Pov Emily

Mas geeeenteee! A Thalia sabe como se comportar em um tribunal bruxo, não?

Eu, Anne e Thalia saímos da ala hospitalar e fomos para o Grande Salão. No caminho, vimos vários alunos já indo embora por causa do Natal. Quando chegamos ao Grande Salão ele estava praticamente deserto. Nós fomos até a mesa da grifinória e nos sentamos.

– Thalia, por que não nos contou antes? – Perguntou Anne.

– Eu não sei. – Ela disse pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Foi difícil passar por aquilo, eu não queria que vocês também passassem.

– Criatura de Deus! – Eu praticamente berrei, fazendo com que o grupinho do Malfoy nos olhasse. – Nós somos suas amigas, é pra isso que nós servimos. Pra te dar apoio nos momentos difíceis.

– Ok, desculpa. – Ela disse baixando a cabeça.

– Não peça desculpas. – Uma voz falou. – Isso é sinal de fraqueza!

– Cai fora, Malfoy. – Anne, sempre tão doce.

– Por quê? – Ele disse com o costumeiro tom convencido. – É tão bom ver vocês tristes. Chega até ser hilário!

– Draquinho, querido. – Falei me levantando e ficando frente a frente com o sonserino. – Você tem namorada?

– Por que, Carter? Quer preencher esse posto?

– Não, obrigado pela oferta. – Falei andando em volta dele. – É só que você parece mal comido!

Anne, que estava tomando suco de abóbora, se engasgou e começou a rir, junto com os outros presentes que ouviram meu comentário.

– Ora, sua... – Ele disse apontando a varinha pra mim.

– Expelliarmus. – Pronunciei o feitiço e sua varinha veio parar na minha mão. – Como eu disse... – Falei analisando sua varinha. – Até sua varinha é pequena!

Mas uma vez, todos os presentes começaram a rir.

Draco me fuzilou com o olhar e murmurou um “isso não vai ficar assim”. E depois foi embora, sendo seguido por seus capangas pamonhas. Larguei a varinha dele em cima da mesa e me sentei de novo.

– Em, como você é rebelde! – Disse Thalia. Ela e Anne ainda riam.

– Pois é, baby. – Falei jogando o cabelo pra trás. – Eu sou foda!

As duas voltaram a rir. Nós ficamos mais um tempo rindo, até que Anne levanta do nada. – Esqueci de uma coisa!

– O quê? – Pergunto. Ela troca olhares cumplices com Thalia e as duas abrem um sorriso malicioso. Lá vem bomba!

– Você não contou o que aconteceu no armário de vassouras! – As duas falam juntas.

– Por que não aconteceu nada. – Desvio de assunto, pegando o suco de abóbora de Anne e tomando um gole. – Que suco bom! Vocês deviam experimentar!

– Não enrola não, Em! –Diz Thalia. – Como você mesmo disse: Nós somos suas amigas, estamos aqui nos momentos bons e difíceis. Vai desembucha!

– Tá bom, vou desembuchar.

Thalia e Anne se sentam lado a lado e me olham esperançosas, pude até identificar um brilho malicioso no olhar delas.

– Foi assim... – Comecei a falar.

Flashback On

Sai correndo que nem uma estabanada do dormitório da corvinal. Trombei com alguns alunos do 2º ano, murmurei um “foi mal” e cheguei ao armário de vassouras. No momento em que fui tocar na maçaneta, ela gira e a porta se abre, me escondi atrás de uma das colunas e ouvi o zelador Filtch falando com alguém.

– Não se preocupe, professora. – Ele dizia. – Vou avisar os fantasmas.

– Obrigado, Argo. – Era a voz da Professora Minerva. – Dumbledore agradece muito.

Enquanto tentava ouvir mais da conversa, alguém me puxa pra trás e me prende contra parede.

– Mas o que... – O ruivo me cala com um beijo.

– Não te deixei no vácuo! – Ele diz depois que nos separamos.

– É. – Falo, empurrando de leve sem ombro. Olho de novo o armário de vassouras, mas o Filtch e a Minerva já haviam saído.

– O que foi? – Pergunta Fred.

– Nada, eu só... Deixa pra lá! – Falo.

Ele sorri de canto e sela nossos lábios de novo. Sem parar o beijo ele abre a porta do armário e me empurra pra dentro. Fred tranca a porta e volta a me beijar. Desvio dele e pego minha varinha.

– Amadores! – Murmuro com um falso desdém, revirando os olhos. – Quietus!

– Pensei que era abaffiatos. – Ele diz.

– Quietus é mais seguro.

– Mas...

– Fred, nunca discuta com um corvinal sobre feitiços, essa é a nossa especialidade!

– Anotado!

Ele sorri maroto e me puxa pra mais perto. Quando me dou conta, minha capa está jogada em algum lugar, junto com a camisa dele, o resto das roupas e algumas vassouras que caíram.

Flashback Off

– Não precisam de mais detalhes, não é? – Falo, depois de contar a elas.

– Não. – Anne diz.

As duas estão com sorrisos maliciosos no rosto e olhares significativos. Em minha opinião, são tudo um bando de taradas que se fingem de puritanas.

Nós conversamos sobre mais algumas coisas até que cansamos. Thalia foi pra sua casa, Anne pra sei lá onde, e eu, como não queria ir pro Salão Comunal, fui dar uma volta. Passei por alguns corredores até chegar ao Corujal. Por que não? Pensei.

Subi as escadas, que já estavam um pouco escorregadias, por conta da neve e entrei. Era muita ave pro meu gosto! Encostei em um dos murinhos e fiquei lá pensando. Até que uma coruja branca pousa ao meu lado.

– Oi, Edwiges! – Falo, acariciando a cabeça da ave.

Ela me olha e alça voou. Fico mais um tempo sozinha refletindo sobre a vida, quando me lembro do armário de vassouras. O que a Minerva estava fazendo naquele armário com o Filtch? Será que eles...? Não, não, não. Isso seria estranho! Comecei a rir alto com esse pensamento.

Outra coruja marrom, com algumas penas brancas pousa ao meu lado, com uma carta no bico. É a coruja do papai! Pego a carta do seu bico e a cretina bica minha mão.

– Desgraçada! – Falo balançando a mão. A ave voa pra longe. Cubro a mão com a capa, pra estancar um pouco do sangue.

Abro a carta e leio:

“Querida Emily

Estamos muito felizes que você esteja no time de quadribol e NÃO TENHA CONTADO PARA NÓS. Nós somos sua família, como você não diz isso?

E ainda fica o ano inteiro sem mandar uma cartinha sequer? Isso é o cúmulo da falta de amor pelos seus pais! Sua mãe está dando cria, achando que aconteceu alguma coisa com você. Você sabe, são tempos difíceis esses!

E que história é essa de uma comensal estar na mesma casa que você? Falamos com Dumbledore, mas ele não entrou muito em detalhes. Escreva pra gente! Se não sua mãe vai enfartar.

Ah, e a Cecília está mandando você comer direito o Weasley. Não entendi o que isso significa. Acho que Weasley é um tipo de doce. Hum, enfim, responda.

Com amor, papai.”

Eu não tenho mais irmã! Definitivamente virei filha única!