Gina estava extremamente quieta ao meu lado, algumas vezes ela olhava para o teto, mas eram pouquíssimas vezes. Tentei entender o que estava passando por sua mente, eu fazia alguma ideia, pois passava pela minha também.

Medo. Eu não tinha visto o jornal, somente sai enfiando na bolsa. Estava ciente de que tinham uns três na minha bolsa, mas eu não tinha visto a noticia. Eu estava tao vulnerável quanto todo mundo, a não ser por um fato.

Ouviu-se uns ruídos ao longe, as pessoas continuaram fazendo o que estavam fazendo. Sendo felizes pelos poucos minutos que restavam até que a bomba explodisse. Fiquei quieta, fechei os olhos, o que sera que tinha naquele jornal? Seja la o que for, eu não conseguia acreditar que seria algo bom.

As corujas interromperam minha linha de raciocínio, elas vieram, o teto magico sumiu. Eram tantas, uma para cada aluno, ou para dois. Elas simplesmente jogaram os jornais, como de costume. Ao receber o meu e ver minha corujinha sair voando de volta, percebi que o salão ia ficando quieto de pouco a pouco.

Abri o jornal. Gina, ao meu lado, fez o mesmo. Harry já estava olhando para mim com os olhos arregalados. Os títulos da capa vieram a tona como um vulcão em erupção.

“HARRY POTTER É O ALVO DELES?”

“ILUSÃO DOS BRUXOS: POTTER NÃO CONSEGUIU OS DESTRUIR!”

“MINISTRO DA MAGIA ESTÁ NA ALA PSIQUIÁTRICA DO ST. MUGUNS!”

“FORÇAS DAS TREVAS TENTAM INVADIR O MINISTÉRIO DA MAGIA NOVAMENTE!”

Mas uma, em especial, chamou minha atenção.

“[...] Xenophilius Lovegood é assassinado, suspeita que seu envolvimento com Harry Potter na ultima batalha contra Lord Voldemort o comprometeu [...]”

Um calafrio percorreu meu corpo ao mesmo tempo que escutei um grito. Eu sabia quem estava gritando.

Pude vê-la assim que saiu correndo, aos prantos, do salão comunal.

Primeiro Neville, agora seu pai. Eu queria correr atrás dela, mas sabia que era o momento de ela sofrer. Fechei os olhos e deixei as lagrimas virem, mas antes de minha visão ficar embaçada pelas lagrimas, vislumbrei outras manchetes, numa sequencia assustadora. Rita Skeeter filha da puta.

“O mistério: será que Hermione Granger sabe do envolvimento da mãe com a magia?
Jane Granger, a mente mais brilhante do mundo mágico, está de volta! E dará aulas em Beauxbatons! Estive pensando cá com meus botões... Será que Hermione Granger vive uma mentira? A vida toda sendo tachada de sangue-ruim, e agora saber que é Mestiça! No entanto, com uma mãe sendo traidora do sangue, como diriam preconceituosos por ai... O que a menina deve estar achando disso? Se é que sabe... Hogwarts nunca teve uma fonte de informações muito confiável, se é que me entendem. Ficamos por aqui [...]”

Não li o resto.

O Grande Salão estava num silencio mortal, imaginei se não estavam todos lendo o artigo sobre mim. Quem diria que o tiro sairia pela culatra, não? Eu estava com ódio. Eu poderia matar Rita Skeeter por me transmitir essa noticia de um jeito tão cruel e insensível. Eu poderia me matar. Minha mãe estava no mundo bruxo, e eu soube isso da pior maneira possível.

Não olhei para a mesa da Sonserina, eu podia sentir olhos cinzas encima de mim, aguardando o que eu faria. Não só ele, como muitas pessoas.

Fiz o que eu queria fazer, se todo mundo sabia, que seja!

QUE SE DANE A PORRA TODA, pensei.

Rasguei-o pedaço por pedaço chorando de raiva. Eu não via o que fazia, minha visão estava turva por culpa do choro. Eu simplesmente rasgava e amassava-o, e sentia todos olhando para mim.

Não havia pior sensação que essa.

Levantei-me ainda amassando tudo aquilo, eu só ouvia o barulho do papel, mais nada. O silêncio nunca me incomodou tanto. Joguei os pedaços amassados no chão com força e sai.

Agora, era eu que estava correndo para os jardins, aos prantos. A porta bateu atrás de mim.

Então, os burburinhos finalmente começaram.