Domesticado escrita por Jo MH3


Capítulo 3
Olá, Mundo Cruel




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Klaus não percebeu que o carro havia parado até que este tornou a se mover. Estivera muito perdido em seus pensamentos para sequer notar o que estava acontecendo.

Stefan estava fuzilando-o pelo retrovisor, parecendo furioso. Rebekah parecia preocupada e Caroline... Caroline parecia doente. Ele estudou-a longamente: Estava pálida, engolia em seco e seu rosto tinha um tom cinzento-esverdeado que ele não gostava.

– Você está bem? - ele perguntou, colocando uma mão na dela. Não por que ele se importava, com certeza não por isso, mas sim porque ele não podia permitir que Stefan desconfiasse. E já estava bem na cara que o estranho Klaus daquele mundo era apaixonado por Caroline.

– Sim. - ela suspirou, amuando junto à porta e fechando os olhos. Klaus sentiu vontade de revirar os olhos e mandá-la parar de ser um bebê chorão. Novamente, não podia fazer isso, então apenas entrelaçou os dedos nos dela e tornou a ficar quieto.

Rebekah não falou o resto do percurso, o que era ótimo, pois ele já não tinha paciência para ela.

O Salvatore parou junto a uma casa branca. - Chegamos. - anunciou Rebekah, como se isso não fosse óbvio, saindo do carro e sorrindo.

Caroline se endireitou, usando uma mão para se firmar quando saiu do carro. - Então... Umm... Kol está vindo de onde mesmo? - questionou, tentando não deixar muito na cara de que não sabia nada sobre o que estava acontecendo.

– Los Angeles. Ele foi passar uma temporada lá para fotografar, mas já está de volta. Jeremy foi buscá-lo no aeroporto.

– Jeremy Gilbert?

– Uhu, eles estão namorando já faz um ano e meio. - Rebekah revirou os olhos. - Ai, ai... Quem esperaria, não? Meu irmão, todo garanhão, completamente apaixonado por Jeremy Gilbert... - ela não deu muita atenção para o choque que se espalhava pelo rosto de Caroline.

Rebekah falava muito rápido, não se concentrava demais em uma coisa e rapidamente se irritava. Então ela não estava prestando atenção no jeito estranho que Forbes ostentava.

– Ei, vocês chegaram! Finalmente! - a voz de Elena invadiu os ouvidos de Niklaus. Ele desviou os olhos do chão, que estivera analisando distraidamente, bem a tempo de ser abraçado.

– Elena... - começou, confuso, mas ela o soltou de imediato.

– Vá para dentro, Damon está lá com a Miranda.

– Miranda...

– Vai! - a morena o empurrou para dentro da casa, revirando os olhos. Katherine, que seguia de perto a irmã, lançou-lhe um olhar gelado, desconfiado.

– Care! - Elena abraçou então Caroline.

A loira fechou os olhos, aliviada por estar sendo abraçado por alguém que realmente era seu amigo. Elena a soltou, sorrindo. - Você estava certa, ficou per-fei-to! - anunciou. - Graças a seu estilo e todo seu TOC a festa ficou incrível! - ela sorria de orelha a orelha.

Stefan e Rebekah acenaram para as irmãs antes de entrarem na casa, cuja porta estava escancarada. Imediatamente o sorriso de Elena sumiu.

– Caroline, você pode começar a falar o que aconteceu. - ordenou, cruzando os braços sob o peito e erguendo as sobrancelhas de um jeito prepotente.

– Não tem nada para falar... - disse a loira, sentando-se no capô do carro de Stefan, olhando para o chão.

Mentira! - a voz de Katherine ficou aguda. - Você estava em pânico hoje de manhã! Pânico!

– Olha, gente...

– Ele machucou você, Care? Você não precisa ficar com medo de falar, nós somos suas amigas... E sabemos que Klaus não tem o melhor temperamento do mundo.

