Big Girls Don't Cry (Hiatus) escrita por Izzyff


Capítulo 10
Annabeth - Muitas coisas mudaram.


Notas iniciais do capítulo

Eu estava olhando todas as pessoas que acompanham e isso me animou muito mesmo, apesar do número de leitores ter caído, eu agradeço muito a todos vocês. Enfim, boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/432908/chapter/10

Nunca imaginei que ao sair da minha antiga cidade e vir com minhas melhores amigas para New York nós nos meteríamos em tanta confusão. Recapitulando tudo o que aconteceu: Tive que me vestir de Bob Esponja e Piper de Plâncton, Thalia quase matou uma criança, Reyna trouxe dois adolescentes para morar com a gente, mas eles foram morar com Luke. Isso e mais alguns detalhes que esqueci de citar. Apesar disso, a minha vida se resume a um grande tédio do qual eu não consigo me livrar nunca. De manhã eu fico lendo sobre arquitetura, de tarde eu trabalho numa lanchonete, e de noite eu volto a ler meus livros. Isso me faz sentir falta da minha adolescência. Na verdade, eu ainda sou uma adolescente, as vezes eu não consigo lidar direito com esse fato. Quando disse ao meu pai que viria, foi uma catástrofe, quando contei á Percy, piorou. Sempre tive o apoio de todas as meninas, mas e agora? Estávamos tão focadas nos próprios objetivos que esquecemos umas as outras. Isso me deu um grande medo.

Era uma dia comum, até que Piper teve uma ideia fantástica! Qual? Organizar uma festa no grande teatro onde aconteciam os seus ensaios. Ultimamente ela andava muito grudada numa tal de Drew, e eu preciso confessar, ela estava bastante mudada. Ela achava que nenhuma de nós havia reparado, mas todas percebemos o quanto ela parecia mais desanimada, mais fraca e mais… Vadia. Odeio usar essa palavra, mas é a pura verdade. Todos os dias nós a víamos com Drew e dois garotos bonitos. Todos os dias éramos obrigadas a ouvir suas aventuras em baladas. Se antes durante a noite mal víamos Thalia, o mesmo estava acontecendo com Piper. Me sentia mal, parecia que apenas eu e Reyna ainda éramos as mesmas. Piper estava se tornando uma vaca, e Thalia estava cada vez mais e mais rebelde com suas brigas intermináveis com Luke. Eu só tinha um pouco de paz quando ia ver Bianca, Nico e Hazel, que geralmente estava acompanhada de Frank. Ainda assim, todos resolvemos ajudar na decoração da festa, por mais insuportável que fosse a ideia de trabalhar com algumas das novas amigas de Piper.

Assim que todas nós chegamos ao teatro eu olhei para aquelas garotas. Minha nossa, elas eram tão bonitas que me senti inferior, percebi que esse também era o olhar que Piper lhes lançava, mas tentava disfarçar. Soltei um suspiro e comecei a retirar as cadeiras. Tinha apenas o período da manhã para ajudar e logo a noite aconteceria a tal festa cuja Piper estava nos obrigando a participar. Thalia já havia começado a discutir com uma das garotas enquanto Reyna tentava levá-la para o outro lado. Piper estava fingindo não ver enquanto conversava com uma das decoradoras, eu apenas soltei um suspiro pesado e tentei me recordar do motivo pelo qual estava ali. Certo, pela Piper. Só pela Piper.

—- Ei, loirinha. —- Escutei a voz desagradável de Drew me chamar.

—- Annabeth. —- Respondi, usando um tom seco e desagradável. Geralmente eu não falaria assim, mas não estava em um dia bom.

—- Tanto faz, toma —- Ela me empurrou uma bolsinha cor de rosa cheia de glitter com dinheiro dentro. —- Já que você não está ajudando muito. Quero que vá em algum lugar que venda lâmpadas fluorescentes e compre umas trinta.

