Após a ''Esperança'' escrita por HungerGames


Capítulo 53
Capítulo 53


Notas iniciais do capítulo

..''nada me vale mais do que isso, do que essa sensação que eu sinto quando estamos juntos e eu só quero poder viver cada dia da minha vida assim, completa''...



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Depois que Peeta praticamente saiu correndo pela Aldeia contando para os outros que nosso filho na verdade será uma menina, ele finalmente conseguiu parar por uns segundos, eu sinceramente nunca tinha visto ele mais agitado, logo depois de contar pra Greasy ele praticamente me arrastou pra dar a notícia a Haymitch, Effie, Johanna e Gale, e só depois que todos souberam da notícia que ele se ‘’acalmou’’, voltamos pra casa e Greasy já estava terminando de preparar o almoço, ele preferiu tomar um banho antes e enquanto espero decidi ligar pra minha mãe, vou até o escritório e disco o número.
– Mãe?! – eu falo assim que ouço a voz do outro lado da linha.
– Oi minha filha! Como estão as coisas? – ela pergunta com a voz animada.
– Bem! Eu liguei por que hoje nós tivemos outra consulta! – eu começo a falar e ela me interrompe.
– O que foi? Aconteceu alguma coisa? – ela pergunta rapidamente.
– Não, está tudo bem! Não aconteceu nada – eu a tranquilizo – Quer dizer, aconteceu uma coisa! – eu falo sorrindo.
– Fale! – ela me apressa, nervosa.
– Nós já sabemos o sexo do bebê! – eu anuncio para acalmá-la.
– Ah que maravilha! E então? – ela pergunta já calma e alegre.
– É uma menina! – eu dou a notícia e a ouço soltar o que parece ser um pequeno grito.
– Uma menina! Ah, eu serei avó de uma menina! Isso é ótimo minha filha, meus parabéns! – ela fala com alegria na voz – Vocês tem que começar a pensar no nome – ela alerta.
– Bom, nós já pensamos! Na verdade o Peeta pensou e eu gostei bastante! – eu falo com um sorriso no rosto.
– Qual? – ela pergunta curiosa.
– Pérola! – eu repito o nome e cada vez que faço isso eu gosto mais ainda do som.
– Pérola! – ela repete – É um belo nome! Ótima escolha! – ela aprova – Vocês foram bem rápidos por que eu e seu pai demoramos um pouco mais – ela fala e eu me surpreendo por que essa é uma das primeiras vezes que ela fala algo assim, da vida antes de tudo isso – Na verdade também foi seu pai que escolheu o seu nome e ... – ela dá uma pequena pausa – O da Prim! – ela fala e eu posso sentir a mudança na voz dela, um misto de saudade com alguma coisa a mais que eu não sei ao certo o que é.
– Foram boas escolhas também! – eu falo sem saber ao certo o que dizer, um pequeno silêncio se forma e então ela o quebra.
– Eu penso nela todo dia! Todo dia – ela fala e posso sentir que está quase chorando – Eu posso imaginar como ela ficaria sabendo que seria tia, eu tenho certeza que onde quer que ela esteja ela está muito feliz em te ver assim Katniss, formando sua família! E eu também estou muito feliz por você, vocês dois merecem tudo de bom! – ela fala com a voz triste porém firme – Eu te amo minha filha! – ela termina a frase com a voz ainda mais firme e novamente eu me paraliso com isso, nós temos nos falado sempre mas praticamente não tocamos nesse assunto, ela por minha causa e eu por causa dela, mas agora ela meio que quebrou isso e de certa forma é bom ouvir ela falar, por que isso prova que ela não me culpa, não que alguma vez ela tenha dito isso mas ela simplesmente não falava, agora eu vejo que ela está realmente seguindo a vida dela, mesmo com essa dor presente.
– Eu também penso nela mãe, muito! – eu falo tentando controlar minha emoção – E, eu também te amo! – eu falo com a mesma voz firme que ela.