– Ele não me machucou. - Caroline cortou, antes que as palavras de Elena a levasse às lágrimas. - Eu... Eu não sei o que aconteceu hoje. Tive um ataque de pânico e... E eu tive um pesadelo... - as mentiras se enrolavam em sua boca, sufocando-a.

– Eu... Ele... - gaguejou, seus olhos enchendo de lágrimas. - Kl...Nik não fez nada. - ela se corrigiu antes de chamá-lo de Klaus, afinal, tinha que parecer convincente.

Katherine ainda parecia desconfiada, mas não tanto quanto antes. Os olhos castanhos de Elena estavam cheios de ternura e preocupação. - Shh... Eu sei como é, ok? Eu sei como é acordar e estar em pânico, aconteceu isso comigo também, antes de me casar com Damon. - ela abraçou a amiga. - Mas no final você vai perceber que esse medo é bobo, Care. Nós sabemos que você e Niklaus se amam, e você sabe disso também, não sabe?

Caroline gelou. Não o amava, não gostava dele... Tinha medo dele, tinha horror a ele. Ela queria que ele queimasse, que agonizasse... Queria isso com tanta intensidade que chegava a doer.

– Sei. Eu sei que o amo. - ela mentiu, as palavras soando vazias e geladas. Elena sorriu. - É só isso que importa. - falou, beijando o topo da cabeça da amiga. - Bom, vamos entrar! Jer vai chegar logo e ele vai ficar todo irritado se estragarmos a surpresa para o Kol. - brincou.

– Ah, Jer é uma bicha. - zombou Katherine, rindo e seguindo as duas para dentro da casa.

Caroline olhou em volta, franzindo as sobrancelhas. A casa era um pouco menor do que a dela, deles, mas era bem mais aconchegante. A sala era pintada de violeta e tinha uma foto, em cima do raque, de Damon e Elena abraçadinhos.

Ela sorriu, não gostava de Damon, mas essa estranha versão dele parecia ser um cara muito agradável.

– Você sempre adorou essa foto, não? - suspirou Elena, parando ao lado dela. Caroline não precisou mentir para concordar, afinal, era uma foto muito bonita. - Damon tinha acabado de sair da clínica nesse dia... - suspirou.

A loira franziu as sobrancelhas. – Clínica?

– De reabilitação... Ai, ai... Ele se arrepende até hoje pela história de vocês.

Caroline não esperava que nesse mundo sua relação com Damon também fosse abalada. Achava que, como tudo era tão bonitinho, ela seria apenas uma amiga dele. Aparentemente não. - Sério...?

– Sim. - Elena suspirou. - Ele sente culpa pelo o que fez com você... na época obscura dele... E é por isso que eu fico tão feliz por vocês serem amigos agora, sabe? Embora você não tivesse motivos, você o perdoou e isso deixou-o tão feliz, tão aliviado...

– É verdade, Care.

Caroline deu um pulo, assustada. Damon sorriu para ela. - Eu... Err... - ela gaguejou, corando. Percebeu então que o Salvatore carregava uma menininha.

Ela devia ter uns três anos de idade e tinha os olhos azuis dele, os cabelos castanhos de Elena. - 'Lena, você pode pegar a Miranda um pouco? - ele pediu, entregando a filha para a esposa e tornando a olhar a loira.

– Claro. Vou ligar para a Bonnie de novo, ela tem que parar com essa birra e vir logo. - falou a morena, saindo de fininho.

Caroline mordeu o lábio inferior, constrangida. - Então...

– Kat comentou que você está com uma amnésia temporária. - ele falou, colocando as mãos nos bolsos.

– Katherine é uma fofoqueira. - reclamou, corando quando percebeu que ele ria de seu comentário. - Que birra? - ela questionou, tentando mudar de assunto, se referindo a Bonnie.

– Ah... Bom, Jeremy era namorado dela, lembra? Bonnie ficou bastante ofendida quando ele pediu um tempo e, depois de fugir para Denver, anunciou estar namorando o Kol.

– Ah, certo. - a imagem de Jeremy homossexual ainda não entrara em sua cabeça. O mais novo Gilbert já fora muitas coisas: emo; viciado e revoltado; suicida; um bom irmão... Mas nunca gay.

