Concentrar-me nas aulas dos outros dias foi bem difícil, ainda mais quando certas pessoas ficam te seguindo basicamente a manhã inteira. Chester e seus amiguinhos novos, Scott e Ian, ficaram me seguindo o dia todo.

O que me deixou bem irritada.

– Vocês podiam parar, só acho!

– Não precisa se esquentar boneca, somos boa companhia.- Scott se gaba e eu reviro os olhos.

– E como.- digo sarcasticamente.

– A culpa não é minha se você e nosso amigo Chester não conseguem resolver o relacionamento de vocês.

– Eu já disse, nós não temos nada, só problemas familiares e gerais.

– Gerais?

– Que envolvem a todos.- reviro os olhos.- Olha, não quero que me sigam, eu estou bem, sei me cuidar, Zabini não vai fazer nada comigo.

Chester anteriormente havia dito que provavelmente sabia quem era o outro Comensal além de Draco, e ele havia dito que era Zabini e por isso Draco e ele andavam mais juntos. E por isso Blásio começou a me infernizar.

Mas como Chester é louco (e eu posso deduzir de quem ele tirou essa mania de perseguição) decidiu colocar dois cães de guarda pra me seguirem, Scott e Ian, seus dois novos amigos da Lufa Lufa.

– Olha, eu realmente tenho que ir para o meu dormitório, vocês me seguindo me deram uma dor de cabeça, sem contar na aula de Poções.

– Tome cuidado.- Chester diz antes de ir, o que achei estranho, ele ficou calado basicamente os outros dias inteiros.

Olho para trás e vejo os três indo embora, Ian olha para trás e sorri apenas com os lábios para mim. Sei que eles estão tentando me proteger, mas quem poderia os proteger? Eu? Talvez, mas eu não era mais forte como antes.

Olho para os lados e me vejo sozinha, e sorrio friamente para mim mesma, as coisas estavam estranhas e eu precisava ser forte, eu sabia que ia mudar, mas não radicalmente.

Subo as escadas para a torre leste, o salão comunal da Grifinória, um único lugar onde posso chamar de refugio. Enquanto subia me lembro de quando esbarrei em Draco, eu sentia falta de falar com ele. Eu sentia falta de tantas coisas que se saudades matasse eu já estaria morta.

Quando chego Hermione estava saindo com Harry e Rony, e ambos os três pareciam se assustar comigo.

– Susie, meu Deus, esta tudo bem?.- pergunta Hermione preocupada.

– Está.

– Bem, você parece um pouco abatida.

– Vem com a gente.- diz Harry com um sorriso. Dou e ombros e sigo os três.

Fomos para o grande salão esperar a correspondência, enquanto andávamos pelo corredor dou de cara com Tonks, olho duas vezes para ter certeza de que não estou maluca, mas ela apenas balança a cabeça fazendo sinal para eu seguir em frente. Olho para Harry confuso mas ele nem sequer me olha de volta, nos sentamos no canto da mesa da Grifinória.

Hermione e Rony começam a falar sobre alturas e outras coisas, como o fato de Harry não devolver o livro do Príncipe Mestiço a Slughorn, e pelo que pude perceber ele estava indo bem nas aulas, melhor do que Hermione, outro assunto era o descobrimento da prisão de Lalau o condutor do Nôitibus que pelo que pude perceber Harry conhecia. Eu sinceramente esperava nomes conhecidos como, Bellatrix, Travers ou até mesmo Dominique Mckinnon.

– Soube de Ana Abbott, Susie? – pergunta Rony.

– Pra ser honesta não, pelo que me lembro faltei a algumas aulas de Herbologia.

– Chamaram Ana para conversar, encontraram a mãe dela morta, não a vimos mais nas aulas.

– Esta tudo virando de cabeça para baixo.- digo passando a mão na cabeça e olhando para meus joelhos.

– Eles estão atrás de pessoas inocentes e que estão contra a alguma causa.- diz Harry.

Quando deixamos a mesa da Grifinória, cinco minutos depois, para irmos ao campo de quadribol (para os testes do time, que eu havia esquecido completamente), passam por nós Lilá Brown (eca) e Parvati Patil.

Lilá piscou para Rony que piscou várias vezes, tentando acreditar, e mudou seu modo de andar, como um pavão pomposo tentando se mostrar. Harry conteve o riso e eu me escondi atrás dele para não mostrar meus dentes, já que eu não havia conseguido me concentrar. Hermione, no entanto, assumiu um ar frio e distante durante a descida para o estádio sob a chuva fria e nevoenta, e saiu para procurar um lugar nas arquibancadas, sem desejar boa sorte para nenhum de nós.

Fui no vestiário me trocar rapidamente e quando voltei me surpreendi com o fato de metade da Grifinória ter comparecido.

– Susie, venha aqui.- vou em direção a Harry e Rony e eles estavam com uma lista. Começamos a conversar sobre o pessoal e o treino quando um rapaz robusto de cabelos duros nos interrompeu.

– A gente se encontrou no trem, no compartimento do velho Slugue.- disse o rapaz, confiante, destacando-se da multidão para apertar a mão de Harry.- Córmaco McLaggen, goleiro.

– Você não fez teste o ano passado, fez?.- perguntou Harry, notando a corpulência de McLaggen, o que me fez rir um pouco.

