Réquiem escrita por Ghanima


Capítulo 19
Sine qua Non


Notas iniciais do capítulo

Música: Equilibrium
Banda: Tristania
Nota: Sine qua non ou condição sine qua non originou-se do termo legal em latim para "sem o qual não pode ser". Refere-se a uma ação, condição ou ingrediente indispensável e essencial.



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Cap 19 – Sine Qua Non

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Esperar pelo momento de revelar a verdade e ver o que se daria dali pra frente. Naquele momento, ele invejou Destino, por saber de tudo que se pode ser sabido. A Morte também fez a higiene do corpo que usava, mas não compartilhou do mesmo leito que a mulher, pois sabia que sua presença destruiria o pouco de sanidade que a Ino restava.

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OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

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In our eyes

(Em nossos olhos)
In our veins

(Em nossas veias)
The circles of fear

(Os ciclos do medo)
I cling to you

(Eu me apego a você)
Cling to you

(Apego-me a você)
So cold, so bright

(Tão frio, tão brilhante)

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Qual não foi o choque dos empregados da Mansão Jashin quando seu patrão, nas primeiras horas do dia os informou de que a madame Ino estava de volta e que deveriam tomar todo cuidado possível com ela, pois ela não estava em seu estado perfeito. A princípio, os serventes julgaram ser apenas despeito de Hidan, que não teria superado o abandono.

 

Entretanto, quando os olhos da loira se abriram pela primeira vez, o grito dela ecoou pelas paredes da construção, fazendo com os que ali trabalhassem corressem em seu auxílio. Um cozinheiro e o jardineiro tiveram que segurar firmemente o corpo de Ino – que estava desperta e histérica – enquanto ela se percebia de volta ao lar.

 

A pobre mulher berrava sobre os acontecimentos da noite em que voltou e os que a cercavam acabaram por constatar como as palavras do patrão se assemelhavam à verdade dos fatos. O acesso de pavor e loucura da Jashin só terminou quando ela foi abatida por um torpor, misterioso e providencial, que devolveu a acamada à tranqüilidade de um sono pesado. É óbvio que fora o próprio causador do pânico que fez com que a ex-Yamanaka caísse no sono, por mais que ele o tenha feito de longe.

 

Assim que Ino dormiu, o doutor Hatori foi trazido às pressas e passou a ficar na casa, em estado de prontidão, para acudir a loira quando ela despertasse. Fato este que só se deu no dia 30 de Janeiro, em meio a uma tarde fria e chuvosa. O médico se aproximara da dona da casa com cuidado, se compadecendo daquela figura diante de si.

 

Ao entrar no quarto do casal (o marido vinha dormindo em um outro cômodo, longe do habitual), viu as pesadas cortinas fechadas, uma luminária acesa e distante da cama, onde se encontrava a paciente. A pesada camisola de tecido marrom permitia ao médico ver, infelizmente, a pele pálida e sem viço da mulher; os cabelos presos em uma trança frouxa, de onde os fios loiros desciam quebradiços e maltratados, o corpo magro e débil tremia sem motivo aparente, os lábios ressecados e feridos.

 

No entanto, o que mais feriu ao experiente profissional foi ver os (outrora) lindos orbes cor do céu, ocos e sem uma única sombra de brilho, nem mesmo a luz do quarto conseguiu imprimir alguma claridade ao vazio daquele olhar temeroso e perdido. As mãos, feridas e finas, estavam cruzadas sobre uma almofada vermelha. A jovem acompanhava os movimentos do doutor em direção à sua pessoa, mas nem se mexia, chegando a fazer o homem cogitar estar diante de uma estátua de cemitério.

 

O médico usava um sobretudo cinza, acima de um paletó preto, o pescoço masculino estava protegido por um cachecol vermelho e uma pesada maleta estava ocupando a mão esquerda dele. Hatori se senta ao lado da paciente e os dois se fitam por parcos momentos, sem emitir som algum.

 

- Boa tarde, senhora Jashin. – ele percebe um tremor mais breve e intenso na mulher, mas prefere não falar nada. – Lembra de mim?

 

Ela só aquiesce com a cabeça.

 

- Como está se sentindo?

 

- Como alguém preso no Inferno. – o abandono na voz dela faz o doutor querer chorar. – E o senhor?

 

Ele sorri melancólico.

 

- Eu vou bem, senhora.-

 

- Me chame só de Ino, por favor. – pede a loira, se aninhando mais nos travesseiros. – Ino é só o que eu quero ser.

 

- Entendido, Ino. – o médico julgaria que a Jashin estava enlouquecendo, mas fora avisado por Yui que não fizesse esse julgamento. A enfermeira ouvira sobre o que se passara com a loira e o que ela havia dito e conclui, Ino havia visto os Jashinistas. – Se importa se eu checar algumas coisas em seu corpo?