– É... Bom, não posso exatamente culpar o Jer. Bonnie consegue ser bastante insuportável...

– Ei! - Caroline o cortou antes que percebesse o que estava fazendo. - Bonnie é minha amiga, se você esqueceu! - alertou. Damon pareceu espantado com a reação dela, mas revirou os olhos e deu de ombros.

– Relaxe, Barbie, ela é amiga de todos nós... Isso não quer dizer que eu adore ela. - explicou-se. - Não sei como o Donavan conseguiu casar com ela...

– Matt?! - a voz de Caroline subiu uma oitava. O moreno estreitou os penetrantes olhos azuis, desconfiado, mas concordou. - Eles foram os primeiros de nós a se casar... Todo mundo achava que seria eu e 'Lena, mas eles foram para Vegas... E o que acontece em Vegas geralmente fica em Vegas, mas Bonnie e Matt voltaram com um anel, então isso acabou sendo meio impossível...

– Poxa, isso é novo... - ela murmurou, surpresa.

– Eles nem namoravam... Você quase teve um surto quando soube que eles se casaram em Vegas. - Damon sorriu, presunçoso. - Afinal, a expert em eventos é você.

~*~

Klaus foi empurrado para um quarto de criança.

Stefan tinha uma expressão enfurecida. - O que tem de errado com você? - rosnou o Salvatore, cruzando os braços. O outro apenas piscou, confuso: Não sabia se era amigo ou não de Stefan, não sabia nem mesmo o motivo pelo o qual o homem parecia tão bravo.

– Você está agindo como um babaca! Achei que já houvéssemos passado dessa fase, não? - reclamou o rapaz. - Elijah já me contou o que viu essa manhã, Katherine não poupou acusações da parte dela... Se você encostou um dedo que seja em Caroline eu juro que vou te matar. - Stefan estava quase rosnando.

– Guarde um pouco para mim, mano. - a voz de Damon fez o sangue de Klaus ferver. - Caroline parece bastante abalada, Mikaelson.

– Eu não encostei nela! - gritou o original, irritado. Pois bem, não era exatamente mentira, certo? Ele tinha sim mordido-a no outro mundo, mas no atual não tinha feito nadinha...

– Certo. - Damon pingava sarcasmo. - Então por que diabos ela não está usando o anel de noivado?

– E por que ela passou mal?

– E parece em pânico o tempo todo? - os irmãos se completavam, irritados.

– Olha... - começou o homem, se controlando para não estourar. Sentia o vampiro por baixo de sua pele, mas era apenas humano... - Eu não encostei nela. Caroline acordou em pânico hoje, tentou me furar com uma colher e quando Elijah e Katherine nos encontraram, eu tinha finalmente conseguido arrancar a colher de sua mão e ela estava tendo uma crise de histeria. - novamente, não estava mentindo.

– O anel?

– Eu não faço a menor ideia de onde está meu anel e duvido que ela saiba onde está o dela. - admitiu. - E também não sei por que ela passou mal, vai ver ficar no carro a deixou enjoada... - francamente, não se importava.

Damon parecia desconfiado, mas não se sentia no direito de julgar Klaus. Não depois de tudo que ele mesmo já fizera a amiga passar por. Stefan, por sua vez, embora parecesse irritado, já fora convencido. Ele conhecia o amigo, afinal, eram melhores amigos, e não achava que Niklaus feriria Caroline.

Nik tinha um temperamento do cão, verdade. Fora preso duas vezes por agressão, mas Stefan se lembrava muito bem de ambas e sabia que Klaus não procurava briga, ele apenas não recuava. O Salvatore sabia também que seu amigo nunca fora tão calmo, tão estável... Caroline fizera isso com ele e Stefan não achava que Klaus a machucaria.

– Certo. Damon, não acho que Nik machucaria Caroline. - falou o mais novo Salvatore. Damon olhou-o como se fosse louco, mas concordou com um muxoxo desgostoso e saiu, pisando forte.