– Dê os meus parabéns ao Peeta, ele deve está muito feliz com a notícia – ela volta a falar disfarçando a emoção.
– Está mesmo! – eu confirmo me lembrando da reação dele e sorrindo.
– Agora eu tenho que ir, eu tenho que ir pro Hospital! – ela fala se despedindo – Até mais.
– Até mais! – então eu desligo, mas ainda fico parada sentada olhando pro telefone, eu sinto algo estranho que não sei ao certo o que dizer, mas ouvir ela falando da Prim mexeu comigo de um jeito que eu ainda não sei explicar, eu abro a gaveta da mesa e começo a remexer por dentro dela, até que eu acho, junto com o livro da família, a única foto que eu tenho dela, da minha patinha, foi uma foto tirada na escola, a imagem não está tão boa, está um pouco envelhecida mas assim que eu olho todo meu corpo se estremece, a dor ainda está aqui, por mais que as coisas estejam boas agora, por mais que eu esteja bem com Peeta e a nossa vida, ainda dói e eu quero que sempre doa, esse é o problema, essa a sensação que eu não sabia explicar, a culpa. Com tudo isso que está acontecendo é como se a lembrança dela estivesse se afastando de mim e eu não quero e não posso permitir isso, eu a amo com cada parte do meu coração e eu não quero esquecê-la, nunca. Eu a perdi e agora estou começando mais uma fase, eu estou feliz, cheguei a pensar que completa mas isso é como abandonar o que sinto por ela, culpa, culpa e culpa é tudo que eu consigo sentir agora. Eu olho novamente pra foto, seus cabelos louros, os olhos azuis, o sorriso que conseguia encantar qualquer um, eu não posso esquecer isso, eu continuo olhando intensamente pra foto como se ela também estivesse me olhando.
– Me perdoa! Me perdoa! Eu te amo! – eu falo olhando pra foto desejando que ela pudesse simplesmente voltar, me perdoar, mas nada acontece, as lágrimas que escorrem do meu rosto não mostram nem uma parte de como eu estou por dentro, eu não consigo mais segurar o choro e meu corpo estremece com toda angustia que eu estou, eu escorrego meu corpo da cadeira e me encolho no canto entre a mesa e a cômoda, por que eu queria poder sumir, não ter que sentir essa dor e essa culpa que eu estou agora, eu fico no chão encolhida e o choro continua cada vez mais forte, os soluços logo aparecem assim como o par de mãos e olhos preocupados ao meu lado.
– Katss! O que aconteceu? – Peeta se abaixa ao meu lado tentando entender a cena, mas eu não consigo parar de chorar – Katniss, por favor fala comigo! – ele implora enquanto se senta ao meu lado me puxando pra perto dele, ele afasta o meu cabelo e me faz olhar pra ele, mas eu não consigo falar, eu só quero chorar, eu o abraço forte colocando meu rosto no espaço entre o pescoço dele e sinto os braços dele me envolvendo enquanto ele me balança levemente tentando me acalmar.
– Está tudo bem Katss! Eu estou aqui! – ele repete as frases na esperança de me acalmar e eu continuo abraçada nele enquanto minhas lagrimas escorrem entre nós, depois de alguns minutos eu consigo parar de chorar, ele continua acariciando meus cabelos, eu passo minha mão pelo rosto na tentativa de enxugar as lagrimas quando vejo que ainda estou segurando a foto que acabei amassando sem querer, Peeta percebe que estou segurando algo e estica a mão ao lado da minha como se me pedindo, eu me endireito me encostando na cômoda ao lado dele e entrego, ele desdobra o papel e vê a foto, ele não fala nada apenas permanece ao meu lado em silêncio esperando que eu fale algo, eu respiro fundo algumas vezes tentando me controlar, passo a mão pelo rosto e olho novamente pra foto que ele ainda está segurando, pego a foto da mão dele e passo meu dedo pela foto.
