Summertime Sadness escrita por Pacheca


Capítulo 27
More Than Words


Notas iniciais do capítulo

Eu ia postar ontem, mas a internet aqui em casa estava uma bela porcaria, então deixei pra hoje :) Capítulo do Michael :3 A música do capítulo é More Than Words do Extreme (que é uma música de amorzinho tbm que eu amo xD )Espero que gostem :)



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Limpei a garganta enquanto Lily se preparava para tocar. Todo mundo olhou para mim, inclusive Kramisha. A menina tinha voltado a chorar, apertando o nó na minha garganta.

– Eu queria...ler...uma carta... – Nunca tinha feito isso na vida, falado meus sentimentos assim para um monte de gente. Ainda mais ler uma das minhas cartas.

Tremia. Muito. As letras no papel começavam a se misturar umas nas outras, de tanto que meus dedos sacudiam a folha. Tia Patti tinha vindo comigo, sorriu para mim.

Claire...

Não sei o que dizer. Digo, de verdade, estou encarando essa página tem, pelo menos, uma hora, mas ainda não consegui escrever nada. Bem, nada além disso.

Não consigo começar...O que eu poderia falar? Que eu devia ter percebido? Devia ter ajudado? É, eu devia. Deve ser por isso que eu não consegui me olhar no espelho essa semana. Eu não quero ver um cara covarde me encarar de volta.

Quando o Derek me falou, eu não soube o que pensar. Que você foi embora levando segredos meus, levando segredos seus, levando um pedaço de mim...Você levou. Um pedaço de mim que eu nem sabia que precisava para ser completo.

Desculpe por essa carta horrorosa, acho que é a pior que já escrevi, só que eu não sei como organizá-la, como escrevê-la de outro jeito. A caneta nesse momento está passando a limpo um diálogo imaginário que já tive algumas vezes depois de ler sua carta.

Que aliás, obrigada por dizer adeus assim...Parece que você aprendeu bem meu intuito com elas.

Nunca ter que ouvir resposta. Era esse meu intuito.

Só que você me respondia. Quem vai me responder agora?

Eu vou escrever mais depois. Vou continuar te mandando as cartas, ok?

Por agora, eu só queria dizer que vou sentir sua falta. Como a garota estranha que fugia para a floresta do lado da igreja para conversarmos aos domingos. Falta da garota que me enviava cartas de volta...Minha amiga.

Minha garota.

Me desculpe por te deixar ir assim...

Michael.”

Era difícil ler as últimas linhas. A carta tinha sofrido bastante, pra falar a verdade. Principalmente porque eu quis desistir dela várias vezes. A ponta dela estava até queimada, eu já tinha começado a queimá-la. Só que eu tinha que tirar aquilo de dentro de mim.

Tia Patti me abraçou com os braços gorduchos dela. E sob os olhares de todos os ali presentes, eu comecei a chorar. Tia Patti murmurava no meu ouvido, passando a mão na minha cabeça.

– O demônio finalmente chorou. – Aquilo de algum jeito me deixava com mais vontade de chorar. Joguei o papel amassado e queimado, e agora borrado de lágrimas, sobre o caixão e retribui o abraço de tia Patti.

Olhei na direção da raiz. Raiz dela. Minha. Nossa. Eu já tinha beijado Claire ali. Eu tinha tentado mostrar como eu me importava com ela. Queria seu bem. E mesmo assim, ela escapou pelos meus dedos, feito areia da praia quando brincamos.

– Eu devia ter feito mais, tia. – Falei, e ela acariciou mais uma vez o topo da minha cabeça.

– Michael, você tem o dom das palavras. Deu o que tinha de melhor.

– Não foi o suficiente, tia. Se eu tivesse algo a mais ela talvez estivesse viva. – Minha voz enquanto eu chorava era realmente patética.

– Isso não significa bem, meu querido. – Ela me soltou e segurou meu rosto. – O mundo podia ter muita coisa diferente. Talvez, e se, são situações hipotéticas. Não são reais.

Voltei para o abraço seguro de tia Patti, olhando para Kramisha. Ela secou o rosto, olhando na direção da raiz. E se virou para mim e falou sem fazer qualquer som:

“Ela te amava. Só tinha medo.”

Não faço ideia de como ela poderia saber disso, ou imaginar, mas decidi aceitar aquilo como um fato proclamado. Deixou a parte que sentia raiva de mim mesmo um pouco mais calma, e deixou meu coração mais leve.

– Vai encontrá-la um dia, meu bem. – Tia Patti falou, sorrindo.

Nunca parei para pensar o que eu achava da morte. Podia ser apenas um nada. Podia ser como os filmes mostram, sociedades divididas em céu e inferno. Ou podia ser só um lugar de espera. Um parque. Nossa raiz.

Concordei com a cabeça, voltando a chorar feito uma mocinha. Eu esperaria aquele dia pacientemente. O dia em que eu poderia, pelo menos, me desculpar por ter fingido que não vira.


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Notas finais do capítulo

Próximo é da Lily ^~^



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