Os Filhos do Olimpo escrita por Larissa Haguiô, Noah Rinns


Capítulo 2
The girl changed her hair color.




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ADAM

Meus olhos brilhavam. De dentro do carro, eu podia fixar os olhos em cada criança que caminhava em direção à entrada da escola.

A possibilidade de mais um semideus se juntar a nós era incrível. Algumas semanas atrás, fui resgatado por um tal de Quíron, e dois outros garotos que disseram ser semideuses. Uma criatura que imaginei ser uma dracaena me atacou no meio da rua. Desde então, ele me contou a minha verdadeira história, e que se quisesse ficar vivo, precisaria me ajuntar ao grupo e encontrar o maior número de semideuses possível.

Até então, éramos apenas Gump - o sátiro -, Alastor, Dianna e..

– Olá, amores! - Lua escancarou a porta do carro, enquanto berrava para os alunos que caminhavam pelo local. - Hum, olha aquele gatinho.

– Cala a boca. - Alastor se jogou para fora do corcel, enquanto se aproximava de Lua, franzindo a testa.

– Qual é? Só quero me divertir. - A garota balançou os longos cabelos loiros e deu uma piscadela à Alastor, que desviou o olhar. - Quem sabe pegar um desses carinhas.. - Lua era uma filha de Afrodite. Desde que nos conhecemos, percebi a facilidade dela em gostar de um cara, e maior facilidade ainda em descartá-los.

Gump, com suas pernas falsas, saiu do carro e foi até a porta de trás para abrir para mim e Dianna. Levantei-me e estendi a mão para que Dianna se erguesse, mas a garota ignorou.

– Não preciso de ajuda pra sair de um carro. - O típico temperamento de uma filha de Ares. - Deveria saber disso se é um sabichão. - A garota me deu as costas e se juntou a Alastor e Lua.

Estávamos em frente a Academia Schmidt, onde Gump afirmou ter sentido a presença de algum semideus.

– Vamos entrar ou não? - Perguntei, tirando os cabelos loiros da minha testa. - Não temos o dia todo.

– Adam tem razão. - Confirmou Gump. - Devemos ir logo. Consigo sentir o cheiro do semideus, mas bem longe.

– O cheiro é forte? - Perguntou Alastor, arqueando as sobrancelhas. - Acha que ele pode ser filho de um dos três grandes como eu? - Alastor era filho de Poseidon, sendo assim, o semideus mais poderoso entre nós - ou não.

– Não. Acho que não é possível. O cheiro é bem fraco.

Olhei para Alastor e Lua que estavam sentados sobre o capô do carro. Foi então que notei a ausência de Dianna.

Avistei a filha de Ares a alguns metros de distância, caminhando em meio a aglomeração de jovens.

– Sai da frente, baixinho. - Dianna tinha 16 anos e era um pouco alta para a idade dela. Sua pele era num tom branco claro, e ela tinha um cicatriz semelhante a uma estrela próximo ao lábio. Seus cabelos castanhos caiam em uma trança sobre suas costas. - Sua mãe sabe que você se veste assim? - Exclamou ela, encarando uma garota ruiva de regata e saia curta.

Alastor suspirou e fez uma cara de reprovação.

– Essa garota é um pesadelo!

E assim, corremos para dentro da escola, prestes a encontrar um novo semideus e encarar uma Dianna de mau-humor.

Nossa primeira aula foi Espanhol. A professora era uma velha gorducha e rabugenta. Foi fácil para nós entrarmos na escola e sermos reconhecidos como um simples grupo de alunos. Alastor havia aprendido recentemente com Quíron como manipular a névoa, então não causamos nenhuma suspeita quando adentramos na sala de aula da sra. Rhodes.

Apesar de Alastor ser o mais velho de nós, todos aparentávamos ter no máximo 16 anos, o que facilitou ficarmos na mesma turma. Nós cinco nos sentamos na mesma fileira. Lua estava na primeira carteira, balançando os pés freneticamente e encarando a sra. Rhodes, que estava sentada em sua cadeira, passando os olhos por um livro espesso. O jeito como Lua se movia, me lembrava uma criança em sua primeira aula, ansiosa para receber uma estrelinha na testa por bom comportamento.

Alastor estava sentado na minha frente, enquanto Dianna e Gump se encontrava nas duas fileiras de trás. Vez ou outra me virava para ver a face de Gump. Seus olhos verdes e miúdos não paravam de fitar uma garota do outro lado da sala, que tinha o cabelo num tom de castanho, que por acaso jurei ter visto ele se tornar loiro por um breve instante.

