Réquiem escrita por Ghanima


Capítulo 17
Tormenta


Notas iniciais do capítulo

Disclaimer: Naruto pertence a Masashi Kishimoto.

Música: It Snows in Hell

Banda: Lordi



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Cap 17 – Tormenta

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Ele só aquiesce e toma o rumo da saída, sem dizer nada até que algo lhe vem à mente.

- Agora você tem cacife pra dizer aquilo. - comenta o homem

- Aquilo o que?

- Vim, vi e venci.

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OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

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"Como é terrível conhecer, quando o conhecimento não favorece quem o possui!"

(Sófocles)

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You did the trick

(Você fez o truque)
I didn't see it coming

(Eu não previ isso)
I did not hear a sound

(Eu não ouvi nada)
Though you were quick

(Embora você tenha sido sagaz)
I will not be forgiving

(Eu não serei clemente)

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~ Kumogakure – 01 de Dezembro ~

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Estavam os Jashin e Kakuzu dentro da sala de jantar, o dono da casa estava na cabeceira da mesa e sua esposa ao lado direito, o convidado do lado esquerdo e o trio comia silenciosamente. Essas pessoas já estavam juntas há algumas horas, debatendo sobre documentações, propriedades, direitos e deveres. No geral, esses assuntos pouco interessavam à mulher, mas ela sabia que não tinha como evitar.

 

Levaram, pelo menos, uma hora devorando a deliciosa refeição. Depois dela, Ino e Kakuzu foram para o escritório enquanto Hidan rumou para um outro ponto da casa, sem dizer o motivo. Era normal que ele fizesse isso, por mais pouco cortês que a atitude fosse. O recinto em que a dupla se encontrava era pequeno e pouco mobiliado. Assim que se entrava, via-se uma grande janela e defronte a esta, estava uma mesa negra. Do outro lado deste móvel estavam duas cadeiras. Na parede esquerda estava uma estante e na outra, só havia um enorme quadro.

 

Foi nessa direção que a loira segui, prendendo seus olhos à figura ali representada. Um homem com seus 40 e poucos anos, cabelos ruivos e os mesmos olhos púrpuras do marido da jovem. O dito ser estava sentado em uma cadeira e segurava uma bengala idêntica ao do atual Jashin. Ele usava uma túnica vermelha e marrom e o mesmo colar que a loira e o Mefistófeles tinham.

 

A jovem ficou em estado de choque por nunca ter reparado naquele quadro. Claro que ela já o tinha visto, mas aquela era a primeira vez que a bela dava real atenção à pintura. Seu corpo estava a poucos centímetros da enorme tela e sua mão direita vai até a mesma, sentindo a textura da tinta antiga embaixo dos seus dedos. A mão esquerda vai até a boca e nesta coloca a borda da taça de vinho branco. Os orbes cor de safira estavam completamente vidrados na imagem.

 

- Quem é você? - ela pergunta alto e sem perceber.

 

- Seichirou Jashin. - responde Kakuzu, que observava todas as atitudes da loira e não consegue evitar um sorriso por baixo de sua máscara. - O fundador da família.

 

Ino se vira na direção dele e o homem decide que era uma boa hora de atazanar o chefe. Ele vai andando calmamente enquanto bebe do mesmo vinho que a jovem sorvia, até parar do lado dela.

 

- "Muito bom...Vamos ver como aquele insuportável vai lidar com a curiosidade da mulher" - o maquiavelismo do plano expunha todo o "apreço" sentido pelo banqueiro. - Vai me dizer que não sabia?

 

Pergunta totalmente retórica.

 

- Não. - confirma a loira, mexendo rapidamente na manga de seu vestido oliva. - Ele nunca falou da família para mim, se bem que eu nunca soube o por quê. - ela olha rapidamente para o acompanhante. - "Mas algo me diz que você sabe."


- Talvez ele tenha algo a esconder. - o comentário displicente foi feito com a única intenção de incitar as perguntas.

 

- É claro que ele tem. - ela consegue dominar a sua própria curiosidade, apenas um pouco. - Mas acho que ele esconde coisas específicas. - mais um gole de vinho. - "Está bem, senhor Kakuzu. Vamos jogar um pouco."


- Tipo? - questiona o homem.

 

- A relação de vocês dois é um exemplo. - a mulher olha direto nos olhos daquele ao seu lado, prendendo o olhar do mesmo. - Já deu pra ver que vocês se odeiam.

 

Ponto para ela, fato. Seus muitos anos de vida o permitiram criar aquela habilidade, de não esboçar seus pensamentos em seu rosto, mas ele ficara surpreso que ela começasse o interrogatório com isso. Sua memória vai até o dia em que aquilo começou.

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You won't be waiting for my return

(Você não estará esperando pelo meu retorno)
I promise baby - You'll burn

(Eu prometo, querida – Você queimará)

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OoOoOoOoOoOoOo Flashback oOoOoOoOoOoOoO

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Takigakure – 9 anos atrás

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Seu corpo todo parecia estar prestes a explodir e ele não podia fazer nada para evitar. Ele estava caído de bruços no chão, com o rosto perto da lama molhada de tal maneira que Kakuzu quase estava se afogando na água e no sangue misturado, que vinha das feridas profundas em seu rosto. A lama fétida e nojenta entrava por suas narinas e sua boca, fazendo com que o ferido perdesse o pouco ar que tinha.


Ele sabia quem tinha feito aquilo. O banqueiro de quem ele havia tomado tudo. Uma vingança justa e horrenda ao mesmo tempo. Visto que a brutalidade do ataque a Kakuzu era de perturbar até ao mais valente. Quatro homens o sequestraram na saída do banco e lhe agrediram horrivelmente por muito tempo.