– Ela era linda não era? – eu pergunto com a voz ainda um pouco trêmula.
– Muito! – ele concorda com a cabeça, então ele se endireita ficando de frente pra mim, ele segura minha mão enquanto coloca meu cabelo atrás da orelha e quando ele começa a falar sua voz como sempre está calma e firme.
– Katss, você nunca vai esquecê-la! – ele fala e eu me surpreendo olhando pra ele rapidamente, como ele me conhece tão bem? Eu sempre me surpreendo com isso embora eu também o conheça muito bem, ele continua – Nem eu e nem qualquer outra pessoa que a conheceu! Ela era linda, esperta, encantadora! – ele continua falando olhando nos meus olhos – Mas lembrar dela não quer dizer que você tem que sofrer todos os dias ou chorar todos os dias. Lembrar dela também é sorrir, também é viver ou você acha que é assim, desse jeito que ela gostaria de te ver, caída no chão. Eu acho que não! – ele pausa e eu continuo olhando pra ele sem reação – Não se culpe por estar vivendo Katss, não faça isso – ele pede – O que aconteceu com ela foi horrível e eu sinto muito, muito mesmo mas rejeitar a vida que você está tendo não pode mudar isso, rejeitar a sua vida é o mesmo que se trancar nessa dor de novo e desistir – eu permaneço olhando pra ele – Eu tenho certeza que ela não quer isso, esteja onde estiver, eu tenho certeza que ela quer te ver feliz! – ele fala e eu finalmente consigo achar as palavras.
– Mas eu a amo! Muito! – eu falo com a voz baixa.
– Eu sei e vai amar pro resto da vida, por que esse amor nunca vai mudar, do mesmo jeito que eu também ainda amo meu pai, meus irmãos e até minha mãe – ele fala dando de ombros e mais uma vez eu percebo que ele também tem que enfrentar a mesma coisa que eu – Mas sabe o que faz isso valer a pena, o por quê eu ainda sigo em frente? – ele ergue a sobrancelha me olhando – Por que eu tenho você, tenho nossa vida e agora nós temos ela – ele fala e coloca a mão na minha barriga – Isso faz tudo valer a pena! - eu também coloca minha mão por cima da dele, ele está certo mas ainda assim é difícil evitar essa culpa que aparece, é como se eu estivesse deixando ela de lado pra viver minha vida, mas ao mesmo tempo eu não me esqueci dela, nem um só dia, eu amo com a mesma intensidade de sempre ou ainda mais, eu concordo com a cabeça – Viver não significa esquecer! – ele fala passando a mão no meu rosto e então pega a foto da minha mão e mesmo com alguma dificuldade ele se levanta e me oferece a mão, eu a seguro e também me levanto, ele pega um porta retrato que tinha em cima da mesa com uma foto nossa que foi tirada lá na Capital e retira, ele coloca a foto dela no lugar e o coloca de novo – Melhor assim? – ele pergunta olhando pra mim e pro porta retrato, eu forço um sorriso sem muito sucesso, ele me dá um beijo na testa e para nossos rostos de frente e eu o abraço mais uma vez, depois de alguns segundos ele me afasta dele e volta a me olhar – Eu tenho uma coisa, já algum tempo, mas eu não sabia se te mostrava ou não, mas eu acho que agora é uma boa hora! – ele fala e eu o olho curiosa, ele me pega pela mão e nós subimos as escadas, ele me leva até o quarto que virou uma espécie de ateliê pra ele, então ele vai até um canto onde está meio coberto com uns panos e retira alguns quadros, eu não entro muito aqui, por que embora sejam lindos, muitos dos quadros me trazem memórias horríveis que eu tento esquecer, então nem todos os quadros eu já vi e quando ele retira o que queria me mostrar eu me surpreendo. Ele a pintou, não apenas um rosto, mas vários dele em uma só tela, as expressões no rosto dela variam, o sorriso, o rosto sério, como ela ficava quando estava trabalhando, o olhar vago, tudo, tudo aqui, em único quadro, repleto de olhos e sorrisos, e cabelos louros, eu me aproximo do quadro passando os dedos pelo contorno do rosto dela, dos cabelos, então eu olho pro Peeta, meus olhos se encheram de lágrimas novamente mas dessa vez eu libero um sorriso sincero e ele corresponde, ele não esqueceu nada, nem um único detalhe.
