Os Filhos do Olimpo escrita por Larissa Haguiô, Noah Rinns


Capítulo 32
Where everything ends and everything begins.


Notas iniciais do capítulo

E então chegamos ao fim...



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LUCY

– Lucy! Lucy, espere!

Os gritos vinham detrás de mim. Eu havia acabado de entrar no saguão do Edifício Empire State, onde o guarda na mesa da recepção levantou a cabeça olhando-me com indiferença.

Ergui os ombros para ele e me virei. Quíron não estava mais lá, e Ethan corria ofegante na minha direção.

– O que houve? - Perguntei, quando ele parou em minha frente com os olhos azuis e gélidos lacrimejantes.

Um vento frio vinha do norte. Os cabelos grisalhos do garoto se moveram delicadamente. Ethan deu um passo, ficando com o rosto próximo ao meu.

– Eu quero te dizer uma coisa. - Ele respirou fundo.

Meus poderes, naquele instante, se manifestaram nele. A energia exalada de seu corpo era intensa. Um calor que eu podia enxergar como a mistura de tensão e felicidade, tudo ao mesmo tempo. Uma aura cintilante estava em seu corpo, formando sua silhueta. Era algo fascinante para ser visto, pois de alguma forma eu podia saber como ele se sentia. E compreendi mais claramente quando ele mesmo expôs isso.

– Sei que não é hora certa para isso, mas ultimamente tudo está tão imprevisível, que quanto antes eu dizer melhor será.

– Se apresse, Ethan. - Falei, ansiosa.

Há metros de distância, pude ouvir gritos. Meus extintos me diziam que mais monstros haviam chegado, e o tempo estava se esgotando.

– Lucy, eu te conheço há pouco tempo mas de alguma forma que não sei explicar, eu te amo. Quando estou próximo de você me sinto bem. É algo positivo e.. Perdão, sei que isso tudo é muito louco. - Ele exibiu um sorriso reluzente, e abaixou a cabeça envergonhado. - Também é algo clichê, eu me apaixonar por você tão subitamente.

– Se apaixonar? - Instantaneamente eu corei. Nunca imaginei que algum garoto pudesse dizer isso para mim. E foi isso que o tornou tão especial. - Ethan, isso não é clichê. Acredito que nossos destinos estão predestinados. Podemos ter vidas difíceis, mas, quem disse que não podemos ser felizes?

– Quer dizer que.. - Ethan arqueou as sobrancelhas, pensando na palavra certa. - Você também me ama?

Respirei fundo e aguardei alguns segundos. Finalmente, após um silêncio constrangedor, respondi:

– Amar não é a palavra certa, mas é questão de tempo para que seja.

+ + +

Foi difícil para convencer o guarda do Edifício que estávamos desejando chegar ao seiscentésimo andar. Para que ele estivesse finalmente decidido que éramos semideuses precisamos demonstrar alguns de nossos dons para ele.

Ethan, que estava começando a controlar seus poderes, congelou alguns objetos na mesa, enquanto eu simplesmente mudei sua coloração em um piscar de olhos. Para nós não foi nada demais, mas para o guarda foi o suficiente para nos aceitar. Perguntei-me se ele era algum tipo de guardião entre o mundo mortal e das divindades.

O elevador estava vazio, conforme deveria estar.

– Coloque o cartão na fenda. - Instruiu Ethan, repetindo o que o guarda havia dito.

O cartão foi sugado subitamente para dentro, e na pequena tela eletrônica o número 600 surgiu em letras vermelhas neon. Uma ansiedade assustadora se apossou de mim, e fiquei em dúvida se era da vontade dos deuses nosso objetivo ser conquistado. Se nós, semideuses, deslocados em meio aos mortais, merecíamos um lar seguro.

Uma música tocava enquanto o tempo, de forma lenta e agonizante, passava. ''If today was your last day...''

E então, finalmente, as portas se abriram num rápido plim. Nesse momento minha respiração se elevou, e meu coração palpitava de modo assustadoramente rápido. Comecei a pensar na possibilidade de regressar e chamar outro para finalizar a missão quando Ethan entrelaçou seus dedos nos meus. Ele tinha razão em insistir para vir comigo. Eu não poderia fazer aquilo sozinha.

– Não duvide de seu potencial. - Disse ele, sem mais nem menos. - Você sabe que pode fazer isso sozinha.

Assenti, hesitantemente. E juntos saímos do elevador.

Abaixo de mim, Manhattan permanecia numa tarde tensa e nublada. A minha frente, o Olimpo podia ser visualizado.

– Oh meus deuses... - Exclamei, sem fôlego.

– Ora, Lucy, venha. - Ethan apertou minha mão de modo delicado e começamos nosso trajeto.

Havia um caminho estreito de pedras que pendiam no ar de modo sinistro, sem nada segurando-as nem por cima nem por baixo. Nossos passos foram leves e logo chegamos ao fim. Degraus de mármore branco se elevavam, formando uma espécie de escada divina até uma enorme nuvem.

A cada passo eu ficava mais assustada. O medo de cair já era menor, pois eu estava prestes a encontrar-me com os antigos deuses gregos.

Em minha frente estava um enorme portão adornado em ouro cintilante. Através das grades pude avistar um extenso jardim com flores de diferentes cores.

– Está pronta? - Perguntou-me Ethan.

– Não.

E entramos.

