Kuro Contos escrita por Tai Bluerose


Capítulo 1
O Conto da Casa na Floresta


Notas iniciais do capítulo

Olá ^w^Sempre quis escrever algo sobre kuroshitsuji que não fosse Yaoi, mas ainda não surgiu uma ideia para longfics (PRONTO< PERDI A MAIORIA DOS LEITORES XD). Entretanto... tive a ideia de criar esses contos. Tenho 13 estórias em mente, baseados na história de kuroshitsuji ou em seus personagens, que podem ou não ter relação com o original. Os contos poderão ser de terror, suspense, drama ou... sem graça mesmo. Depende do nível de criatividade XD...decidi postar esse conto agora porque foi o que consegui escrever primeiro e ...é Halloween.



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O Conto da Casa na Floresta

Isso que irei contar aconteceu há alguns anos, quando eu ainda era jovem; contava então meus vinte anos. O mês era dezembro, o dia era 13, assim como hoje. Lembro-me dos acontecimentos daquela data como se tivessem acontecido ainda ontem.

Viajava com meu irmão gêmeo, Albert. Estávamos indo para Londres, a fim de passarmos as festividades natalinas na casa de uma tia que há muito não visitávamos. Nossos pais e irmãs já haviam ido para lá ainda no fim de novembro, mas nós, devido ao trabalho no jornal, só pudemos partir depois, em dezembro. Já imaginávamos a festa que nos aguardava e o banquete que estariam preparando.

Como todo viajante sabe, uma longa viagem não pode ser considerada uma aventura de verdade se não houver nenhum obstáculo no percurso. Para nosso azar, a roda da charrete que nos levava quebrou. Por sorte, o cocheiro encontrou em um casebre ali perto, um senhor já de idade que poderia ajudar-nos. Infelizmente o trabalho iria demorar, visto que o estrago fora maior do que imaginamos, e não dispúnhamos de todo esse tempo. Se não partíssemos logo não chegaríamos a Londres antes do anoitecer, e nossos primos estariam nos esperando na cidade.

Albert e eu resolvemos usar parte do dinheiro que trazíamos conosco – para comprar os presentes – e alugamos dois dos três cavalos que o velho possuía. Quando chegássemos à cidade e nos instalássemos, poderíamos devolvê-los, de todo modo, o velho fora bondoso ao confiar em nossa palavra. O cocheiro perguntou se tínhamos certeza se queríamos seguir sozinhos, como o fulgor da juventude e o desejo por aventura fervia em nossas veias aliados ao nosso desejo de rever nossos parentes, decidimos seguir a viagem a galope. O Velho nos orientou o caminho e este não pareceu ser difícil, tínhamos apenas que seguir uma larga estrada até chegar à cidade, era bem simples.

Partimos como dois relâmpagos, pois enfrentar o frio e a neve durante a noite seria bem difícil. De qualquer maneira, o nosso destino não ficava longe, mais algumas milhas e sairíamos da floresta; chegaríamos antes do anoitecer.

Quando já estávamos bem longe do casebre, ouvimos o velho nos gritar algo que não pudemos entender.

– O que ele disse? – perguntei a Albert – Alguma coisa sobre um vão na floresta?

– Não. Ele disse para não irmos tão depressa. Sabe como é os velhos, sempre tentado impedir os jovens de avançar.

Infelizmente, não passávamos por aquelas paragens há muitos anos, e nunca sem um guia. Embora tivéssemos seguidos à risca todas as instruções do velho, em determinado momento, tomamos uma trilha errada ao chegarmos a uma bifurcação. Quanto mais avançávamos, mais fechada a trilha se tornava, tomada pelas árvores e pela neve que se antecipara naquele ano. Parecia que ninguém passava por ali há um bom tempo. Certos de que estávamos na direção errada, decidimos voltar para a bifurcação e seguir pela outra direção. Entretanto, as árvores eram confundidoras e a noite começava a abraçar-nos e a escuridão era por vezes traiçoeira. Por mais que tivéssemos voltado pelo mesmo caminho que tínhamos vindo, não conseguimos achar a bifurcação. E logo chegamos à conclusão mais lógica: estávamos perdidos!

