Big Girls Don't Cry (Hiatus) escrita por Izzyff


Capítulo 15
Thalia - Mudanças.


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, sério! Eu esperei as férias, mas a minha vida social (milagrosamente, eu tenho isso sim) me chamou diversas vezes. Além disso, o meu pc estragou (eu demorei LITERALMENTE três horas pra conseguir abrir a página de capítulo novo) e vou ter que usar o reserva. Eu estou surpreendentemente estressada, porque eu tentei abrir o arquivo onde estava o capítulo mais de dez vezes e dava erro em todas. Dei um chute no notebook e piorou tudo, estou de mal com meu pc vadio. Eeeeenfim! Eu não sei se o capítulo ficou como vocês esperavam, mas aqui encerramos o drama da Thalia. Mereço pedras ou flores? Boa leitura!



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Desde o dia da festa, meu humor vinha estando três vezes pior. E se ele já era ruim, imagine algo três vezes pior. Eu me pergunto como tenho amigas. Ah, espera. Eu estava perdendo isso também. Piper e eu nem nos olhávamos por culpa da minha grosseria. Annabeth estava preocupada demais com ter que se preocupar. Reyna é a única capaz de me dar mais atenção quando não está ocupada. Falando assim, aposto que deve vir o pensamento “Será que são amigas de verdade?”. Por muito tempo me perguntei se isso se aplicava a nós. Parece que não era o mesmo. No final, quando veio a dificuldade, tudo mudou. Talvez tenha sido egoísmo meu pensar assim, eu sei que foi.

O problema era esse. Eu não podia falar para nenhuma delas que não sabia mais se éramos amigas. E eu não tinha mais ninguém com quem falar. O único que eu escutava era Luke, e eu tinha o afastado de mim. Precisava dizer que sentia muito e que não conseguia me redimir, que não tinha coragem o suficiente pra pedir desculpa a quem eu machuquei. Não conseguia suportar aquela coisa. Eu e meus conflitos internos. Achei que estava pronta quando me mudei, mas essa é a verdade que sempre queremos esconder. Nós nunca estamos prontos. Queremos mudar, mas temos medo. Nos agarramos ao passado por temermos o desconhecido. Aceitamos superficialmente, mas no fundo repelimos. O medo de crescer é isso. E eu não queria assumir, mas tinha sim, muito medo de crescer.

Faculdade, trabalho, saúde. Não ter pais e estar por sua conta, longe de tudo. Isso te destrói. É algo que temos que fazer, não nos dão escolha. Isso é injusto. Tão injusto.

Quando cheguei do trabalho naquele dia, resolvi que estava de saco cheio demais pra aturar a velha ladainha de cuidar da Piper, brigar e ir pro quarto. Eu definitivamente não suportava isso. Vesti uma roupa qualquer, arrumei meu cabelo mais ou menos sem deixar a maquiagem preta de fora e resolvi dar uma volta.

–-- Onde você vai? --- Annabeth ergueu a cabeça, antes inclinada ao livro e me observou.

–-- Sair. --- Disse, ríspida.

–-- Thalia, não sei se é uma boa ideia.

–-- Acontece que quem decide isso sou eu. --- Disse, antes de sair e bater a porta com força.

Estava frio. Muito frio. Mas eu não me importei. Estava ocupada sentindo raiva do mundo pra notar meus dedos congelando. Eu sempre fui uma pessoa muito boa em sentir raiva. Sempre que acontecia eu esquecia coisas como educação, ética e moral. Talvez por isso eu tenha comprado bebida ilegalmente e estava andando pelas ruas frias de New York sem um casaco. Encontrei um beco qualquer vazio e me sentei em meio a sujeira. O cheiro de comida estragada do lixo e o fedor de urina não foram o suficiente para me afastar. Afundei a cabeça nos braços e chorei até o rímel escorrer pelas bochechas.

Enquanto a bebida descia rasgando minha garganta, pensei no que estava fazendo. Sabia que era errado. Mas então, deixei escapar uma risada amarga, enquanto meus dedos ficavam cada vez mais petrificados. Ultimamente tudo estava errado. Beber sozinha na sarjeta não era exatamente o pior de tudo. Pensei em antes, no passado. Pensei no que vinha a ser meu agora. Mais lágrimas desceram. Eu queria coragem, precisava falar com Luke. E talvez a bebida fosse o caminho. Ela havia me dado coragem para fazer coisas que jamais faria sã, e não me preocupava em ficar um tempo numa maca de hospital depois. Quando minha visão ficou turva e meus movimentos lentos, sabia exatamente para onde ir. Para a casa do Luke.