– Eu fiz há algum tempo mas acho que estava esperando esse momento! – ele fala com um pequeno sorriso – Nós nunca vamos esquecê-la! – ele confirma mais uma vez e agora eu sei que é verdade, que não importa o tempo que passe, eu ainda vou amá-la do mesmo jeito e a perda dela ainda vai doer mas eu não posso parar tudo por isso, eu vou viver por ela também, por que eu sei que ela iria querer isso.
– Nunca! – eu confirmo com a cabeça e permito mais um sorriso – É perfeito! – eu falo olhando para a tela novamente – Melhor que a foto! – eu sorrio tentando recuperar o meu humor de antes, ele também me dá um sorriso em resposta, eu ainda fico alguns segundos olhando pra tela e eu me sinto bem melhor agora, Peeta está certo, não é por que eu estou vivendo que eu estarei me esquecendo dela, isso não tem nada a ver, eu sempre irei me lembrar dela mesmo com tudo que ainda pode acontecer, ela sempre será minha patinha! Eu coloco a tela no lugar e me viro pro Peeta, ele permanece com as mãos no bolso me observando, eu vou até ele e o abraço forte, os braços dele logo me envolvem também.
– Eu te amo! – dessa vez sou eu quem falo primeiro por que não existe realidade maior que essa – Eu te amo! – eu repito como se pra não restarem dúvidas quanto a isso.
– Eu também te amo! – ele fala enquanto me olha nos olhos, eu aproximo nossos rostos e o beijo.
– Você tem que comer alguma coisa! – ele fala quando nós terminamos o beijo, eu sorrio me lembrando o quanto ele tem falado essa frase ultimamente.
– Eu vou tomar banho antes! – eu falo e nós saímos do quarto, eu lanço um último olhar na tela e um sorriso aparece, eu vou para o nosso quarto e entro logo no banheiro, Peeta desceu e eu começo meu banho, não demoro muito por que realmente estou com fome.
Termino o banho, me visto e desço, quando chego lá embaixo ele está mexendo nas panelas, eu entro na cozinha e ele me lança um sorriso.
– Parece bom! – ele fala enquanto abre uma panela e inspira o aroma, eu sorrio e vou até ele confirmando o que ele disse.
– Greasy já foi? – eu pergunto olhando pela cozinha.
– Acabou de sair! – ele fala e então pega uma colher e experimenta.
– O gosto também está bom! – ele fala rindo.
E então nós nos servimos e almoçamos, quando terminamos ele recolhe os pratos e leva pra pia, eu lavo e ele enxuga então quando termina eu vou pra sala e me sento no sofá maior, ele vem logo atrás e se senta no mesmo sofá que eu, eu coloco os pés no sofá.
– Pés no sofá? Eu achei que não pudesse – ele fala sorrindo, por que eu sempre reclamo com Haymitch.
– Eu posso! Eles não! – eu falo sorrindo.
Eu coloco meu pés em cima das pernas dele que também estão sobre o sofá e balanço os pés na frente dele, ele me olha sorrindo.
– O quê? – ele pergunta se fingindo confuso, eu sorrio e balanço os pés novamente.
– Por favor! – eu forço uma cara triste, ele abre um sorriso.
– Uma troca justa – ele fala e coloca uma perna por cima da minha me imitando – Vamos lá! Eu faço em você e você em mim – ele fala sorrindo e dando de ombros.
– Eu não sei fazer massagem! – eu falo dando de ombros também.
