Minutos depois, quando todos percebiam que Zeus estava a ponto de explodir, a sala de Benjamin estava dividida em dois lados.

Em um, estavam Afrodite e Zeus na frente, sendo que no outro, Nêmesis e Hera estavam na frente.

No lado de Afrodite e Zeus, estavam Ares, Hefesto, Poseidon, Eros, Nice, Éris e Dionísio, enquanto ao lado de Hera e Nêmesis, estavam Hermes, Apolo, Héstia, Ártemis, Deméter, Hebe e Perséfone ficaram ao lado de Hera.

Zeus ficava mais descontrolado a cada segundo que se passava, e Benjamin estava apavorado. Hera queria confortá-lo, oferecer um abraço, mas tinha que ficar com Nêmesis. A deusa da vingança não poderia recomeçar a socar Afrodite. Hera tinha que adiar aquela luta o máximo que pudesse. 

O seu lado naquela guerra não tinha poder o suficiente, e Hera sabia que tinha a possibilidade de perder. E, se isso acontecesse, ela, Nêmesis, e todos os deuses que tinham ficado do seu lado ficariam no Tártaro durante séculos, e Hera nem conseguia imaginar o que aconteceria com Benjamin. Eles não podiam perder. Hera não podia se dar ao luxo de perder aquela guerra, aquela luta.

Hera sabia que eles atacariam naquele momento se pudessem - bem ali, na sala de Benjamin, porque eles não se importavam com isso. Se tudo seguisse do modo que Afrodite planejava, Benjamin estaria morto no final daquela luta, e a sala dele estar destruída não importaria mais para ninguém. 

O que eles fariam?, essa era a pergunta que não saía da mente de Hera. O outro lado estava absurdamente mais poderoso, e eles não podiam nem juntar algum tipo de armamento, porque a guerra aconteceria ali, naquele minuto. Hera olha em volta. O olhar de fúria no rosto de Nêmesis, a expressão decepcionada de Hades, que provavelmente não queria estar ali, pois não entrava em muitos conflitos de deuses. 

Todos se entreolhavam, como se esperassem pelo momento em que a luta começaria. A angústia presente ali era quase palpável; Hera queria sair dali o mais rápido possível, mas sabia que não poderia colocar o mundo inteiro em risco. Eles a encontrariam em algum momento, e, se ela fosse desaparecer... Não poderia levar todos que estavam do seu lado consigo. Precisaria abrir mão de algumas pessoas, e ela não tinha o coração tão frio assim. 

— Benjamin. - Hera chama, fazendo com que todos os olhares sejam atraídos para ela. Benjamin caminha em direção a ela, nervoso por chegar perto de todos aqueles deuses, muitos deles querendo matá-lo, ou até mesmo torturá-lo. A maioria apenas por diversão. - Saia daqui. Essa briga não é sua. Você não tem...

— Hera, você não pode dizer para ele ir embora! - diz Afrodite, com a sua voz zombeteira, fazendo com que Hera tenha vontade de socá-la. - Não quando ainda existem tantas coisas que ele precisa saber...

— O que eu preciso saber, Hera? - Benjamin pergunta, hesitante, sem saber se queria de fato ouvir a resposta. 

— Naquele dia na lanchonete, Hera não te encontrou por acaso, meu querido Ben... - Afrodite anda em direção a Benjamin, com um sorriso aparentemente inofensivo no rosto, mas o seu olhar brilhava, de um jeito que só acontecia quando ela estava pensando algo tão cruel que amedrontaria qualquer um. - Ela procurava... Uma vingança. - o sorriso de Afrodite se abre ainda mais. - É, Ben. Você é apenas... um peão no jogo de xadrez de Hera, não um amor. Ela procurava, naquele dia, um homem com o qual ela poderia trair Zeus, devolvendo-lhe a traição na mesma moeda.

Afrodite para de falar, mantendo seu sorriso. Benjamin olha para Hera, que, naquele momento, tinha ainda mais vontade de destruir Afrodite. Mais do que nunca.

— É verdade? - pergunta Benjamin. - O que ela está falando é verdade?

Hera encara os próprios pés, tentando não olhar para os olhos de Benjamin, e as lágrimas que saíam deles.

— Apenas no início. - sussurra Hera, em resposta, ainda olhando para os próprios pés. Benjamin vira de costas e, quando este chega alguns passos mais perto da porta do apartamento, Hera corre na direção dele e o puxa pelo braço. - Ben, eu...

— Não me chame de Ben. - ele diz. - É Benjamin, para você.

Hera respira fundo e aperta os olhos, numa tentativa de impedir as lágrimas de escorrerem.

— No começo, eu queria apenas alguém para que eu pudesse trair Zeus. Era apenas isso que eu estava procurando... Mas... Eu realmente te amo. Eu passei a amá-lo a cada momento, e a cada segundo eu pensava se valia a pena. - Hera começa a dizer, tentando encontrar as palavras certas. - Foi por isso que eu te contei a verdade, naquela noite, no ginásio da Academia Yancy.

— Não podemos continuar com isso. Está muito complicado. Você é uma deusa, casada com Zeus, um dos deuses principais e mais poderosos. Além disso, vocês estão no meio de uma guerra, que você causou! Aliás, que você me usou como uma peça para causar essa guerra! Eu não posso. Me desculpe.

Benjamin sai da casa, e Hera fica encarando-o ir embora.