Socos, chutes, pontapés não foram suficientes. Dois cortes profundos foram feitos nas laterais de sua boca, vários outros se espalharam pelo corpo. Fogo também foi usado, visto que um deles tocou a pele do banqueiro com um pedaço de ferro em brasa. Ele sentia que o fim estava próximo e já nem esperava por socorro, já que os gritos dele não foram ouvidos por ninguém.


- É. - um figura se ajoelha ao lado de Kakuzu. Era um homem,de cabelos prateados e olhos púrpuras, que sorria diante o horror. - Eles te deixaram bem fudido, não é?


Duas coisas o impressionaram: A capacidade que o cara tinha de rir da desgraça dele e de não se molhar com a chuva que caía.


- Você é? - o quase-morto não sabia de onde viera a força para falar.


- Não se faça de burro, eu sei que você não é. - responde o outro. - Então, vamos direto ao assunto: Quer viver?


O combalido balança a cabeça lentamente.


- Ótimo. - o desconhecido fecha os olhos por alguns segundos, como se estivesse se concentrando. - A partir de hoje, você vai me servir.


- O que eu ganho com isso? - desafia Kakuzu.


- A única droga nesse mundo que te interessa, dinheiro!


O desconhecido desaparece e logo um velho em uma carroça aparece, proporcionando o desejado socorro. Quando sua consciência volta ao corpo, Kakuzu se vê numa cama de hospital, mais enfaixado do que uma múmia e com dores por todos os cantos do corpo. Ele passa muito tempo em recuperação e o seu misterioso bem feitor só aparece de novo dia de sua saída.


O ser de cabelos prateados o acompanha até sua casa e é lá que Kakuzu descobre como seria sua vida e quem diabos era aquele sujeito! O corpo pertencia a Hidan Jashin, um ricaço de Kumogakure, o seu real cliente era a Morte e o que Kakuzu teria que fazer era tornar possível que Hidan Jashin controlasse toda a vida de uma família de Konoha, os Yamanaka. A razão: A Morte queria a herdeira da família, uma pirralha chamada Ino.

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OoOoOoOoOoOoOo Fim do Flashback oOoOoOoOoOoOoO

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Now it snows in hell

(Agora neva no Inferno)
This is the day foretold till death do us apart

(Esse é o dia profetizado até que a Morte nos separe)
Now it snows in hell

(Agora neva no Inferno)
I've gone away but I've got you in my heart

(Eu fui embora mas tenho você em meu coração)
All frozen and scarred

(Totalmente congelado e lacerado)

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O banqueiro larga do saudosismo e se vira para a moça, que o esperava pacientemente. Foram alguns poucos instantes de silêncio e observações, mas a loira percebeu que no fundo dos olhos frios de Kakuzu, havia um medo latente sentido por ele em relação ao seu cliente.

 

- Dinheiro. - diz o homem. - É só por isso que eu aguento ele.

 

- Ele paga tão bem assim? - Ino estava cética em relação à resposta.

 

- Paga.

 

Ela se silencia por um tempinho.

 

- O que você sabe dele? - um dedo feminino indica a pintura.

 

- Não muito. - Kakuzu vai até a mesa do escritório e coloca ali a taça vazia. - Só que ele era uma péssima pessoa.

 

- Péssimo, como? Violento? Sem escrúpulos? - momentaneamente, a imagem de Hidan lhe vem à cabeça. - "Será que isso é de família?"

 

- Isso e mais um pouco. - o homem se apoia na mesa. - Ele era quase um senhor feudal em Yugakure, mas morreu quando houve a união. O filho dele, que era o oposto, denunciou o pai e conseguiu manter um pouco de respeito pelo nome da família.

 

- Nossa. - diz a loira, fascinada pela história. - A família Jashin é tão rica assim?

 

- É. - aquiesce o banqueiro.

 

- Ele nunca me disse o quão rico ele é.

 

A boca do homem é mais rápida do que sua razão.

 

- Você acha que seu marido é quem diz ser?

 

Imediatamente arrependido, o homem vai saindo do escritório. Ele é detido momentaneamente pela dona da casa, que pega em um de seus braços.

 

- O que quer dizer com isso?

 

- Pra tomar cuidado. - a voz dele sai tão baixa que a própria Ino tem dificuldades para ouvir. - Hidan Jashin não é quem ou o que você pensa.

 

Com isso, Kakuzu parte e deixa uma jovem confusa atrás de si. Ino se mantém no escritório e vai até os livros, procurando alguma coisa que lhe desse mais informações, mas nada parecia interessante. O máximo que ela viu foi um livro que falava um pouco da história política de Kumogakure. Para colocar as informações em ordem, a loira pega um bloco de papel e uma caneta e se senta à mesa.

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Dia 05 de Agosto de 1782

Nesse dia histórico é que se dá a união das Vilas de Kumogakure e Yugakure. Por mais que fosse um acontecimento fortuito, a ocasião foi eclipsada pelo terrível ocorrido 4 dias antes. Os últimos remanescentes do nefasto culto Jashinista foram dominados pelas tropas de Kumogakure. A localização da área de reuniões dos falecidos foi entregue por Masaki Jashin, o jovem filho de Seichirou Jashin, fundador da seita e déspota de Yugakure. Graças à intervenção do jovem Masaki, o culto foi destruído e a unificação foi possível. Em memória aos assassinados pelos membros do culto, a floresta onde se deu o ato ganhará mais árvores e o nome de Yugakure. A pedido de Masaki, o culto não mais seria chamado de Jashinista, pois o nobre rapaz deseja devolver à honra ao nome da família Jashin.

