Após a ''Esperança'' escrita por HungerGames


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Depois de todas as mudanças as coisas parecem finalmente estar entrando nos seus devidos lugares, será mesmo?
Katniss se isolou de tudo e de todos, mas o amor que Peeta sentia por ela continua o mesmo, talvez maior, e é por esse amor que ele não abandona ela, depois de aos poucos ele conseguir recuperar a amizade deles, finalmente as coisas parecem mais esperançosas...



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A luz do sol já está em meu rosto me acordando pra mais um dia. Quando eu chego à conclusão... NADA DE PESADELOS.
     O que até alguns dias atrás eu achava improvável pra não dizer impossível, hoje pela primeira vez eu tive uma das melhores noites da minha vida, nada de dor, nada de desespero, nada de angustia enfim nada de pesadelos.
       E o motivo pra essa proeza está bem aqui diante dos meus olhos, a luz do sol que já está entrando no quarto ilumina seu rosto que consegue ser ainda mais lindo quando ele está dormindo, se é que isso é possível, seus cílios extremamente loiros que tanto me fascinam são quase imperceptíveis quando o sol os ilumina, eu fico ali bem quietinha, me esforçando ao máximo pra não acordá-lo, contemplando cada milímetro do seu rosto, observando-o respirar tão tranquilamente, é incrível como eu já tinha perdido completamente a esperança disto estar acontecendo de novo, me parece um luxo que eu já havia perdido, dormir nos braços do Peeta tendo seu peito como meu travesseiro, as batidas do seu coração como minha trilha sonora. Mesmo tendo a certeza de que eu não sou merecedora dessa maravilha permito-me contemplar cada segundo desse tempo, até que eu não resisto e toco bem de leve seu rosto, acho que até pra me dar a certeza que isso realmente é verdade e não apenas um sonho impossível, com a ponta dos meus dedos eu afasto alguns fios de cabelo que estavam quase por cima de seus olhos e é só isso que precisa apenas o leve toque dos meus dedos na sua pele que faz o meu coração disparar descontroladamente, são tantos sentimentos que nem sei ao certo como me sinto, segura, alegre, com medo, desesperada, apaixonada, será que isso é amor? Amor? Essa palavra ainda me parece tão nova, tão desesperadora, que eu ainda não me sinto pronta pra me permitir viver isso. Principalmente depois de tudo que eu vi, de tudo que eu vivi durante essa guerra. A única certeza que eu tenho é que eu poderia parar o tempo exatamente aqui nesse momento.
- Eeei, tá me assustando! ... - Ele diz ainda com os olhos fechados, o que acaba me pegando de surpresa e eu solto um pequeno grito. Ele abre os olhos e libera o mais lindo e perfeito sorriso, eu não resisto, na verdade acho que ninguém resistiria a esse sorriso de moleque.
- Desculpa, bom dia. . .
Minha voz é tão baixa que quase não dá pra ouvir, mas ele ouve, abre os olhos e me olha por alguns segundos.
- Nada de pesadelos, real ou não real?
Acho que ele já sabe a resposta, afinal ele sempre sabe quando eu os tenho, e está sempre pronto pra me acalmar, mas mesmo assim eu o respondo...
- Real. Afinal você está comigo. Real ou não real?
Dou um pequeno e tímido sorriso.
- Real. E não existe outro lugar que eu queria estar.
Claro, o que eu poderia esperar esse é o Peeta, aquele que quando eu acho que já se declarou de todas as formas sempre acha uma nova maneira de demonstrar isso.
- Que horas são?
Ele me pergunta.
- Não sei, ainda nem vi. Mas acho que ainda não passa das 7 da manhã!
- Hum, sei. Esqueci que você estava me admirando enquanto eu dormia.

- Eu estava apenas ... é... aah, Peeta não enche!
Tento parecer indignada, mas um pequeno sorriso me escapa, ele também dá uma pequena risada. Levanta as mãos pra cima, pra demonstrar que ele perdeu.
- Ok. Vamos pular essa parte. E aí ta com fome? - Ele me pergunta enquanto se levanta da cama, e por um segundo eu me perco nos meus pensamentos, ele parece muito mais bonito do que qualquer outra vez, se é que isso fosse possível, ele está com uma camiseta preta e uma calça de moleton cinza, de modo que tenho que me puxar pra realidade, enquanto ele aguarda minha resposta.
- Muita. Já estava indo preparar o café. - respondo enquanto tambem me levanto da cama.
- Então ainda bem que eu acordei, não sei se você na cozinha sozinha seria seguro - ele brinca.