Cavalgamos durante horas para lá e para cá, mas parecíamos estar andando em círculos. Estávamos cansados, famintos e mentalmente esgotados. A noite ficava cada vez mais fria; cada brisa era como o sopro da morte. E toda floresta, no escuro, é um tanto quanto sombria e assustadora. Era de fato estranho não conseguirmos chegar a lugar nenhum, tentei buscar apoio em meu irmão, Albert sempre tinha um comentário hilário para tudo, uma explicação para tudo, mas percebi que ele parecia tão atordoado quanto eu. Apertei as rédeas com força; estava tão frio que o ar de nossa respiração já se condensava. Estávamos quase desistindo quando avistamos um pontinho de luz em meio ao emaranhado de árvores grotescas.

Ficamos surpresos ao notar que aquela luzinha que vimos ao longe era uma grandiosa mansão.

– Deve pertencer a alguém muito rico. Será que nos oferecerão ajuda. Essa gente muito rica é tão esnobe. – Albert falou já recuperando um pouco do seu humor.

– Vamos ver. Pelo menos não se recusarão em apontar a direção certa a seguir. – eu falei. Fomos até a entrada da mansão e descemos dos cavalos.

Assim que a porta se abriu, fomos recebidos por um senhor de idade de traços orientais. Pelas roupas e o modo polido que nos recebeu concluímos tratar-se de um legítimo mordomo, daqueles que só as grandes casas possuem e só os mais ricos podem pagar.

O mordomo pediu que esperássemos na entrada enquanto avisava o patrão da nossa presença. Para nossa sorte e profundo alívio, fomos convidados a pernoitar ali.

O dono da mansão tratava-se de um conde, chamava-se Vincent Phantomhive. O Conde nos acolheu em sua casa como se fossemos seus amigos de longa data. E disse que não permitiria que passássemos a noite ao relento, desabrigados. Ele era um homem jovem de tez clara e cabelos pretos, e joviais olhos azuis. Era um homem muito rico, sua riqueza só não era maior que sua educação, sua gentileza e hospitalidade.

Explicamos que não seria necessário tanto trabalho, precisávamos apenas de água para os cavalos e algum empregado que se dispusesse a nos guiar até a cidade, uma vez que ficara claro que não conhecíamos nada por aquelas bandas. Mas o Conde insistiu para que ficássemos, afirmando que não seria incômodo algum. Como manda a boa educação, não fica bem recusar a um pedido feito com tanta insistência, ainda mais sendo o pedido de um conde.

– Imagine o que o nossos primos dirão quando contarmos que passamos a noite na casa de um Conde? – Comentou Albert sorrindo.

Terminamos por ficar.

O Conde insistiu que o chamássemos de Vincent, logo se via que não era o tipo esnobe que pensávamos. Vincent nos apresentou sua bela esposa Rachel e seu pequeno filho Ciel. Rachel era uma mulher elegante e gentil, nos tratava como se fossemos seus irmãos, tinha uma voz melodiosa e doce, e movia-se com a graciosidade de uma ninfa. Oh, não! Não pense que estávamos cobiçando a mulher do próximo, ainda mais de um homem que nos acolhera tão bem; nós a admiramos como quem admira uma irmã, ela era o tipo de pessoa que qualquer um logo cria admiração. E o pequeno Ciel, que criança encantadora! Adorável, refinado e sereno como poucas crianças o são; o tipo de criança que ninguém se incomoda em ter por perto. Quando nos cumprimentou com seu jeito envergonhado e infantil, Albert e eu rimos, pois aquela pequena criatura tinha mais requinte que nós dois juntos. Albert brincou dizendo que se juntássemos todas as crianças da nossa casa, não dava um Ciel.

Os empregados já decoravam a casa para o natal e ficamos sabendo que as festividades começavam logo no início do mês, pois o aniversário do Pequeno Ciel seria no dia seguinte. Ficamos preocupados por chegar em hora tão inoportuna, mas os Phantomhive disseram não se importar, pois seus familiares não poderiam estar presentes ao aniversário do filho por alguma razão que já não me recordo, chegariam apenas para o natal. Repentinamente lembrei que nós estávamos indo passar o natal com nossa família também, estranhamente, havia esquecido este fato desde que entrara na mansão.

Foi nos oferecido um banquete. Comemos e bebemos tão bem como nunca antes. Depois do jantar, sentamo-nos na sala de visitas e conversamos com Vincent durante horas, enquanto Rachel tocava uma bela música ao piano e o pequeno Ciel brincava com seu cachorro, Sebastian, ao lado da lareira. Por fim, nos retiramos para dormir. Poderíamos ficar ali para sempre.