– Eu estava na ala hospitalar quando fizeram os testes — disse McLaggen, expressando segurança.- Comi meio quilo de ovos de fada mordente para ganhar uma aposta.

– Nossa, isso que é um belo jeito de mostrar responsabilidade.- digo e Harry me da uma cotovelada leve na costela, o que me faz olhar feio.

– Tudo bem, vamos começar os testes.

Como eu havia imaginando os testes duraram uma parte da manhã inteira, pelo que Harry havia dito, eu, Gina, Katie e uma novata chamada Demelza Robins, que me simpatizei de cara, acabamos conversando no final do treino e percebei que ela era uma boa pessoa.

Harry deixou os testes para os goleiros no final e eu me animei pelo fato de ter que fazer gol no Córmaco, eu o achava nojento. Mas dos cinco gols, ele só agarrou quatro, e vocês devem imaginar de quem ele não agarrou. Mas percebi que ele parecia confuso e foi instantaneamente para o lado, deixando a bola passar totalmente.

Rony o vencera, e eu estava tão feliz que quando descemos da vassoura fui abraça-lo.

– Parabéns Rony, aquilo foi incrível.

– Obrigada mas, você me abraçando? Esta se sentindo bem?

Dou um soco de leve em seu braço e envolvo seu pescoço o fazendo rir. Córmaco passa por nós com cara de poucos amigos para cima de Harry.

– A irmã dele não se empenhou de verdade.- disse McLaggen em tom de ameaça.— Ela facilitou para o irmão.

– Besteira — replicou Harry friamente.- Esse foi o que ele quase perdeu.- McLaggen chegou mais perto de Harry, e eu quase fui para cima dele se Rony não tivesse segurado minha mão.

– Me dá outra chance.

– Não, você teve a sua chance. Defendeu quatro. Rony defendeu cinco. Rony é o goleiro, ele conquistou o lugar honestamente. Saia da minha frente.

Depois daquela cena medonha de McLaggen, a nova equipe fora parabenizar Harry.

– Você foi genial, Rony!.

Desta vez era realmente Hermione que vinha correndo das arquibancadas. Vi meu amigo com o maior sorriso que eu já havia visto, Rony parecia extremamente feliz e parecia até mais alto do que o normal ao se virar sorrindo para o time e para Hermione.

Depois de Harry marcar o primeiro treino para a quinta-feira seguinte, os três foram ver Hagrid e eu fui para o vestiário trocar de roupa, fui conversando com Demelza enquanto isso, ela era uma pessoa boa.

– Sempre admirei você Susie, não sei como consegue jogar tão bem.

– O que é isso, temos um time ótimo, não é só eu que jogo, Gina também e boa, e você também, me surpreendi com você hoje no treino.

– Percebi que eu, você e Gina formamos um bom trio, fizemos aquela marcação muito bem, se mantermos isso acho que conseguiremos botar medo nas outras casas.- Demelza diz com certa firmeza e sem querer vejo a Susie de antes.

Corajosa, competitiva, sem medo de se machucar. Aquilo era estranho, eu não me sentia mais assim.

Quando saímos do vestiário, Demelza segue seu rumo com um grupo de pessoas do time e eu sigo o meu, mas sozinha, sorrio para o grupo de alegres grifinórios que estava ao meu lado.

Enquanto andava pelos corredores sinto uma mão segurar meu ombro, pego a varinha rapidamente do bolso e aponto para a figura, e me surpreendo ao ver Harry.

– Susie...é...bem...eu.

– Harry, meu Deus, me desculpa, sinto muito eu não queria...- não sabia como explicar que eu estava completamente louca.

– Não, eu te assustei, não tem problema.- abaixo a varinha e a guardo no bolso.

– Sinto muito, eu ando muito nervosa ultimamente.

– Por causa dos Comensais? – Harry para um pouco e olha para o chão.- Por causa de Travers?.

Olho para Harry lentamente, e tento permanecer focada em seus olhos verdes, mas não consigo, por mais bonitos que sejam.

– Não é só isso, eu estou com medo, não me sinto mais como antes, não sou mais...eu.

– É sim, ainda consigo te ver Susie, só que você às vezes se esconde, não sei se é por medo, não sei se quer tentar ser diferente, mas você não pode deixar se abater, eu te conheço, Susie, você é incrivelmente forte, decidida, você ajuda quem precisa, não desiste, eu te admiro por isso, sei que você sente vontade de correr, fugir e desistir, mas eu acredito em você.

Sorrio para Harry que retribui.

– Harry, eu não sei o que dizer, obrigada.- sem querer deixo uma lágrima cair, limpo meu rosto depressa para Harry não perceber.

– Tudo bem, não quero que chore, só quero que volte a ser a Susie.- ele sorri.- Mas pode deixar o cabelo assim, eu gosto desse novo visual.

Dou um soco de leve em seu ombro, como fiz com Rony, e Harry me abraça. O calor de seu corpo faz com que eu me sinta confortável em seus braços, e eu sorrio, ele me aperta mais contra si e eu faço o mesmo.

Como uma pessoa consegue ter um abraço tão confortável e seguro?.

Harry então faz com que eu incline minha cabeça e beija a ponta do meu nariz, me fazendo rir, ele me solta e segura a minha mão.

– Espero que esteja mais calma, tenho muitas coisas para te contar Susie.