Big Girls Don't Cry (Hiatus) escrita por Izzyff


Capítulo 9
Piper - Minhas escolhas, minhas consequências.


Notas iniciais do capítulo

Perdão. Sério, eu sei que eu demorei. Minha vida anda muito agitada e eu não ando tendo tempo. Eu queria dizer que BGDC vai ser uma fanfic grande e talvez eu só termine no final do ano. Tenham paciência comigo, ok? Já disse várias vezes, eu não vou abandonar. Obrigada também. Eu amo vocês.



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Ultimamente a semana tem sido extremamente corrida. Annabeth e eu temos trabalhado como loucas naquele McLanche Feliz. Eu não posso reclamar do lugar, até que algumas pessoas legais vão lá de vez em quando, e as crianças, quando não te xingam, até são fofinhas. Só não sei exatamente se esse é o tipo de emprego que uma futura grande atriz deve ter. Certo, foco é tudo na vida. Sempre que começo a desanimar, eu imagino que futuramente estarei em uma entrevista, rindo e contando dos tempos que passei sendo uma simples funcionária enquanto morava com minhas três melhores amigas. Muitas vezes me disseram que é ilusão, mas afinal de conta, o que eles sabem? Parei de me sentir insegura sobre o que eu quero a muito tempo. Não são ilusões, são sonhos. E sonhos um dia tendem a se tornarem reais. Acredito no meu futuro mais do que qualquer um. Ponho as expectativas que sei que posso quebrar todos os dias. Infelizmente, falar é muito bonito, mas sentir é diferente. Posso ser segura sobre o que eu quero, mas e quando não sou segura sobre mim mesma? Logo no primeiro dia em que coloquei os pés naquela companhia de teatro eu percebi que não seria fácil. Tantas garotas bonitas e infinitamente mais talentosas em apenas um lugar. Existiam vários lugares por aí, existiam milhares de garotas como eu. Então, para que aumentar um número? As chances de conseguir pareceram ficar ainda menores conforme tentava conseguir. Cada vez mais me sentindo menos e ainda assim persistindo. Eu não contei nada para ninguém, se existe algo que aprendi é que insegurança é coisa para garotinhas, então eu as engoliria e as destruiria. Novamente, falar é mais fácil do que sentir.

Levantei cedo e arrumei o cabelo da melhor forma que consegui. Calça jeans, blusa larga e casaco para me proteger do frio. Conforme caminhava, sempre estava olhando para baixo, talvez porque eu estava com sono, talvez para não encarar os olhares daqueles que me encaravam. Soltei um suspiro pesado e coloquei as mãos nos bolsos da calça, sentindo que me nariz estava gelando devido a temperatura. Quando finalmente entrei em minha sala, dentro do centro de Artes Cênicas, olhei novamente para as milhares garotas ali, maquiadas e graciosas com suas roupas estilosas. Entre todas elas, havia uma que sempre se destacava, e que enojava por completo. Maldita seja aquela garota, Drew. Sempre tão boa nas cenas, sempre tão bem vestida, com uma beleza tão maldita quanto sua personalidade. A garota era uma vaca. Uma vaca com talento. Deve ter mentido tantas vezes que atuar qualquer coisa se tornou simplesmente algo do cotidiano. Seus olhos alcançaram os meus em uma expressão de pura aversão. Retribui da melhor forma que pude e me sentei para prestar atenção na aula. Conforme o tempo passava, tentava assimilar todas as informações. Expressões faciais eram tudo, e nas demonstrações sempre fui consideravelmente boa, mas não tanto quanto ela. Parecia injusto, eu deveria ser a melhor, e não ela. Quando finalmente chegou minha vez novamente, dei o melhor de mim na cena. Uma garota vinda de longe para planejar um futuro melhor, mas que acaba se transformando em uma dependente de vícios como álcool e cigarros. Deve ser algum tipo de zoação comigo, mas ok. Respirei fundo e deixei as lágrimas rolarem pelo meu rosto, formando a expressão mais odiosa que tive. Talvez a cena estivesse boa porque eu realmente queria chorar, porque eu realmente sentia raiva. Por incrível que pareça, tais sentimentos se transformaram em algo bom. Todos me aplaudiram, e finalmente senti como se estivesse fazendo algo certo, da maneira certa. Voltei ao meu lugar com um sorriso no rosto e cruzei as pernas, sem que a expressão de satisfação saísse do meu rosto. Teria que fazer isso todos os dias. Sentir as emoções certas na hora certa. Ter controle sobre mim mesma.

