Parents Again escrita por Carol Dantas


Capítulo 2
Cap. 2 - Attack, Momy, Good News and Failure


Notas iniciais do capítulo

Siiiim, eu sei que demorei, mas eu tô de volta meus amores e esse capítulo vai trazer muuitas emoções. Então, preparem o coração de vocês e nos vemos lá em baixo. Beijos.



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Abro os olhos lentamente sem saber como vim parar aqui. Olho ao redor tentando buscar detalhes que me mostrem exatamente onde estou. Aparelhos cirúrgicos, luvas, jalecos, maca, fios me ligando ao monitor de pulsação cardíaca. Aquele aparelho de barulho chato, que antes não me irritava, mas agora... Localizo também um ambiente amplo, claro e limpo, familiar até demais. Uma patética sala de hospital, um quarto para ser mais específica. O meu quarto de hospital.

Passo as mãos pelo rosto tentando acordar ou simplesmente saber se é real. Procuro um rosto conhecido, que possa me dizer exatamente o que está acontecendo, mas não encontro ninguém. Só existe um eu no quarto e isso me assusta um pouco. Não há movimentos além do bater de fechar e abrir meus olhos ao piscar, de barulho apenas o bip irritante da máquina e a minha respiração sôfrega, como se eu não estivesse aguentando a sensação de solidão... E eu realmente não estou.

Solidão é um dos piores sentimentos que se pode ter, mesmo estando em um momento difícil ou não. Ninguém te dá um abraço, um consolo, um colo ou um beijo na testa; você tem que enfrentar o que quer que seja sozinho, sem ajuda, sem nada. Eu não sei o porque disso estar acontecendo, se é grave ou não, mas eu não quero enfrentar sozinha, eu não quero ficar sozinha. Eu tenho uma família e quero-a comigo, eu tenho meus pais, meus amigos, tenho um filho lindo e tenho Peeta.

Eu não quero mais ficar aqui, porque lágrimas já escorrem por meu rosto sem permissão, meu soluço vira o som mais assustadoramente alto dessa terrível jaula que continua a me prender.

Porque eu estou aqui? Porque eu estou sozinha? Porque eu estou tão imersa em pensamentos negativos e nessa forma de ver o mundo com outros olhos, que não consigo ver o que está bem abaixo do meu nariz?

Sua família te abandonou!

Não! Minha família não faria isso, nunca, eles me amam.

Peeta te abandonou! O amor da sua vida te deixou!

Mentira! Ele não seria frio a ponto de algo desse tipo, ele me ama... Ele é o homem da minha vida, do meu sempre, ele jamais me deixaria... Ele não pode.

Puxo meus cabelos com força desnecessária, tentando inutilmente, tirar aquela voz horrenda da minha cabeça. Nada daquilo podia ser verdade, eu não posso perder alguém que eu amo. Ninguém!

Lágrimas jorram com muito mais força, sem que eu consiga, ou ao menos tenha controle de pará-las. Eu já não estou mais deitada, e sim, sentada com os joelhos dobrados, descabelada e chorando; como um típico cenário de um filme, onde, a adolescente psicótica luta contra seu demônio interior. Só que não sou uma adolescente, eu sou mãe, mulher e não posso ficar desse jeito. Tenho que me controlar.

Nessas horas que eu preciso de Peeta, seu sorriso, seu cheiro, seus olhos que me acalmam, seus braços ao meu redor, mas ele não está aqui e eu preciso dele, eu vivo por ele.

Ele nunca mais vai te ajudar!

Grito para que pare, não sei se só em pensamentos ou também da boca para fora. Tapei meus ouvidos com força contraindo os dedos involuntariamente. O soro em meu braço, que até então eu não tinha reparado, começa a incomodar, o choro embaça minha visão e meus soluços já não eram baixos como eu pensei que fosse.