+ + +

O lugar era realmente fantástico. Uma verdadeira cidade grega, mas sem ruínas. Tão belo quanto Atenas deve ter sido. Fomos recebidos por olhares brilhantes e risos singelos. Ninfas que corriam pelos jardins nos olharam de forma amistosa, e alguns até acenaram. No centro da Cidade dos Deuses sátiros tocavam alegremente suas flautas em tons harmônicos. Lembrei-me imediatamente de Gump e em como ele ficaria feliz em estar aqui. Mas há certas coisas que nunca poderão ser realizadas. E aguento firme por ele, também por Lua e Annie, e todos os outros semideuses que supostamente falharam em suas missões antes de nós.

Em nossa frente, palácios de diferentes tamanhos e formas se erguiam a toda volta. Presumi que fossem os templos dos deuses, e encantei-me ao notar um grupo de águias em um deles, pavões em outro e corujas num menor. Soube exatamente que eram os símbolos de Zeus, Hera e Atena, representando o lugar sagrado de cada um deles. Ao meio desses templos, um maior e diferente dos demais atraiu minha atenção. De alguma forma eu soube que era a sala dos tronos, onde os doze olimpianos estariam ao nosso aguardo. Quando comecei a caminhar naquela direção, Ethan puxou-me pelo cotovelo.

– Olhe ali. - Disse ele, apontando para um grupo de adolescentes sentados na beira de uma fonte. Os jovens pareciam ser um pouco mais velhos que nós, e riam de forma intensamente alegre. Usavam túnicas brancas e joias de diferentes tipos no pescoço e pulso. - São os deuses menores, Lucy.

Um calor foi expelido do meu corpo subitamente. Com o canto do olho, percebi meus cabelos lisos sobre o ombro tornarem-se loiros e radiantes. Soube exatamente o que Ethan queria dizer.

– Nossas mães. - Falei, ávidamente. Procurei, de alguma forma, reconhecer algo em um deles para que pudesse identificar qual era Íris. - Ethan, permaneça aqui. Não posso perder mais tempo. Impeça que minha mãe, caso esteja aí, não se afaste. Eu... Eu preciso falar com ela.

– Tudo bem. - Concordou Ethan, e logo acrescentou com um sorriso bobo. - Também desejo conhecer minha futura sogra.

Envergonhada, dirigi-me até a sala dos tronos.

Naquele momento, fui cegada de forma tranquila. Quando me dei conta, estava no centro do salão, onde doze tronos me cercavam. Meu coração palpitou, e soube que todos os olhos repousavam sobre mim. Nesse momento eu era uma qualquer. A pequena e indefesa Lucy.

– Não seja tão severa consigo mesma. - Uma voz forte como o barulho de um trovão ecoou pelo salão. Zeus estava falando. - Lucy Hendricks, você é muito mais do que seus esplendidos olhos podem enxergar.

Zeus estava falando.

– Erga a cabeça. - Ordenou. - Olhe para mim.

E assim fiz.

– Admiro sua coragem, assim como a dos outros. Saiba que, todo esse tempo, estivemos observando vocês. Como deve saber, nós deuses não podemos interferir numa causa como essa, pelo menos não diretamente. Compreende o que quero dizer?

– V-vocês nos ajudaram por meio de sinais. - Falei, timidamente. Zeus assentiu. Mas então recordei-me. - Enquanto à Deméter? Ela nos cedeu moradia temporária e os porcos...

– Isso é um caso que pode ser entendido por si mesma. - Falou Zeus. - Ação gera consequência. Deméter os ajudou, e monstros invadiram sua propriedade. Nosso mundo deve ser equilibrado. Nós não nos metemos com monstros e eles não nos desafiam. É o dever de vocês, jovens meio-sangues, detê-los.

Imediatamente pude entender. Eu me sentia uma estúpida por fazer perguntas tão óbvias. Com o canto do olho, notei Deméter, vestida com uma túnica de cor bege desbotada. Ela parecia estar sorrindo.

– Vocês, diferentes de outros que tentaram antes, alcançaram seu objetivo. Conseguiram chegar longe, e são dignos de uma recompensa. É uma nova era, e os semideuses entraram em ação para manter nosso modo estabilizado. Isso não é uma guerra apenas nossa, mas também de vocês.

– Perdão senhor, mas... O que quer dizer com guerra?

– Oh, não me refiro à uma guerra real. E sim a guerra que enfrentamos diariamente. Eles nos enfrentam, nós lutamos e então vencemos. E isso se repete constantemente. - Zeus respirou fundo, e então olhou ao redor da sala. - Quem é a favor do concedimento de um lar para os jovens semideuses, ergam a mão.

Ergui a cabeça de forma que pudesse ver o resultado. No primeiro instante, Deméter foi a primeira a se manifestar, erguendo o braço e com um sorriso cintilante estampado no rosto. Uma mulher de olhos cinzentos - assim como os de Adam e como os de Annie foram - repetiu o gesto. Foi assim até que todos estivessem com as mãos erguidas, exceto um.

– Dionísio, creio que sabe o que isso significa. - Disse Zeus, com as sobrancelhas arqueados. - Seu castigo, como já venho lhe dizendo há algum tempo, poderá finalmente ser iniciado.

Pigarreei subitamente, e o deus voltou-se para mim.

– Parabéns Lucy, você e os demais jovens conquistaram-nos. O Acampamento para meio-sangues será concedido à vocês. Nomeio-os agora como Os Filhos do Olimpo.


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