A Batalha escrita por Lola Carvalho


Capítulo 4
Brincando de casinha


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o Nyah! voltou :D
E este é o capítulo do domingo passado ;)
Espero que gostem...

Boa leitura!



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Lisbon também deixou de lado o incidente da manhã e começou seu dia. Deu banho em Sarah, e a vestiu com um vestido cor-de-rosa, pois era verão e, portanto, o dia estava quente. Depois, enquanto Jane tomava seu café da manhã, ela tomou seu banho.

Patrick saiu para trabalhar, e ela tinha que agradecer a Deus pelas janelas da sala terem cortinas, assim, não teria que se despedir de seu marido de mentirinha com um beijo.

Ela saiu logo em seguida, precisava comprar dois ingredientes que faltavam para o jantar, no supermercado. E ela que pensou que não faltaria nada...

– Quer carona para a escola, Nick?

– Não, valeu! Não pega muito bem ir com a mãe para a escola...

– Ok... – Lisbon abriu a porta de casa para sair.

– Olha, o Patrick ainda está aqui... – Lisbon olhou, mas não gostou do que viu: Melanie!

– Hum – disse ela, e logo se aproximou de onde eles estavam – Oi querido... Achei que você já tinha ido trabalhar – ela se esforçou para fazer uma voz mais doce.

– Sim, eu... – Patrick parecia confuso – Meu amor, eu quero te apresentar minha... Mãe, Patrícia Jane, e mãe, está é a minha esposa, Teresa Lisbon. – disse Patrick ainda um pouco confuso.

– Opa, espera aí! Mãe? – interrompeu Melanie

– Sim. – começou Patrícia – Antes de eu me casar com seu pai, Melanie, eu me casei com Alex Jane, e nós tivemos um filho... Patrick. – Teresa podia ver que Patrick ficara abalado com o reencontro, mas não sabia o por quê... Ela nunca havia ouvido falar da mãe dele.

– E depois você fugiu e me deixou sozinho com meu pai... – agora Teresa entendia o motivo.

– Patrick, você está tão diferente... Tantos anos se passaram... – disse Patrícia tentando se esquivar do assunto "fuga" – Quem são estes? – apontou para Sarah e Nicolas

– São nossos filhos, Nicolas e Sarah – Teresa se adiantou.

– Sim, os filhos que nós não vamos abandonar! – alfinetou Patrick

– Patrick eu realmente espero que você possa me perdoar um dia... Eu era muito jovem e tola e...

– Ai meu Deus... – disse Patrick e respirou fundo – Eu não tenho tempo para perder com... Babaquices, eu preciso ir trabalhar. Tchau, querida. – Patrick beijou o topo da cabeça de Teresa, entrou em seu carro e foi embora.

– Ãhn, mãe? – disse Nicolas chamando a atenção de Lisbon – e aquela carona? Eu estou atrasado...

– Claro! – Lisbon virou-se para Melanie e Patrícia – Foi um prazer conhece-la, senhora Jane... – com isso Lisbon colocou Sarah na cadeirinha no banco de trás, e entrou no carro, dando a partida em seguida.

– Obrigada por me livrar daquela situação, Nick! – disse Lisbon quando já estava a alguns metros de casa.

– Imagina... Mas, você pode me deixar na esquina?

– É tão ruim assim ser visto com a mãe? – perguntou Lisbon

– Não é ruim... É péssimo! – ele brincou e Lisbon sorriu.

– Ok, ok! – Lisbon parou o carro na esquina da escola – Boa aula Nick, e se quiser que eu venha te buscar na esquina – reforçou – é só me ligar, ok?!

– Valeu! – ele se inclinou sobre o banco do passageiro e deu um beijo de despedida na bochecha de Lisbon – Boa sorte com suas novas amiguinhas! – ele brincou.

– Ha-ha, engraçadinho!

Lisbon foi despreocupada ao mesmo supermercado que fora ontem. Ia preparar uma lasanha à bolonhesa, mas se esquecera de comprar queijo e carne moída. Como já sabia mais ou menos onde ficavam as coisas no supermercado, se dirigiu rapidamente para a seção de laticínios, pegou três bandejinhas de queijo e depois foi para a fila do açougue.

– Seu nome é Teresa, certo? – Lisbon levou um susto e se virou para ver quem era, e Patrícia estava lá, parada esperando uma resposta

– Sim, Teresa Lisbon... Jane – completou se lembrando do disfarce.

– Teresa eu... Me desculpe eu... Eu amo o Patrick... É só que, quando ele nasceu, eu era muito jovem, e bem... Não queria viver no circo. Mas eu realmente me arrependo, e eu... Quero te pedir um favor...

