Réquiem escrita por Ghanima


Capítulo 11
Valere


Notas iniciais do capítulo

Música: Farewell
Banda: Kamelot



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Cap 11 – Valere (1)

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Por ter se rendido à exaustão, a jovem perde a chance de ver seu algoz sentado na borda de sua cama, com a aparência de uma caveira. A Morte fora invadida pelo desejo de dar uma última olhada em Ino antes de levá-la embora de Konoha. Ele se põe sobre o corpo dela, sendo suportado pelos braços que estavam em cada lado da jovem, os lábios enegrecidos tocam de leve os dela.

- Você nunca esteve tão certa.

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OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

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Winter's close...and the mountain high

(O inverno se aproxima...e do topo da montanha)

I'll start my journey now

(Eu iniciarei minha jornada agora)

On this planet we call Earth we belong

(Nesse planeta chamado Terra ao qual pertencemos)

I want to know

(Eu quero saber)

Why did God make me feel

(Por que Deus me fez sentir)

There is more to be answered

(Que há mais a ser respondido)

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A loira deixou o mundo dos sonhos com as mãos gentis de Satsuki tocando seu ombro esquerdo. Os olhos azuis não sou abertos nem mesmo enquanto ela se senta em sua cama, logo os pés brancos e nus tocam o frio chão, causando um arrepio que percorre todo o corpo esguio da jovem. Vagamente, Ino ouvia o barulho de coisas batendo contra o vidro da sacada e o vento rugir violento.

- Senhorita, é melhor levantar. – fala a empregada.

- Certo.

A Yamanaka se levanta e olha para sua penteadeira, percebendo ali a presença de uma bandeja de café da manhã com todas as coisas que ela gostava de comer, um sorriso discreto decora a melancólica face da loira vendo a dedicação da empregada em fazer algo que pudesse amenizar o sofrimento da jovem patroa. Satsuki, a amiga que a acompanhara desde muito cedo, sua confidente e parceira de todas as horas. A moça de olhos azuis se vira na direção da outra moça.

- “Sentirei tanto a sua falta”.– percebe a loirinha ao sentar-se à sua penteadeira. – Satsuki, você pode preparar o meu banho, por favor?

- Claro, senhorita. – dizendo isso, a dedicada Satsuki ruma ao banheiro.

Nesse tempo em que a amiga aprontava as coisas, Ino se ocupa em comer o que lhe fora trazido e escrever algumas cartas, aproveitando os últimos momentos de privacidade que teria antes de se despedir totalmente da vida que conhecia. Ao olhar-se no espelho, a loira percebe que o choro intenso da noite anterior deixara marcas visíveis em seu rosto, olheiras e olhos vermelhos prejudicavam a beleza natural daquela face.

Ao que Satsuki volta de seu ofício, a patroa já tinha terminado de comer e escrever as cartas. Ino se levanta e vai ao banheiro, lá ficando pelo maior tempo possível, numa tentativa infrutífera de não ter que deixar o conforto daquele lugar tão familiar. Dentro da banheira, a água quente ajudava a confortar parte da dor que sentia.

- Senhorita Ino, está tudo bem? – inquiri a empregada ao constatar a demora estranha da loira.

- Tudo bem, já estou saindo.

Dizendo isso, a Yamanaka saiu do banheiro enrolada em seu roupão azul celeste e se senta à penteadeira, iniciando o meticuloso trabalho de desembaraçar as longas mechas douradas e úmidas que cascateavam em volta de si. A sempre presente Satsuki se ocupa da tarefa e a executa com toda delicadeza possível, para tentar contribuir de alguma forma com um alívio para a amiga. Ino ficou silenciosa por um longo tempo.

- Como está o tempo? – pergunta ela visto que as cortinas do quarto ainda estavam fechadas.

- Nublado e bastante frio. – responde a empregada enquanto prende os cabelos da patroa em um coque elegante. – O clima mudou tão de repente.

- É mesmo. – Ino concorda por lembrar dos belos momentos de sol que teve com as amigas. – Acho que tenho que separar algumas roupas pra levar.