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A loira folheia as páginas e vê a foto de Masaki Jashin, uma miniatura do pai, mas de expressão gentil e bondosa. Ao contrário de seu genitor, cuja face exprimia uma maledicência quase palpável. Ino começa a preparar as anotações.

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Fatos:

Floresta Yugakure deve ser visitada.

Unificação: 05/08/1782

Fim do Culto: 01/08/1782

Fundador: Seichirou Jashin

Veneravam a morte. (descobrir de onde veio isso)

Emblema do culto: o desenho do meu colar. (descobrir como aquilo chegou até mim)

Hidan:

Idade: 30 anos

Nascimento: 02/04/(1)1890

O que faz: É rico, dono de metade Kumogakure.

Coisas estranhas: Me conhece há 9 anos (por que eu não me lembro?), tem um colar igual ao meu (herança de família, mas é estranho), já ficou como os olhos negros do nada.

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A jovem tira o papel do bloco e o guarda dentro do seu decote, mas continua a leitura. Ela tinha a ligeira impressão de que aquele livro já havia lhe dito tudo o que tinha pra dizer, mas como ela não tinha mais nada pra fazer, era melhor continuar enchendo o tempo com alguma coisa.

 

- Já não era hora de estar na cama?

 

Ela dá um pulo na cadeira e é brindada com a risada irônica de Hidan, parado na porta, vestindo sua blusa branca aberta e uma calça social cinza. A loira apaga a luz em cima da mesa e deixa o livro ali, uma vez que o que precisava já estava com ela. Ino caminha até o marido, sem olhar para ele.

 

- Me distraí. - o casal vai andando até a escada.

 

- Notei. - ele interrompe a subida quando vê a loira parada na escada, bocejando. - Vai demorar muito?

 

- Está com pressa pra alguma coisa? - ela o olha irritada.

 

- Agora que você perguntou... - ele desce uns degraus e a puxa pra si, colocando o corpo dela sobre o seu ombro esquerdo e tomando o rumo inicial. - Estou sim.

 

Eles se uniram naquela noite, mas o sexo ali foi algo mais calmo, sem a intensidade sufocante que marcava o ato. Hidan parecia querer aproveitar mais os seus momentos íntimos com a esposa, que se deixava levar sem maiores resistências. Ao final, quando já estava quase pegando no sono, a Morte dá uma noticia.

 

- Viajarei amanhã de manhã. - ele estava apoiado na cabeceira da cama. - Só devo voltar no final do mês.

 

- Tanto assim? - logo sua mente entendeu que aquilo lhe daria tempo para as pesquisas. Seu corpo estava apoiado no tronco masculino.

 

- Já está sentindo falta? - ironiza o homem.

 

- Vai sonhando.

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Your life goes on

(Sua vida continua)
And it's infuriating

(E é enfurecedor)
How did you not get caught

(Como você não foi pega)

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O inverno estava mostrando os sinais do quão rigoroso seria naquele ano, uma fina camada branca cobria as superfícies, um vento constante e gélido fazia com que a sensação térmica ficasse ainda menor do que a temperatura factual. Sentada em um banco da estação de trem, Ino fitava suas mãos enluvadas em roxo enquanto bebia uma caneca cheia de chocolate quente e esperava pela chegada da próxima máquina. Seu vestido de veludo cor de uva e o pesado casaco cinza não pareciam estar protegendo-a da temperatura.

 

De longe, os orbes azuis percebem uma fumaça característica e não demora até o barulho chato do veículo alcançar os seus tímpanos. Quando a enorme massa de metal para diante de si, a moça esquece do mau tempo e sente uma onda de alegria invadi-la, e isso só vai aumentando conforme as pessoas vão descendo dos vagões. Depois de vários minutos, uma figura com um casacão branco e notórios cabelos loiros vem com apenas uma mala preta apoiada no ombro direito.

 

- Niisan! - exclama a Jashin, enquanto corre na direção do rapaz. - Graças a Deus você veio!

 

Os parentes se abraçam por longos minutos.

 

- Como vai, Ino-chan, un? - os olhos criteriosos de Deidara inspecionam a figura à sua frente. - Morrendo de frio como eu?

 

Ela ri.

 

-Quase isso.

 

Eles caminham para a saída e vão até a carruagem de Ino, que andava lentamente pelas ruas cheias de neve e escorregadias. O primeiro lugar para onde vão é o hotel onde o jovem ficaria hospedado – uma vez que ele se recusou a dividir a casa do Jashin – e lá, depois de alocar os pertences do loiro dentro do quarto. E dentro do cômodo é que eles decidem almoçar e colocar o papo em dia. Deidara tagarelava incessantemente sobre sua vida, arte e explosões, enquanto a prima ouvia tudo com metade da atenção.

 

- Un. - ele mesmo já não percebia quando sua "palavra-padrão" saía de sua boca. - Ino-chan, você está onde?

 

A loira volta a si e decide ir direito ao assunto.

 

- Preciso da sua ajuda, niisan. - a mulher deixa toda a sua apreensão ser expressada no rosto jovem.

 

- Ajuda pra quê? - bastou aquilo para que o artista entendesse a seriedade do assunto que estava por vir.

 

A partir disso, Ino conta tudo o que vinha se passando com ela desde o primo foi retirado de Konoha. As várias insinuações que Hidan fez de que o casamento era algo que fora planejado por muito tempo, os colares iguais, os olhos negros, a reação da enfermeira Yui ao ver o seu pingente, o culto fundado por Seichirou Jashin. O rapaz se manteve em silêncio por todo o tempo, apenas processando as informações que lhe eram passadas.

 

- Eu entendi a sua situação, un. - o loiro cruza os braços. - E digo: É muito bizarro.