– Stefan... - começou Klaus, mas o outro o interrompeu.

– Nik, eu conheço você, beleza? E eu acredito quando diz não encostaria nela... Mas Caroline não está bem. E todos nós nos preocupamos com ela, você sabe disso. Katherine está furiosa com você, ela acredita piamente que você machucou-a. Elijah acha que você está meio desequilibrado e que Caroline estava em pânico demais para ter sido só uma coisinha ordinária.

– O que você acha, Stefan? - Klaus já percebera que sua amizade com o Salvatore, naquele mundo, fora preservada.

– Eu... Eu acho que você é louco por sua noiva e que nunca a machucaria... Mas também acho que aconteceu alguma coisa com ela e de que vocês estão muito distantes. Vocês brigaram de novo? - questionou.

Klaus franziu as sobrancelhas. - De novo? - ecoou.

– Bom... - Stefan parecia um pouco constrangido. - Vocês têm brigado bastante ultimamente... Desde o noivado, eu diria. - explicou-se.

– Não brigamos... Ela só ficou um pouco histérica e minha memória anda meio falha... de nervoso, sabe? Essa história de casamento está mexendo com meus nervos.

– Bom, não me casei recentemente. - brincou. - mas posso imaginar pelo o que vem passando. - ele deu de ombros, sorrindo torto. Klaus sorriu, era fácil relaxar perto de Stefan, já que haviam sido amigos em outro mundo.

– Melhor eu descer. - falou Stefan. - Antes que Rebekah tenha um piti por que sumimos.

– Você e Bekah, hein? Quem diria, Stefan...

O Salvatore franziu as sobrancelhas, achando estranho seu melhor amigo ter esquecido de sua relação com a irmã dele, mas relevou. Nik vinha passando por muita coisa.

– Já fazem uns três anos que nós estamos juntos. - ele esclareceu. - Começamos a namorar no casamento de Damon e Elena... Mais ou menos na mesma época que Elijah pediu a Kat em casamento.

Klaus suspirou. - Parece que todos nós nos ajeitamos, não? Eu e Caroline. - suas palavras tinham um gosto estranho. - Você e Bekah, Elena e Damon, Elijah e Katherine...

– Kol e Jeremy.

– Umm... certo, Kol e Jeremy. - Niklaus achava hilário que seu irmão, seu irmão que sempre afirmara ser o mais hetero da família, que sempre provara ser, acabasse namorando um homem.

– Bonnie e Matt.

Klaus não sabia sobre esse casal, mas realmente não achava-os interessante o suficiente para sequer ter uma reação. Ele apenas acenou, concordando.

Desceram as escadas e saíram da casa, rumando para o jardim. Elena estava falando ao telefone, na cozinha, e Katherine estava conversando em voz baixa com Damon, que tinha a filha nos braços.

Elijah estava conversando com Rebekah e Caroline. Na verdade, sua noiva não estava conversando, mas sim ouvindo seus cunhados falarem.

– Hey honey... - ele ouviu Stefan suspirar, abraçando Bekah pelas costas e beijando-lhe a bochecha. Caroline sorriu para os dois, fazendo Klaus querer revirar os olhos. Incrível como ela podia se encantar tão facilmente por coisas tão melosas.

– Eles chegaram! - anunciou Elena, gritando, vindo para o jardim. - Todo mundo quieto! - ordenou, animação deixando suas bochechas coradas.

Klaus caminhou tranquilamente para o lado de sua noiva, que parecia um pouco perdida.

Kol esperou pacientemente enquanto Jeremy abria a porta do carro.

– Jer... Você pode me explicar por que está me raptando? - questionou, sentindo as mãos do outro em seus ombros. Estava vendado.

Kol Mikaelson acordara em um avião, sentindo-se perdido e completamente atônito, percebendo que era humano. Não queria admitir, mas talvez tivesse tido uma reação um pouco exagerada... Enfim, ele tivera tempo suficiente para se recompor antes do pouso.