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Maybe God could not remedy

(Talvez Deus não pudesse remediar)

Our souls if he tried

(Nossas almas, se ele quisesse)

I seek peace of mind at least

(Eu busco a paz de espírito, pelo menos)

And to know I did my best

(E saber que eu fiz o meu melhor)

I will pray for those I have loved

(Eu rezarei por aqueles que amei)

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- Um empregado do...- o simples fato de não ter completado a frase já mostra a loira de quem a ruiva estava falando. – Veio mais cedo pegar os seus pais e disse que o patrão dele indicou que a senhorita só levasse o essencial, por que ele cuidaria do resto quando chegassem em Kumogakure.

- “Menos um trabalho pra mim”. – se o tal Hidan era rico como pensava, não teria problema em gastar o dinheiro dele para o seu conforto. – E o que meus pais foram fazer?

Ela e Satsuki saem da penteadeira, a primeira se senta na cama enquanto vê a ruiva abrir o armário e investigar qual roupa seria apropriada. Após minutos de procura, a empregada se volta para ela.

- Não consigo achar vestido algum que seja apropriado.

- Deixe-me ver.

A Yamanaka se levanta e caminha até o armário, seus olhos cerúleos passeavam calmamente pela enorme quantidade de tecidos que ameaçavam cair de dentro daquele móvel. Vendo isso, Ino se percebe pela primeira vez inquirindo sobre o por quê de ter tantos vestidos. Só que tal reflexão não serviria para absolutamente nada no presente momento.

Suas mãos percebem um tecido mais grosso em meio à leveza dos outros, puxando o tecido para frente, a loira se depara com um vestido que sua mãe comprara para ela quando viajaram para Iwagakure no ano anterior. Os Yamanaka tinham ido visitar Deidara( a mera lembrança de seu niisan também era fonte de dor), que se acidentara em suas “experiências” e, passeando pela cidade, mãe e filha foram fazer compras.

A moça de olhos azuis não gostara do vestido que a mãe escolhera para ela. Ele era cinza, com gola alta e todas as extremidades do mesmo eram bordadas em renda preta. Acompanhando o vestido vinha um chapéu de aba longa, também cinza e preto, mas decorado com um lindo ramo artificial de flores vermelhas. Para a loira, naquele tempo, esse vestido era sério e frio demais. Só que, agora, ele parecia perfeito.

- É esse. – fala Ino.

Ao dizer isso, as duas jovens se ocupam com o traje e não demora muito para que a Yamanaka esteja arrumada. Ela vai até o espelho e se observa, ficando admirada como aquele vestido sóbrio lhe caíra bem, só faltavam alguns pequenos detalhes para terminar de se arrumar. Ela indica a Satsuki sobre o que quer levar e, enquanto a empregada atende ao seu comando, Ino começa e se maquiar. E o faz até sentir-se lindíssima.

- “Se é para sair daqui, sairei com glória. Superior!” – o orgulho da jovem exigia isso.

Era 12:00 quando toda a preparação foi terminada. Antes de entrar na carruagem da família, Ino passeou uma última vez pelo território da mansão, passando suas mãos cobertas por luvas pretas semitransparentes por tudo que era possível. Ela queria guardar as boas lembranças de qualquer maneira, todas as texturas, cheiros e formas deveriam ficar impressas em sua memória.

Terminando seu circuito, a jovem se despede finalmente de todos aqueles rostos familiares e queridos. Ela não chora, mas as suas mãos fechadas fazem com que as unhas cravem na pele branca de delicada de sua mão. E ela não podia ficar menos preocupada! As lágrimas doloridas não escorrem pelos orbes turquesa nem mesmo quando a porta da carruagem da família se fecha e os cavalos começam o percurso.

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I must take your farewell

(Eu devo receber o seu adeus)

Carried by destiny

(Carregado pelo destino)

Bound to obey

(Fadado a obedecer)

I must take your farewell

(Eu devo receber o seu adeus)

Trails of discovery

(Trilhas de descobertas)

Lead me an ocean away

(Me conduzem a um oceano distante)

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OoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

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No one holds the only truth in his hand

(Ninguém possui a verdade absoluta em sua mão)

So who am I

(Então quem sou eu)

To defy even God

(Pra desafiar até Deus)

In quest for a reason

(Em busca da razão)

There's no time to waste I'm afraid

(Eu temo que já não haja mais tempo pra desperdiçar)

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- Seria engraçado se ela não viesse. – comenta Kakuzu que estava sentado num sofá e lia alguns papéis.