—- Onde eu vou arrumar isso? —- Olhei para a bolsa novamente e tentei imaginar como era possível alguém usar algo daquele tipo.

—- Você é inteligente, não é? —- Drew me olhou desafiadoramente —- Sei que você vai encontrar um jeito.

Certo, era melhor sair logo dali, ou algo muito ruim poderia acontecer. Eu não tinha o costume de frequentar lugares onde vendiam-se materiais de festas ou coisas do tipo, mas é claro que dessa vez eu iria. Deveria manter em mente que Piper era uma das minhas melhores amigas, não importava o quão estranha ela estivesse se tornando. Suspirei e comecei a andar a passos rápidos, enquanto a bolsa ficava muito bem escondida no bolso do meu casaco. Eu jamais deixaria que alguém me visse com aquilo. Imaginei momentaneamente que era uma patricinha louca que só usava rosa, e por mais que a ideia fosse repugnante, acabei rindo. O lado ruim foi que logo após acabei esbarrando em alguém e deixando a bolsinha cair no chão. Me abaixei para pegar, e então vi que não era uma sombra, eram duas sombras. Reconheci os cabelos castanhos e as feições praticamente idênticas daqueles dois que seguravam a bolsa e davam risada de mim.

—- Sério, Annabeth? Você sai de Half-Blood City como uma nerd e te encontramos aqui com uma bolsa rosa altamente patricinhística? —- Disse Travis, em meio a risadas.

—- É ótimo ver vocês também, garotos. —- Respondi num tom desanimado, pegando a bolsinha logo de volta. —- Espera… O que vocês estão fazendo aqui?

—- Pensei que não fosse perguntar. —- Connor sorria tanto quanto o irmão. —- Luke veio com vocês, e nós viemos logo depois. Acha mesmo que também íamos ficar naquela cidade? Estamos aqui já faz alguns dias, Luke não disse nada?

—- Não. —- Tive vontade de dizer que ultimamente Luke andava muito ocupado brigando com a Thalia, mas achei melhor não comentar. —- Rapazes, foi muito legal ver vocês, mas eu realmente estou ocupada.

—- Vamos aparecer qualquer dia desses na sua casa. —- Connor disse, e o olhei estranho.

—- Ah, sim, nós sabemos onde você mora e onde você trabalha. Temos que manter as amizades antigas, não acha? —- Travis continuava sorrindo —- Aliás, o que você está fazendo?

—- Preciso comprar algumas coisas.

—- Ok, nós vamos junto.

—- O que? Não, vocês não preci—

—- Que bom que você concordou. —- Connor disse e ambos ficaram ao meu lado.

Até que passar uma hora ao lados deles foi legal. Eu tinha me esquecido de como os Stoll eram divertidos e engraçados, apesar daquele velho ar superior ser um ponto alto da família, assim como as pegadinhas e zoações das quais eu me lembrava muito bem na época do colégio, eles sabiam controlar isso muito bem. Claro, eu havia passado apenas uma hora com eles, não era totalmente confiável, afinal, eles eram o Stoll. No final das contas eles me ajudaram a comprar as tais lâmpadas e na volta contaram do pouco tempo que ficaram a mais na nossa antiga cidade. Senti uma vontade quase gigante de perguntar sobre Percy, mas nem foi preciso. Eles falaram de tudo.

—- Então o Percy está fazendo faculdade na cidade vizinha? —- Tentei não parecer tão interessada.

—- É, ele escolheu Biologia Marinha e foi uma semana depois de vocês. —- Travis disse.

—- Ah. —- Falei, desanimada.

—- Sabemos o que você quer saber. Ele ainda está muito zangado com você. —- Travis disse, e Connor lhe deu um soco —- Ai! Ok, hã, talvez ele só esteja parcialmente chateado.

—- Tudo bem, eu não ligo mais pro Percy. Vocês estão vendo isso aqui? —- Apontei para tudo ao meu redor —- Isso é maior do que o que eu tinha com Percy.