Reviro os olhos, e faço uma careta.
- Bom eu sei me virar, talvez nada tão grandioso como certas pessoas mas dá pro gasto. - Eu digo um pouco irritada.
- Tô brincando Kats, eu tenho certeza que você faria um ótimo café da manhã mas dessa vez pode ir tomando banho que eu mesmo vou fazendo.
- Tá bom, mas vê se não prepara tudo sozinho. Quero me sentir um pouco útil hoje só pra variar ok? - 
eu digo antes de virar as costa para pegar minha roupa e tomar banho.
- Você sempre é útil. Sem você eu não estaria aqui. Não teria motivos pra continuar.
Mais declarações, será que ele não se cansa, se eu ao menos merecesse mais não eu não mereço. O único crédito que eu realmente mereço é o de ser a culpada pela sua quase morte, e com certeza ser a culpada pelos flashbacks que ele ainda tem. Parecendo que ouviu meus pensamentos ele pega no meu braço me forçando a virar para ele e fala...
- Ei, nós já conversamos. Não quero você se culpando por nada ok? Nada de se culpar, de se diminuir, já passou lembra? A única coisa que você deve se preocupar é em tomar logo esse banho pra gente tomar café por que eu to morrendo de fome.
Tento forçar um sorriso, por que eu sei que se não o fizer ele não vai desistir de querer me fazer sentir melhor. Vou pra frente do guarda-roupa pra pegar alguma roupa limpa pra me trocar, olho pra janela e vejo que o sol promete esquentar bastante, então pego a roupa mais fresca que eu tenho, embora eu quase não tenha roupas. Já estava entrando no banheiro quando ele me chama.
- Katniss... 
Paro na porta do banheiro e olho pra ele.
- Oi?
- Já são quase nove horas Greasy já esta aí.
- Já? Nossa achei que fosse mais cedo. -  Greasy chega por volta das nove todos os dias, arruma a casa embora nunca tenha muito o que fazer a não ser tirar a poeira que se forma em tudo, até a hora que ela vai embora logo depois do almoço.
- É eu também, mas acho que hoje eu dormi demais. Já que ela ta aí o café já deve está pronto, então acho que eu vou dá um pulo em casa pra tomar um banho trocar de roupa, tudo bem?
- Claro, tudo bem. Mas você volta pra tomar café? -  
nossa, isso soou meio desesperada, é engraçado a necessidade que eu tô de ter ele por perto, nem sei por que eu perguntei isso, mas saiu antes que eu pudesse filtrar. Ele sorri com a minha pergunta e responde sorrindo.
- Volto, trago o pão ... e o Haymitch também! Se eu conseguir achar ele em algum canto daquela casa.

Não posso segurar o riso, realmente ele deve ta caído por algum canto, ontem mesmo ele tava caído atrás da porta do porão, eu e Peeta ficamos desesperados procurando ele por um bom tempo até eu descer pro porão da casa dele e literalmente tropeçar nele caído.
- Tá bom, então espero vocês! - respondo sorrindo. Meu Deus, o que está acontecendo comigo, se controla Katniss!, eu brigo comigo mesma enquanto entro e fecho a porta do banheiro.
Tiro minha roupa entro no Box e ligo o chuveiro, me permito ficar embaixo do chuveiro deixando a água descer pela minha cabeça, quem sabe assim refresca ela por dentro e eu consiga organizar tudo melhor. Á medida que a água percorre meu corpo começo a me perder em meus pensamentos.
   Desde que eu comecei a retornar meu ''relacionamento'', com Peeta, mesmo sendo só amizade, eu me sinto mais confusa, na verdade antes disso eu não pensava em absolutamente nada a não ser a dor que a morte da minha patinha, Prim, me causava, a dor era tão grande que não me permitia sequer pensar em outra coisa, não que a dor tenha diminuído, ela continua tão grande e intensa quanto antes só de pensar nela todo meu corpo se estremece, mas a verdade é que com o retorno do Peeta na minha vida chegou também um fio de esperança, mais uma vez eu encontrei meu dente-de-leão na primavera.
     Ele apareceu, colocou sua dor de lado mais uma vez e ficou do meu lado, cuidou de mim espantou meus pesadelos, e aos poucos foi me trazendo de volta pra vida. Toda a dor e culpa que eu sinto ainda estão intactas dentro de mim, mas agora eu também tenho ele e isso já é uma grande benção embora desmerecida, depois de tudo que eu causei, de tudo que eu vi e principalmente de todos que eu perdi começando com meu pai, cuja a falta me queima o coração desde o dia de sua morte, e depois a lista só cresce Cinna, Finnick, Madge, Bogs, Rue, Prim. . . e tantos outros que perderam suas vidas por causa de algo que eu comecei. Ainda tem aqueles que eu perdi porém sem estarem mortos, minha mãe que simplesmente desde a morte de Prim eu não vi mais e já se passaram 8 meses, nenhum telefonema, ela mandou algumas cartas mais não é a mesma coisa, acho que no fundo ela me culpa pela morte da sua pequena e ela tem toda razão, não posso culpa-la por não querer me ver. Ainda tem o Gale mesmo com toda a dúvida que paira sobre os paraquedas terem ou não vindo da armadilha dele, eu achei que ele fosse ao menos telefonar pra saber como eu estava afinal eu to aqui no 12 abandonada, mas ao que parece ele também deve ta me odiando. Novidade até eu mesma me odeio, acho que as únicas pessoas que não me odeiam são Greasy, por que acho que a pena supera qualquer outro tipo de sentimento que ela possa ter por mim, Haymitch por estar tão bêbado e também se sentir culpado que nem ao menos tem tempo pra me odiar, e tem o Peeta que por tantas vezes declarou e declara seu eterno amor por mim e eu simplesmente não o entendo como ele pode amar alguém como eu, mas mesmo não merecendo o amor dele é a única coisa verdadeira e bonita que me restou e eu me agarro a essa ultima esperança, mas ele não merece isso, ele merece mais do que isso, ele merece alguém que o ame intensamente e eu não sei se eu sou essa pessoa. Meus sentimentos ainda são tão confusos que eu tenho medo de magoar ele falando que o amo sem o amar, ou simplesmente não falar e ele se magoar e ainda perder seu tempo investindo em uma relação que não terá futuro. Mas será que não tem futuro mesmo? Será que eu não o amo? Não sei, sinceramente não sei.
   Mas eu preciso descobrir. Como um estalo eu lembro que ainda estou debaixo d’água termino meu banho e vou me vestir. 
   