Tamanho não fora seu choque quando Jeremy Gilbert o atacou sem pudor, tão logo pisou em terra. Mais ou menos nessa hora ele percebera que era gay. E então o rapaz o vendara e o arrastara para o carro.

– Shhh... Fique quieto. - reclamou o Gilbert, embora Kol pudesse ouvir o sorriso em sua voz. - Estamos quase lá.

– Lá?

– Shhhh!

Kol teria revirado os olhos, se pudesse. Não acreditava que sua versão humana realmente tinha um caso com Jeremy Gilbert, não conseguia conceber tanta loucura! E Jeremy estava provando que a relação deles era um verdadeiro romance infanto-juvenil.

– Pronto! - anunciou o rapaz, tirando-lhe a venda.

– SURPRESA!

O Mikaelson piscou, tonto. Estavam todos ali... Com sorrisos bobos e adiantando-se para abraçá-lo.

– O que achou, baby? - questionou Jer, aos sussurros, um braço ao redor de sua cintura. Kol olhou-o, abobalhado. - Isso... É para mim?? - perguntou, sua voz desafinando.

O Gilbert sorriu. - Sabia que iria gostar. - falou, pouco antes de Kol ser puxado para um abraço, a voz aguda de Rebekah perfurando seus tímpanos.

Demorou, mas o rapaz finalmente conseguiu respirar, após ser abraçado por todos. Ele não se lembrava quando se sentira tão querido.

Depois de ter sido quase estrangulado por uma Katherine (ele tivera que morder a língua para não chamá-la de "Essa maldita duplicata Petrova") que, aparentemente, era uma grande amiga sua, e cunhada, Kol se encontrou cara a cara com Caroline.

– Vam... Loirinha! - ele ainda teria de se acostumar. Ela parecia pálida, chocada, mas abraçou-o também. - Kol... - suspirou. - Sentimos tanto a sua falta. - ela indicou Niklaus, que estava parado ao lado dela como um poste.

Imediatamente Kol soube que eles se lembravam e de que estavam tão perdidos quanto ele.

Caroline sorriu para o jovem Mikaelson a sua frente. Ele era muito bonito, ela sabia que era, embora só houvesse visto-o algumas poucas vezes.

Diga-me que não consegue ouvir o barulho do sangue dela, Caroline... Que seu corpo todo não queima de desejo por cravar os dentes na pele macia...

A última fora quando Klaus mordera-lhe.

– Posso... Posso falar com vocês? - pediu Kol, um sorriso torto se estendendo pelo rosto. A loira gelou. - Conosco? - questionou, sua voz falhando.

– Claro. Venha, amor. - Klaus respondeu por ela, segurando-lhe a mão. Caroline deixou-se ser levada para a sala.

– Pois bem... - Niklaus fez um gesto para que o irmão falasse o que tinha para falar.

– Vocês são humanos. - Kol constatou.

– Muito obviamente irmão, obrigado por sua perspicácia. - zombou o mais velho.

– Você me entendeu, Nik. Ontem éramos vampiros, você - ele apontou para a Forbes. - estava sendo mordida por meu irmão... tinha uma menina ruiva... e fogo... E então eu acordei em um avião. - ele explicou.

Caroline sentiu-se nauseada, lembrando-se perfeitamente da cena que ele descrevia. - Sim... Acordamos em nossa casa...

– E Caroline teve um ataque de pânico e agora todos acham que eu sou um noivo abusivo e que estava tentando feri-la hoje de manhã. - reclamou Niklaus, sua voz ácida.

Kol queria rir do irmão, mas tinha problemas mais importantes. - Temos que fingir, sabem? Senão fingirmos, senão jogarmos o jogo deles podemos causar um colapso entre as duas realidades... Não sei o que poderia acontecer, talvez uma fenda no espaço tempo... Afinal, uma realidade não pode existir sem a outra, mas também não deveriam se encontrar...

– O que poderia acontecer se descobrissem? - a voz de Caroline tremia.