—- Ei, um minuto. —- Connor parou de andar, e sorriu travessamente —- O que exatamente você e o Percy tinham?

Fiquei momentaneamente sem palavras.

—- Amizade.

—- Ah sim. Então a, hum, amizade de vocês já era? —- Travis tentava não rir. Fala sério, aquilo não era engraçado.

—- Isso mesmo. —- Antes que eles pudessem falar algo, soei animada —- Vejam rapazes, chegamos! Vocês podem ir, sabia? Tchau! Eu conto pras meninas que falei com voc—

—- Annabeth, como você demorou! —- Drew gritou, ao lado de Piper.

Xinguei mentalmente e olhei para frente.

—- Foi mal, vocês se viraram bem sem mim? —- Tentei sorrir.

—- Fala sério, muito bem. —- Drew disse me encarando com um olhar desafiador.

Um dia eu mato essa garota, estou falando sério.

—- Que bom. —- Disse de uma forma forçada. —- Connor, Travis, foi legal falar com vocês, já podem ir.

—- Como assim “ja podem ir”? —- Drew sorriu para os dois. —- Quem são esses seus amigos, Annie?

—- Annabeth. Meu nome é Annabeth! —- Disse, com a voz começando a ficar alterada. Piper colocou a mão no meu ombro e me pediu calma com um gesto.

—- Esses são Travis e Connor Stoll. É muito bom ver vocês, rapazes! —- Piper os surpreendeu com um abraço. E me surpreendeu junto. Eles sequer eram próximos em Half-Blood City!

—- Piper? —- Connor a encarou e olhou para mim, eu apenas suspirei e balancei a cabeça. —- Você está diferente, hã, emagreceu?

—- Que bom que você reparou! —- Piper olhou para Drew que balançou a cabeça —- Então, vocês estão convidados para a festa que vai rolar aqui mais tarde.

—- Festa? —- Disseram em uníssono.

—- Annabeth não disse nada? Nossa. —- Drew riu. —- Sim, uma festa super legal, e vocês vão estar aqui.

—- Mas é claro que nós vamos! Temos um grande histórico com festas. —- Travis sorriu.

—- Bom saber. —- Drew deu as costas e saiu com Piper, que acenou e foi junto.

—- Uau. —- Connor disse, surpreso. —- Parece que New York mudou mesmo vocês.

—- Você nem faz ideia do quanto, Connor. —- Suspirei e me despedi, depois entrei.

Finalmente chegou a hora de trabalhar. Piper passou mais tempo no banheiro do que qualquer uma de nós, mas não reclamei. Ela andava muito estranha. Realmente muito estranha. Eu sabia que tinha alguma coisa muito errada naquilo. Quando chegamos, colocamos os nossos bonés de McDonalds e começamos a trabalhar. Foi um dia legal, até que uma das crianças fez birra e cismou que o sanduíche estava ruim. Tentamos fazer de tudo, até que tive a brilhante ideia de fazer Piper experimentá-lo, e ela se recusou.

—- Piper, assim ela vai achar que está estragado, vamos, coma!

—- Qual é, Annabeth. Por que você não come? Eu sei que você adora esse sanduíche. —- Piper sorria o tempo todo, como se fosse uma grande piada.

—- Viu, mamãe? Nem elas querem!

—- Não não, não! Vamos Piper, coma! —- Falei, forçando um sorriso.

—- Coma você. —- Ela retrucou.

—- Qual é o seu problema, Piper? Por que você não quer comer essa droga de sanduíche?! Uma mordida não vai te matar! —- Ela gritou e olhou para a garotinha —- A única coisa que esse sanduíche mata é a fome.

Relutantemente, ela comeu. Era estranho, ela mordeu um pedaço grande demais para quem não queria experimentar. Na hora de ir embora, a olhei com reprovação. Cada vez mais eu estava percebendo o quanto ela andava estranha.

—- O que? —- Ela disse, secamente.