 

- Isso eu já sei, niisan! - exclama a ex Yamanaka. - Mas não consigo ficar em paz com essas coisas, preciso saber.

 

- Saber o que?

 

- Quem é Hidan Jashin. - ela finalmente se permite dizer o que, só em pensamento, existia. - Tem muito mais coisa aí do que apenas uma dívida.

 

- Concordo, un. - o mais velho sai de seu lugar e se ajoelha diante da prima, pegando as mãos dela nas suas. - Mas será que é bom mesmo, un?

 

- O que quer dizer?

 

- Que tem coisas que é melhor ficarem escondidas. - algo dentro de Deidara o dizia que aquela busca seria algo traumático. - Pode ser que a verdade seja mais do que você possa aguentar.

 

Muito da resolução da loira de catar os fatos some com aquele comentário. Deidara havia sido capaz de pronunciar os incessantes avisos que sua Razão tentava lhe passar. Por mais que seu casamento estivesse andando bem, sempre havia uma sombra rondando a união. Especialmente porque Hidan era um alguém enigmático demais e sombrio demais. A jovem sabia que aquilo não iria durar se a verdade não lhe fosse revelada.

 

- Eu sei disso, niisan. - ela baixa a cabeça e fita o chão. - Mas como é que eu vou continuar sem saber de nada?

 

- Ino-chan...-

 

- Deidara-niisan. Se é pra ter medo... - o azul encontra o azul. - Prefiro saber o que temer.

 

O artista compreendeu que qualquer esforço seu de dissuadir a Jashin seria uma completa perda de tempo, o que o fez se dar por vencido. Por mais que não aprovasse essa busca desenfreada pela verdade, ele também era capaz de ver a imperiosa necessidade que ela sentia de saber. Na verdade, o próprio Deidara estava curioso, mas ele sabia que curiosidade em excesso, assim como qualquer coisa em excesso, era um perigo.

 

- Por onde começamos, un? - ele se levanta e puxa a prima consigo.

 

Ino dá um sorriso e olha para a mesa, onde os dois almoçaram. Ela vê uma faca e pega o objeto, colocando contra a mão esquerda e puxando a lâmina, abrindo um corte relativamente grande em sua palma.

 

- VOCÊ BEBEU O QUE? - esbraveja o homem, arrancando a faca da mão da jovem e a levando até o banheiro. - Enlouqueceu de vez?!

 

- Ai. - o corte doía menos do que os gritos em seus tímpanos. - Não, vamos à clínica do doutor Hatori.

 

- Que seja, mas porque diabos você fez isso, un? - ele enrola um pano do banheiro na mão da prima e a vai levando para fora. - "Ela pirou de vez! Só pode ser, un."


- Pra começarmos a nossa procura.

 

A calma e a frase em si deixaram o loiro mais confuso ainda, mas ele escolheu nem insistir muito no assunto. Foi uma corrida curta até a dita clínica, que por intermédio da sorte, estava pouco movimentada naquela tarde. Ino foi logo levada para a sala do médico e – até os primeiros socorros começarem – Deidara acompanhara a prima. Só que, ao ver o machucado mais atentamente, ele se viu perdendo toda a disposição e teve que ser acudido por duas enfermeiras. Uma delas, por sinal, era a pessoa a quem a Jashin veio procurar.

 

Quando foi terminado o atendimento, Ino esperou que Yui viesse até ela e isso não demorou. A gentil enfermeira lhe trouxe suas luvas e sua bolsa e as duas conversaram um pouco mais enquanto a loira separava o pagamento da consulta.

 

- Yui-san. - Ino preenchia um cheque. - Lembra da primeira vez que vim aqui?

 

- Claro. - responde a enfermeira, ajeitando os seus cabelos azuis. - A senhora tinha um corte grande no ombro.

 

- E lembra do colar que eu usava?

 

A loira percebe a cor sumir das faces jovens da moça de mechas azuladas.

 

-Vejo que lembra. - ao findar o preenchimento do cheque, a Jashin entrega-o à companheira. -Preciso de sua ajuda.

 

- Para o que? - questiona a voz baixa de Yui .

 

- Tem alguma coisa pra fazer esse sábado? - continua a loira.

 

- Não. - responde a Sato. - É o meu dia de folga.

 

- Preciso que você me ajude a saber mais sobre os Jashin.

 

Ela vê como a outra parece querer sumir.

 

- É muito importante pra mim, Yui-san. - sua mente começa a trabalhar em alguma mentira que convencesse a de cabelos azuis à ajudá-la. - Meu... - estava difícil pensar em algo bom. - Bebê precisa saber de onde veio a família dele.

 

Ao receber essa notícia, alguma alegria volta ao rosto de Yui, que logo abraça a paciente e sorri. Considerando o pouco tempo de vida (de mentira, lê-se), a loira queria manter as coisas em segredo, apenas para não criar expectativas. A enfermeira concorda e as duas planejam tudo.

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Your deed will spawn

(A sua atitude vai gerar)
A fate beyond your making

(Um destino além do seu feito)
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Infelizmente, o plano da Jashin não deu muito certo, pois Yui adoecera e ficara em casa por muitos dias. Nesse meio tempo, os primos aproveitaram para acumular informações e desfrutarem da companhia um do outro. Hidan mandou apenas um carta, afirmando que estava em Sunagakure resolvendo algumas pendências e que tudo estava bem. Em resposta, a loira lhe escreveu falando de sua rotina, de algumas outras banalidades...Tudo de maneira a manter o marido bem longe de casa, enquanto ela seguia em sua pesquisa.