Resolvi ir ao banheiro, quando algo me pareceu estranho. Alguns barulhos me chamaram a atenção. Assim que adentrei ao local, pude ver pelo grande espelho uma garota abaixada sobre o vaso, seus cabelos escuros e lisos estavam presos, e é claro que soube qual era a garota, e pior, o que ela estava fazendo.

–- Drew?! – Exclamei, me aproximando um pouco mais.

Drew levantou-se e me encarou com a expressão amarga e desagradável que sempre reservava para todas as garotas daquele lugar, especialmente para mim.

–- O que você quer, Mclean? – Ela revirou os olhos e me empurrou para o lado, lavando a boca que certamente deveria estar com um gosto ruim.

–- Você por acaso está passando bem?

Drew terminou o que estava fazendo e levantou a cabeça, com um sorriso incrivelmente cínico.

–- Nunca estive melhor.

–- Mas você estava...

–- Garantindo que perdedoras como você nunca tomem o meu lugar.

Tentei assimilar a informação, porém não fui capaz. Drew esperou pacientemente que eu dissesse algo, com os braços cruzados logo a minha frente.

–- Você é doente.

–- Por favor, Piper! Olhe bem para mim! Eu pareço doente? – Drew não me esperou responder. – No fundo, não importa se você é ou não boa, o que importa é se você é ou não bonita. Nossas chances são de um em um milhão, e sinceramente, você está mais longe do que pensa.

Senti meu rosto ficar vermelho de raiva, porém me controlei.

–- Você é uma vadia.

–- E você uma perdedora insegura. Eu percebo como você olha pra todo mundo aqui. Se sentindo tão pequena, tão inferior, não é? – Seus olhos assumiram uma falsa expressão de dó – Você é uma coitada. E coitadas não tem vez. Se você quer ser boa, seja aquela que mata, e não a que é morta. Você entende?

–-- ... Eu—

–- Você é bonitinha e tem talento. Se quer um conselho meu, seja mais esperta. Se lembre bem: A beleza vem antes do talento. Fumar e vomitar garantem que eu emagreça. Fazer exercícios e maquiagem permitem que eu fique bonita. Mas e você? O que você tem?

Não tive a oportunidade de responder, ela me empurrou contra o espelho, e me deixou perplexa e sozinha no banheiro. Minha cabeça começou a doer, e olhei para meu reflexo no espelho. Eu estava realmente inferior. De repente meu corpo pareceu não estar ao meu agrado, algumas coisas fora do lugar, e uma barriguinha que incomodava. Me diziam que estava tudo bem, que eu era magra, mas não me imaginava assim. Algumas gorduras acumuladas nas laterais, e a barriga um pouco alta. Eu não estava magra, meu corpo fazia seu próprio disfarce. Me senti estranhamente deprimida, e num impulso procurei na bolsa o lanche que havia pegado caso sentisse fome. Fechei a porta de um dos banheiros e o comi silenciosamente. Não havia jantado, e aquela era a minha refeição até a tarde. Mastiguei pedaço por pedaço, apenas para que meu estômago se calasse, e após alguns segundos num repleto silêncio, levantei-me, logo em seguida ficando de joelhos e sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto. Vomitei aquilo que havia comido segundos antes. A sensação era péssima, e minhas garganta queimava pela tentativa forçada. Enquanto tudo ia descarga abaixo, prometi a mim mesma não perder o controle. Comer, e de vez em quando vomitar. No fim, acabou se tornando constante, cada vez mais. Drew acabou se tornando minha amiga, e me ensinando alguns truques. As vezes eu também tentava pegar no cigarro desajeitadamente, e pouco a pouco, pareci me sentir melhor. E pior. Certo, eu também comecei a me sentir zonza e passar mal. Drew me disse que logo eu me acostumaria, e que era tudo para um futuro grandioso.