—- Piper, o que você tem? —- Valei o mais suavemente que pude.

—- Eu só estou cansada. Hã, de tudo.

—- Você sempre me animava quando eu dizia isso. É estranho.

—- Talvez seja a hora de trocarmos de papel. Eu estou cansada disso tudo, sei como vocês me olham e o que pensam de mim! Eu sei que a Drew pode ser insuportável as vezes…

—- Sempre.

—- … Tanto faz! Você quer saber a verdade? Ela parece ser a única que ainda é minha amiga.

—- Você está mesmo dizendo isso? —- Falei, incrédula. —- Piper, eu fiz de tudo pra te aconselhar, sabia?! Você não tem nenhum direito de me culpar! O que você anda fazendo ultimamente? Vai no seu curso estúpido durante a manhã, de tarde nem fala comigo, e durante a noite quando temos tempo livre, você vai para algum lugar nojento com aquela vadia! Eu não sei o que você quer! —- Gritei, reparando que não era a única.

—- Todo sonho tem seu preço.

—- O seu está saindo a um preço alto demais.

—- Eu estou ganhando experiência!

—- Experiência? Com a Drew? Eu nem quero imaginar que tipo de experiência você está ganhando. —- Ri, amargamente. —- E quanto ao que você está perdendo?

—- E o que eu estou perdendo, Annabeth?

—- A nossa amizade.

Ambas ficamos em silêncio, e finalmente conseguimos escutar de onde vinham as gritarias. Eram de Thalia e Luke. Grande novidade. Suspiramos e a raiva pareceu abaixar momentaneamente, até que escutamos um grande grito de Thalia “Então vai embora! Eu não quero ver você nunca mais!”. Nos entreolhamos, mas antes que pudéssemos alcançar a porta, Luke saiu furioso e nos empurrou.

—- Saiam da minha frente vocês também.

Piper e eu corremos para dentro e encontramos Reyna sentada com Thalia ao seu lado, alguma coisa estava muito errada naquilo. Piper e eu nos sentamos também e esperamos que Thalia falasse alguma coisa.

—- Eu tenho mesmo que falar? —- Thalia nos encarou com seus olhos azuis penetrantes. —- Eu e Luke terminamos.

Naquele momento eu olhei para Thalia, Reyna e Piper e percebi que não passávamos de novas vítimas de um mundo que não aceitava erros facilmente. Estávamos nos deixando levar por dificuldades em cima de dificuldades, e aquilo estava nos deixando cada vez mais afastadas. Senti um grande aperto no coração e suspirei, pegando a mão de Piper e a de Reyna, enquanto olhava para Thalia. Por um momento nenhuma de nós fez nada e então no próximo segundo já estávamos abraçadas como não fazíamos a muito tempo. Isso pareceu deixar tudo mais brando e quando nos soltamos, Piper se levantou com um sorriso no rosto.

—- Sabe o que vamos fazer essa noite? —- Seu sorriso estava suspeito.

—- Não estou gostando disso. —- Reyna comentou.

—- Vamos sair para uma tal festa e esquecer um pouco de tudo. Vamos esquecer ex-namorados. Vamos esquecer brigas. Vamos esquecer tudo. Somos só nós dançando e nos divertindo. Tudo bem?

Por um longo minuto nenhuma de nós concordou ou discordou, até que Thalia limpou os indícios de lágrimas nos cantos dos olhos e encarou Reyna e a mim. Ela sorriu e bagunçou ainda mais os fios negros.

—- A que horas começa essa festa?

Acabei sorrindo junto, e mesmo que a ideia da festa ainda não me agradasse logo já estávamos nos arrumando para sair.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como sempre, tenho comentários a responder, e lá vou eu! Ah sim, queridos leitores fantasmas, eu amo vocês tanto quanto os que comentam, ok? Mas até assombrações aparecem vez ou outra, seria muito legal vocês me assombrarem com seus comentários de vez em quando.