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You won't be waiting for my return

(Você não estará esperando pelo meu retorno)
I promise baby - You'll burn

(Eu prometo, querida – Você queimará)

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~ 20 de Dezembro ~

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Ino e Deidara, ambos vestidos de verde por uma coincidência do Destino, estavam parados na porta de uma pequena e adorável casa rosada. Era ali que morava Yui Sato, recém-recuperada de um problema nos pulmões. Os primos congelavam com a neve incessante e fina, que veio acompanhada de um vento inconveniente e com as mesmas características da neve. A porta é aberta e a figura sorridente da enfermeira os brinda.

 

- Boa tarde. - ela abre mais a porta e abre caminho para a dupla. - Fiquem a vontade.

 

Eles sorriem de volta e colocam seus casacos nos ganchos da parede, a moça de cabelos azuis os guiava por um pequeno corredor que dava na sala modesta. Um sofá, uma mesinha de centro, a lareira, uma estante, uma mesa de estudos. Tudo simples e prático, apropriado a uma pessoa que morava sozinha e não passava muito tempo em casa.

 

- Obrigada por nos receber, Yui-san. - fala a loira, entregando uma caixa de chocolates para a outra mulher. - Esse é o meu primo, Deidara.

 

- Prazer, un. - o rapaz dá um sorriso simpático. - "Se ela ficar doente de novo, juro que eu cuido dela, e com prazer."


O desnecessário comentário – graças a Deus – ficou só nos pensamentos do artista.

 

- Prazer em conhecê-lo. - a enfermeira fica ruborizada com o cumprimento do loiro e pega a cadeira da mesa de estudos, levando a mesma para perto do sofá. - Fiquem a vontade.

 

O cavalheirismo obrigou Deidara a se acomodar na cadeira e deixar o conforto do sofá para as damas. Yui sai novamente e ficou alguns minutos na cozinha, apenas para voltar com três xícaras de café fresco.

 

- Sirvam-se, por favor. - os três pegam suas xícaras.

 

- Como está, Yui-san? - começa a Jashin. - Melhor, eu espero.

 

- Já estou bem sim, Ino-san. - diz a outra. - Mas a que devo a visita?

 

- Primeiro, eu queria ver como você estava. - fala Ino, tomando um gole do café. - Segundo, queira retomar aquele assunto que começamos no consultório.

 

Os olhos da enfermeira escurecem com a lembrança.

 

- Sobre o culto de Jashin. - fala a moça de cabelos azuis. - Por que a senhora quer ressuscitar algo tão antigo?

 

- Por causa disso aqui, un. - Deidara tira o pingente da prima de dentro do seu casaco. - Eu li na biblioteca de Kumogakure que esse era o símbolo do culto e algo que só os adeptos tinham.

 

- É sim. - confirma a Sato.

 

- Só que ninguém na nossa família tem relações com isso. - afirma o loiro. - Pelo que Ino-chan me disse, un, ela tem essa coisa desde os 8 anos. E nem se lembra como isso chegou nas mãos dela, un.

 

Yui franze o cenho.

 

- Como isso é possível? - inquiri ela.

 

- Exatamente! - exclama Ino. - Eu também não sei, mas se isso é exclusivo daqueles que eram do culto, por que eu o tenho?

 

- Não faço idéia. - fala a dona da casa. - Realmente não faço.

 

- Yui-san, eu preciso que você me diga o que sabe. - Ino se aproxima da moça e toca nas mãos dela. - Passamos dias procurando e poucas informações foram encontradas.

 

A Sato se levanta e caminha até a porta, trancando a mesma. Depois vai até a janela da sala, tranca os vidros e fecha a cortina. Ela se aproxima da lareira e fita o fogo longamente, enquanto os visitantes observavam calados.

 

- Não sobraram muitas informações mesmo. - a enfermeira não olhava para nada além das chamas. - O governo de Kumogakure fez um esforço enorme pra apagar esse passado.

 

- "Com razão, diga-se de passagem." - os primos se olham e pensam a mesma coisa.

 

- O que vocês sabem até agora? - Yui volta ao seu lugar e Ino entrega as anotações para ela.

 

- Não muito. - fala Deidara. - O pessoal da biblioteca estranhou quando eu comecei a procurar demais sobre o assunto, un.

 

- Imagino. - fala a jovem, enquanto lê o papel. - Quase ninguém toca nesse assunto. - a leitura termina. - Eu só posso adicionar algumas coisas.

 

- Qualquer informação é útil. - afirma a de cabelos dourados.

 

- Sobre o seu marido. - Ino fica arrepiada quando a de cabelos azuis começa logo por esse tópico. - Meu pai costumava dizer que Hidan Jashin era o diabo em pessoa, desde criança. Desde a morte do neto de Masaki Jashin, a família desandou. Corriam centenas de boatos sobre os horrores que ocorriam dentro da 'Pandemônio'.

 

- Pande o que, un? - inquiri o loiro. - "Essa história vai ser ruim, já tô até vendo, un."


Yui ri brevemente.

 

- É a capital fictícia do Inferno. - fala ela, se aquecendo com café em mãos. - E também era o apelido da sua casa, Ino-san.

 

Ela olha para a loira, que estava de queixo caído.

 

- Vou me arrepender de perguntar o por quê? - questiona a Jashin. - "Provavelmente..." - ela mesma responde.

 

- Sempre houve boatos de horrores acontecendo dentro daquelas paredes. - a enfermeira segue com a história. - Todo tipo de coisa: Orgia, assassinato, incesto, estupro e todo o tipo de bestialidade. Parecia que os tempos de Seichirou Jashin tinham voltado em Hidan, mas há 9 anos, tudo mudou.

 

- Mudou? - diz o loiro.