 

- Fique à vontade.

 

Depois disso, se processa as observações de rotina. Pressão, batimentos, pulso, temperatura, inspeção nos olhos, ouvidos, procura por inflamações, trocas de curativos, recomendações de remédios e pomadas, indicações de tratamento. Em situações típicas, Ino só teria ouvido metade do que lhe foi dito, mas esses momentos singelos faziam com que ela sentisse a normalidade que fora arrancada de sua vida.

 

- Ino, eu sei que não será fácil, mas preciso perguntar. – faz-se uma pausa. – O que aconteceu com você?

 

A loira observa a expressão caridosa e gentil do médico, percebendo o quanto àqueles sentimentos, que ela habitualmente ignorava, faziam enorme falta e lhe ofereciam alento. Ela chora e acaba recusando o consolo daquele que estava com ela.

 

- Eu vi uma coisa que as pessoas não deveria ver. – diz a Jashin, sentindo o pesadelo do 28 de Janeiro voltar com tudo à sua mente. – Uma coisa que ninguém deveria TER que ver.

 

- E o que seria, minha querida? – Hatori coloca sua mão quente e forte sobre as mãozinhas frágeis e pequenas da paciente.

 

- Não tem como descrever. É como se lhe contassem um conto de terror e, de repente, ele se tornasse real. – a voz dela ia subindo de tom conforme se dava à narrativa. – O problema é que eu não consigo sair...

 

Ela para de falar e se joga no colo do médico, precisando daquela figura paternal e cálida, que ultrapassara os limites da profissão e estava ali, sendo o amigo que ela precisava.

 

- Por Deus, Ino. – sussurra o doutor, passando as mãos no cabelo feminino. – O que fizeram com você?

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This is the slowest dance

(Essa é a mais lenta das danças)
The dance of a thousand years

(A dança dos mil anos)
The dance of the frozen statues

(A dança das estátuas congeladas)
Clinging together in tears

(Que apegam-se juntas nas lágrimas)
This is the darkest fight

(Essa é a luta mais sombria)

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Antes que ela respondesse, a figura esbaforida e ansiosa de Deidara vem porta adentro, os olhos azuis em pânico e procurando enlouquecidos pela prima. O artista corre até a cama e toma em seus braços o corpo fino e trêmulo, as mãos do loiro corriam pela cabeça dourada e ele e o médico, expressando uma muito bem vinda solidariedade, acalmam a figura abalada da Jashin.

 

O doutor Hatori permaneceu na mansão até o final da tarde, depois de receitar remédios e outros elementos que ajudaria Ino a recobrar a saúde. Deidara ficou o tempo todo junto com a prima, de modo a garantir que ela comesse o jantar reforçado que o médico lhe impusera. A resistência da loira foi quebrada pela insistência do primo e pelo seu próprio estado de debilidade.

 

- O que foi que aconteceu naquele dia, un? – questiona o homem de olhos azuis, enquanto afrouxava o nó de sua gravata verde escura.

 

- Não quero falar sobre isso, niisan. – responde a loira, levando lentamente o garfo à sua boca, que logo se encontrava ocupada pelo pedaço generoso de frango. – "Quero só esquecer."


- E quando foi que eu perguntei se você queria? – replica o primo, filando um morango que seria da sobremesa. – Fala logo, Ino-chan, un!

 

O silêncio volta a reinar naquele cômodo por vários minutos.

 

- Eu vi os Jashinistas. – responde a jovem, cujos olhos ganharam uma nuvem sombria. – Como aconteceu com a Yui-san.

 

Em meio ao choque, o rapaz deixa que o morango caia de suas mãos e role pelo chão.

 

- Você tem certeza, un? – a conversa com a enfermeira a suas próprias considerações atingem Deidara como força impensada. – "O pior é que eu acho que já sei a resposta."


Ela sabia que era uma pergunta retórica, por isso não respondeu.

 

- Foi na Floresta de Yugakure, em meio a ruínas. – começa a loira. – Foi de repente, surgiram umas coisas encapuzadas e...-

 

Ela leva uma das mãos ao peito e a outra à boca, como se uma força a impedisse de falar. A dita força era o seu próprio medo, um sentimento que lhe mantinha cativa desde o dia em que partira de sua casa e que só fez aumentar quando presenciou aquele ritual horrendo e profano. Deidara se limita a abraçar a prima, esperando que sua presença conseguisse trazer uma centelha de tranqüilidade à perturbada mulher.

 

Levou muito tempo até que Ino tomasse coragem para relatar os fatos ocorridos com ela, naquele 28 de Janeiro. Durante toda a narrativa, o artista se mantivera calado e preso ao choque das revelações; cada palavra de prima fazia aumentar a sua certeza em sua teoria.

