hoje?”

– Minha casa, preguiça eterna. – Respondi.

“Ah, não diga!” – Surpreendeu-se ela. – “ E como foi o casamento ontem?”

– Muito bom! Jamais vi uma noiva se casando de laranja, mas estamos aí, né? O cliente tem sempre razão.

“Laranja?!” – Surpreendeu-se a morena. – “Essa eu quero ver! Quando as fotos ficam prontas?”

– Estou pensando em trabalhar nelas amanhã. Hoje eu só quero descansar.

“Escuta, tenho um julgamento amanhã cedo, mais um caso de divórcio, sabe como é, e depois estou livre durante a tarde. Topa alguma coisa?”

– Por mim, ok! Aproveita que nessa semana amanhã é minha única tarde livre! Vê com Dorcas!

“Fechado. Mando mensagem, ruiva.”

Dito isso, a nada sensível Marlene desligou o telefone, abandonando-me com o que restara do meu pacote de bolachas. Enquanto ia até a sala, me jogar no sofá e procurar alguma coisa inútil na TV, ouvi meu celular tocando de novo, provavelmente Lene havia esquecido de dizer algo.

– Pode falar, amor da minha vida. – Disse preguiçosamente ao atender.

“Nossa, se soubesse que seria atendido assim, teria ligado antes!” – Uma voz grossa que eu reconhecia há alguns dias falou, fazendo-me ficar envergonhada.

– Ah, desculpa! – Apressei-me em dizer. – Achei que fosse uma amiga minha. – Ele apenas riu de forma divertida. – Tudo certo?

“Tudo sim, Lírio. E contigo?”

– Tudo certinho também... – Comentei, sorrindo.

“Tem planos para hoje?” – Perguntou diretamente.

– Bem... – Enrolei. – Planejava ficar vendo TV e curtir um domingo preguiçoso... Por quê?

“Ah, qual é... Aceita um passeio?”

– Onde?

“Dessa vez é surpresa!”

Pensei em negar, afinal, minha semana seria cheia e eu não teria tempo para descansar, mas a curiosidade me aguçou e, assim, combinei de encontra-lo em meia hora no saguão do meu prédio.

Ei, você andou sumida.

O recado era de Lupin e acabara de vibrar em meu celular, fora mandado pelo facebook. Uma pontada de culpa me invadiu, realmente, fazia um certo tempo que eu não conversava com ele.

Desculpa, as coisas têm andado realmente corridas por aqui. A noite nos falamos, ok?

Digitei rapidamente a resposta e corri me trocar, colocando um vestido florido delicado e uma sapatilha. Prendi só a minha franja com uma presilha e dei uma última olhada no espelho, acho que estava pronta.

James Potter

Novamente me vi naquele hall, sendo encarado pelo porteiro carrancudo enquanto esperava que Lílian descesse, mas desta vez preferi mandar uma mensagem a ela do que ter de enfrentar o senhor atrás do balcão da recepção.

– Ei! – Ouvi a voz doce despertando-me e notei que ela estava parada ali, de pé, ao meu lado. Surpreendido, não pude deixar de notar o quão ela estava bonita, diferentemente do modo casual da outra vez, agora ela adotara um visual delicado e primaveril.

– Ei! – Respondi, levantando-me e depositando um beijo em seu rosto. – Tudo bem?

Ela assentiu e caminhamos em direção a meu carro, onde eu repeti o ritual do outro encontro e abri a porta para ela, fazendo-a sorrir.

– Para onde vamos? – Perguntou ela, seus olhos brilhavam e ela sorria, como uma criança indo ao circo.

– Relaxa, vamos demorar um pouco a chegar. – Admiti, vendo-a fazer uma careta enquanto eu dirigia.

Quando passamos pelos limites de Londres e partimos rumo ao sul, vi-a olhando cada vez mais curiosa ao redor e, de cinco em cinco minutos, questionando-me sobre nosso destino. Apenas ri, continuando a conversa sobre algum assunto aleatório que me viesse a mente. Lílian era uma garota de gênio forte e impulsiva, além de extremamente curiosa.

Lílian Evans

O cenário foi mudando consideravelmente à medida que o tempo passava e logo estávamos nos aproximando de uma estrada mais vazia, com árvores ao redor e, ao fundo, o barulho do mar.