 

- Sim. - a dona da casa vai até a cozinha e pega uns biscoitos, que logo são colocados na mesinha de centro. - Dizem que o seu marido ficou dias isolado dentro de casa e, quando saiu, era outra pessoa.

 

Ino ficava mais confusa com cada palavra.

 

- Contratou um banqueiro sinistro pra cuidar das finanças....

 

- Kakuzu. - diz Ino.

 

- Exatamente. - confirma Yui. - Pôs a casa abaixo e reconstruiu, contratou novos empregados, voltou a dar atenção aos negócios, virou um benfeitor de Kumogakure.

 

Os primos estavam estarrecidos, pra dizer o mínimo.

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Now it snows in hell

(Agora neva no Inferno)

We're done masquerading

(Estamos exausto de usar máscaras)
This is the day foretold till death do us apart

(Esse é o dia profetizado até que a Morte nos separe)
Now it snows in hell - No you won't be waiting

(Agora neva no Inferno – Não, você não estará esperando)
I've gone away but I've got you in my heart

(Eu fui embora, mas tenho você em meu coração)
All frozen and scarred

(Totalmente congelado e lacerado)

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- Isso é só o que eu sei dele. - a moça de cabelos azuis pega um biscoitinho e o devora. - Agora, sobre o culto...

 

Ela fica alguns minutos em silêncio.

 

- O que sobre ele? - pergunta Ino e a outra não reage. - Yui-san?

 

- Prometem que nunca mais vão tocar nesse assunto?

 

- Sim. - diz a dupla loira.

 

Tudo o que eu sei vêm de duas experiências que tive: Uma foi ler o diário de uma antepassada da minha mãe e que já nem existe mais.

 

- Certo, un. - Deidara incitava o resto da explicação.

 

-A data em que foi debelado o culto, vocês já sabem. - ela olha para os outros dois. - Mas ele começou 30 anos antes, quando Seichirou Jashin tinha 16 anos. Pelo que o diário dizia, desde novo, esse homem já era quase a epítome da maldade. Não havia um pingo de caráter nele. Só que, num dia, ele sofreu um acidente com o cavalo e morreu, só que a alma dele era tão horrível que nem o Inferno iria recebê-lo.

 

A cara de ceticismo dos primos nem incomoda a narradora.

 

- Eu sei, é absurdo, mas não é isso que importa. - continua a enfermeira. - Essa minha ancestral escreveu no diário coisas que lhe foram ditas pelo próprio Seichirou. Uma dessas coisas é que, ele teria feito um contrato com a Morte, pra poder continuar nesse mundo.

 

- E o que tinha nesse contrato? - pergunta a jovem.

 

- Uma coisa que eu esqueci de comentar é que só depois de fazer o contrato é que Seichirou assumiu o sobrenome "Jashin", ninguém sabe qual era o sobrenome anterior. Ele apagou todo e qualquer registro. - O contrato dizia que Seichirou viveria mais e que, quando o tempo dele estivesse encerrado, que ele serviria à Morte para todo o sempre.

 

- Péssima idéia, un. - brinca o loiro, aliviando um pouco da tensão.

 

- Mas a Morte não quis assim e disse que não o queria como servo naquele momento, mas que poderia querer um dia. Então, o Capeta Humano (a.k.a Seichirou) concordou. - Yui vai até a mesa de estudos e pega uma moringa e um copo. - Servidos?

 

- Não, obrigada. - nega Ino, mas o primo aceita e se dá um pequeno intervalo. - Por Deus, esse Seichirou Jashin não fazia nada que prestasse.

 

- Não mesmo. - concorda a dona da casa. - Mas o pior não foi isso. Ele tinha um grupo de asseclas, sabe? E contou isso para eles, que de tão maravilhados, resolveram montar o culto e realizar as reuniões na floresta que, um dia, foi de Yugakure. - ela pega mais um biscoito. - Disso começou o culto, eles re reuniam em toda lua nova.

 

- Entendi. - a loira anotava tudo o que lhe era dito em seu papel. - Mas e sobre o pingente.

 

- É o símbolo do Deus da Morte. - segue Yui. - Em uma religião antiquíssima e o nome do dito deus era Jashin. Daí veio o sobrenome da sua família e a identificação do culto.

 

- Mas isso não explica como um desses. - Ino pega o pingente com o primo e levanta o objeto. - Veio parar na minha mão.

 

- Tem certeza de que nenhum parente seu... - incita a dona da casa.

 

- Absoluta, un. - diz Deidara. - Exceto por mim e meus pais, toda a nossa família é de Konoha. Nenhum nunca chegou nem perto disso.

 

A Sato pensa um pouco.

 

- Pelo que eu li, todos que faziam um contrato com a Morte, também ganhavam um desses.

 

Por mais que algo dentro de si tenha gelado, o pensamento parecia absurdo aos ouvidos da loira.

 

- Não fiz nada disso. - ledo engano. - Yui-san, me perdoe pela pergunta: Mas sua antepassada era do culto, não era.

 

A enfermeira abaixa a cabeça.

 

- Entendem o porquê de eu ter pedido que não falassem mais disso. - sussurra a jovem. - Depois de hoje?

 

- Seu segredo morre com a gente, un. - assegura Deidara, que pensava na segunda hipótese de obtenção do pingente, enquanto fitava a prima. - "A data em que Ino-chan conseguiu o colar bate com época em que os tios adoeceram."


Durante o silêncio que se segue, o rapaz se perde em seus pensamentos. A mudança na personalidade de Hidan, a doença dos Yamanaka, a chegada do colar nas mãos de Ino; tudo aconteceu no mesmo ano. E pelo que o loiro imaginava, na mesma época também. Do nada, lhe surge uma imagem na mente que poderia trazer mais sentido às informações: Em troca de mais tempo com os pais, Ino fez um acordo com a Morte e recebeu o colar. Não leva um milésimo de segundo pra que sua cabeça pense no absurdo daquilo e ele tenha que conter um riso.