– Não sei, loirinha... Talvez as pessoas que descobrissem nesse mundo acabassem mortas, para a preservação das realidades... Ou então os vampiros começariam a assolar esse mundo também...

– Ai está você! - a voz de Jeremy fez com que Kol parasse repentinamente seu discurso sobre os horrores de aconteceriam. Ele se virou para o namorado, lutando para trazer um sorriso.

– Venham vocês três, nós vamos almoçar! - falou Jer, sorrindo e passando um braço ao redor dos ombros do Mikaelson.

Caroline engoliu em seco ao pensar em comida e colocou uma mão na boca. - Eu...

– Caroline?

– Eu já venho. - ela engasgou, antes de correr para o lavabo que vira no caminho até a cozinha.

Klaus piscou, atônito.

– O que ela tem? - questionou Jeremy fazendo uma careta. Niklaus deu de ombros. - Não sei, vou ver se ela está bem. - ele falou, desgostoso. Não queria ter que ficar de babá da loira, desejava que ela não estivesse doente.

– Caroline? - ele bateu de leve na porta do banheiro. - Você está bem? - questionou, cruzando os braços e se concentrando no que Kol dissera. Seu irmão mais novo se passava de ignorante, mas não era burro. E provavelmente estava certo.

– Como se você se importasse... - gemeu Caroline, abrindo a porta. Ela lavara o rosto, mas não conseguia esconder a coloração suspeita que ele possuía.

– Está certa, não me importo. - ele disse, sua voz gelada, dando de ombros. A jovem fuzilou-o, mantendo-se cuidadosamente longe dele, enquanto caminhavam novamente para o jardim.

Klaus foi empurrado por uma atarefada Elena e rapidamente se encontrou entre Damon e Stefan. Caroline estava presa entre Katherine e Kol.

– Então, como foi Los Angeles, Kol? - questionou Elijah. Caroline viu o jeito como a mandíbula dele se retesou, mas a mentira passou facilmente por seus lábios. - Ah, você sabe, Elijah: Ensolarada, superficial... Deliciosa. - garantiu, fazendo com que a loira revirasse os olhos.

– Você bateu muitas fotos? - questionou Katherine.

– Sim. - Caroline sorriu ao ver o jeito zombeteiro com que ele estava lidando com a situação. - Muitas...

– Que bom, deixe-me vê-las depois. - respondeu a morena, sorrindo.

– E então, para quando vocês marcaram a data? - questionou Jeremy, olhando curioso para Caroline e Klaus.

Jeremy estivera fora durante um tempo, praticamente desde que Kol tinha viajado.

– Eu... Err... Para quando mesmo, amor? - Klaus sorriu para ela, fazendo com que Caroline sentisse vontade de estrangulá-lo.

– Queremos para o fim do ano, mas não sabemos quando...

– O fim do ano? - a voz de Matt fez com Caroline se virasse para olhá-lo. - Para que esperar tanto tempo? - ele questionou, sorrindo quando todos levantaram para abraçá-los.

Bonnie estava mais bonita: Seus longos cabelos negros estavam cacheados e soltos, presos somente por uma tiara. Ela usava um jeans preto e uma blusa vermelha de franja.

A morena abraçou Caroline, sorrindo. - Desculpe por não ter atendido o telefone ontem... Só recebi sua mensagem de madrugada. - ela disse ostentando uma expressão culpada.

– Não tem problema... - a loira não fazia a menor ideia sobre o que sua amiga falava.

– Bom, o que você queria me contar? - questionou Bonnie, sorrindo.

– Eu...

– Você disse que era importante! - Caroline gelou. O que sua versão humana teria de tão importante para dizer?

– Eu esqueci... - falou, corando. O sorriso da Bennet sumiu. - Esqueceu?

– Sim.

Estava claro que Bonnie não acreditava nela, mas também não tentou arrancar mais informações da amiga. Ela lançou um olhar para Klaus. - Vocês pararam de brigar? - questionou, baixando o tom de voz.