– É ela? - Sussurrei alto o suficiente para que Gump me ouvisse, duas fileiras atrás.

– Sr. Werkhaizer! - No mesmo momento, sra. Rhodes ergueu os olhos e me encarou com fúria nos olhos. - Permaneça calado e copie a atividade que está na lousa.

– É, sr. Werkhaizer! Não desabereça a Sra. Rhodes! - Exclamou Lua com um ar de autoridade.

– O certo é desobedeça, Lua. - Corrigiu Alastor.

– Não! - Gritou a garota de volta, como se soubesse do que estava falando. - Desaberecer é errado!

– Já chega! - Berrou a sra. Rhodes. - Silêncio ou mandarei os três para detenção!

Lua se virou discretamente para mim e fez um gesto vulgar, deixando-me boquiaberto.

Talvez fosse mais fácil encontrar mil semideuses em uma dia ao invés de cuidar de Lua. Seria um longo dia.

Quando estávamos na quarta aula - de História - resolvemos acabar logo com isso. Nas duas aulas anteriores, a garota-que-mudava-a-cor-do-cabelo manteve-se afastada de nós, como se fossemos loucos - e talvez isso fosse verdade.

– Ela está logo ali. - Apontou Gump, que desta vez estava sentado ao meu lado.

A garota estava com a cabeça abaixada, com os longos cabelos lisos - que neste momento estavam azuis - cobrindo seu rosto.

– Ninguém nota que ela muda a cor do cabelo? - Perguntou Dianna logo atrás de mim.

Alastor se virou e estalou o dedo por diversão. Seus lábios formaram duas palavras que compreendi no mesmo instante: ''A Névoa''.

Lua permaneceu na primeira carteira durante todas as aulas, sempre mantendo os olhos fixos na lousa e na lição que ela copiava. Dei uma bisbilhotada rápida em sua folha e notei que o que ela escrevia na verdade eram desenhos de corações e o nome de alguns garotos por quaís já tinhamos visto desde que chegamos.

E então, a outra garota ergueu a cabeça. Num rápido movimento, ela se virou e olhou fixamente nos meus olhos. Quase saltei da cadeira quando percebi que ela possuía um olho dourado e o outro azul. Seus cabelos mudavam de cor. Isso só podia significar que ela era filha de...

– P-professor. - Chamou ela, estendendo o braço para chamar a atenção do homem.

– Algum problema, Lucy?

Lucy. Então era esse o seu nome.

– Não estou me sentindo bem. - Ela respondeu quase num sussurro. - Será que eu poderia ir até a secretaria e ligar para minha madrasta?

– Sem problemas, senhorita Hendricks.

E quando ela estava prestes a levantar-se, uma vibração irrompeu no ar.

Quase que instantaneamente, os vidros da janela se partiram em milhões de partículas, caindo sobre as cabeças de todos os alunos presentes na sala. Abaixei minha cabeça num ato de proteção, sentindo os pequeninos cacos de vidro cortando minha pele em vários locais. Gritos vieram de todos os lados.

Lucy se jogou no chão de joelhos e repeti o gesto, me arrastando em meio ao vidro até sua direção.

– Você está bem? - Tentei soar confiante e dizer num tom alto, para que ela me ouvisse no meio de toda gritaria.

– Claro, sem problemas! - Respondeu ela com sarcasmo. - As janelas da sala de aula acabaram de explodir de repente e estou super feliz!

Levantei-me com dificuldade, sentindo os pedaços de vidro penetrarem mais fundo em minha pele. Estendi a mão para Lucy.

– Levante-se.

Ela estreitou os olhos de cores diferentes e segurou firme em minha mão. Seus dedos estavam pálidos e gelados, e então, ao ficar de pé, seu cabelo começou a escurecer, tornando-se negro.

– Como você faz isso? - Perguntei, como se aquilo fosse a coisa mais fantástica do mundo.

Mas a garota não teve tempo de responder. No mesmo instante, grandes e gordos pombos cinza e brancos adentraram a sala, voando sobre a cabeça de todos os alunos.

Foi então que me dei conta de que não eram simples aves. E sim Aves da Estinfália. Mas já era tarde demais quando eles arreganharam o bico e avançaram ferozes contra metade da classe.


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