 

- Ino-chan... – o homem se levanta, pálido e suando frio, e caminha até a janela. Suas mãos se apóiam no vidro gélido e a cabeça loira pende para baixo, fitando o chão. – Não sei se é a melhor hora pra dizer isso, un...

 

- Não vejo como possa ficar pior. – responde a acamada, mal sabendo do que se passaria algum tempo depois.

 

- Alguma vez você pensou que o tal pingente tenha chegado nas suas mãos, un. – ele organiza os seus pensamentos. – Mas não por acidente?

 

Ela fita o primo sem entender o que ele queria dizer.

 

- Explica isso melhor.

 

- Yui-san disse que esse colar era o símbolo dos Jashinistas, un. Só que eu acho que é mais do que isso. – o loiro caminha de volta até a parenta. – O colar chegou na sua mão logo depois de os seus pais ficarem curados.

 

- Logo depois de eles darem rasteira na Morte. – complementa a loira, que já não pensava nos Yamanaka há bastante tempo.

 

- Já pensou que uma coisa tenha a ver com a outra. – comenta o homem. – A cura dos seus pais e o colar, un?

 

Bastou isso para que os neurônios da loira unissem uma coisa à outra.

 

- Niisan, você não está achando que...

 

- Na verdade, é isso mesmo que eu penso. – responde Deidara.

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The fight of a thousand years

(Essa é a luta de mil anos)
The pounding of blood

(O pulsar do sangue)
Through our veins

(Através das veias)
Cling to me through the night)

(Se apega a mim pela noite)

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OoOoOoOoOoOoO

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Motionless faces

(Faces imóveis)

Park of the wasted

(Paradas na inutilidade)

In the pale gloom

(Na pálida tristeza)

I hang on to you

(Eu me agarro à você)

In the pale gloom

(Na pálida tristeza)

I am safe and cool

(Eu fico seguro e calmo)

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Já era quase meia noite quando os loiros acabam de conversar e, após se certificar de que a prima dormia pesadamente, o primo sai do quarto e se apóia na porta fechada do cômodo. Sua cabeça doía intensamente, mas esse incômodo era facilmente suplantado pela probabilidade (altíssima) de Ino ter feito algo terrível quando criança.

 

Aproveitando que os empregados estavam recolhidos em seus dormitórios, Deidara vai explorando a casa silenciosamente, sentindo que a aura pesada e a decoração sombria faziam aquela construção parecer um mausoléu. O pior é que ele sentia que aquele era o mausoléu de sua prima. Seus passos o fazem chegar até o lado de fora da casa, parando perto de um pequeno e isolado balanço; onde ele se senta.

 

- Que pesadelo, un. – ele diz para o nada.

 

- Forma interessante de se colocar as coisas...

 

A voz súbita faz o loiro levantar do balanço e olha ao redor, mas a escuridão lhe impedia de perceber qualquer coisa. Apenas a imponente silhueta da casa estava parcamente visível.

 

- Olha pra cima, imbecil! – reclama a voz.

 

Ao olhar para um galho de árvore, o loiro da de cara com o marido de Ino, vestindo algum traje escuro que ressaltava a claridade do cabelo e a palidez da pele masculina.

 

- Desgraçado... – o loiro toma uma postura defensiva. – É sua culpa!

 

- Engano seu. – responde a Morte. – Tudo foi conseqüência das escolhas que Ino fez.

 

Deidara sabia que aquilo era verdade, mas ele se via incapaz de admitir.

 

- Por que? – inquiri o visitante.

 

- Essa resposta só ela deve saber. – responde o homem de cabelos prateados. – E sim, a sua teoria está certa.

 

Aquilo sim leva o loiro a se assustar, e também a cair no chão, de joelhos e tremendo.

 

- Pobre Ino, un...

 

- Por que a chama de "pobre"? Ela tem tudo o que deseja. – questiona o outro. – Pode viver cercada de tudo que há de melhor e mais caro...

 

A incompreensão daquela criatura acerca do que dissera, faz com que o loiro perca as estribeiras e se levante, fazendo com que seu punho direito colida com a face do Jashin. O rosto do atacado é levemente voltado para o lado após o soco, mas o olhar dispensado ao atacante faz com que Deidara gele.

 

No entanto, o gelar some mediante ao choque e à dor de ter sido jogado contra o tronco rijo e áspero de uma árvore. A força do impacto faz com que o loiro cuspa sangue e fite o outro com expressão de idiota. O que aconteceu? O horror dele é ampliado quando Hidan – outrora há uns 20 passos de distância – brota a poucos centímetros de seu rosto.

 

Somente movendo as mãos e sem tocá-lo, o marido de Ino levanta o primo da mesma do chão e o mantém suspenso no ar, se regozijando internamente ao constatar que sua força invisível sufocava o artista, cujos pés nem chegavam perto do gramado úmido e frio.

 

- Você quer tanto assim morrer? – inquiri a voz calma da Morte.

