ALASTOR

O hall da mansão era enorme. Haviam grandes quadros e espelhos nas paredes. Algumas esculturas estavam espalhadas nos cantos do local. No centro, havia uma grande fonte de pedra, que soltava uma água límpida. Posicionado no meio da fonte, estava uma escultura linda. Era uma mulher de longos cabelos e feições encantadoras. Os traços do corpo eram perfeitos e bem esculpidos. Como se fosse uma bela mulher que tivesse sido petrificada por Medusa. Em letras pequenas, próximo aos pés da escultura, havia algo escrito. Estava em grego antigo, e consegui ler facilmente. Estava escrito Afrodite.

A dona da casa se aproximou de nós com uma pilha de toalhas nos braços, em seguida as deu para que Lucy, Annie e Lua pudessem se secar. Ela era incrivelmente linda. Seus cabelos desciam-lhe até a metade das costas, lisos em cima, mas enrolados nas pontas. Seus olhos eram de um verde brilhante e emoldurados por lindos cílios compridos. Estava de pijama e por cima do pijama vestia um robe rosa claro com as letras “L” e “P” bordadas na frente e atrás seu nome: Lara Peverell.

Lara parou em frente a um espelho e com as duas mãos arrumou o cabelo, em seguida virou-se para nós.

– Posso saber o que os trouxe até minha casa?

– Nós estávamos a procura de abrigo. – Respondeu Adam.

– Sim, abrigo. – Resolvi interferir na conversa – Nós somos semideuses e disso você já sabe. Quíron, um centauro nos mandou em uma missão: temos que percorrer o país em busca de semideuses, junta-los e no fim, arranjar um lugar onde possamos treina-los. Mas precisávamos de um lugar para passar a noite.

– E vocês acharam que seria uma boa ideia procurar abrigo no lado mais caro e luxuoso da cidade?

– Isso foi coisa da Lua – Indiquei a garota com a cabeça. – Ela é filha de Afrodite e tudo o que for bonito e luxuoso pra ela tá bom.

– Acontece garoto que eu também sou filha de Afrodite e não sou nem de longe tão fútil como essa garota. Você me ofende comparando-me a ela. – Disse Lara aproximando-se de mim a cada palavra, dava pra ver a irritação em seus olhos.

– D-desculpe. – Respondi. Era a primeira vez que ficava inseguro diante de uma garota.

Gump veio mancando até onde estávamos e dirigiu-se para Lara:

– Vai nos deixar ficar aqui? – Perguntou um pouco tímido.

A garota nos olhou mais uma vez e parou pra pensar, nos estudava até que por fim disse:

– Vou. Mas só essa noite. Vou emprestar roupas secas para aquelas garotas – indicou Lucy, Annie e Lua com a cabeça. – Vocês ficarão nos quartos de hóspedes e terão até amanhã na hora do almoço para partir.

– Muito obrigada! – Agradeceu Gump largando as muletas e abraçando-a.

– Solte-me! Robb, leve-os para os quatros de hóspedes. – Disse para o mordomo parado atrás de nós.

Olhei para Adam, Gump e Dianna, estava prestes a abrir a boca para falar quando senti uma mão em meu ombro. Automaticamente vire-me e segurei a mão. Olhei para seu dono e vi que era Robb, o mordomo que agora me olhava assustado.

– Não se assuste. Venha. – Ele tirou a mão do meu ombro e começou a andar.

Seguimos o mordomo até uma enorme escada que ligava os dois andares da mansão. Os degraus eram feitos do mais puro mármore e os corrimãos eram dourados como ouro. Chegamos ao segundo andar. As paredes estavam cheias de quadros e portas, ao lado de algumas portas havia um leitor de impressão digital. Alguma coisa ali dentro não podia ser vista por qualquer um.

Caminhamos por mais alguns instantes até chegarmos em um corredor com uma grande janela e várias portas. A janela dava uma linda vista para o jardim banhado pelo luar. Uma estante se encontrava no meio do corredor, apunhalada de livros. Annie e Adam a olhavam com entusiasmo. “Filhos de Atena,” pensei “devoradores de livros.”.

O mordomo parou em frente a uma das portas e retirou um molho de chaves do bolso, em seguida abriu a porta e disse:

– Senhoritas, - indicou Lucy e Annie – vocês podem ficar por aqui. As outras duas senhoritas podem me acompanhar até a porta ao lado. Os rapazes podem ficar com dois outros quartos. Podem ficar em quartos separados se quiserem, mas aconselho ficarem com alguém que conheçam. Por favor, entrem.

Lucy e Annie desapareceram dentro do quarto. Ficamos esperando Robb abrir todos os quartos. Eu dividiria o último quarto com Adam, que parecia mais interessado em olhar a estante do que dormir.

O quarto de hóspedes era sem dúvida o quarto mais lindo que eu já vira em toda minha vida. Imaginei como seriam os quartos dos donos da casa. Uma enorme cama de casal se encontrava no meio do quarto, na parede uma televisão e em baixo da televisão uma pequena mesa com vários tipos de videogames diferentes. Do outro lado do quarto haviam duas portas, entrei e descobri que uma era o banheiro e a outra um espaçoso closet. Todas as minhas roupas não ocupariam nem a metade daquele lugar. Eu poderia passar o resto da minha vida naquela mansão.

Ouvi o barulho de alguém entrando no quarto e rapidamente saí do closet e me joguei na cama.

Adam vinha com uma pilha de livros que quase cobria seu rosto. Deixou-os em cima de uma poltrona e virou-se pra mim.

– Uma cama de casal? Eu não vou dormir com você. – Disse aproximando-se da cama e me empurrando.

– Então vá pedir outro quarto pro mordomo. – Respondi deitando na cama novamente e empurrando-o para fora dela.

– Não. Isso seria abusar da hospitalidade.

– Então, durma no chão ou na poltrona com seus livros.

Adam me fuzilou com os olhos e depois puxou um travesseiro e um cobertor de cima da cama. Arrastou-os até a poltrona de onde tirou seus livros e ajeitou-se.

Demorei um pouco para dormir, pensei em tudo o que havia acontecido desde que Quíron havia me dado aquela missão. Não lembro como nem quando, mas acabei adormecendo.