Os Filhos do Olimpo escrita por Larissa Haguiô, Noah Rinns


Capítulo 1
Prólogo




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LUCY

Aquele era sem dúvida nenhuma o dia mais quente do verão. Nenhum campista parecia disposto a praticar alguma atividade física. Minha testa soava, a camisa do acampamento estava grudada ao meu corpo. Coloquei uma das mãos no bolso do short e depois de remexê-la lá dentro encontrei um elástico para cabelo, juntei o cabelo em um rabo-de-cavalo e o prendi.

Não tinha muita certeza do que fazer, alguns insistiam em treinar, outros estavam no chalé conversando, mas eu não estava com vontade de treinar e também não tinha irmãos. Íris não tem muitos filhos. Sempre me perguntei se sou a única, mas acho isso tão improvável que nunca parei pra pensar no assunto por mais do que alguns minutos. Se Íris tinha poucos filhos, ela podia se importar mais com os poucos que tinham, não é? Eu penso assim, mas minha mãe raramente me manda sinais, tudo o que tenho dela é um pequeno colar que uso em todos os lugares: quando o arranco do pescoço ele se transforma em uma espada, seu pingente muda de cor conforme meus sentimentos, exatamente como meu cabelo e meus olhos. Continuei pesando no assunto enquanto caminhava até a praia, tinham alguns campistas novos por lá (alguns sátiros haviam chegado há pouco tempo) e eu achei que não seria nada mal conversar com eles. São poucos os campistas mais velhos que conversam com os novos, acho isso ridículo.

Me aproximei devagar de um garoto sentado sobre uma pedra. Ele fitava o mar sério, sem falar nada. Sentei na areia ao seu lado e vi quando ele olhou pra mim, não retribui o olhar, preferi ficar olhando para o mar. Minha mãe não tinha absolutamente nenhuma característica relacionada ao mar, mas eu me sentia bem perto dele, era calmo e o barulho das ondas sempre faziam com que eu me sentisse melhor.

– Ainda não visitei o acampamento inteiro, mas até agora esse é o meu lugar preferido. Me lembra a praia que eu costumava visitar perto de casa. – Ele disse, com os olhos fixos no horizonte.

– Ah é? – Perguntei. – Eu também gosto do mar, me sinto bem perto dele.

– Você é filha daquele deus do mar? Eu não me lembro o nome dele.

“Aquele deus do mar que pode matar todos nós num único instante” pensei e sorri ao perceber a ingenuidade do garoto.

– Poseidon? Não, sou filha de Íris.

– Íris? – Perguntou, dessa vez virando-se para me olhar.

– Sim. Ela é a deusa do arco-íris, das cores e mensageira dos deuses para os humanos.

Ele me observou por alguns instantes antes de timidamente perguntar:

– É por isso que seu cabelo é azul e você tem um olho de cada cor?

Não pude deixar de rir com a pergunta, como aquele garoto era fofo! Meu cabelo estava azul naquele momento, mas mudei sua cor para verde e mudei a cor dos olhos para rosa e amarelo. Ele me olhou com uma expressão assustada

– Sim e não. Sim, posso mudar a cor do meu cabelo e não, não é porque sou filha de Íris que tenho um olho de cada cor. – Parei um pouco para pensar se o que eu estava tentando falar fazia algum sentido. Depois continuei – Ah, acho que é por causa disso sim, antes meus olhos eram da mesma cor, mas de tanto eu mudar a cor deles acabei gerando uma heterocromia, que deixa um olho de cada cor.

– Isso não te incomoda? – Perguntou com simplicidade.

– Não mais, quer dizer, quando apareceu eu me sentia horrível, mas agora acho que me da uma aparência... divertida, eu acho.

– Também acho.

Depois disso o silêncio tomou conta do lugar onde estávamos, nenhum dos dois disse alguma coisa. Não era um silêncio constrangedor ou incômodo, era um silêncio bom que só era interrompido pelo barulho das ondas se desfazendo perto de nós. Comecei a imaginar onde Adam e os outros estavam quando o garoto finalmente quebrou o silêncio:

– Posso perguntar uma coisa? – Disse, olhando para o mar e depois para os próprios pés.

– Pode.

– Como é que tudo isso aqui surgiu?

Fiquei assustada logo que ouvi a pergunta, ninguém nunca tinha me perguntado isso e já fazia muito tempo desde a última vez que eu pensara nisso. Meus pensamentos foram direcionados a Adam novamente e eu me perguntei se teria algum problema falar, depois de discutir comigo mesma por um tempo, cheguei a conclusão de que era direito dele saber como surgira o lugar que agora seria sua nova casa.

Iria contar tudo, mas esperei um pouco enquanto brincava pegando a areia com as mãos e deixando-a escapar por entre os dedos e depois disse:

– Vou te contar toda história, não é só a história do acampamento, é a minha história e a história dos meus amigos também.


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