 

- E...se...quiser? – o insolente cativo replica.

 

- Qualquer um que me desafia passa um período maior do que a eternidade...

 

Quando o Mefistófeles disse isso, Deidara pensou imediatamente.

 

- "Mais tempo do que a eternidade? Não é possível!"


- Preso num lugar sem portas e onde se conta o tempo só com fração de milênios.

 

O loiro nem conseguia imaginar o horror que seria isso, mas nem para pra pensar nesse aspecto, pois uma coisa mais importante lhe vem à mente.

 

- Ino...

 

Ele é solto quando pronuncia esse nome, tão significativo para os dois presentes. O loiro perde alguns minutos tentando recuperar o ar e Hidan apenas fita o nada, pensando em algo além do conhecimento e compreensão de Deidara. Os orbes azuis do artista esmiúçam aquela figura inefável à sua frente, e percebem algo que não ficaria claro para um olhar mais superficial.

 

O rosto grave e sisudo, o olhar distante e insondável, a postura fria e indiferente. Tudo isso era um disfarce, muito bom para os olhos incultos, mas não para alguém cuja função era captar a essência das coisas. E na essência turva e antiqüíssima daquele ser se escondia uma centelha particular, que pode ser a ruína ou a glória de alguém.

 

E um sorriso discreto surge nos lábios do loiro.

 

- Me ameace o quanto quiser... – finalmente, o Jashin fita o visitante. – Só que você sabe o custo que vai pagar se algo acontecer comigo.

 

A insolência do humano é lida rapidamente pela Morte. Contra todas as possibilidades, aquele insuportável o havia lido e exposto aquilo que era a única moeda de negociação em jogo.

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I swim in you

(Eu nado em você)

In your dark rivers

(Eu seus sombrios rios)

Dive in your mind

(Mergulho em sua mente)

Search for your monsters

(Procuro por seus monstros)

Search for resistance

(Procuro por resistência)

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OoOoOoOoOoOoO

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Sink into the mud

(Me afundo na lama)

Dance in the halls of insanity

(Danço nos salões da insanidade)

Yet madness is your highest deed

(E ainda assim a loucura é seu maior feito)

Your vanity

(Sua vaidade)

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~ 10 de Fevereiro ~

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Ino acordara no meio da noite fria e sentira vontade de respirar o aroma dos lados externos da casa, por isso que às 01:45 da manhã, ela estava perambulando pelos jardins. Não nevava, mas nem por isso a temperatura se tornou mais amena, por isso que a loira usava um pesado casaco de peles e um par de botas de couro cobria seus delicados pés, os longos fios dourados estavam presos em suas tranças que desciam por seus ombros.

 

Ela se abaixa um pouco e a mão esquerda dela pousa sobre o alvo tecido, que cobria seus tão queridos gramados. Um dia, há não muito tempo, várias flores se vaziam presentes naquele ponto e essa lembrança traz alguma melancolia à mulher.

 

Se bem que, sendo completamente honesto à realidade dos fatos, melancolia era o único sentimento constante para a Jashin durante as últimas semanas, por mais que viesse sendo reduzida sutilmente com o passar do tempo. Os seus primeiros dias de volta ao lar passaram como um borrão, do qual a jovem nem fazia questão de lembrar.

 

Em cortesia e gentileza, aqueles que a cercavam faziam o máximo para tratar com ela apenas de assuntos triviais, como o tempo, algum ocaso sobre o familiar de alguém, um episódio pitoresco. Nada que fosse tenso ou exigisse muito de alguém cuja saúde ainda não estava em seus melhores níveis, e por tamanha gentileza, a ex-Yamanaka estava profundamente grata aos seus empregados, amigos e protetores.

 

O doutor Hatori e Yui vinham sempre que possível visitá-la, e em um desses dias, Ino conheceu a esposa do médico – Tomoyo – uma senhora de gentis olhos azuis e cabelos cor de mel, sutil e elegantemente tocados por fios cinzentos. Tudo naquela senhora fez a loira pensar como seria maravilhoso se tornar alguém como ela, conforme os anos viessem. Ser alguém feliz, realizada e tranqüila para com o tempo que lhe restasse; alguém para quem as frivolidades não existiam, e a presença apenas do querido e necessário traziam a completude.

 

Quando a baixa temperatura se torna mais difícil de agüentar, Ino abraça o próprio corpo e ruma para dentro de sua casa, agora tomada por escuridão e silêncio muito apreciáveis. Ela vai até a cozinha e não demora até subir as escadas com uma xícara de chá de camomila em mãos, o calor que saia do recipiente causavam uma sensação gostosa em seus membros gelados. O cheiro do líquido também eram pequenas e ansiadas doses de calma.