– Favor?

– Queria que você tentasse falar com o Patrick, para ele me perdoar... Ou ao menos deixar que eu me explique...

– E você vai dizer o que você acabou de dizer para mim? Porque, se for, não vai funcionar... – disse Teresa desconfiada de Patrícia

– Por favor, Teresa! Você sabe como é, você é mãe... Imagina se seu filho mais velho se rebelasse contra você, ou nem quisesse mais olhar para você, o que você faria?

– Isso é diferente. A minha relação com meu filho é muito diferente... – por mais que Teresa fosse uma boa pessoa, neste momento ela se colocou na posição de Patrick. E se fosse ao contrário, e o pai dela estivesse ali, tentando convencer Patrick de tentar se desculpar com ela? Claro que isso não seria possível já que seu pai estava morto, mas se fosse possível, ela gostaria que ele estivesse do lado dela...

– Por favor, Teresa! – Patrícia implorou

– Eu... – Teresa respirou fundo e chegou a conclusão de que talvez fosse melhor para Patrick ouvir as explicações de sua mãe, nem que fosse para encerrar este capítulo de sua vida. – Eu não prometo nada... Mas vou tentar!

– Obrigada Teresa! – Patrícia a abraçou e, pelo susto, ela só respondeu ao abraço muito tempo depois.

"Esses Jane's e seus abraços repentinos..." pensou Lisbon consigo mesma.

Foi para a casa, fez as tarefas domésticas que ela não havia feito no dia anterior, mas, apesar do trabalho acumulado, Lisbon acabou o serviço com uma certa rapidez.

Do outro lado da cidade, Jane considerava consigo todas as coisas que haviam acontecido naquela manhã, de como ele disse que não abandonaria seus supostos filhos, e de como ele havia abandonado sua pequena Charlotte e sua amada esposa nas mãos de um assassino frio e cruel.

Estava quase entrando em colapso quando se lembrou do que Charlotte lhe dissera quando estava sob efeito daquele chá alucinógeno, há alguns meses atrás.

Era verdade. Ele não poderia fazer nada para traze-las de volta.

Mas havia algo que ele podia fazer agora... Ele podia cuidar de sua família temporária. Encontrar Red John e dar descanso, tanto à sua consciência, quanto àquelas crianças que estavam sobre a proteção dele e de Lisbon e também à todas as outras possíveis vítimas de Red John.

Havia outra coisa que ele poderia fazer. Era uma coisa por si próprio, e mesmo que ele não se considerasse digno de tal, outra pessoa nessa história era digna de tal. E essa pessoa era Teresa Lisbon.

Saiu de seu quartinho no telhado da CBI, deu alguma desculpa esfarrapada sobre não ajudar no caso do tio de Nicolas, pegou seu carro e saiu disparado em direção ao shopping center mais próximo que tivesse o tipo de loja que ele buscava.

Por fim, nem precisou entrar no shopping, pois, enquanto dirigia seu carro à 90 quilômetros por hora, viu do outro lado da rua a loja que procurava.

Uma joalheria.

Entrou, escolheu a mais bonita de todas as alianças e a comprou.

Não estava muito certo sobre o que estava fazendo, mas tinha que fazer de qualquer forma. Então voltou para seu carro e dirigiu até sua nova casa.

Estacionou seu carro ao lado do carro de Lisbon. Mas... Estava nervoso. Nunca havia ficado tão nervoso em sua vida antes. Começava a duvidar de seu plano... "E se ela disser "não"?" pensava ele.

Mesmo que ele fosse um mentalista, seu julgamento quanto ao que Lisbon pensava e sentia por ele estava prejudicado. Ele acabaria vendo o que queria ver e não o que era real.

Mudou de ideia. Voltaria para seu carro e devolveria a aliança na loja e... Não! Ele ficaria com a aliança, mas não entregaria para ninguém, não pediria ninguém em casamento ou coisa parecida.

Guardou a aliança em seu bolso direito, entrou em casa, mas não conseguia achar Lisbon.

– Lisbon? – ele gritou

– No quintal – ela respondeu. Patrick se dirigiu até lá, mas ainda não conseguia vê-la.

– Lisbon? – chamou mais uma vez

– Na casa da árvore – ela respondeu e logo em seguida Patrick subia a escada para entrar na casinha da árvore. Lá dentro, Lisbon estava sentada com as pernas para o lado, brincando de cozinha com Sarah – Oi! Voltou cedo – ela disse sorridente quando o viu.

