O relógio em cima do criado-mudo marcava nove horas da manhã. Quando me levantei, meus pés sentiram o chão gelado. A manhã estava fria.

Estava vasculhando meu quarto à procura de alguma peça de roupa. Quando encontrei, entrei no banheiro e logo lavei meu rosto.

Meu reflexo no espelho dizia muito sobre mim. Eu via a mulher que havia cometido um erro na noite passada. ''Oh Teresa, o que foi que você fez?'', questionei. 

Eu não devia...eu estava desesperada, sem saber o que fazer. E, de novo, eu havia perdido o controle da situação. De repente, uma voz masculina interrompe meus pensamentos e me faz voltar á realidade:

-Bom dia! - Eu me virei e encontrei Patrick Jane se levantando da cama. Desviei meus olhares. Não queria mais pensar em como isso tudo acontecera. Eu juntei suas roupas e as joguei em cima do seu colo.

-Já está na hora de você ir embora. 

-Mas já? Eu achei que você gostaria de uma ''segunda dose'' ...

-Isso nunca mais vai acontecer, ouviu bem? Nunca mais! -Jane riu irônico e foi para o banheiro se trocar.

Os dias de folga se passaram e nós não nos encontramos (nem sequer conversamos) em meio a esse tempo.

No CBI, eu fazia de tudo para não sair da minha sala e ter o azar de encontrar com Jane pelos corredores.  Mas o desgraçado veio até a minha sala:

-Lisbon, precisamos conversar.

-Agora não dá, estou trabalhando... e você deveria fazer o mesmo.

-Então eu passo na sua casa mais tarde..

-O que? NÃO!

-Estou falando sério, temos que conversar.

-O que você quer comigo?

-É sobre aquela noite...

-Noite? Que noite? Não teve noite nenhuma, tire isso da sua cabeça.

-Porque você quer esquecer isso? Foi bom. Pelo menos pra mim...Não foi bom pra você?

-Foi um erro, isso sim!

-Lisbon, olhe nos meus olhos e me diga que você não gostou. -Agora ele me pedia o impossível. Me rendi.

-Tudo bem, foi bom...Mas não foi certo.

- Por que não?

-Porque... -Eu não queria dizer tudo o que estava ''entalado'' na garganta.

-Fale. 

-Porque eu não quero servir de consolo pra você. Não quero ser o ''brinquedinho'' que te satisfaz quando você está triste. Eu não quero que você fique comigo...pensando em Ângela.

Jane me forçara a ''cuspir'' aquelas palavras e agora eu estava sentindo o gosto amargo do meu egoísmo. Eu me senti ainda pior.

Eu pensei que ele ficaria magoado comigo, mas percebi que ele me olhava com ternura.

-Não acredito que você pensou que eu estava usando você.

-Jane, eu...Sinto muito. Mas acho melhor esquecermos o que aconteceu naquela noite.

-Me desculpa, mas é impossível.

-Você sabe que aquilo só aconteceu porque você estava em um momento delicado...e porque eu fui burra. - Jane ficou em silêncio por um tempo, ele parecia procurar algum argumento forte o suficiente para me contrariar.

-Você se lembra de quando teve que ficar no hospital comigo porque eu havia ingerido algum tipo de alucinógeno?

-Lembro sim. Porque?

-Naquela época, eu conversei com Charlotte...

-Sim, eu sei, você me contou. Mas o que isso tem a ver?

-Ela não estava nem um pouco orgulhosa com o homem que eu era. Disse que eu estava obcecado por Red John. Ela me achava um homem perturbado.

-E?

-E ela disse que Ângela também não estava satisfeita com o meu estado...

- Aonde você quer chegar?

-Lisbon, não percebe? Eu não tinha vida. Eu percebi que ,aonde quer que minha família esteja, ela ia querer que eu fosse feliz. E eu não posso mais fugir da realidade: Minha felicidade é você.