Me levantei com certa dificuldade e fiquei descalça. Os sapatos só me atrapalhariam. Corri o máximo que pude, tropeçando nos próprios passos, sentindo a respiração descompassada. Eu estava me sentindo mais corajosa do que nunca. A magia da bebida. Eu amava Luke, era perdidamente apaixonada. E por mais que tentasse mentir para mim mesma, quanto menos lúcida estava, mais parecia enxergar o que meu orgulho imbecil impedia. Eu queria ele de volta, eu precisava dele. Tropecei no meio do caminho e caí. Acabei machucando os joelhos e a mão, e ainda assim não desisti. Me reergui e continuei andando, até finalmente visualizar meu objetivo. Subi as escadarias, completamente cansada e bati na porta. Quando ele finalmente atendeu, mais lágrimas desceram pelo meu rosto. Vi sua expressão surpresa, e ao mesmo tempo preocupada, e o abracei sem pensar duas vezes.

–-- Eu te amo. Eu preciso de você como nunca precisei de qualquer outra coisa. Por favor, me perdoa. --- Minha fala saiu chorosa, e repuxei sua camisa com força, afundando a cabeça em seu peito.

Luke estava parado, intacto. Porém, ele retribuiu o abraço, enquanto eu chorava baixinho em seus braços. Meu corpo tremia, estava sujo e eu cheira a álcool, e ainda assim, ele não me soltou.

–-- Thalia, o que.... O que você faz aqui? --- Ele disse com delicadeza e entramos em seu apartamento.

–-- Eu precisava vir aqui. Eu precisava falar com você.

Ele se aproximou de mim, e fechei os olhos, esperando o beijo que desejei por semanas. Mas ele não veio. Luke me afastou, e seus olhos assumiram uma expressão mais triste.

–-- Você está bêbada, Thalia. --- Disse, e então reparou nas roupas e machucados. --- O que você fez?

–-- Eu preciso de você. Sem você, tudo se resume a isso. --- Apontei para mim mesma.

–-- Sabia que tinha algo errado.

–-- Minha vida tá errada! --- Disse, e cambaleei até me encostar no sofá, depois o olhei.

–-- Vem, vamos cuidar disso. --- Ele ignorou tudo que havia dito e me levou até o banheiro.

Luke pegou as roupas de Gwen, que já dormia e me entregou. Me deu um banho, que me acordou completamente, e depois cuidou de cada ferimento pacientemente. Devo ter resmungado que o amava várias vezes, ele apenas balançava a cabeça. Quando fiquei lúcida, não disse sequer mais uma palavra. Abaixei a cabeça no sofá, enquanto ele me encarava. Respirei fundo e iniciei a fala.

–-- Eu devo parecer uma imbecil pra você. Bater na porta do ex, de madrugada. Chorando. --- Suspirei. --- Eu sou um problema. Graças a mim mesma, perdi você, perdi minhas amigas, e não consigo me sentir bem a não ser que beba.

–-- Thalia, chega. --- Luke se levantou.

–-- O que? --- Perguntei, confusa.

–-- Você só se lamenta, você não muda. Você reclama do quanto perdeu, mas você não tenta ter de volta. Você só se culpa. Você acha que pedir desculpa dói mais do que guardar a culpa? Esse é o problema! Você quer as coisas mas nunca faz do jeito certo.

–-- Eu não sei o que fazer, Luke! Eu preciso de alguém que me mostre como!

–-- Não. Você precisa aprender sozinha como. Você precisa aprender a crescer e enfrentar seus problemas, suportar as consequências e não se embebedar sempre que sentir algo ruim. Mudanças só acontecem se você se esforçar! Se você me perdeu, é porque teimou em estar certa. Se suas amigas estão se afastando, é porque você as afasta com seu temperamento.

–-- Eu sei disso! Eu sei de tudo isso! --- Gritei.

–-- Se você sabe, o que te impede de mudar?

Fiquei sem fala. Estava cansada de chorar novamente. Estava cansada de chorar. Odiava me sentir tão fraca.

–-- Eu não sei, Luke. Eu não consigo ser diferente.

–-- Você tem medo. Essa é a verdade. --- Luke disse, e se sentou ao meu lado, segurando minha mão. --- Thalia, você nunca foi medrosa. Sempre teve coragem, sempre foi leal. Essa é você.

–-- Tá, que seja.