– Praia? – Perguntei. – Estamos indo a praia?!

– Mas é muito curiosa, não? – Questionou James, divertido.

– Isso é um sim? – Sorri para ele.

– Sim, Lírio. Estamos indo a praia. – Admitiu ele, dando-se por vencido.

Olhei ao redor, buscando a imensidão azul, mas as árvores ainda tapavam a visão. Contudo, alguns minutos depois comecei a avistá-lo, infinito e imponente, e senti meus olhos brilhando.

– Poxa, se você tivesse me falado, teria trazido minha câmera! – Reclamei. – É tão lindo!

– Podemos voltar quando quiser. – Comentou ele, parando o carro em um estacionamento quase vazio, fora alguns poucos pares de carros.

Dessa vez não consegui esperar que ele abrisse a porta para mim e rapidamente saltei do carro, deixando minha bolsa dentro do veículo. Só então notei que James também estava vestido de forma mais leve, um jeans largo, uma camisa branca e tênis.

A praia era de pedra, fora uma fina faixa de areia mais próxima ao mar. James segurou minha mão e me puxou para uma ponte, onde o vento batia suavemente trazendo-nos a brisa do mar. Sentamo-nos ali e passamos um longo tempo conversando, rindo e aproveitando-nos da paisagem.

Fora só no fim da tarde, quando o sol começara a se por, que ele propôs uma caminhada. Ambos tiramos nossos sapatos e sentimos a areia fazendo cócegas sob nossos pés, a água salgada levemente morna.

– É lindo por aqui! – Falei. – Não conhecia esta praia antes.

– Vim aqui algumas vezes com meus pais quando pequeno. – Comentou ele, os olhos distantes, como se se recordasse da infância. – Gostava de jogar pedrinhas no mar com Six, aquele amigo de quem te falei, e disputávamos para ver qual ia mais longe...

– As minhas viagens de família incluíam uma irmã reclamona e campos de veraneio com alguns amigos dos meus pais. Era bom também, sabe? Piscina, pescaria... Mas não era algo pelo qual eu ansiasse ao longo do ano. – Admiti.

Continuamos caminhando e nos recordando de nosso passado, conversando e rindo, até que paramos, ainda na praia, próximos à trilha que levava de volta ao estacionamento. O sol estava terminando de se por, iluminando fracamente a nós dois.

James olhou no fundo de meus olhos, uma de suas mãos entrelaçadas as minhas e seu corpo de frente ao meu, bem próximo.

– Você está linda, Lílian. – Sussurrou-me ele. Baixei os olhos, sentia minhas bochechas corarem. – Olhe para mim. – Pediu James, ainda em tom baixo.

Respirei profundamente e levantei meus olhos, encarando os seus, que brilhavam. Vi-o sorrir e se aproximar de mim vagarosamente e, num instante, nossos lábios se tocaram de forma leve. A mão livre de James foi para meu rosto, erguendo-o um pouquinho para permitir que ele me beijasse. Sua língua fora calma, pedindo passagem de forma lente, arrepiando-me toda.

Antes do que eu desejava, senti o beijo terminando em um leve selinho. Separando-me de James, vi-o sorrir pouco antes de encostar minha cabeça em seu peito, abraçando-o. Não sei por quanto tempo ficamos ali, com a brisa do mar ao fundo e o som de seu coração tão próximo ao meu, mas com a noite caindo rapidamente, logo senti-o segurando minha mão e me puxando em direção ao carro.

James Potter

Não esperava vê-la tão corada assim. Apesar de saber que Lílian era tímida, não julgava que fosse tanto. Mas aquilo apenas me fez ficar mais alegre com relação ao beijo.

– Quer comer alguma coisa? – Perguntei a ela, quando entramos no carro.

– Está com fome? – Ela perguntou de forma simples, sorrindo de leve, as bochechas ainda rubras.

– Um pouco. – Menti, esperando aproveitar-me de mais algum tempo na companhia da ruiva.

– Então vamos comer, oras! – Decidiu ela e eu apenas concordei.

Não falamos muito até estacionar na lanchonete à beira da estrada, não muito longe da praia. Deduzi que Lílian, além de tímida, deveria estar bem cansada.