Na manhã em que Reyna defendeu Dakota e encontrou Gwen, eu já estava com meus próprios problemas. Estava na hora da cena em dupla. Uma cena alegre com os alunos de outra sala. Ah, e que alunos! Minha sala só tinha garotas enquanto que nas outras tinham garotos, aquilo foi extremamente injusto. Porém, era uma cena romântica, e mesmo que no fundo meu coração ainda estivesse doendo e machucado por sentir saudades de Jason, apenas me concentrei no que era mais importante. Frente a frente com aquele garoto, senti até um arrepio na espinha. Olhos castanhos com um brilho maravilhoso, cabelos escuros com pequenas ondas e um porte físico incrível. Lhe lancei um sorriso e seguimos ao palco. A cena dizia que ele deveria me segurar fortemente pela cintura e declarar seu amor por mim, e eu faria o mesmo. Olhei para a plateia por um instante e Drew me lançou um olhar indecente, fiz uma careta para ela e me concentrei.

–- Não consigo mais suporta ficar longe de você. – Ele disse, puxando-me para mais perto.

–- Estar tão perto me deixa... – Algo estava errado. Senti minha cabeça doer, e meu corpo se enfraquecer. – Me deixa... Hã.

Todos deram uma risada discreta, porém quando me virei para olhá-los, tudo ficou estranhamente branco, e rodopiando cada vez mais, até que o branco se transformou em negro, e fui perdendo meu equilíbrio. Em uma fração de segundos, estava apagada.

Quando acordei novamente a professora estava ao meu lado, juntamente de Drew. Perguntei o que aconteceu, e após a professora me perguntar inúmeras vezes se estava tudo bem e se eu queria ir ao hospital, neguei, e ela foi embora. Me sentei e coloquei as mãos na cabeça. Drew me olhou com reprovação.

–- Você é tão fraca.

–- Ei!

–- Qual é! Desmaiar na frente de todo mundo? Foi ridículo!

–- E como se controla um desmaio?! Eu não como direito á dias!

–- Quer desistir agora? – Os olhos dela me encararam duramente. – Se você não aguenta, então sai dessa. Eu não vou fazer nada por você.

Um gosto amargo tomou conta da minha boca, e peguei a barra de cereal no bolso e comi. Novamente Drew me olhou com aquela expressão desagradável.

–- Sério?

–- Só dessa vez.

–- A vida é sua. Se isso te fizer engordar, não coloque a culpa em mim.

E então, recebi um sms de Annabeth me pedindo para ir naquele exato momento ao hospital mais próximo de nossa casa. Não me despedi direito de Drew, apenas segui ao hospital. Me contaram tudo o que tinha acontecido, e como a Reyna havia conseguido enfiar dois adolescentes dentro de nossa casa. Gwen e Dakota, a quem comecei a chamar carinhosamente de Dake, estavam no quarto conversando. Ela parecia preocupada, porém o sorriso dele demonstrava que estava tudo bem. Tentei não espiar nada atrás da porta. Certo, eu queria espiar.

–- Está tudo bem mesmo? Você me assustou! – Gwen parecia brava.

–- Relaxa, Gwen. Eu estou bem.

Ela cruzou os braços e se afastou, porém ele a puxou de volta.

–- Você é um idiota.

–- E você estava chorando por esse idiota.

Ela acabou soltando uma risadinha, e ele riu junto. Dake começou a falar demais para fazê-la rir, e quando ele menos esperava, ela o abraçou e lhe deu um beijo no rosto. Algo me dizia que tinha alguma coisa a mais ali. Acabei rindo junto com eles.

–- Reyna vai nos arrumar uma casa.

–- Ela o que?! – Ele exclamou, e fez um dos ferimentos no braço doerem. – Ai!