–-- Pessoas mudam quando tem algo a ganhar. Use isso como objetivo. Volte pra casa, olhe suas amigas e tente entender o lado delas. Reconquiste a amizade. Arrisque uma mudança, só vai te trazer benefícios.

–-- E se eu não conseguir?

–-- “E se” não é o que vai acontecer, é o que você imagina que vai. Não pense tanto assim.

–-- Eu sabia que você ia conseguir me ajudar. --- Acabei sorrindo, ates de apertar sua mão, e olhá-lo nos olhos. --- Isso serve para nós?

–-- Vamos fazer assim: Você tenta fazer as coisas diferentes, tenta ser alguém diferente. E se você conseguir, ganha um namorado como prêmio.

Acabei sorrindo e arqueei as sobrancelhas.

–-- Ah, então você se resume a um troféu agora?

–-- Valioso e desejado? É, acho que sim.

Luke riu junto de mim, e um uma fração de segundos eu percebi que era a única rindo. Ele me olhava tão intensamente, que não soube retribuir. E então, ele finalmente me beijou. Me beijou de uma forma tão calorosa e apaixonada, que retribui com todo meu carinho. Quando ele me soltou e sorriu de lado, eu acabei gargalhando.

–-- Por que você está fazendo isso?

–-- Porque eu amo a garota mais louca e complicada do mundo. --- Ele respondeu.

Sorri de lado também, mas mesmo com as risadas, eu percebi que ele tinha um olhar tristonho. Eu sabia o que significava.

–-- Ainda é um adeus né? --- Falei, lentamente.

–-- Amar nem sempre é o suficiente, você sabe disso.

–-- Não vou deixar você escapar de mim tão facilmente.

–-- Eu sei que não vai. --- Ele me beijou novamente.

Passamos mais um tempo juntos, e eu finalmente voltei para casa. Luke havia conseguido me convencer. Eu precisava mudar com todas elas. Recuperar o que eu estava destruindo. Faria isso por todas nós. Algumas coisas aprendemos do modo mais difícil, com perdas. Todos temos medo de mudanças, isso é normal. Mas elas são necessárias. Temos que ter coragem e arriscar, pois se vivermos com medo do novo, isso só vai nos corroer. Se pedir desculpa dói mais que guardar culpa? Com certeza não. Assumir erros é fundamental. Tentar se redimir é necessário. Passar por cima do orgulho. Ter coragem necessária para aceitar que a vida segue, e precisamos acompanhar o curso. Crescer é injusto, mas se somos obrigados a fazer isso, que ao menos façamos direito.

Cheguei em casa, e encontrei Piper e Annabeth brigando. Suspirei e perguntei o que estava acontecendo.

–-- Não tem a dose suficiente do remédio dela. --- Annabeth disse.

–-- Eu tomo só o que tem! --- Piper teimou.

–-- Eu vou lá comprar. --- Reyna anunciou, massageando as têmporas. Tinha uma aparência esgotada.

–-- Gente! --- Chamei a atenção para mim --- Eu compro o remédio dela.

–-- Mas.... O lugar é tão longe. --- Reyna desconfiou.

–-- Eu não ligo. Não vamos nos arriscar. É pela saúde da Piper.

–-- Thalia, você está bem? --- Piper perguntou.

–-- Ótima. Eu volto logo. --- Disse e saí novamente, para comprar a medicação.

Nos dias que se passaram, trabalhei direito. Na faculdade, estudei da melhor forma que pude e ajudei na recuperação da Piper. Aos poucos nossas brigas foram voltando ao ritmo normal. Comigo aparentemente melhor, Reyna se sentiu mais tranquila e Annabeth não se preocupou tanto. Foi como se eu passasse de inimiga a aliada. E tirar o peso dos ombros delas, ajudar a carregar, me deixou infinitamente melhor. Tive minhas amigas de volta. Consegui mudar meu comportamento e associar as coisas melhor. Luke e eu não voltamos. Ainda não. Mas eu estou trabalhando nisso. Afinal, eu sou a única pessoa "competindo". Mais cedo ou mais tarde, o "prêmio" vem pra mim.


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Notas finais do capítulo

Quando meu drama dos pcs acabar, eu vou me apressar pra por a fanfic em dia! Possivelmente, vou encerrar a primeira fase nos próximos dois capítulos, e aí vem os caps especiais! Ter um pc bugado é uma droga, gente. Tenho que buscar o que tá lá nos meus avós. Aff. I'm so sorry pela demora :(