– Pois é eu... – Patrick analisava o lugar. Era muito pequeno para os três – Eu acho que não caibo aí...

– Tudo bem, nós já íamos descer mesmo, eu vou preparar o jantar... Me ajuda a sair daqui? – ela perguntou

– Claro! – Patrick pegou a bebê Sarah em seus braços e desceu com cuidado a pequena escada. Colocou Sarah no chão e se dispôs a ajudar Lisbon.

– Não deixa ela no chão... Ela tem um pouco de medo do cachorro – disse Lisbon enquanto descia as escadas, e Patrick fez como ela lhe sugerira e retirou Sarah do chão.

– Está tudo bem? – ele perguntou quando ela terminou de descer as escadas

– Está, pode me dar ela aqui – Lisbon tentou pegar Sarah do colo de Patrick

– Não precisa... Você não ia fazer o jantar?

– Eu vou m... O que isso? – perguntou Lisbon ao ver algo brilhando no chão do quintal, e se abaixou para pegar. "Droga! Deve ter caído do meu bolso quando eu fui pegar Sarah no colo" pensava Jane desesperado.

– Não, não é nada... – Patrick disse

– O... O que... Isso é seu?

– É...

– O que isso significa? – Lisbon estava aterrorizada, porém Patrick estava mais. O que ele ia dizer para ela?

– É... Eu... Andei pensado e... É... – nesse momento ele teve uma ideia – Eu andei pensando e, não é de bom tom nós fingirmos ser casados, eu usar uma aliança e você não... Então eu... Comprei isso pra você...

– Bem pensado – Lisbon disse, mas sua voz estava um pouco trêmula, suas bochechas estavam ruborizadas e seu coração acelerado. Patrick, por sua vez, respirou fundo... Estava aliviado porque conseguira sair dessa situação com uma certa classe.

Ele, com sua mão livre, pegou a aliança e colocou no dedo de Teresa, beijando sua bochecha em seguida.

– O que você vai fazer de jantar? – ele perguntou mudando de assunto, pois o clima estava um tanto quanto incomodo para ambos.

– Lasanha à bolonhesa só de queijo... Você gosta?

– Hum, nunca comi só com queijo... Mas tenho certeza que vou amar!

Eles foram para a cozinha, e Patrick se incumbira de cuidar de Sarah durante este tempo, mas, diferente do que Lisbon pensava, ele não ficou no quintal, ou levou Sarah para a sala de estar. Permaneceu ali na cozinha, junto dela.

Enquanto ela preparava a lasanha, Jane sempre fazia gracinhas, mas desta vez o propósito não era apenas irritar a Lisbon, ou faze-la sorrir... Jane percebera que ela estava incomodada com algo, porém receosa de mais para falar com ele sobre.

Ele poderia ignorar, mentir para si mesmo dizendo que ela ficara assim por causa da aliança, mas sua necessidade querer saber de tudo sempre, o impedia.

– O que está acontecendo com você, Lisbon?

– Na-Nada Jane, por que estaria acontecendo alguma coisa?

– Você está nervosa... Ansiosa com alguma coisa, e eu quero saber o que é!

– E-Eu... – Lisbon soltou o ar que havia prendido em seus pulmões e se preparou para começar seu discurso – É sobre a sua mãe...

– Estou ouvindo...

– Eu encontrei com ela hoje no mercado... Bom, na verdade ela me encontrou, mas enfim... Ela... Quer falar com você... Se explicar.

– Não, de jeito nenhum! Aquela mulher me abandonou, Lisbon... Você já parou para imaginar como minha vida poderia ter sido diferente?

– Jane, não vale a pena ficar pensando em como poderia ter sido... Os seus próximos anos podem ser diferentes se você, ao menos, deixar que ela se explique.

– É... complicado, Lisbon – afirmou Patrick – É muito difícil para mim, sabe?! Vê-la de novo...

– Eu sei, mas... Pode te ajudar a superar... Quem sabe perdoar...? – Patrick considerava em sua mente qual seria sua decisão – Patrick – disse Lisbon e conseguiu a atenção do loiro – Não posso te pedir nada como sua esposa, porque eu não sou sua esposa de verdade, mas... Como amiga?! Eu acho que você deveria ouvi-la.

– Acho que... É, talvez! – Patrick na verdade não queria, mas não custava dar esperanças para Lisbon, ainda que falsas – Eu vou pensar melhor, ok?

– Tudo bem... – disse Lisbon

Nicolas chegou em casa algum tempo depois e, foi ajudar Lisbon com o jantar.

– Já arrumei a mesa. O que mais precisa?