– O que eu fizer você faz! Ah vai, não é tão difícil assim! Você ainda vai sair no lucro, eu só tenho uma perna mesmo! – ele rindo dele mesmo e eu acabo rindo também.
– Você é um idiota sabia? – eu falo ainda rindo.
– Um idiota de uma perna só! – ele continua rindo dele mesmo.
– Tá! Eu faço, não precisa querer me comover! – eu aceito e coloco uma das minhas pernas por cima da perna mecânica dele e ele coloca a outra perna por cima da minha pra que eu possa fazer a massagem, ele fica me olhando sorrindo.
– Anda, você tem que fazer pra eu imitar lembra? – eu falo segurando o pé dele, ele concorda e começa, eu tento acompanhar.
– Mais devagar! Sua mão tá muito pesada – ele reclama me olhando com diversão.
Eu reviro os olhos e forço um sorriso embora realmente estivesse com vontade de sorrir.
– Assim? – eu pergunto quando faço mais leve, ele balança a cabeça e faz uma cara de desdém.
– Melhorou! – ele fala mantendo a expressão.
– Eu apenas estou imitando você – eu falo dando de ombros.
– Então você está dizendo que eu estou fazendo errado? – ele pergunta me encarando.
– Não, você está dizendo que eu estou! – eu me defendo também encarando ele enquanto continuamos a massagem.
– Presta atenção! – ele fala e volta a atenção para o meu pé, eu faço o mesmo que ele faz.
– Viu, agora melhorou! – ele implica comigo sorrindo.
– Você está gostando né? – eu pergunto sem parar a massagem.
– Claro! Não é todo dia que você tem a garota em chamas massageando seu único pé! – ele fala ironicamente e então começa a rir de novo.
– Então aproveita! – eu concluo e nós continuamos assim, até que batem na porta.
– Isso foram batidas na porta? – eu pergunto surpresa e Peeta confirma com a cabeça – Tanto tempo que eu não ouvia! – eu falo satisfeita.
– Parece que seu discurso ontem deu resultado – ele fala sorrindo e batem novamente.
– Parece que sim! – eu confirmo – Entra! – eu falo mais alto.
– Então você pede pra bater mas não se levanta pra abrir! – ele implica, eu dou de ombros.
Enquanto a porta se abre, eu esperava ver Haymitch ou algum deles mas não, quem entra é Delly.
– Delly?! – eu me surpreendo quando ela entra e para a massagem no Peeta, como ele está de costas pra porta, é necessário ele virar a cabeça para vê-la.
– Delly! Oi! – ele fala sorrindo mas continua massageando meus pés.
– É, desculpa eu achei que fosse o Haymitch ou a Effie! – eu falo pra ela e tento me endireitar no sofá mas Peeta força meu pé e eu não consigo me sentar, eu olho pra ele como se pedindo que solte meu pé, mas ele me lança um sorriso irônico e continua a massagem.
– Entra Delly, senta – ele fala se virando pra ela – Eu estou no meio de uma massagem agora mas vamos, sente-se! – ele fala e ela sorri e entra mais na sala se sentando no sofá menor, eu tento novamente tirar meu pé mas ele não deixa.
– Por causa da gravidez ela tem sentido umas dores nos pés, então – ele explica sorrindo.
– Desculpa! – eu me desculpo por ter que continuar quase deitada no sofá.
– Não tem que se desculpar! Eu devia ter avisado! – ela fala sorrindo.
– Imagina! Está tudo bem! – eu falo ainda sem graça com isso.
– E então como foi o primeiro dia de volta? – Peeta pergunta mudando de assunto enquanto continua com o que estava fazendo antes.
– É engraçado, depois de tanto tempo fora eu ainda me sinto em casa por aqui! – ela fala com um pequeno sorriso.
– Você estava no 13 até agora? – eu pergunto curiosa.