- Juro que vou te dar umas porradas um dia desses. – responde Hidan entre os dentes. – “Ou simplesmente acabo com você de um jeito mais cruel”.

- Tenho certeza de que Ino-chan está a caminho. – complementa a Srª Yamanaka, sentada em um outro sofá, que ficava diante dos outros homens e separados por uma mesinha de centro.

- Sem dúvida. – ratifica Inoshi Yamanaka, ao lado de sua esposa. – Ela só está um pouco atrasada.

- Não mais.

Ao som da nova voz, os quatro presentes se voltam para a porta de entrada de uma das salas que ficavam no segundo andar do cartório principal de Konoha. O mencionado cômodo tinha uma enorme janela que ocupava todo o espaço que seria uma parede, a porta de entrada ficava à esquerda dessa janela, uma mesa de mogno ficava diante dos vidros. As paredes eram pintadas num tom de creme e – como já era de se esperar – transmitiam uma inefável aura de tédio.

O casal Yamanaka se posicionara em um sofá que estava diante da porta de entrada, Hidan e Kakuzu estavam em um outro móvel que ficava diante do casal. Os sofás eram separados por uma mesa de centro que estava coberta por folhas. Um funcionário do cartório, que se encontrava alocado em uma poltrona em volta da mesma mesa de centro, se levanta e vai até Ino.

- Bom dia, senhorita. – começa o funcionário. Um homem de uns 40 anos, olhos e cabelos castanhos, seu rosto era sulcado e exalava experiência. – Queira me acompanhar.

- Bom dia para o senhor e para todos.

Ao responder o cumprimento, a jovem é levada até a poltrona, logo se acomodando sobre a mesma e tirando o chapéu. Um consenso perpassou a mente de todos os presentes: Ino estava belíssima. O vestido cinza e preto lhe conferiu uma aura de elegantíssima solenidade, os lábios avermelhados e os olhos azuis levemente maquiados davam um toque final.

- Bem, senhorita Yamanaka. – começou Kakuzu, sem perder tempo. – Acredito que saiba o que fazemos aqui.

- “Difícil não saber...” – pensa Hidan, apenas admirando sua “presa”.

- Sei sim.

- Você está ótima, minha filha. – fala a Srª Yamanaka, cuja resposta obtida foi um olhar gélido. – “Ela realmente nos odeia”.– lamenta a mãe em pensamento.

- Senhorita, tudo que é preciso para finalizar os papéis de seu casamento... – fala o funcionário, pegando um dos papéis sobre a mesa e uma caneta, pondo os objetos no colo da jovem. – É assinar aqui – indica o homem, virando uma folha. – E aqui.

- Nós seremos as testemunhas, junto com o senhor Kakuzu. – complementa Inoshi

- Devia ter ficado calado. – é a primeira vez que a Morte se manifesta na presença da loirinha.

Essa colocação só é compreendida pelos outros presentes quando, ao fitarem a jovem, vêem ódio puro e corrosivo escorrendo pelos olhos cerúleos. O casal Yamanaka fica à beira das lágrimas; o homem do cartório se apieda da moça, não era a primeira e nem seria a última vez que uma menina era sacrificada por causa dos interesses familiares; Kakuzu se divertia internamente ao imaginar como seria seu cliente penaria com aquela garota.

- Entendo. – diz a Yamanaka, bem baixo e olhando o que tinha em mãos. – Só assinar...

- Isso mesmo. – confirma o homem de cabelos castanhos.

Ao invés de fazer o que era esperado, Ino se ocupa de ler cada uma das linhas do contrato pré-nupcial, tendo essa ação duas justificativas. A primeira era a de ela querer atrasar ao máximo o fatídico momento de se unir ao Jashin. A segunda era ela realmente querer ter conhecimento sobre como é que seria a divisão de bens entre o casal. Depois de ler e reler lentamente, a loira assina os papéis, para alívio geral.