– Ah, se você puder levar essa jarra de suco pra mesa... – quando Lisbon entregou a jarra de suco que estava em suas mãos, Nicolas viu a aliança com pedras de diamantes reluzindo em seu dedo anular da mão esquerda.

– Hum, estamos de aliança?

– Pois é... O Patrick me deu... Para o disfarce sabe?!

– Disfarce... Sei! – disse ironicamente, e Lisbon apenas riu.

O jantar foi tranquilo, Patrick fazendo Lisbon corar com suas piadinhas, Nicolas provocando os dois, e, eventualmente, deixando Patrick constrangido também. Teresa também entrou na brincadeira, relembrando de Erica Flyn, de Sophie Miller... pobre Sophie. Lógico que seu objetivo de deixar Patrick envergonhado não fora alcançado, mas ao menos ela tentou...

A única inocente da mesa era Sarah, que estava sentada no meio de Patrick e Teresa e era alimentada com sua papinha de legumes por sua mãe temporária.

Quando chegou a hora de dormir, Patrick e Teresa continuaram agindo como se nada houvesse acontecido naquela manhã, e Teresa torcia secretamente para que Patrick não tocasse no assunto...

Todos se deitaram, apagaram as luzes, mas... Tudo o que acontecera naquele dia ainda girava na cabeça de Patrick. Principalmente o assunto "aliança".

Na cabeça de Lisbon, os pensamentos não eram diferentes. Enquanto tentava dormir, brincava com a aliança em seu dedo, e se lembrava de como tudo acontecera, e, quase que imperceptivelmente, um sorriso brotava em sua face. Até que uma voz interrompeu seus pensamentos. Patrick Jane.

– Sabe?! – começou ele – Hoje as minhas costas não doeram...

– Interessante Jane... – ela dizia como se não estivesse interessada, fingindo uma voz de sono

– Amanhã é sábado...

– Sim, amanhã é sábado. E...?

– Nós vamos passear amanhã?

– Claro, podemos ir...

– Que tal irmos andar de bicicleta?

– Tudo bem, Jane... Agora vamos dormir?

– Tá, claro... – disse ainda pensativo. Após alguns minutos, ao perceber que ela ainda não havia dormido, e como ele não tinha cumprido seu objetivo, ele prosseguiu – Se vamos andar de bicicleta, então...

– Então o que Jane?

– Eu não posso estar com as costas doloridas...

– E eu com isso?

– Hoje eu não tive dor nas costas porque... bem, você sabe...

– Então, deixa eu ver se eu entendi: Você me fez concordar com andarmos de bicicleta amanhã só para poder pedir para dormir na minha cama, usando uma desculpa de estar com dor nas costas?

– O que me diz? – ele perguntou sorrindo

– Não!

– Ah, Teresa, por favor... – ele suplicou.

– Está bem, vai! – disse Lisbon após alguns segundos de silêncio, e Jane se levantou correndo em direção à cama – Mas existe um limite aqui – ela apontava para o centro da cama – Se você ousar ultrapassar este limite... Eu te mato! – Ele levantou as mãos para cima, se rendendo.

– Não vou ultrapassar nada... Não ultrapasse a senhorita também! - ele disse em tom de brincadeira

– Ha-ha-ha! Até parece...

E, virados de costas um para o outro, eles adormeceram naquela bela noite fresca de verão.

Enquanto isso, na casa ao lado:

– Não... ainda não! – dizia Melanie ao telefone – Sim, eles já se encontraram, mas ainda não conversaram... Ainda não consegui me infiltrar lá, aquela Teresa é muito desconfiada! Sim, eu levei o bolo, mas ela disse que tinha alergia a chocolate... Claro, pode deixar! Amanhã eu e mamãe faremos uma visitinha para o casal feliz... – ela ouvia as instruções que lhe eram passadas detalhadamente pelo telefone, e então se despediu – Tiger tiger – ela desligou o telefone, olhou-se no espelho a sua frente, onde também haviam fotos, notícias de jornais, anotações e planos sobre Jane e Lisbon. Levantou-se, foi até a varanda, e olhou para a varanda da casa ao lado, a casa temporária de Patrick e Teresa – Durmam bem meus queridos, e aproveitem... Porque a brincadeira de casinha está prestes a terminar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Sou muito doida, ou só um pouquinho? rsrsrsrs
Parece que a Lisbon tinha razão em não gostar da Melanie... Quero dizer, outra razão! ahahahahahahaha

Não deixem de comentar ;) Amo ler o que vcs acharam

E vcs tbm podem mandar suas sugestões :D

Beijinhooos :3



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