–- Acalme-se! – Gwen se alarmou. – Ela... Ela disse que vai nos arrumar um lar. Um de verdade.

–- Eu sabia que ela era incrível.

–- Você sabia como?

–- Ela sempre ia na praça e eu ficava a observando.

–- Ah. – Gwen não pareceu muito feliz.

–- Ela é uma boa pessoa. Eu sempre sei onde encontrar as melhores pessoas.

–- Sabe, é?

–- Claro que eu sei. Eu sempre quero estar perto de pessoas incríveis.

–- Por isso você observava a Reyna.

–- Por isso eu estou com você.

Boa, Dake! Acabei dando uma risada disfarçada enquanto os espiava. Gwen corou e novamente o chamou de idiota e eu me dei por satisfeita. Tínhamos que encontrar um lar para eles. Definitivamente tínhamos. Alguns minutos os observando foram o suficiente para gostar de ambos.

Me encontrei com as outras meninas, que já estavam discutindo o que fazer. Reyna parecia estar precisando de uma ajuda. Estranho, uma futura advogada precisando ser defendida. Segui até elas, tentando ignorar o grande sanduíche que Thalia estava comendo. De repente senti a barriga roncar fortemente, e a contive enquanto sorria disfarçadamente.

–- Reyna, você enlouqueceu! Mal conseguimos sustentar nós quatro naquela casa, e você quer levar mais duas pessoas?! – Annabeth falava.

–- Existem vários meninos de rua por aí, Reyna! E se você se sensibilizar com mais algum deles? – Thalia completava.

–- Vocês dizem que eu não me expressão muito, mas quando faço algo puramente pela emoção vocês me criticam. Ele ia morrer! Eles ainda podem! O que vocês queriam que eu fizesse?

Houve um silêncio muito grande naquele momento, e meu estado não ajudava em nada. Eu estava péssima, tinha que admitir. Não havia contado a elas que estava vomitando por aí, e nem iria. Thalia percebeu.

–- Hã, Piper?

–- O que?

–- Você está bem? Até agora você não disse nem uma só palavra, e você não é tão branca.

–- Está tudo bem, ok? Eu, hã, concordo com a Reyna. Eles são tão fofos! Eu quero ajudar.

–- Obrigada, Piper. – Reyna me lançou um sorriso e eu retribuí.

–- Claro que você concorda! Você sempre concorda com a Reyna, Piper! Sempre! – Thalia retrucou, começando a gritaria.

Logo estávamos todas gritando umas com as outras, até que Luke apareceu logo atrás de Thalia e começou a gritar junto, só que pedindo silêncio.

–- Ei, ei, ei! – Sua voz se exaltou e acabamos prestando atenção nele. – Meninas, vocês vão mesmo discutir com algo que está óbvio?

–- Óbvio? – Thalia se virou para lhe lançar um olhar confuso.

–- Vocês já tem contas demais pra pagar, e eu moro sozinho num apartamento. Eu posso deixar eles ficarem comigo.

–- Você está falando sério, Luke? – Reyna o olhou, com um sorriso no rosto.

–- Claro. Além disso, um cara legal como eu não pode morar sozinho. – Ele sorriu de volta para ela, e depois para todas nós.

De algumas forma Luke sempre dava um jeito nas coisas. Já estava começando a se transformar em uma espécie de salvador da pátria.

Gwen e Dake concordaram em ir morar com Luke, que disse que com as palavras certas faria seu pai dar mais uma ajudinha nas despesas da casa. No início os dois ficaram meio constrangidos, mas depois de uma hora conversando com Luke já passaram a gostar dele como todas nós gostávamos. No final tudo acabou bem para todos nós. Exceto para mim. Depois de começar tudo isso, trabalhar numa loja de comida passou a ser incrivelmente difícil. Espero que as coisas melhorem logo para mim. Elas tem que melhorar.


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Notas finais do capítulo

TENHO UNS MIL COMENTÁRIOS PRA RESPONDER, MDS. BJOS SEUS LINDOS. AMO VOCÊS.