A porta do quarto é aberta com extrema força e por lá, passam pessoas afobadas, correndo, como se eu fosse uma bomba prestes a explodir. Não duvidava que eu fosse uma, mas ao invés de correr para longe, eles correm em minha direção. Chamavam meu nome, me balançavam tentando chamar minha atenção. Eu os ouvia, reconhecia suas vozes. Meu pai, meu irmão e o marido de Annie, Finn. Mas nenhuma dessas vozes era realmente a que eu queria ouvir.

– Peeta, vem para o quarto da Katniss agora! Vem correndo! É urgente.

Provavelmente era Gale ao telefone. Com isso eu deveria relaxar sabendo quem vinha me ver e por saber que ele não tinha me deixado, mas não. Imagens, lembranças minhas com ele me rondavam. Nosso primeiro beijo, o pedido de namoro, nosso casamento e o nascimento de Nathan.

Ele não vai vir!

Grito mais uma vez, ainda mais alto, como se essa fosse minha única chance de fugir desse mundo e ficar em paz. Encolho mais o corpo ao ouvir a porta bater bruscamente em alguma parede quando se abre, mas relaxo ao ouvir meu Peeta.

– Katniss! – grita e percebo que mais alguém aparenta estar em pânico.

Todos se afastam de mim ao perceber que só Peeta pode fazer algo como me acalmar e o que eu mais queria é que ele o fizesse o mais rápido que conseguisse.

Finalmente seus braços rodeiam meu corpo e me permito chorar como nunca chorei. Desabei ali, como se ao seu lado, fosse o único lugar onde eu conseguisse ficar bem. A maca ganhava um peso a mais para sustentar quando Peeta se senta ao meu lado, me colocando em seu colo como se eu fosse um bebê a qual ele nina. Minha cabeça está apoiada em seu pescoço, minhas pernas sobre as suas, uma de minhas mãos está jogada em meu colo, enquanto a outras está apoiada em seu pescoço, como um abraço. Sua cabeça jaz apoiada na minha, seus braços em minhas costas para dar sustento, enquanto seus dedos fazem círculos confortáveis ali. Não duvido que seus olhos estejam fechados, como se com aqueles gestos, ele pudesse pegar toda a minha dor para si. Palavras tranquilas e doces saem de seus finos lábios, me dando a segurança que tanto preciso. Ali, percebi que Peeta jamais me abandonaria e eu faria o mesmo por ele.

– Está tudo bem meu amor. Eu estou aqui com você – sussurra quando meu choro por fim sessa e meu corpo cansado é acolhido pelo relaxante sono.

Quanto tempo deve ter se passado para que eu pudesse relaxar? Minutos, horas... eu não sei e não me importo. Peeta está aqui comigo finalmente, cuidando de mim como sempre faz e eu deixei que a inconsciência pela qual tanto prezei me domasse, pois eu sabia que quando eu acordasse, ele estaria comigo como em todas as noites.

~*~

– Mas porque ela estava gritando? E... E por quê ela estava daquele jeito? – perguntei ao médico que estava de olho na Katniss.

– Sr. Mellark, sua esposa provavelmente estava assustada com o fato de acordar em um lugar estranho a qual ela não está acostumada, sem saber como chegou até ali. Ela chegou desacordada no hospital. Talvez ela nem se lembre de que teve um desmaio, apenas que estava em casa – explica.

– Mas ela vive nesse hospital, ela trabalha aqui, devia reconhecer.

– Ela trabalha em um consultório, não em uma sala de emergência...

– O que ela tem? – perguntei interrompendo uma possível explicação médica que eu não entenderia. Sei que eu posso estar sendo grosso, mas eu só quero que isso acabe logo e que minha Kat fique bem.

– O exame de sangue ainda não saiu. Assim que puder eu mando entregar a ela. A Katniss tem comido direito? – pergunta.

– Ela pula algumas refeições – afirmo.

– Pode ser isso. Você vai ver que não foi nada demais. Assim que ela acordar, pode levá-la para casa. É só o senhor assinar os papéis da alta no balcão de atendimento – explica pondo as mãos no bolso do jaleco branco. Pelo menos ela está bem.

