Summertime Sadness escrita por Pacheca


Capítulo 30
Healing Wounds


Notas iniciais do capítulo

Algum tempinho se passou ;) Penúltimo capítulo .q Tudo bem, ainda tenho mais um pra me despedir ;-; Estava ouvindo Holocene do Bon Iver (essa música é boa pra ouvir com tudo, pf) Espero que gostem :3



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– Ei, garota. – Me sentei de frente para a lápide, sorrindo. O sol brilhava forte, queimando minha nuca. – Tenho novidades.

Tinha virado costume meu. Continuar atualizando Claire das notícias sobre a escola, sobre a vizinhança, tudo. Ia à igreja todo fim de semana, sem assistir à missa. Rezava do meu jeito e então ia até o túmulo, conversar. Tinha feito isso pelos últimos seis meses.

– A escola convidou Michael para ser orador na formatura da turma dele. Escrever o discurso e tudo mais. – Abracei os joelhos, sorrindo. – Ele me contou que quer fazer algo no estilo carta, como se falasse com cada um.

Na verdade, era estranho pensar que Michael ficara tão meu amigo. Não era como com Claire. Ainda assim, a gente conversava bastante. E foi ele quem me ajudou a refazer a mecha. Rosa mesmo.

Ele e Kramisha, na verdade.

– Oh, e eu sai com Kram de novo. Levei ela no parque, igual você me sugeriu uma vez. – Dei um sorriso bobo. – Ela é incrível, Claire. Eu estou pensando num jeito legal de oficializar esse rolo nosso. Como diria você, namoro sério.

Kramisha me ajudava muito. Desde o enterro, ela tem me acompanhado para saber como eu estava. E claro que a dor perder minha melhor amiga nunca seria abafada por conseguir uma namorada. Mas amenizava um pouco. Deixava mais fácil de interpretar o que eu sentia e lidar com isso.

– Oh, e Lily conseguiu achar um cara disposto a fazer um álbum experimental com ela. Ele tem trabalhado para achar algum parente distante seu que permita o uso daquelas músicas que vocês duas gravaram. Quem diria, Claire Cooper uma cantora famosa.

Ri, olhando o céu. Ela queria escrever, não cantar. Mas ainda assim, podia ser reconhecida de algum jeito. E aquilo me enchia de um orgulho que me deixava feliz.

– E ela está conseguindo ficar em paz com a família dela. O pai aceitou ir às reuniões dos alcoólicos anônimos. E a mãe está apoiando a escolha dela. Elas ainda discutem, mas não é mais tão feio.

Kramisha me contara aquilo. Eu não convivia tanto com Lily para saber como era a relação familiar dela. Agora que eu andava saindo com Kram é que eu passei a ficar tardes na casa de Kram com Lily também.

– Oh, tem uma má notícia também. Keane descobriu recentemente que está com um problema no coração. Tipo, não é sério, mas ele ficou um pouco desesperado. A Carly o convenceu de que o tratamento não ia ser tão ruim, então ele ficou mais tranquilo. Ela anda cuidando dele, tem considerado fazer enfermagem.

Keane realmente não ia morrer por causa do problema, mas ele achava que seus dias estavam contados. Era até engraçado. Até Corey ficava zombando dele, de como ele era exagerado.

– Ah, e sabe aquela família que era amiga do seu pai? – O sorriso ficou meio triste. – William foi embora. Estudar no exterior. A mãe dele anda tão pra baixo. Minha mãe tem convidado os dois para irem lá em casa quase toda semana. William levou sua gatinha.

Eu confesso ter esquecido da bichinha por um tempo. Um mês depois do acontecido, Keane estava voltando para casa e achou a gatinha magrela andando perto da casa. Ele achou curioso a bichinha ficar tão por perto e me chamou para ver.

Expliquei que era a gatinha que eu e Michael tínhamos conseguido para Claire, algum tempo atrás. Keane tinha alergia, não podia ficar com ela. Michael não podia ter animais no orfanato. E eu não sabia se conseguiria ficar com Breeze sem lembrar de Claire.

Foi num desses dias em que eu estava caçando um novo dono para a gatinha, já que Lily não tinha condições e Kram já tinha a cachorrinha, que eu encontrei William.

Ele quem me reconheceu primeiro. E depois de alguma conversa, ele se ofereceu para adotar Breeze. Fiquei feliz com a proposta e a entreguei nos braços dele.

– É, acho que é isso. – Dei de ombros, vendo se tinha mais alguma notícia. Como nada me veio a cabeça, fiz a pergunta que sempre fazia antes de ir embora. – E você, hein? Como é ai? Está feliz?

Eu esperava que algum dia eu pudesse ouvi-la respondendo a última com um sorriso e um sim. De novo, fiquei em silêncio. Nada.

– Espero que não tenha se arrependido. – Fiquei de pé, limpando a calça com a mão. Peguei a carta que Michael me entregara e a deixei perto da raiz, a pedido dele. – Te vejo semana que vem.

E depois daquela despedida, eu coloquei as mãos nos bolsos e sai do cemitério. Voltei para casa. Tinha combinado de sair com Kramisha dali duas horas. Fui tomar banho, com aquela sensação de peso no peito que eu sempre adquiria depois das visitas.

Era a dor voltando. Não que eu tenha conseguido esquecê-la. Mas com o passar dos dias, eu aprendia a conviver com aquela dor chata. Só que nos dias de visita, ele reemergia.

Abri o chuveiro e fiquei feito uma moça, chorando debaixo da água que caia. Mas era relaxante. Doía, mas me deixava feliz.


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Notas finais do capítulo

Pois é...só mais um ^~^



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