Acho que já se passaram uns 40 minutos, já estou vestida e pronta pra descer quando ouço um barulho vindo lá de baixo e então me lembro que Greasy tá lá embaixo e provavelmente ela deve ter visto o Peeta saindo daqui, bom, não que seja grande coisa afinal todo o país achava que eu estava grávida dele, ele sair do meu quarto é o de menos, mas é estranho quando eu sei que na verdade nós apenas dormimos juntos.
Termino de pentear meus cabelos, desço e encontro Greasy na cozinha terminando de fazer um café.
- Oh, bom dia Katniss, e então como foi à noite?
Ela pergunta e em seguida da uma piscadinha.
É, com certeza ela viu o Peeta saindo.

- Bom dia Greasy, a noite foi muito boa mais não do jeito que você deve está pensando.
- Mas você nem sabe o que estou pensando, só fiquei feliz por vocês estarem enfim se acertando. - 
Ela diz com um sorriso nos lábios que eu forço a corresponder mais sem muito sucesso. Ela logo percebe.
- O que foi Katniss? Algum problema?
Eu nunca me imaginei falando de meus sentimentos pra Greasy, na verdade pra ninguém, mas aqui estou eu, com a cabeça uma verdadeira bagunça e ela é a única pessoa que ta aqui pra me escutar então...
- Sinceramente nem eu sei. Eu to tão confusa sinceramente eu não sei o que fazer. Não quero perder ele mas ao mesmo tempo eu não sei o que sinto por ele, esta tudo muito confuso, eu não quero perdê-lo, mas não tenho o direito de prendê-lo a mim, ele merece ser feliz. - Desabafo. Parece que tirei um peso dos ombros ao terminar de falar, realmente eu precisava falar com alguém.
- Bom Katniss, você é a única que realmente pode responder essas perguntas afinal a vida e os sentimentos são seus, mas já que você confiou em mim pra falar acho que posso expressar minha opinião correto?
Balanço a cabeça confirmando.
- A minha opinião é a seguinte: em primeiro lugar esquece o passado, não estou dizendo pra você esquecer sua irmã não é isso, mas não deixe essa dor te cegar. Peeta é completamente apaixonado por você, ele passou por tudo que passou por você, você realmente acha que ele não te ama? O garoto vive por você Katniss. Agora quanto os seus sentimentos eu realmente acho que você o ama mais ainda não enxerga isso, mas isso é algo que só você pode responder e pra responder isso você tem que ir aos poucos pra não se precipitar e se arrepender depois. Comece aos poucos, volte pra vida minha filha, sai, vai ver pessoas, se aproxime mais dele fora dessa casa não espere a noite e os pesadelos pra precisar dele, converse com ele, passe um tempo com o garoto quem sabe assim seus sentimentos começam a se mostrar. O que eu estou querendo dizer é que você se prende tanto a dor do seu passado e se preocupa tanto com o rumo do seu futuro que se esquece de viver o presente, e o presente é tudo que nós temos, não podemos mudar o passado e nem viver o futuro então minha filha acorde enquanto é tempo e viva o seu presente, por que como o nome mesmo já diz é o seu presente, mais uma chance, o agora é tudo que você tem, não deixe isso passar. Apenas viva um dia de cada vez.
Confesso que ainda estou digerindo tudo que Greasy falou e eu sei que é verdade, ninguém nunca tinha me falado desse jeito, ela finalmente conseguiu abrir os meus olhos pra algo que agora me parece tão simples, pra que me preocupar com o que pode ser se eu tenho o agora, se eu tenho o Peeta aqui comigo, e é exatamente isso que eu vou fazer vou viver o meu agora.
- Obrigada Greasy, você não sabe o quanto me ajudou. Acho que era exatamente isso que eu precisava ouvir pra acordar e eu finalmente acordei. - Eu disse. Ela me dá um pequeno sorriso.
- Fico feliz em ter ajudado em alguma coisa, mais agora que tal você tomar o café?
- Claro. Mas o Peeta disse que viria pro café e traria o Haymitch também, se ele o achar é claro. Eles já devem estar chegando.