 

O calor obtido pelo contato com a xícara quase desaparece de uma das mãos dela quando a própria toca a fria maçaneta, e reclama consigo mesma, mas ainda abre a porta. Seus passos calmos a levam até a cama. A loira coloca sua xícara em um criado-mudo e vai tirando suas botas, colocando as mesmas ao lado da cama. Ela apóia as costas na cabeceira e pega a xícara, sorvendo seu conteúdo com toda a calma.

 

Um tempo considerável foi utilizado nessa simples ação de beber chá, mas a executora da mesma nem pensava nisso. Apenas degustava sua bebida e aproveitava a tranqüilidade e silêncio daquela noite. Com a mão livre, a Jashin vai desfazendo as tranças e permite que seus fios dourados (e agora ondulados) caiam por seus ombros.

 

- Que horas são? – indaga a loira, sem perceber que falara alto.

 

- 02:00 da manhã. – a esse som, a xícara despenca da mão de Ino e vai ao chão, se despedaçando e produzindo um som alto e incômodo. Os orbes cerúleos e esbugalhados percorrem o quarto procurando pelo falante e o encontram. – Nunca vi alguém demorar tanto pra beber chá.

 

Sim, era ele. A única figura na face do planeta de quem a mulher fugia mais do que o Demônio foge da Cruz! O pânico a domina e ela corre para a porta, mas que ela não consegue abrir, pois as duas mãos masculinas se fixam ali e mantêm a porta na mesma posição.

 

O corpo de Ino treme descontroladamente, já que eram apenas alguns centímetros que a separavam de Hidan, cujo corpo emitia um calor que podia ser sentido pela loira. A respiração compassada dele se fazia sentir na nuca feminina e o aroma de almíscar lhe entrava pelas narinas e boca e se embrenhava em seu interior.

 

Ela se apóia na porta como se quisesse atravessá-la, por mais que soubesse o quão absurda e inútil era a sua atitude. Por sua vez, a Morte se comprazia apenas em estar de novo na companhia de Ino. Desde aquele infeliz 27 de Janeiro que o homem não sabia o que era estar junto daquela pessoa.

 

- O que você é? – aquela voz fina e tremida o arranca de seus pensamentos.

 

- Você sabe a resposta. – diz o Jashin vendo a esconder o rosto entre os braços, agora cruzado, o choro dela lhe trazia um sentimento desagradável, mas que lhe era impossível de definir.

 

- Não, eu não sei. – fala Ino entre soluços. – Não sei de nada. - segue ela. – "Eu não QUERO saber de nada!"


Hidan pega pelos ombros e a faz encará-lo. Cerúleo encontra o violeta depois de bastante tempo, ambos tão focados um no outro que a moça nem percebe que estava sendo guiada e deitada na cama. O homem permaneceu de pé, apenas admirando o turbilhão de sentimentos expostos naquelas safiras: Angústia, susto, confusão, ansiedade e aquele que mais o incomodava e o que – outrora - ele mais gostava de ver na jovem. Medo.

 

- Me diz, por favor...O que você é? – implora a loira, levando uma das mãos à boca.

 

Ele entendia o que havia nas entranhas daquele apelo: "Me contradiga! Minta pra mim!". Como já era de se esperar, ela estava querendo negar a verdade e uma verdade que ela havia presenciado. É nesse momento que a Morte percebe que Ino Jashin era só uma máscara, a personalidade dominante na loira ainda era a daquela menina que ele havia arrancado de Konoha.

 

- Morte. – sussurra ele.

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Mistress, you made me

(Amante, você me fez)

Mistress, you saved me

(Amante, você me salvou)

In your cold hands

(Em suas frias mãos)

I am just a tool

(Eu sou apenas uma ferramenta)

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É aí que irrompe o choro de Ino, cuja mente rodopiava e cujo coração parecia estar a beira de um colapso. Ela morde um travesseiro de maneira a evitar os berros histéricos que saiam de sua boca. Hidan somente olhava, sua postura indizível e insondável.

 

- Como? – era difícil absorver o ar. – Por que?

 

- Eu posso mostrar. – diz o Jashin, fitando a manga de sua blusa de seda negra. – A pergunta é: Você quer ver?

 

Ela hesita por alguns instantes, mas aceita. Ele pega uma das mãos femininas e a puxa para seu corpo ereto; o solavanco do levante traz uma tonteira à mulher e a obriga a fechar os olhos. Quando os abre, ela leva um choque! Estavam em sua casa em Konoha e o mais surpreendente é que ela se vê, criança, sendo consolada por uma pueril Sakura.

 

- Eles não podem nos ver. – esclarece Hidan, que aponta para a escada e ali, Ino vê a seu companheiro trajando uma roupa semelhante à do momento em que presenciavam a cena, negra.

 

- Isso é loucura. – diz a combalida loira, vendo o filme de sua vida passar diante dos seus olhos.