Care piscou, confusa. - Si... Sim? - era para ser uma afirmação, mas tinha som de pergunta. Bonnie suspirou. - Que bom, você andava bastante nervosa com todas essas discussões. - murmurou. - Klaus também estava mais explosivo do que nunca.

– Já estamos melhor agora. - mentiu a amiga, sorrindo.

Caroline tornou a se sentar, assistindo enquanto todos interagiam. Bonnie e Matt pareciam mais apaixonados do que nunca, mas estava claro que a morena não se sentia confortável perto de Jeremy. Estranho, pois seu marido parecia ser o melhor amigo do Gilbert.

Jeremy manteve os dedos entrelaçados nos de Kol durante o almoço todo. O Mikaelson lançava olhares de pânico e sarcasmo esporadicamente para a Forbes e para o irmão.

Klaus era um ótimo mentiroso. Ele não parecia tão perdido quanto a noiva e nem precisava tirar tanto sarro quanto Kol. Até mesmo conseguiu engatar uma conversa com Stefan!

Só saíram da casa quando já estava de noite. Caroline sentia a boca seca de tão pouco que falara, mas Klaus ostentava um sorriso satisfeito: conseguira enganar quase todos.

Rebekah adormeceu tão logo entrou no carro, Stefan estava quieto, pensativo. A loira apoiou a cabeça no vidro, fechando os olhos.

Sentiu os lábios de Klaus em seu pescoço, o rosnar dele contra sua pele... E ela estava em chamas... Os braços dele apertando sua cintura com tanta força que deixavam marcas arroxeadas, seus dedos se enfiando na pele pálida dela, seu sangue escorrendo para o chão, veneno enchendo sua boca...

– Caroline. - a voz dele fez com que ela abrisse os olhos, chocada. Respirava pesadamente e suas mãos tremiam. - Amor, chegamos. - ele disse, o sotaque inglês pesando em suas palavras.

Ela concordou, sentindo os olhos de Stefan sobre si. Saiu do carro cambaleando, enquanto Niklaus se despedia do mais recente amigo.

Caminhou para dentro da casa ainda anestesiada, sentindo-se em pânico agora que percebia que estaria sozinha com o Original... pelo resto da noite.

– Eu vou tomar um banho. - ele anunciou, entrando no quarto e fechando-se no banheiro. Ela concordou, sentando-se na cama. Olhou ao redor e somente então percebeu o que a cama de casal significava.

– Ele que ache que vai dormir comigo! - murmurou ela, agarrando um travesseiro e um cobertor, saindo do quarto. - Vai dormir na sala! - rosnou, furiosa por uma coisa boba.

Estava com os nervos a flor da pele: Não sabia em que mundo estava, estava presa com Klaus, mentira o dia todo e, para piorar, estava ficando doente.

Provavelmente deveria estar concentrando suas energias em descobrir um jeito de voltar para casa. Melhor, um jeito de fingir melhor.

Ela subiu as escadas correndo, entrando no quarto em que vira as caixas. Procurou até encontrar um álbum de fotos. Isso com certeza seria de grande ajuda.

A primeiro foto ela se lembrava de ter tirado, mas no outro mundo. Ela estava vestida de líder de torcida, um braço ao redor da cintura de Elena, sorrindo. Sua amiga parecia tão feliz... Tão plena. Caroline não se lembrava da última vez que vira Elena sorrir daquele jeito despreocupado.

Era seguida por uma foto bonitinha, meio borrada, de Damon, Caroline, e Elena. A loira suspirou. Era estranho ver o jeito com que Damon segurava possessivamente em sua cintura, como seus olhos azuis pareciam sem vida, vazios. A Caroline dessa foto parecia tristonha, assustada. E Elena parecia distante, não olhava para câmera e seu sorriso era falso.

A Forbes permitiu que seus olhos se mantivessem no rosto de sua melhor amiga. Comparou a Elena desta foto com a da anterior e somente então percebeu: Ultimamente, só conhecia a Gilbert da segunda foto. Um ser humano devorado pela preocupação e pela tristeza.