– Alguma recomendação?

– Só alimente-a bem e amanhã mesmo ela vai estar novinha em folha e pode trabalhar.

Assenti e deixei que ele fosse ver seus outros pacientes. Liguei para os pais da Katniss, que haviam ido embora algumas horas atrás, depois de fazer uma visita á filha que estava dormindo. Disquei o número de Clove, para saber de Nathan e ela respondeu que estava tudo sobre controle, dei notícias e logo eu já estava assinando os papéis da liberação de Katniss.

~*~

Dias Depois...

– Bom dia família – gritei já na cozinha, vendo Peeta e Nat tomando seu café da manhã.

– Bom dia amor.

– Bom dia momy.

Sorri, deu um selinho em Peeta e um beijo na testa de Nathan. Hoje faz quatro dias que sai do hospital e agradeço por isso. Meu amor cuidou muito bem de mim, não deixou que eu perdesse mais nenhuma refeição, me levou no colo para o quarto, no qual eu fiquei o dia inteiro, dormindo. Acordando sempre com beijos no rosto e com uma bandeja de comida no pé da cama. Peeta me fazia rir e quando eu estava acordada ele e meu filho, me faziam companhia.

Quando eu voltei do hospital, Nathan estava muito assustado, tive que explicar que fui fazer uns exames e que estava tudo bem comigo. Não mencionei nada do ataque de pânico, pois isso não é algo que se deve falar para uma criança e também porque agora já é passado.

Ontem no hospital, eu fui falar com meu amigo Brutus, que é um psicólogo, e ele disse que foi apenas um susto mesmo e que não era para se preocupar, talvez nunca mais acontecesse e eu murmurei algo como ‘’Isso é possível?’’ Na medicina tudo é possível e isso é algo que todos os médicos dizem aos pacientes diariamente. Então foi uma pergunta meio besta, já que eu digo algo desse tipo aos meus.

Momy, você vai me levar na escola hoje? – disse meu bebê com a boca suja de leite devido o cereal.

– Não baby. Hoje seu papai vai levar você. Mamãe, hoje, tem que ir mais cedo para o trabalho. Pode ser? – perguntei e ele assentiu voltando sua atenção para as bolinhas coloridas em seu potinho.

– O exame de sangue já chegou, Kat?

– Ainda não. Talvez chegue hoje. Qualquer coisa eu te aviso - olho para o relógio acima da pia da cozinha e constato que se eu não sair agora, chegarei atrasada na consulta – Tenho que ir agora meus amores. Se comporte na escola Nat.

Tchau amor.

Tchau momy.

Levanto da mesa e jogo no lixo o resto da maçã que eu estava comendo. Pego a bolsa e saio de casa, entrando rápido no carro e seguindo para o hospital apressadamente.

Isso de momy é a coisa mais fofa que meu bebê já falou. Nathan começou a ter aulinhas de inglês na escola. A professora começou a explicar as cores na segunda-feira e como meu filho é estudioso, perguntou como se fala ‘’mamãe’’ e como ele não conseguiu pronunciar de forma certa, ficou desse jeito. Momy. Tem coisa mais linda? Não, não tem.

Meu celular vibra dentro da bolsa e esperei algum sinal ficar vermelho para ver o que é. Quando pego, vejo que é apenas um lembrete da minha consulta com a Annie. Desligo e ao colocar na bolsa de volta, vejo o resultado do exame de sangue. Eu já o tinha recebido e tive um das melhores notícias da minha vida. Eu estou grávida e agora paro para pensar em como não fui perceber isso antes. Quando fiz as contas de a quanto tempo não menstruo, o resultado foi assustador. De quatro a cinco meses. Se fosse um ou dois tudo bem, mas quatro? Cento e vinte dias é demais.

Lembro que depois de fazer as contas, corri para ficar de frente ao espelho do meu consultório e levantei a blusa, vendo a protuberância mais que visível ali. Eu estava tão desligada assim? Minha sorte foi que, eu só estava usando roupas largas por estar me sentindo gorda. Chorei de felicidade, passando a mão por cima da minha barriga e vendo que estar gorda, naquela hora, tinha uma explicação.