 

- É uma lembrança sua. – no momento em que o homem disse isso, Shikato Nara levava a pequena Ino para o quarto dos pais. A Morte segue o caminho da dupla e Ino vai junto.

 

Eles chegam ao quarto dos Yamanaka e lá a loira adulta chora junto com sua versão infantil. O corpo feminino tremia e ela se abraça, mas seu companheiro não a conforta, sabendo que aquele não era o momento. Os espectadores seguem em seu ofício de observar a cena se desenrolar.

 

- Você pode trazer eles pra mim? – a inocência daquela pergunta traz uma vontade quase que incontrolável de rir ao homem.


- Posso... – a voz dele sai baixa e o brilho que surge nos olhos da Yamanaka o incita a seguir. – Mas eu vou querer algo em troca, pequena Ino. – ele toca de leve o rosto infantil que se contorce um pouco por causa do frio que aquele contato trouxe.


Conforme tudo ia passando, Ino percebia o quanto a cura de seus pais fora surpreendente. Em um dia, o casal estava às portas da morte. No outro, se ergueram da cama como se tocados pela cura celestial. Ali ela percebe que a saúde de seus pais não foi algo milagroso, mas profano! Sombrio. Herético. Quando fita novamente a cama, o casal recuperava lentamente o viço.

 

- Eles estão... – a voz tremida da menina vem acompanhada de lágrimas que caem na roupa do homem.


- Sim... – ele vai levando Ino para o quarto da mesma e não demora muito a chegar. – E continuarão vivos por mais algum tempo. – ele põe a menina na cama e ela é logo tomada por uma estranha sonolência.


- Quanto tem...po...- a voz dela falha e a última coisa que percebe é uma mão fria tocando sua testa.


O invasor demora mais uns minutos admirando a certeza Ino seria magnífica quando crescesse, mas isso não serviria muito, pois ele não tinha a menor intenção de demorar demais para receber a sua parte do trato. Afinal, ele cumprira à risca o que se propusera a fazer.


- Nós nos veremos em breve, Ino Yamanaka. – o homem se levanta vai até a janela, apenas para ver o caos que o clima estava proporcionando. – Você não se lembrará dessa noite e nem de mim. – a forma que tomara começa a sumir. – Mas logo eu virei buscá-la. – e assim ele some.


A mágica desaparece e os dois se vêem novamente em Kumogakure, dentro do mesmo quarto por onde começou o surgir das verdades. A jovem corre para a janela e vomita, sentindo que aquela reação biológica era a resposta de seu corpo a enxurrada de verdades a qual ela fora submetida.

 

- Você fala. – Ino abre a boca de deixa alguns flocos entrarem ali. Ela treme com o choque térmico em seu interior e espera até que a neve se torne água. Quando isso se dá, ela gargareja e limpa a boca. – Eu preciso ouvir...

 

- Então, sente-se. – a Morte aponta para a cama. – Vai ser longo.

 

Isso ela o faz e quando está colocada em seu leito, a loira retoma a conversa.

 

- Fui eu quem trouxe tudo isso pra mim mesma. – sua mente vai encontrando frangalhos de razão. – Achei que tudo que aconteceu comigo era culpa dos meus pais, mas não. Fui eu. Só eu.

 

- A maior parte sim. – diz ele. – Só que a inaptidão dos seus pais me ajudou. Eu não teria conseguido tanto sem a ajuda deles. Não pense que eles não se beneficiaram com o seu sofrimento, pois isso é uma das poucas verdades indubitáveis nessa história.

 

Ino fita seu marido por alguns instantes e percebe algo ali. Aquela postura sóbria, as palavras concisas e desprovidas de grosseria, a ausência dos sorrisos maldosos e sardônicos. A presteza nas respostas e a sinceridade não eram compatíveis com a figura com quem conversava. Aquele não era Hidan Jashin.

 

- Quem é você?

 

Dejà vu...

 

- Já respondi isso. – apenas uma nota de tédio é captada naquela voz. – "Ela está se fazendo de surda de propósito?"


- Não. Estou perguntando quem é essa figura com quem eu falo. – esclarece a loira.

 

- Você percebeu a diferença, não é? – um esboço de sorriso surge nos lábios do homem. – Eu sou aquele com quem você fez o contrato, mas não aquele com quem você se casou.

 

- Não entendo – ela franze o cenho, a conversa estava pendendo entre a loucura e o ápice da abstração filosófica. - Vocês não são a mesma coisa?

 

Ele ri.

 

- Não, eu sou o que sou. – responde a Morte. – Hidan é só o que esse corpo representa.

 

- Um papel. – percebe a loira. – Uma personagem...uma mentira...