Questionou-se por um breve momento se a Caroline da segunda foto seria ela. Será que se tornara tão vazia e fria quanto a jovem da imagem?

A próxima era de Klaus, muito mais jovem, rindo e afastando Stefan com uma mão. Aquela era uma versão tão estranha do psicopata que ela conhecia... Desejava tanto que Klaus pudesse ser aquele rapaz despreocupado que estava vendo, mas sabia que ele nunca seria.

Por que aquele mundo era diferente, não era amaldiçoado como o dela. Nesse mundo as pessoas eram felizes, as pessoas se recuperavam... No mundo dela todos se enterravam sob palavras e sentimentos não ditos, até que enlouqueciam.

~*~

Klaus franziu as sobrancelhas para a cama. Travesseiros e cobertas faltando. Ele suspirou, não esperava nada muito maduro de Caroline mesmo...

Terminou de vestir uma camiseta de pijama, que encontrara após finalmente entender a organização do closet, e saiu do quarto a procura de sua "noiva". Argh, o termo lhe dava nojo, juntamente com a ideia de dividir seus dias com a mesma pessoa pelo resto da vida.

Caroline podia ser interessante: Interessante como ela se agarrava com tanto desespero à sua humanidade, interessante o pavor que ela tinha de ser um monstro, interessante em como ela podia ser infantil como vampiro... Contudo, a Forbes não era tão interessante a ponto de fazer essa hedionda ideia passar a ser desejável.

E naquele mundo ela era o que? A jovem não tinha que se agarrar a nenhuma humanidade, não tinha que ter medo de ser um monstro e nem mesmo era um vampiro divertido... Naquele mundo, ela não passava de um rostinho bonito sem nenhum conteúdo. E ele estava preso a ela.

Encontrou-a em um quarto bagunçado, forrado de caixas e mais caixas. Caroline olhava pensativa para um álbum de fotos, seus ombros balançando delicadamente enquanto chorava.

Ele apoiou-se no portal, assistindo, deleitando-se, na pele pálida que ele podia ver... Na frágil curva de seu pescoço e no brilho que seu cabelo louro tinha. Ela era tão bela... delicada, uma boneca de porcelana.

– Por que não tenho travesseiro? - questionou, fazendo com que ela soltasse uma exclamação de susto e virasse-se para olhá-lo.

– Por que você vai dormir na sala. - ela disse, revirando os olhos, como se isso fosse mais do que óbvio.

– Eu não vou dormir na sala. - respondeu, sorrindo torto, vendo a mandíbula dela se retesar.

– Vai. Não vou dividir a cama com você... seu... Seu...

– Lindo?

– Monstro. - ela cuspiu, os olhos azuis cheios de raiva. Ele sorriu, colocando uma mão no ombro dela. Caroline se encolheu sob o toque dele.

– Você tem que descobrir novos xingamentos, querida. Porque, adivinhe só, nesse mundo... - ele se inclinou para sussurrar-lhe ao ouvido. - Eu sou apenas humano.

Ela o empurrou, irritada com sua proximidade. - Você vai dormir na sala, pronto, decidido. - reclamou, saindo do quarto.

Klaus lançou um olhar avaliativo para o álbum que ela estivera folheando: Caroline beijava-o na bochecha, parecia corada e lutava com um sorriso. Ele sorria e seus cabelos estavam úmidos... Ridículo. Patético como os humanos cediam as emoções com tanta facilidade... Provavelmente teriam futuros melhores se pudessem ser mais racionais.

– Eu não vou dormir na sala! - rosnou, deixando o álbum para trás e subindo na cama. Ela fuzilou-o com os olhos e se levantou.

– Certo, eu vou! - exclamou, irritada.

– Se você pudesse ser só mais um pouquinho infantil... - ele zombou, mas ela já agarrara um pijama no closet e saíra do quarto. Klaus revirou os olhos, levantando-se para apagar as luzes e tornando a se deitar. Caroline podia dormir na sala se quisesse, ele não se importava. Só queria ter uma boa noite de sono.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Comentários são sempre apreciados!



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