Em nossos confortáveis e aquecidos quartos de hóspedes, Albert e eu só nos sentíamos contentes por tudo o que nos tinha acontecido e em nenhum momento estranhamos o fato de tudo naquela mansão parecer tão perfeito. Uma família perfeita com empregados igualmente perfeitos. Deveria ser assim a vida de todos os nobres. Mas no momento em que pensei nisso, não consegui mais parar de pensar na ideia. E ela me pareceu de alguma forma estranha. Uma coisa aprendi desde pequeno: quando alguma coisa parece ser boa demais é porque deve haver algo de errado. Quanto mais pensava, mais intrigado ficava.

Sai do meu quarto silenciosamente e conversei com Albert sobre o meu repentino mal estar. Mas Albert riu da minha infundada preocupação, e eu também. Apesar disso, decidimos que o melhor seria partir pela manhã para não abusar da hospitalidade do Conde, e, devo dizer, saber que partiríamos dali fez sentir-me aliviado. Não entendia minha reação, pois fomos tão bem recebidos ali.

Pela manhã, quando fomos informar os Phantomhive sobre nossa partida, Vincent pediu que ficássemos pelo menos até o almoço, se não por ele, por Ciel, afinal era o aniversário do menino. Tentei declinar o convite educadamente, mas Albert aceitou prontamente por nós dois. E quando o lembrei da decisão que tínhamos tomado durante a noite ele perguntou:

– E por que precisamos partir?

– Esqueceste que nossos parentes estão nos esperando para o natal?

– Ah! Sim, claro. Mas não há pressa. Hoje ainda são 14 de dezembro, temos tempo. E é o aniversário do menino, não vamos fazer desfeita.

Estranhamente, quanto mais ficávamos ali, menos vontade de partir nós tínhamos. Não era algo tão estranho, vista a boa companhia e tão requintada atenção. Mas várias vezes durante aquela manhã, esqueci-me que queria ir embora. Assustando-me toda vez que me lembrava desse fato. Albert, por sua vez, parecia tão familiarizado com tudo e com todos, que até se sentiu ofendido quando tornei a lembrar-lhe que devíamos partir depois o almoço. Em momento algum, os patrões ou os empregados nos ofenderam ou nos trataram com má vontade, pelo contrário, éramos tratados como reis. Mas a sensação ruim continuava a aumentar em meu peito e comecei a mergulhar numa angústia inexplicável. Ao ver que eu estava realmente perturbado, Albert concordou em seguir viagem; entretanto, após o almoço, o Conde tornou a repetir o convite e meu irmão pareceu esquecer que precisávamos ir.

Angustiado com a atitude de meu irmão, disse que eu precisava fazer uma caminhada pelo jardim. Tentava mandar para longe aquela sensação que esmagava meu coração, que fazia minhas mãos suarem e meu corpo congelar. Minha mente me mandava fugir, mas minha razão dizia que eu estava enlouquecendo. Olhei para a floresta e decidi sair da mansão. Avancei pelo jardim rumo à floresta, mas, por mais que andasse, parecia nunca alcançá-la. Olhava para trás, para a casa, e ela parecia estar no mesmo lugar, no entanto o jardim parecia não ter fim e a floresta, inalcançável. Já estava cansado e suado. Meu coração parecia querer sair pela boca, pois eu tinha certeza de que havia algo errado, ou eu enlouquecera de vez. Dei meia volta e voltei para a mansão. Dei de cara com o pequeno Ciel e seu cachorro. Apesar de ser o dia de seu aniversário, o pequeno parecia triste.

– É dia. Não pode ir além do jardim, não é, Sebastian? – falou o pequeno afagando o pelo negro do cão.

– O que disse? – indaguei atordoado.

– Nosso mordomo vai servir o chá das cinco, estamos esperando o senhor.

Como?!

Imagine meu espanto, pois havíamos acabado de sair do almoço. Quanto tempo eu tinha ficado no jardim? Comecei a sentir vertigem e uma ânsia de vômito. Sentia-me doente. Meu coração ainda estava acelerado e enquanto caminhava até a mesa de chá ao lado do pequeno Ciel, tudo ao meu redor parecia tremular. Girar. O menino me fitava com um olhar lânguido e apático, diferente do semblante alegre que eu havia visto no dia anterior.