– Não, eu sai de lá um pouco depois que tudo terminou! – ela fala tentando forçar um sorriso – Eu estava no cinco! Como não tínhamos nada por lá e eu não conhecíamos muitas pessoas eu me voluntariei pra ir pra lá! Eu e meu irmão – ela explica e eu desvio meu olhar dela para o Peeta, ele não me olha mas eu sei que ele sabe que eu o olhei e com certeza sabe no que eu pensei, no quanto ela também perdeu com tudo isso e eu me sinto incrivelmente egoísta pelo modo que eu a tratei ontem, ela nunca me fez nada, além de ser legal comigo e depois que ela passa por tudo isso eu ainda a trato daquele jeito.
– Foi lá que você conheceu o ...- ele começa a falar mas se esquece do nome.
– Bernard! – ela complementa recuperando o sorriso de antes – Sim, foi lá! E foi a melhor coisa que me aconteceu! – ela completa sorrindo, dessa vez é Peeta quem me lança um olhar e eu ignoro por que também sei o que esse olhar quer dizer, quer dizer: ‘’Viu, nem tudo é ruim!”.
– E ele está aqui? – eu pergunto continuando o assunto.
– Ele chega amanhã! – ela responde empolgada.
– E vocês vão morar aqui? – eu pergunto curiosa.
– Não, acho que não! – ela nega com a cabeça com a voz um pouco menos empolgada – Ele tem o trabalho dele lá e acabou de ser promovido, ontem na verdade – ela fala orgulhosa – Ainda tem o Dylan, meu irmão, que já se acostumou com lá, ele está entrando em treinamento com o Bernard na parte de segurança agora, então acho que nós ficaremos por lá mesmo, mas eu tinha que voltar aqui de novo! Esse lugar sempre foi minha casa! Não podia dar as costas pra ele! – ela fala emocionada – Nós vamos ficar por uma ou duas semanas! – ela conclui.
– Parabéns pela promoção dele! – eu falo dando um sorriso.
– Obrigada! – ela agradece.
– E seu irmão onde está? – Peeta pergunta
– Ele reencontrou um colega enquanto estávamos vindo pra cá, devem estar na praça, eu acho – ela responde sorrindo – Eu falei com o Philip ontem depois que você saiu! Parece que você ganhou um grande fã, por que ele só tem elogios para super patrão dele! – ela fala olhando para o Peeta e sorrindo, eu quase havia me esquecido que ela também o conhecia, afinal éramos todos da mesma sala mesmo não tendo muito contato com eles, mas eu via sempre eles juntos.
– Ele exagera! Não acredite em tudo que ele fala – ele fala dando de ombros mas ficou um pouco sem jeito, ele sempre fica quando recebe elogios.
– Ele sabe receber elogios! – eu falo e ela ri confirmando.
Nós continuamos conversando, algumas vezes ela relembra algo que obviamente eu não me lembro por que não estava lá, mas eu tento ignorar isso e não me irritar assim como fiz ontem, embora eu confesse que é uma tarefa um tanto quanto complicada, mas eu resolvi dar um desconto a ela por tudo que ela já passou e sinceramente é bom ver o Peeta assim, sorrindo se lembrando de alguma coisa mesmo que seja com ela, então enquanto eles riem juntos eu me dou conta do que eu tenho contra ela, foi exatamente por isso, por que quando Peeta voltou da Capital e me odiava, era ela de quem ele se lembrava, foi ela quem ele aceitou naquela sala ao invés de mim, era com ela que ele passou mais tempo do que comigo, relembrando de coisas como eles estão fazendo agora, esse é o real motivo de eu não conseguir agir naturalmente com ela, por que mesmo que isso não faça sentido essas lembranças me dão medo, o mesmo medo que eu tive de ele não voltar a me olhar da mesma maneira de antes, mas voltou e é isso que eu tenho que me concentrar, aquilo passou e é comigo que ele está e é nisso que eu tenho que me concentrar. No meio da conversa as vozes se aproximando me faz ficar mais atenta, eles não ouvem ou não se importam e continuam conversando, enquanto Peeta ainda mantém meus pés em cima dele, até que eu ouço as gargalhadas mais alto e dessa vez até eles parecem perceber e diminuem a conversa apenas pra ver Haymitch e Johanna abrindo a porta gargalhando como se estivesse tudo normal, ele abre a porta entrando enquanto ela vem logo atrás dele.