Mal termino de falar e um forte barulho vem da porta da sala, nos viramos pra ver o que era e quem mais podia ser...
- E aí docinho? Esse café sai ou não sai, minha barriga já ta roncando! Não como nada desde ontem, quer dizer eu acho que é desde ontem, não me lembro direito. - Haymitch ainda está de ressaca pra variar, entrou cambaleando se jogou no sofá com sapato e tudo.
- Ei docinho – eu digo em um tom irônico tentando imitar sua voz – Será que você pode ao menos uma vez na vida ter bons modos, e aproveitar pra tirar esses sapatos sujos de cima do meu sofá.
- Incrível garoto. – diz ele falando com Peeta que também já vem entrando na casa – Não sabia que a Effie tinha deixado uma subordinada dela aqui pra me adestrar enquanto ela estivesse longe.
- Haymitch, Haymitch um dia ela se enche de você e aí meu amigo nem eu vou poder te ajudar, você vai ser obrigado a fazer suas refeições junto com seus lindos e amados gansos.
Peeta mal termina de falar e Haymictch dá um pulo do sofá em direção à porta.
- Droga! – ele grita – Meus gansos! Eu esqueci completamente não vejo nenhum deles desde anteontem! - E ele sai correndo atrás de alguma pista dos gansos, nos deixando as gargalhadas com o desespero dele.
- Bom agora que ele foi resgatar os gansos acho que ele vai demorar um pouco pra voltar mais eu não vou esperar, trouxe o pão. Que tal nós irmos tomando café até ele voltar? É que eu ainda tenho que ir pra padaria ver como estão às coisas por lá! - diz Peeta, enquanto caminha até a cozinha e coloca o pão ainda quente e com um aroma maravilhoso sobre a mesa.
- Ótima ideia! Vão tomando café enquanto eu termino de ajeitar algumas coisas lá dentro, afinal eu já tomei café mesmo! - Greasy fala e rapidamente vai para o corredor que dá no escritório, agora o que ela vai arrumar lá eu não sei, por que está absolutamente tudo arrumado lá dentro.
- E então você me acompanha ou eu vou ter que tomar o café sozinho? – Peeta pergunta já estendendo um pedaço de pão pra mim.
Eu inalo o aroma do pão 
- Pão de queijo? – eu pergunto, esses são os meus favoritos e ele sempre os faz.
- É o seu preferido não é? – ele pergunta.
Concordo com a cabeça.
- Então é claro que é.
Como sempre, apenas Peeta sendo ele mesmo.
O que eu posso dizer depois disso? Nada, não tenho o que falar. Então eu simplesmente agradeço e me delicio com aquele pão e é realmente o melhor de todos os pães que ele já fez, ele realmente leva jeito pra isso, deve estar no sangue, à padaria vai ser muito bem representada, o Sr. Mellark estaria orgulhoso do filho. E é no meio desses pensamentos que eu me toco que eu não sei nada sobre a reconstrução da padaria, como andam as obras, quando será a inauguração, na verdade eu não sei nada sobre o que está acontecendo com o Peeta quando ele não está comigo, ao passo que ele sabe exatamente tudo sobre mim.
Realmente Greasy está certa eu não posso procurar por ele apenas quando me sinto sozinha ou quando os pesadelos aparecem, ele também tem seus medos e suas necessidades, ele também precisa de mim e eu decidi que a partir de hoje ele pode contar comigo. E pra isso eu tenho que dar meu primeiro passo.


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Notas finais do capítulo

Espero que você gostem, até o próximo capítulo...