– Porque está triste, pequeno? – perguntei.

Mas ele nada respondeu.

Na mesa de chá, não conseguia me concentrar em nada. Em nada do que falavam.

– Filho, largue o cachorro e venha tomar seu chá. – disse Rachel.

– Não, não quero deixá-lo. – o menino falou abraçando o animal. E a condessa fitou o filho com profunda tristeza. Aquilo fez minha pressão cair. Parecia que uma pedra de gelo descia por minha garganta e caía em meu estomago. Levantei-me da cadeira cambaleando.

– Albert, temos que ir.

– Ir pra onde?

Aquilo foi a gota d’água. Mais uma vez ele parecia ter esquecido-se do por que estávamos ali e para onde tínhamos de ir. Comecei a brigar com Albert, que reprovou completamente minha atitude e falta de consideração com todos ali. Disse que iria embora com ou sem ele. Albert disse que ficaria, e já se desculpava com os Phantomhive por meu comportamento vergonhoso.

Antes de ir procurar meu cavalo, olhei para aquela família e meu irmão e não consegui deixar de me sentir muito mal por eles, por sair assim. Mas estava em tal estado de perturbação e desespero que se não saísse logo dali eu enlouqueceria de vez. Montei no cavalo e cortei o jardim até a floresta. Como tinha acontecido naquela manhã, o jardim parecia se prolongar cada vez mais, mas não desisti de continuar. E contrariando qualquer lógica, o sol se pôs rapidamente, e logo a lua começou a surgir no céu. Inesperadamente o cavalo pareceu se atordoar e, depois de quase me derrubar, conseguiu finalmente alcançar a floresta.

Embrenhei-me pelas árvores repetindo meu destino mentalmente. Iria para casa, minha casa. Sentia o frio cortar o meu rosto e os galhos ricochetearem em meu corpo. A floresta parecia me agarrar, a escuridão quase me alcançando. Tudo o que eu via eram árvores secas e neve. O reflexo assustador dos olhos das corujas e dos corvos. Quando a lua atingiu o topo do céu, ouvi um grito longínquo, e os pássaros noturnos levantaram voo. O cavalo se assustou, levantando-se sobre as patas traseiras. Eu caí.

Enquanto estava no chão, minha mente pareceu pensar mais claramente. Que loucura estava fazendo? Como pude deixar meu irmão para trás? Segurei as rédeas do cavalo e voltei para a mansão. Desculpar-me-ia com a família e só sairia de lá com Albert.

Porém...

Uma terrível imagem horrorizou-me por completo assim que cheguei à mansão. A casa estava sendo consumida pelas chamas. As labaredas alcançavam todas as paredes da mansão. A fumaça subia alto. Podia ouvir os gritos de dor dos moradores e dos empregados. Não tinha como ajudá-los. Gritei por Albert e tentei entrar na casa ainda em chamas. Mas as línguas de fogo me arremessavam longe, como se tivessem vida própria, me impedindo de chegar perto. Ouvi o grito de Albert. Por mais que tentasse, eu não conseguia me aproximar. Era terrível ouvir o lamento de todas aquelas vidas, inclusive a do meu irmão, serem tomadas pelo fogo e não poder fazer absolutamente nada. Chorava miseravelmente. Arrependido por ter brigado com Albert e por ter tratado aquela família tão mal. Mas como? Como iniciara aquele incêndio. Como se expandira tão rápido? Com a roupa toda chamuscada e chorando desesperadamente, ouvia o fogo estalar e o cavalo relinchar e trotar assustado a minha volta. Depois de algumas horas, tudo era cinzas. Meus pés me guiaram até a mansão, o que sobrara dela, sentia ainda o calor e pisava cuidadosamente sobre as cinzas quentes. Não encontrei nada além de corpos carbonizados e de um terrível odor de carne queimada. Subi no cavalo sem qualquer emoção, sem forças e deixei que ele me levasse para qualquer lugar onde pudesse encontrar alguém para quem pedir ajuda.

Com apenas uma hora de caminhada, cheguei às primeiras casas aos arredores de Londres. E logo informei a todos do terrível incêndio que se abatera sobre a casa do Conde Phantomhive. Pedi ajuda para quem quer que pudesse voltar comigo e ver se havia algum sobrevivente, o que eu duvidava. Mas ninguém queria me ajudar e se mostravam muito reticentes.