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Mistress, you made me

(Amante, você me fez)

Mistress, you saved me

(Amante, você me salvou)

In your cold hands

(Eu suas frias mãos)

I am safe and cool

(Eu fico seguro e calmo)

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OoOoOoOoOoOoO

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I swim in you

(Eu nado em você)

In your dark rivers

(Eu seus sombrios rios)

Dive in your mind

(Mergulho em sua mente)

Search for your monsters

(Procurso por seus monstros)

Search for resistance

(Procuro por resistência)

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Nem um dos dois entende o por quê de aquilo ter ferido a ambos.

 

- Na mesma noite em que você selou o contrato comigo, eu tomei posse do corpo de Hidan Jashin. – ele ignora o choque dela. – Seria mais fácil me aproximar de você como um homem mortal.

 

- Se você é quem diz ser. – ela interrompe a fala do companheiro. – Chegar a mim não seria um problema pra você.

 

- De fato. – o sutil e melancólico sorriso nos lábios dele arranca o fôlego de Ino. – Só que eu queria mais, não só me aproximar.

 

- Você brincou comigo, Mefistófeles. – diz ela, permitindo ser tomada pela tristeza.

 

- Me esbaldei, cara Margarida. – a mão dele colhe as lágrimas que escorriam das safiras femininas.

 

- Por que? Por que fez tudo isso? Por que tanto trabalho só pra me destruir?

 

Hidan se levanta e ronda pelo quarto escuro. Aquela era a pergunta fatídica, para a qual ele não possuía uma resposta.

 

- Eu não sei. – diz o homem, sentindo-se tão perdido quanto ela. – Suponho que eu tenha tentado entender...

 

- Entender o que? – a descrença dela é altamente perceptível.

 

- O que há na vida que faz com que vocês se apeguem tanto a ela?

 

Ino fica sensibilizada com o questionamento, era impensável que, de tudo que existisse no Universo, a Morte seria aquela a pensar sobre aquilo. Ela se levanta e caminha até o homem, sendo observada por ele a todo o momento. Na verdade, tudo em sua presente situação era impensável, mas aquele tópico em particular, beirava a síntese do absurdo!

 

- Estar preso nesse monte de carne em decomposição... – ele abre os braços de uma maneira a mostrar o corpo e a expressão de ojeriza no rosto dele é evidente. – Uma existência tão limitada, patética, ínfima. Não dá pra entender.

 

- Como não dá? – questiona a loira enquanto caminhava até ele. – Você não está vivo?

 

Hidan pega a mão direita de Ino e a faz tocar no lado esquerdo do corpo masculino. Não havia batimento ali! Ela grita e tenta afastar-se, mas o homem não permite e poucos segundos depois, o coração volta a bater.

 

- Meu Deus, como fez isso?

 

- Há duas coisas convivendo dentro desse corpo. – ele tira a mão feminina de seu tórax, mas ainda a segura. – Eu e a última parcela de alma que sobrou de Hidan Jashin.

 

- O que quer dizer? – aquilo estava realmente confuso. – Não estou entendendo nada.

 

- Sem uma alma, um corpo não vive. – A Morte solta a mão de Ino e coloca uma das suas próxima ao pescoço dela, e ali se mantém ao mesmo tempo em que ele circunda o corpo da loira e termina parado atrás dela. – E pra esse corpo continuar utilizável, eu tive que manter uma parcela da alma de Hidan Jashin nele.

 

- Por isso que há essa diferença. – ela percebe que as mudanças de personalidade nada mais eram, do qual dos dois habitantes estava mais presente.

 

- Touché. – as mãos dele pousam, sutis, nos ombros dela.

 

- Por um acaso, em algum momento, você... – Ino pára de falar e coloca sua mão direita acima da do homem. – Qual o seu nome?

 

- Escolha o que preferir. – responde o Jashin. – Nesse momento, sou Morte e Hidan Jashin; mas já me chamaram de Kali, Thânatos, Yama, já fui chamado de Anjo...Seja qual for o que você escolher, todos falam de mim.

 

- Prefiro continuar te chamando de Hidan ou de Mefistófeles. – o humor quase não aparece nessa colocação. – Se mudar, nenhum deles vai parecer ser você.

 

- À vontade.

 

- Se você está usando o corpo do Hidan. – ela se vira para ele. – Qual é a sua aparência real?

 

- Não tenho. – ele é sucinto pra dizer. – Tudo é uma manifestação corpórea, uma ilusão que torna as coisas mais fáceis pra mim.

 

Ela se lembra de uma coisa.

 

- Quando você falou comigo na minha infância... –

 

- Hidan Jashin morreu no mesmo dia que seus pais. – a Morte interrompe a fala da esposa. – E eu posso estar em vários lugares ao mesmo tempo.

 

- Onipresente?

 

- Se preferir colocar desse jeito... – segue o Mefistófeles. – Só achei que seria mais fácil negociar com você estando com a aparência dele.

 

- E quanto ao que eu vi na Floresta? Aquele rosto? – Ino se arrepia com a lembrança da face cadavérica.