 

- "Que ridículo, un!" - é o que sua Razão diz, mas ele nem sabia que havia decifrado o mistério com aquele pensamento. - Então, sua ancestral era Jashinista.

 

- Não só. - fala a Sato, parecendo querer morrer. - Essa minha ancestral, Suzuno, era companheira de culto. - ela respira. - Amante. - lágrimas lhe vêm aos olhos. - E irmã de Seichirou Jashin.

 

Essa última informação causa um embrulho no estômago dos primos e da enfermeira, que não podem deixar de lembrar de uma das acusações feitas à família: Incesto. E que era verdade, ao que tudo indicava.

 

- Durante muito tempo, Suzuno não participou do culto, mas era a confidente do irmão. - continua a de cabelos azuis. - Como é dito: O amor é cego. E durante muito tempo, ela nem mesmo se importou. Só que tudo mudou quando ela e o seu filho-sobrinho, Masaki, nasceu. Ela abandonou Yugakure e fugiu para Amegakure.

 

- Que horror...- irmã dormindo com irmão, filhos nascendo desse pecado...tudo era terrível de se ouvir. - "Bem que o niisan estava certo quando disse que é melhor não saber de certas coisas."


- Os 15 anos em que Suzuno se manteve me Amegakure foram os piores anos do culto. - Yui bebe mais da moringa. - Muitos morreram por causa da fé Jashin e diziam que a lua de Yugakure estava sempre vermelha. Seichirou descontou o ódio de ter sido abandonado nas vítimas. A mãe de Masaki se casou de novo enquanto viveu fora do país e a família da minha mãe vem desse marido dela, Kazuya Amuro.

 

- Ah sim. - fala Deidara.

 

- Quando soube da história, Masaki veio para Yugakure e ajudou aos que queriam a unificação a destruírem o culto. - a expressão da dona da casa fica mais aliviada. - Ele fingiu ser o filho de Seichirou com uma amante e conseguiu limpar um pouco o nome da família.

 

Ino se levanta e caminha até a janela, já estava quase anoitecendo. Deidara se oferece para ir comprar comida e as duas são deixadas sozinhas.

 

- E de onde veio o diário? - inquiri a loira.

 

- Minha mãe achou em uma caixa, quando arrumávamos a casa. - responde Yui. - Provavelmente, um outro descendente da Suzuno morou na nossa antiga casa e deixou o diário lá. Eu li e fiquei fascinada. Tinha só 15 anos na época.

 

- Imagino. - a loira sorri brevemente. - E qual foi a sua outra experiência, além do diário.

 

- Eu resolvi ir até a floresta em uma noite de lua nova, apenas por curiosidade. - a de cabelos azuis começa a tremer a chorar, sendo logo abraçada pela Jashin. - Eu juro, Ino-san...Eu os vi!

 

- Viu quem? - pergunta Ino, fitando o rosto desesperado da amiga.

 

- Os Jashinistas.

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You shouldn't visit me at my grave

(Você não devia me visitar em minha sepultura)
My hands will grab you through the dirt

(Minhas mãos agarrarão você através do pó)
I giveth - I taketh away

(Eu dei – Eu tomei de volta)
Witness my rebirth from the devils churn

(Testemunhe meu renascimento da agitação do Demônio)

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A loira prefere não seguir com o assunto, para não trazer mais agonia ao coração de Yui. Não demora até Deidara chegar com a comida e eles se servem, não mais tocando no assunto. Ao final da refeição, se dá uma conversinha mais banal e os primos partem. O artista é deixado no hotel e a Jashin para em uma loja, apenas para comprar umas coisinhas desnecessárias. Ao olhar para o relógio na Torre Central, ela vê que já era quase meia-noite.

 

Assim sendo, ela ruma para a casa. Depois de um longo banho, um último lanchinho, e uma olhada em seus pertences. A jovem cai em sono profundo, que só é quebrado quando ela sente alguém sentando ao seu lado na cama. Preguiçosos, os olhos azuis demoram a abrir. Por isso, os lábios quentes de um ser bem conhecido passeiam por seu rosto.

 

- Chegou antes do esperado. - comenta a Jashin, já sabendo quem era.

 

- Ainda bem. - responde a voz baixa da Morte.

 

O homem se levanta e ruma para o lado de fora do quarto, ficando em algum lugar da casa por vários minutos. Nesse tempo, o Jashin fez uma rápida refeição. Quando terminada, ele foi para o quarto e fez sua higiene; não demorando para unir-se a esposa na cama. O casal dormiu abraçado, com o corpo quente do Mefistófeles atrás do corpo delgado de Ino.

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Hell - We're done masquerading

(Inferno – Estamos exaustos de usar máscaras)
This is the day foretold till death do us apart

(Esse é o dia profetizado até que a Morte nos separe)
Now it snows in hell - No you won't be waiting

(Agora neva no Inferno – Não, você não estará esperando)
I've gone away but I've got you in my heart

(Eu fui embora, mas tenho você em meu coração)
All frozen and scarred

(Totalmente congelado e lacerado)

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No dia seguinte, outra vez, depois de dar instruções aos empregados, a loira vai passear. E como de costume, ela compra algumas coisas, mas não come direito. Desde cedo, ela estava enjoando bastante. A Jashin só volta para casa à noite e vai direto para o quarto e coloca um vestido mais confortável. Ela dedica alguns minutos a arrumar seus documentos (que estavam jogados pelas gavetas e os coloca na mesma bolsa que usara para sair, apenas por estar com preguiça de colocá-los num lugar apropriado).