Sorrio comigo mesma e finalmente tenho coragem de bater na porta da sala da Annie, minha mais nova obstetra.

– Katniss, o que faz aqui? – pergunta surpresa, levantando da cadeira e me dando passagem.

– Eu sou sua paciente das nove horas, Annie.

– Vo... você está grávida? – perguntou surpresa.

– De quatro meses, amiga! – digo e ela arregala os olhos, soltando logo depois um gritinho agudo. Largo a bolsa em uma das cadeiras da sala e rapidamente retribuo seu abraço.

– Vamos fazer um ultrassom. Agora!

Ela me puxa para uma parte mais reservada do consultório e manda-me deitar numa cama similar a uma maca. Ergo a blusa até o busto e vejo minha barriga em um maravilhoso formato arredondado. Um singelo sorriso cresce no canto dos meus lábios e vejo Annie sorrir junto.

Ela passa aquele gel quente, que me causa alguns arrepios, e desliza o aparelho por ali. Guio meu olhar para o visor e vejo uma imagem borrada que tanto me significa.

– Quer ouvir o coração? – pergunta mesmo já sabendo a resposta.

Assinto de leve e um dos sons mais perfeitos de todo o mundo, preenche o lugar. Lágrimas chegam aos meus olhos e não se escorrem ou não. O bebê é mais uma prova de amor entre eu e Peeta. Um pedaço meu e dele, está dentro de mim. O som do coração é algo tão simples, ao mesmo tempo simbólico e único, que aproveito até o último segundo e não escondo meu entusiasmo ao ouvir.

– Parece que seu bebê está contribuindo e não quer mais se esconder. Nós podemos descobrir o sexo agora. Que tal?

– Jura? – ela assente – Manda ver!

Ela remexe um pouco mais, amplia a imagem, faz isso e aquilo e finalmente dá seu veredito.

– Bom, parece que o Sr. Sedução Mellark vai ganhar uma princesinha – brinca.

Eu não acredito que vamos ter uma menina. Ela vai ser tão mimada pelo pai e irmão, tão bem cuidada. Finalmente deixarei de ser o sexo mais fraco daquela casa, já que os homens que comandam o lugar.

– Ann, você pode tirar uma foto do ultrassom pra mim? – pergunto limpando minha barriga com um papel.

– Claro.

Ajeito minha roupa, meu cabelo, pego a foto e me despeço de Annie. Aperto com força a foto borrada em meu peito e sigo feliz para minha sala. Pedindo logo depois para que minha assistente desmarque todas as minhas consultas hoje, já que agora é hora de fazer uma surpresa ao Sr. Sedução Mellark.

Horas Depois...

Já estava tudo pronto. Saí do hospital e fui à uma loja comprar um porta retrato que tinha escrito ‘’É uma menina’’ e em volta uns desenhos fofos como boneca, sapatilhas e roupinhas. Embrulhei e coloquei em cima da cama assim que cheguei em casa.

Não posso negar que eu estava nervosa, nunca fiz uma surpresa desse tipo, já que quando eu estava grávida do Nat, eu fiz todo àquele ritual de sapatinhos brancos na caixa. Mas agora vem uma menina, não posso fazer o mesmo, por isso, vamos inovar.

Não devia passar do meio dia, eu estava tão ansiosa e desesperada para que desse tudo certo que acabei enrolando demais. Pus um short jeans, um chinelo e um top branco, para que a minha barriga ficasse bem amostra. Era agora ou nunca... como Peeta trabalha a menos de cinco minutos de casa, eu tinha que ser rápida, então logo tratei de ver algumas partes de filmes tristes para que eu conseguisse chorar, os hormônios tem lá sua vantagem. Vamos assustar meu maridinho. Peguei o celular e...

– Peeta? – choraminguei.