 

- Apenas uma manifestação.

 

- O fogo?

 

- Almas penadas. – ele responde como se aquilo não fosse nada.

 

- As figuras que eu vi?

 

- Nenhuma alma que servia aquele culto estúpido consegue partir desse plano. – a mão esquerda dele brinca, distraidamente, com os fios loiros. – Eles não querem deixar esse mundo.

 

- E por que se reúnem?

 

- Por essa razão. – diz Hidan. – Estão apegados a esse plano.

 

- Kakuzu?

 

- Alguém que fez um acordo comigo também.

 

- Em todas as coisas que aconteceram. – ela olha dentro dos olhos dele. – Alguma vez, você e Hidan Jashin quiseram a mesma coisa?

 

- Você. – a resposta vem sem titubear e um calor sobe pelo corpo de Ino. Hidan caminha até ficar a pouquíssimos centímetros dela. – Sempre quisemos você.

 

- Queriam como? – a loira põe suas mãos nos braços masculinos.

 

- Você se tornou um vício pra Hidan. – diz o homem. – E uma obsessão pra mim e isso não pode acontecer.

 

- Por que não? – aquela frase trouxe temor ao coração da jovem. – O que há de errado?

 

- Eu não sou humano. – diz ele. – Não estou vivo, não posso estar vivo, não tenho como deixar de ser o que sou, não posso abandonar minha função, não posso criar vida, só tomá-la.

 

Quando as mãos dela lhe tocam a face é que ele percebe que a mesma estava úmida. Ele estava chorando? Como isso era possível? O olhar desesperado dela faz surgir um nó em sua garganta e seus braços circundam o corpo quente e perfumado.

 

- Não diga que você não pode criar vida! – ralha a loira. – Nós dois criamos uma vida, e que Deus me perdoe por dizer isso, mas eu quero você e isso está me apavorando.

 

Ela se permite desabar nos braços dele e chora, como uma criança abandonada, perdida em meio a um mundo que não pode compreender. Outra vez, ele a carrega para a cama e lá ficam por longos momentos. Ino perdida em suas lágrimas e Hidan perdido no fundo de si mesmo. Ele coloca seu rosto acima do ventre feminino e ali permanece, em total silêncio.

 

- Quanto tempo?

 

- Ainda não tem dois meses. – responde ela. – O que é que está dentro de mim, Hidan?

 

- Algo humano, não se preocupe. – ele fecha os olhos mais uma vez e assume uma expressão incompreensível. – Estou nesse Universo desde que a primeira coisa viva surgiu e isso nunca aconteceu.

 

- O que? – questiona a loira.

 

- Você e esse ser que habita dentro do seu corpo. – esclarece ele. – E o fato de que, pela primeira vez, eu não saber quem eu sou.

 

- Acho que você é ambas as coisas. – diz ela. – Juntas e cada um a seu momento.

 

- Talvez seja isso mesmo. – concorda ele. – Agora durma, você precisa.

 

- Você vai partir? – Ino o observa por longos momentos.

 

- Um dia, mas não será amanhã e nem depois. – diz ele com sinceridade. – Então, não perca o seu tempo pensando nisso.

 

- Tenho medo. – diz ela

 

- Do que?

 

- De que você não vá estar aqui quando eu acordar.

 

- Mas que inferno, Ino – reclama o Jashin. – Não disse que vou estar aqui? Dorme de uma vez porque eu também quero dormir!

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Sink into the mud

(Me afundo na lama)

Dance in the halls of insanity

(Danço nos salões da insanidade)

Yet madness is your highest deed

(E ainda assim a loucura é seu maior feito)

Your vanity

(Sua vaidade)

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A loira ri e percebe uma coisa: Aqueles dois seres que habitavam dentro daquele corpo faziam um homem sine qua non. Um era arrogante, presunçoso, meio grosso e até insuportável. O outro era misterioso, profundo e com uma sutileza entorpecente. Somando os dois lados, ficou óbvio para a Jashin de que nenhum outro era tão apropriado para ela quanto ele.

 

Ela pegara no sono rápido e seu companheiro ocupou-se de velar o seu sono, tranqüilo depois de tanto tempo. Desde que se reencontraram, a Morte não conseguia estar na companhia dela por tanto tempo. No começo de sua brincadeira, ele jamais poderia ter pensando que as coisas ficariam desse jeito e nem que, dentro daquela figura esguia e loira haveria duas pessoas fascinantes: A loira fútil, imatura e apaixonada. E a loira profunda, sedutora e arrebatadora.

 

Em resumo: Eles eram almas gêmeas. Não no sentido podre e romântico da expressão, mas no contexto de que eram dois pedaços de uma mesma coisa. De uma coisa que só existiu, existe e existirá para eles e que só eles criaram.

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Continua


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Notas finais do capítulo

Final vem vindo, pessoas. ;-;



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