– Do que está falando, meu jovem? – falou um homem que me via implorar por alguma alma bondosa. – Os Phantomhive morreram há 30 anos.

Entrei em choque.

Não acreditei naquelas palavras e voltei para a Mansão. Achei o lugar com mais facilidade do que imaginei. Mas não encontrei a mansão, nem inteira nem queimada. No lugar onde a pouco vira a exuberante Mansão Phantomhive queimar, havia apenas os restos de uma ruína, a única prova de que ali houvera uma construção, tomada por árvores, espinhos e entulhos. Era praticamente impossível ter havido ali qualquer mansão ou incêndio, a não ser que tivesse ocorrido há muitos anos.

Não me restou nada a fazer, a não ser finalmente ir para casa, sem saber como explicaria para minha família a ausência de meu irmão. Mas não aceitaria perdê-lo assim, sem explicação. Só conseguia pensar nele e naquela família. Descobrir o que ocorrera naquela noite virou minha obsessão. Principalmente porque ninguém acreditava em mim, e como estava transtornado, chegaram até a achar que eu tinha matado Albert, o que jamais conseguiram provar. Mas eu podia perceber a dúvida nos olhos de todos sempre que me viam.

O que descobri sobre o mistério daquela mansão foi o seguinte:

Os Phantomhive realmente tinham morrido num incêndio uns trinta anos antes. Foi algo que abalou toda a sociedade da época, pois a família era muito querida. Acreditava-se que o incêndio fora criminoso, mas ninguém nunca descobriu os culpados. Não bastasse a tragédia, algo estranho começou a ocorrer, como se um mal se apossasse daquela casa e das almas que ali morreram, impedindo que descansassem em paz.

Uma vez por ano, durante o mês de dezembro, a Mansão surge na floresta com todo esplendor que tinha quando estava em pé. Durante as primeiras semanas do mês natalino, os Phantomhive e seus servos aparecem, assim como em vida, felizes, amáveis e receptivos, repetindo seus últimos momentos de vida até o dia do aniversário de seu filho quando são obrigados a reviver a noite de suas trágicas mortes. E desaparecem até o ano seguinte.

Vim a saber que meu irmão e eu não fomos os únicos a participar do sofrimento daquela família. Muitos, assim como nós encontraram a mansão nos primeiros dias de dezembro, e quiseram ficar lá para sempre, como nós, e permaneceram até a noite do dia 14. No começo senti raiva daquelas pobres almas por levarem meu irmão, mas depois percebi que eles eram tão vitimas quanto Albert.

Com o tempo as pessoas pararam de andar por lá, e muitas histórias surgiram. E outras se tornaram lendas. Mas a mansão ainda aparece, todo ano, com todos os seus habitantes.

Caso esteja indo a Londres e se perca na floresta, e por lá encontrar uma bela Mansão, poderá ser bem acolhido por um conde e sua família, caso decida desfrutar de sua hospitalidade, lembre-se: parta antes do amanhecer, pois a casa desaparece durante o dia, levando consigo todos que estiverem nela; impedi-os de saírem até que a noite chegue. E se ficar preso ali durante o dia, assim que anoitecer, fuja; pois se ficar até a data do incêndio, morrerá junto com eles. E se isto vier a lhe acontecer, e por lá encontrar um jovem ruivo de nome Albert, diga-lhe que sinto muito, que o amo muito e que ainda o esperamos em casa.

Essa é a verdade.

Mesmo tantos anos depois, todo dia 14 de dezembro, lembro-me do semblante triste do pequeno Ciel Phantomhive, que tivera o azar de morrer no dia do seu nascimento, e que estava condenado a completar eternamente os mesmos dez anos.

Portanto deixo-vos o mesmo alerta, o mesmo que aquele velho deu a mim e a Albert, mas que não pudemos escutar:

“Não pernoitem na mansão da floresta”

Ah! Se tivéssemos ouvido...


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Notas finais do capítulo

É.... esse não é tão legal, nem assustador...mas espero que tenha valido a pena ler, valeu? Ò.oEspero que sim....P.S.: 5 mil palavras de Phantomhive prontas...ainda na metade...tô escrevendo...paciência povo :DFeliz Halloween!!