 

O frio dentro da mansão à obriga a calçar uma bota, visto que só uma pantufa não estava dando jeito. Ela vai descendo a escada e vê a luz do escritório e duas vozes masculinas falando não muito gentilmente. Antes de ir para o dito cômodo, a loira vai até a cozinha e vê a algo estranhíssimo: Os empregados, adormecidos, pelo recinto.

 

Medo. Esse é o sentimento que a domina e que piora quando as luzes da casa se apagam de repente. Tateando e tropeçando, ela chega perto da porta entreaberta do escritório e vê o marido e Kakuzu lá dentro.

 

- Perdeu o juízo, seu desgraçado maldito?! - berra o Jashin. - Pra que você foi abrir a boca?

 

O banqueiro se coloca diante do cliente.

 

- Eu quis ver como você ia reagir. - responde o de olhos negros. - Sua mulherzinha é bem esperta, logo não vai demorar pra ela saber o que você é.

 

Hidan fecha os olhos momentaneamente e, quando os abre, a loira se vê forçada a engolir um grito. Não era impressão dela, aquilo que aconteceu na carruagem em seu primeiro dia em Kumogakure foi real! Os olhos do Jashin estavam negros.

 

- Você não sabe o que fez, escroto. - a voz dele estava cavernosa, pra dizer o mínimo. - devia ter ficado com a droga da boca fechada!

 

- Ficou com medo? - ri o banqueiro. - Logo você, o Todo-Poderoso?

 

Os risos seguem até o momento em que, com um cerrar de punho da Morte, emerge um grito da boca de Kakuzu. Este cai ao chão e fica com a cabeça baixa, Ino via sangue escorrendo da máscara que cobria o rosto dele ficar encharcada. O ferido tira a máscara e a loira vê o rosto medonho do banqueiro. O corte na boca dele – feito há 9 anos – fora reaberto subitamente.

 

Do nada, o mais alto tira um canivete de dentro do casaco e rasga a garganta do cliente. Por mais que quisesse berrar, a voz abandonara a jovem. Por mais que quisesse se mexer, seus membros não lhe obedeciam. O seu horror é infinitamente ampliada quando ela vê o marido rindo e o corte fechando.

 

- Acha mesmo que isso adianta?

 

Ela não aguentava ver mais nada e sai correndo dali. Ino vai até o quarto e pega seus documentos, seu casaco, um gorro, luvas e algumas joias que estavam em mãos. Tendo tudo consigo, ela vai até um dos outros quarto cuja janela dava para um imensa árvore, que ela usa para chegar ao chão do lado de fora da mansão. A loira vai até o estábulo e cela um cavalo preto, que lhe ajudaria a se misturar à escuridão da noite.

 

A Jashin leva o animal pelas mãos até um pouco depois do portão e, assim que monta o cavalo, parte o mais rápido que pode até o centro de Kumogakure. O frio, a neve, nada importava. O que ela estava sentindo era indescritível, indecifrável e horrendo. A cena no escritório era reprisada em sua cabeça a todo instante. As lágrimas e o suor viravam cristais em seu rosto frio.

 

O primeiro lugar em que ela vai é o hotel onde Deidara estava e – por mais que o próprio estivesse confuso – ele acata o pedido desesperado dele de fechar sua conta e ir embora com ela dali. O artista inventa a desculpa de que um parente morrera e que ele a prima tinham que partir imediatamente. Os dois vão para a estação de trem e Ino implora para que eles não fossem, nem para Konoha e nem para Iwagakure.

 

Deidara então se lembra de um chalé que os pais tinham em Kirigakure e é para lá que eles tomam o trem, ainda naquela madrugada. A loira dorme no vagão assim que entra e – ao acordar – quase ao meio dia, o primo se vê obrigado a perguntar o que motivou aquilo.

 

- Eu vi uma coisa que não poderia e nem queria ter visto.

 

É tudo o que ela diz.

 

Quanto à Hidan, ele dedicou aquela madrugada inteira a torturar Kakuzu pela sua insolência, uma vez que a missão e o tempo dele nesse Terra tinha chegado ao fim. Na metade da manhã, ele já tinha feito o cadáver do banqueiro desaparecer e os empregados acordaram com o grito do patrão, vindo do quarto. Eles correm até lá e vêem a Morte encarando a cama intacta e notam a ausência da patroa.

 

Nesse momento, ele compreende que Ino presenciara a sua "reunião" com Kakuzu e todo o seu auto controle vai embora. Naquele dia 22 de Dezembro...A Morte, ferida e irada, varreu várias vidas em Kumogakure. Nenhuma dessas partidas foi delicada e – o cheiro da podridão passeou pelas ruas rapidamente. Sendo acompanhado pelos choros, gritos e lamúrias dos que sobreviveram.

 

Trancando dentro do quarto e deitado na cama, aspirando o perfume de sua fêmea, lágrimas corriam pelo rosto de Hidan.

 

- Ino maldita, porque fez isso comigo?

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Hell - We're done masquerading

(Inferno – Estamos exaustos de usar máscaras)
This is the day foretold till death do us apart

(Esse é o dia profetizado até que a Morte nos separe)
Now it snows in hell - No you won't be waiting

(Agora neva no Inferno – Não, você não estará esperando)
I've gone away but I've got you in my heart

(Eu fui embora, mas tenho você em meu coração)
All frozen and scarred

(Totalmente congelado e lacerado)

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Continua


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Notas finais do capítulo

(1)De acordo com a Naruto Wiki, essa é a data de aniversário do Hidan. Então o signo dele é qual? Áries?



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