~*~

Arrumei os papeis em cima da mesa e logo depois abotoei meu terno de trabalho. O dia estava quente e o pano pesado da roupa não ajudava muito. Tenho que agradecer a pessoa que inventou o ar-condicionado. Rio pelos meus pensamentos estúpidos e volto ao trabalho, meu celular me atrapalha um pouco e fico furioso por não poder terminar o que tenho que fazer, mas logo suavizou a expressão e fico feliz ao ver o nome da minha amada no reconhecimento.

– Oi amor.

– Peeta? – chama com a voz chorosa. Espera, chorosa?

– Katniss! O que tá acontecendo? – sobressalto e ando de um lado para o outro em minha sala, preocupado pelo o que pode estar fazendo minha linda chorar.

– Peeta, vem pra casa. Por favor! – soluça.

– Kat, o que houve? Fala comigo vai!

– Só... vem.

Ela desliga e eu saio correndo, sem me preocupar se meu chefe vai reclamar comigo por eu estar indo embora antes do previsto.

~*~

Cara, eu sou uma ótima atriz. Nunca pensei que eu pudesse ser tão convincente assim. Tadinho do meu amor, deve estar pensando que aconteceu realmente alguma coisa. Bom, na verdade aconteceu, mas não é nada de ruim.

Aliso minha barriga mais uma vez e sussurro ‘’Papai, já vem te ver’’. Fecho as janelas e as cortinas para que o quarto fique mais escuro e assim que escuto a porta da sala batendo, me escondo atrás do guarda-roupas que fica por uma brecha desencostada da parede. Ainda bem que eu ainda caibo aqui.

– Katniss!- grita quando entra no quarto.

Seguro o riso ao ver seu desespero, coloco a mão na boca e o vejo chamar meu nome mais vezes, bem mais calmo agora. Já que ele não me acha, segue seu olhar pelo quarto e senta-se na cama ao ver um embrulho. Curioso como é, não pensa duas vezes antes de abrir. Deslizando os dedos bem de vagar pelo papel verde fino. Sua testa se franze ao ver o retrato da nossa filha. Um sorriso feliz cresce em seu rosto e percebo que seus olhos ficam marejados ao ler o que está escrito. Puxa da parte de trás um papel branco com minha letra bem desenhada onde há escrito: ‘’Parabéns... papai’’

– Peeta? – sussurro ao sair de trás do armário e percebo sua dificuldade de me focalizar devido à escuridão, nada normal para o horário.

Chego perto o suficiente para lhe agarrar o pescoço, antes que ele perceba minha barriga voluptuosa e lhe tasco um beijo onde nossas línguas lutam em uma batalha sem vencedor, onde toda a nossa felicidade é solta com um pequeno gesto que nós tanto amamos. Suas mãos rodam minha cintura e percebo que ele sorri durante o beijo. Nos separamos ofegantes e olho em seus olhos, ajeitando com a mão livre a franja que cai em seus olhos.

– Uma menina? – sussurra não querendo acabar com nossa bolha de sentimentos.

– Nossa menina.

– Quantos meses, meu amor?

– O suficiente pra isso...

Não termino, apenas tiro suas mãos da minha cintura e levo-as para minha barriga e seu rosto se ilumina ao sentir o formato já grande da nossa garotinha. Sua cabeça se move para baixo, não me permitindo mais olhar para seus tão lindos olhos, mas sei que ele está feliz, eu estou, e nosso pequeno Nat também vai estar. Ele se agacha na minha frente e dá um caloroso beijo na nossa mais nova integrante da família Mellark.

– Oi bebê. Sei que sua mãe desnaturada não te percebeu antes, mas a gente te ama mesmo assim, afinal, tempo não qualifica amor.

– Nossa Peeta, obrigada pelo elogio.

– Sabe que eu te amo.

– Eu também te amo.

~*~

Alguns dias depois...

– Está tudo bem com minha bebê, Annie? – pergunto depois de um exame de rotina que minha melhor amiga/obstetra me consultou a fazer.