– Parece que não funcionou tanto assim – eu falo pro Peeta e ela vira o rosto pra ver.
– É, parece que não! – ele volta o rosto pra mim sorrindo.
Quando eles entram e veem a Delly não se intimidam com isso.
– Olá! – Haymitch fala já entrando pela sala acenando para nós.
– Oi! – Delly responde sorrindo mas um pouco sem graça, ele não liga e se senta no sofá que ela está.
– Visitas! Ninguém me avisa mais nada por aqui! – Johanna também entra e senta na poltrona.
– Oi! – Delly fala pra ela ainda sem jeito.
– Não repara! Educação não é um ponto forte deles! – eu falo mesmo sem estar irritada, na verdade acho que essa é a primeira vez que eu aprovo eles chegarem assim, por que confesso que meu limite para as lembranças deles já estava chegando no fim.
– Ei, olha como você fala! – Haymitch reclama e se vira para Delly – Não liga pra ela, são os hormônios! – ele fala fingindo sussurrar, mas todos na sala o escutam.
Eu finjo uma risada e dessa vez quando eu tento retirar meus pés de cima do Peeta ele permite e então eu me endireito me sentando no sofá.
– Você á aquela garota lá do 13 né? – Johanna fala encarando Delly – A amiguinha do Peeta! – ela fala com ironia.
– Delly Cartwright! – Peeta responde pra Johanna mostrando que entendeu a ironia dela, enquanto ele também se endireita, se sentando no sofá.
– Oh sim, Delly! – Johanna confirma sorrindo ironicamente para o Peeta e para mim – E então, Delly – ela enfatiza o nome e olha para o Peeta então volta a olhar para Delly – Você ainda continua apaixonada pelo garotão ali – ela fala encarando a Delly e apontando o Peeta, eu confesso que mesmo ela sendo a Johanna não esperava que ela fosse falar isso e acho que ninguém esperava por que o rosto surpreso não é só o meu, até Haymitch se surpreendeu, embora ele tenha começado a rir em seguida, Delly parece ter levado o susto maior, ela está vermelha e olhando para mim e para o Peeta sem saber o que dizer.
– Eu.. eu – ela gagueja e é Johanna quem complementa pra ela.
– Você não está apaixonada por ele, é isso? – ela pergunta pra Delly que ainda em choque apenas confirma com a cabeça – Relaxa, eu sei que não! – ela fala se jogando ainda mais na cadeira e rindo.
– Eu estou namorando! – Delly fala um pouco baixo mas o suficiente para todos escutarem.
– Que bom! – Johanna fala sem dar mais atenção e Peeta a olha recriminando o que ela fez.
– Eu já tenho que ir, ainda tenho que achar o Dylan! – ela fala sorrindo e se levantando.
– Nós podemos marcar um almoço ou um jantar quando o Bernard chegar – Peeta sugere também se levantando – Apenas nós! – ele fala olhando pra Johanna e pro Haymitch.
– Ei garotão eu nem falei nada dessa vez – Haymitch se defende mas é ignorado.
– Vamos marcar sim! – Delly aceita com um sorriso, eu também me levanto para me despedir.
– Até logo e desculpa – eu falo apontando eles com a cabeça, ela sorri como ela sempre faz e agradece.
Peeta vai levar ela até a porta e eu deixo que ele vá sozinho e me sento no sofá de novo.
– Não precisa agradecer! – Johanna fala sorrindo ironicamente e então estica os pés colocando sobre a mesinha.