– Hambúrguer? – Perguntou ela, os olhos brilhando novamente, ao olhar para o menu.

– Com muita batata? – Perguntei de volta e ela assentiu, feliz. Logo a atendente apareceu e eu fiz nossos pedidos. – Nunca comi aqui. – Admiti.

– Muito menos eu. – Ela riu e eu a acompanhei. – Mas os lanches têm uma cara boa!

– Que lanche não tem uma cara boa para você? – Ironizei e ela mostrou a língua.

– Os que têm picles. – E fez uma careta.

– Sério? – Surpreendi-me. – Achei que pedra também estivesse incluído no seu cardápio, mas renega os picles então?

– Está querendo me chamar de comilona, senhor Potter? – Ela tentou fazer uma cara de brava, mas acabou rindo.

Não demorou muito e nossos lanches chegaram. Para minha felicidade, eram consideravelmente menores do que o da última lanchonete, então eu não passaria mal ao terminar de comê-los, mas para Lily parecia fichinha.

Em um dado momento, enquanto ela tentava colocar ketchup na batata frita, sem querer derrubou um pouco na mão e, antes que pudesse limpar, peguei uma batata e passei por ali, comendo-a.

– Eca! Isso é nojento! – Ela riu.

– Nunca desperdice ketchup, senhorita! – Falei, rindo também.

– Ok, duas saídas, duas vezes eu faço bagunça... Que beleza! – Comentou ela.

– Crianças sempre fazem caca, fica tranquila! – Acalmei-a e pisquei marotamente.

– Vá a merda, James! – Reclamou ela, continuando com seu lanche.

Terminamos e, lembrando-se de minha promessa, fui obrigado a deixa-la pagar naquela noite, apesar de ter reclamado muito. Lílian pareceu ter se esquecido da vergonha que sentira ao ser beijada e retomara a postura divertida e falante. Fora só na última meia hora de viagem que ela acabou adormecendo, bem cansada.

Londres parecia calma naquele domingo, não haviam tantos carros na rua quando estacionei em frente o prédio da ruiva. Fiquei alguns minutos olhando-a dormir até finalmente criar coragem para acordá-la.

Lílian Evans

– Lily? – Ouvi alguém me chamando, mas forcei meus olhos a ficarem fechados. O cansaço do meu corpo me diziam que não era hora de acordar ainda. – Ei preguiçosa.

– Não... – Sussurrei, meio brava pela insistência. Mas uma dor nas minhas costas me deixou ciente de que eu não estava na minha cama macia. Abri os olhos lentamente, dando-me conta daqueles olhos brilhantes a me fitarem. – James... ?

– Ei! – Ele sorriu. – Vamos dorminhoca, chegamos!

Olhei ao redor levemente, estávamos estacionados em frente ao meu prédio.

– Me desculpa, eu... – Comecei a dizer, mas fui interrompida.

– Fica tranquila, você não dormiu nem meia hora. – Garantiu-me ele, sorrindo.

Ficamos olhando um para o outro por um tempo, até eu estar ciente de que deveria sair do carro, afinal, James dirigira a tarde toda e deveria estar bem mais cansado que eu.

Sentei-me corretamente e peguei minha bolsa, calçando as sapatilhas e me virando para ele.

– Obrigada! – Disse, sorrindo logo em seguida. Sabia que minhas bochechas estavam rosadas.

– Não há do que agradecer. – Piscou ele para mim. – Adorei a companhia, Lírio.

Sorri levemente e James aproximou-se rapidamente de mim, não me dando tempo para ter qualquer tipo de reação, se não esperar pelo toque de seus lábios nos meus novamente. Diferentemente do outro beijo, este tinha um toque de urgência que me fez perder o fôlego e, quando nos separamos, controlei minha respiração, sentindo-me ficar mais rubra ainda.

– Boa noite, ruiva.

– Boa noite, James.

Saí do carro e senti minhas pernas meio bambas, esperando que ele não tivesse percebido. Corri para o elevador e apoiei-me à parede enquanto ele subia. Assim que entrei em meu apartamento, escorada na porta, fui descendo até sentar-me no chão, deixando escapar por meus lábios o que praticamente irradiava em minha mente:

– Eu beijei James Potter.


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Notas finais do capítulo

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