– Sim Kat. Mais saudável do que nunca – diz, mas não vejo um sorriso em seu rosto como sempre. Sua expressão é de preocupada e isso está me dando nos nervos, já que ela fechou a cara assim que entreguei-lhe alguns dos meus exames.

– Há algo errado Anns?

Pergunto e vejo-a suspirar de nervosismo. Ela pede para que eu sente em sua sala e a espere que logo ela aparece. Não sei se estou maluca, mas juro eu que a escutei soltar um pequeno soluço quando eu mantive uma distância segura de onde estávamos. Puxo uma das cadeiras de sua mesa e aguardo que ela chegue. Logo, ela aparece lutando contra as lágrimas que sei que estão presas por obrigação. Pelo jeito, ela não quer fraquejar na minha frente, mas por quê? Sua cara se fecha em um tom sério e ela respira fundo, sentando a minha frente e pondo as mãos sobre a mesa, entrelaçando seus dedos logo depois.

– Katniss, eu... hân... preciso saber se você tem medido sua pressão durante esse período de gravidez – fala tentando não desviar os olhos dos meus.

– Semana retrasada eu fiz um exame de pressão e hoje você mediu de novo. Mas qual é o problema? – pergunto preocupada.

– Bom... de acordo com seu histórico, depois que o Nathan nasceu... – gagueja.

– Annie?

– Katniss, quando você foi se deitar para fazer outro ultrassom, eu dei uma pequena olhada na sua ficha médica e... algo me deixou bem nervosa. Sua pressão não está conseguindo atingir o número certo e você como cardiologista deve saber melhor do que eu, que o normal seria 12 por 8, e a sua pressão tem estado cada vez mais baixa e...

– Annie Odair, para de enrolar e fala logo! – digo exasperada e temendo saber onde é que ela quer chegar.

– Katniss, você tem um histórico familiar em que sua mãe, seu pai, sua avó já falecida, tem uma doença chamado Insuficiência Cardíaca e... eu sei que você sabe o que isso significa, mas é algo muito grave em uma situação de gravidez como a sua. Você sabe que durante o parto, você pode sofrer uma parada cardíaca, sua filha pode já nascer morta... Katniss, desde que o Nathan nasceu, você ficou tão centrada e fazer tudo certo com a sua família, seu emprego, sua casa, que acabou esquecendo-se de si e não prestou atenção nesse pequeno/grande detalhe...

Parei de entender o que ela falava, assim que a primeira lágrima e soluço vieram à tona. Eu como cardiologista devia saber mais do que qualquer um o que está acontecendo. E eu sei. Durante o parto, um coração bombeia seis vezes mais e com uma ‘’insuficiência cardíaca’’ esse bombear a mais, pode fazer meu coração parar. Se parar no meio do parto, minha filha não receberá o tanto de oxigênio que precisa e pode morrer antes mesmo de nascer. Porque isso está acontecendo comigo? Sei que eu não sou a melhor pessoa do mundo, mas eu não merecia isso. Peeta, Nathan, meus pais, minha filha... ninguém merecia isso.

Sinto que Annie me abraça e eu retribuo com a mesma intensidade. Agora eu não posso ser forte apenas por mim, tenho que ser por todos que eu amo e dar a quem está ao meu redor os melhores cinco meses que me restam. Não vou chorar, não vou gritar, não vou ter raiva, nada disso vai fazer com que meu pobre coração fique da maneira certa. Ninguém pode saber disso, ninguém merece saber algo grave como o que está acontecendo agora, e eu vou juntar todas as forças que me restam para salvar minha filha.

Pensando bem, a vida é bem óbvia. Não se pode ser perfeito, não se pode ter e fazer algo perfeito. Tudo estava bem, mas nada permanece bem para sempre e é claro que eu como cardiologista, devia ter algum problema cardíaco, não?


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Notas finais do capítulo

Aaaah não me matem!! kkkk
Eu sei que eu fui meio cruel, mas esse era o objetivo. Espero que tenham gostado e comentem, mandem suas críticas, seus elogios e suas ameaças de morte