Eu olho pra ela e não consigo segurar o sorriso irônico que aparece no meu rosto também, eu tenho que confessar que foi uma das poucas vezes que eu aprovei a descrição dela, já eram muitas lembranças aparecendo. Quando Peeta fecha a porta ele se vira olhando pra Johanna.
– Desnecessário! – ele fala encarando ela.
– Desculpa, eu não sabia que era segredo! – ela fala sorrindo e me dá uma piscada.
– E o que vocês vieram fazer aqui? – ele pergunta voltando a se sentar do meu lado.
– Nada! – eles falam juntos e continuam sentados.
Peeta coloca a perna em cima da minha novamente.
– Continua! – ele fala sorrindo, eu o olho rejeitando – Acho que eu merco depois de vocês expulsarem ela daqui! – ele fala sorrindo.
– Eu não expulsei ninguém! – eu me defendo, ele me olha com as sobrancelhas erguidas, mas eu como eu gostei do que aconteceu eu dou o braço a torcer e recomeço a massagem, ele ri assim que eu começo.
Nós ficamos os quatro sentados trocando algumas palavras, jogando conversa fora até que Johanna vai embora, poucos minutos depois Haymitch também vai. Quando eles saem e nós ficamos sozinhos, Peeta retira a perna de cima da minha e vem pra cima de mim no sofá, ele junta nossos rostos e antes que eu pudesse falar alguma coisa ele me beija, ele apoia o corpo nos joelhos enquanto as mãos dele estão na minha nuca me juntando ainda mais nossos lábios, num beijo que não pede pra parar, já estou sem ar quando ele se afasta e me olha sorrindo, ele sai de cima de mim e me oferece a mão, nós subimos as escadas e vamos pro quarto, assim que entramos ele se junta em mim de novo e me envolve com os braços dele, o beijo volta de onde paramos, enquanto ele nos aproxima da cama, quando alcançamos a cama ele volta a aumentar a intensidade do beijo, descendo os lábios pelo meu pescoço e como sempre é impossível resistir a ele, então quando a mão dele vai pra barra da minha camisa e a suspende eu ergo as braços pra facilitar e faço o mesmo com ele, ele me olha novamente e aproxima os lábios do meu, deixando que eles se encostem então ele abre um sorriso antes de voltar a me beijar, nossos corpos se juntam de novo, minhas mãos percorrendo as costas dele e eu me esqueço de todo o resto e mais uma vez nós nos juntamos em um só.
Quando eu abro os olhos já anoiteceu, Peeta ainda está deitado do meu lado e eu me viro lentamente pra poder observá-lo, um sorriso aparece instantaneamente no meu rosto, ele está dormindo tranquilamente e eu não consigo segurar o instinto de passar a ponta dos dedos pelo rosto dele e afastar os fios de cabelo da testa dele. Eu fico por uns instantes apenas olhando pra ele e repassando tudo que nós vivemos esses dias, desde quando descobrimos a gravidez, a alegria dele e o modo como ele tem me tratado e cuidado ainda mais de mim, sem contar a paciência dele, ele tem sido ainda mais perfeito mesmo que eu tivesse achado que isso era impossível e eu só quero achar um jeito de agradecer e recompensar ele por isso, depois de uns minutos pensando nisso, eu tenho um estalo, com tanta coisa acontecendo eu simplesmente me esqueci que dia é hoje, hoje faltam dois dias pro aniversário dele e a gente estava tão concentrado nas outras coisas que eu quase me esqueci, então eu descubro como eu vou agradecer ele. Nós sempre fazemos alguma coisa no meu aniversário ou no dele, mas sempre preferimos algo mais pessoal, entre ele e eu, mas dessa vez eu quero fazer diferente e eu já sei o que eu vou fazer.


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Notas finais do capítulo

Oiii...
Bom, capítulo meio grande de novo né rs'...
Mas eu estou tentando terminar a fic, mas parece que nunca consigo kkkkkk...
Sempre acaba indo além do que eu ia parar'
Agora nem falo mais nada' rs
Obrigada por acompanharem Beijos