- “Acabou tudo...” – é o que ecoa em sua cabeça. Uma torrente de memórias de uma única pessoa lhe dilacera o já maltratado coração. – “ SHIKAAAAAA!!” – berram seus pensamentos.

A jovem larga os objetos na mesa, se afunda na poltrona e esconde seu rosto com as trêmulas e enluvadas mãos.

- Cheque-mate. – ri a Morte. – “Agora é que a diversão começa.”

- Se me dão licença. – Kakuzu se ergue do sofá e recolhe suas coisas. – Tenho alguns assuntos para resolver, felicidades ao novo casal. – dizendo isso, ele sai. – “Se bem que eu duvido que isso vá acontecer”.

- Eu desejo o mesmo, Sr e Srª Jashin. – o funcionário faz uma mesura e se retira. – “Pobre criança.”

Desnecessário comentar que Ino quis vomitar com a frase do homem, mesmo sabendo que ela só continha a verdade, a cruel e gélida verdade. Os olhos azuis olharam um relógio preso na parede, o objeto marcava 12:45. Aquilo lhe traz uma revelação – um tanto óbvia – mas nem um pouco bem vinda. Às 12:45 do dia 5 de Setembro, Ino Yamanaka se unira em matrimônio a Hidan Jashin. Naquela data, a jovem Srta. Yamanaka morreu para dar lugar a Srª Jashin. A mente da jovem se fechara em si mesma.

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No one holds the only truth in his hand

(Ninguém possui a verdade absoluta em sua mão)

So who am I

(Então quem sou eu)

To defy even God

(Pra desafiar até Deus)

In quest for a reason

(Em busca da razão)

There's no time to waste I'm afraid

(Eu temo que já não haja mais tempo pra desperdiçar)

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- Ino-chan? – as mãos de sua mãe em seu ombro a despertam.

Os adultos presentes estavam de pé, bem perto dela e naquele momento, a loirinha se permitiu observar o Mefistófeles pela primeira vez, naquele dia. Hidan usava um terno vinho bastante escuro com uma blusa preta por baixo, a gravata era preta com alguns detalhes em tom grená, o pingente de círculo e triângulo era o único adorno visível. Era inegável, ele estava lindo.

- O que foi? – pergunta Ino. – “Ainda vou descobrir qual é a desse pingente!”

- Você não percebeu que tem algo faltando? – ao dizer isso, Hidan se ajoelha diante da jovem, e tira algo do bolso de sua calça.

- Na verdade, não. – ela responde com sinceridade.

- Foi o que eu pensei.

A Morte abre sua mão e na mesma estava uma caixinha preta, abrindo esta, se tornam visíveis duas alianças prateadas. Uma com cinco safiras e a outra com cinco diamantes. A respiração de Ino desaparece, os pais da jovem ficam encantados com a visão. A filha, sentada e ruborizada, Hidan ajoelhado diante dela com duas alianças caríssimas nas mãos. Os Yamanaka pensam que, talvez, não seja tão ruim sua filha se unir ao Jashin, ele poderia dar a ela o que quisesse. Mas até onde isso era verdade?

- Que tipo de casal nós seríamos sem isso? – Hidan pega a mão da jovem e ali põe a aliança. – Você coloca ou eu? – inquiri ele com um sorrisinho de deboche no rosto. – “Me surpreenda, vai. Você tem tanto talento pra isso...”

Ela repete a ação. Logo os dois estão olhando para suas alianças. O Mefistófeles volta a se sentar e começa a olhar alguns dos papéis restantes na mesa, os Yamanaka continuam de pé e Ino se afunda ainda mais na cadeira, se é que isso era possível. A Morte ajeita os papéis interessantes, os dobra e aloca nos bolsos internos de seu terno. Ele se levanta e olha para o relógio.

- Temos que ir. – o Jashin para na frente da loira. – Ou perderemos a viagem.

Entendendo que seria impossível evitar, Ino se levanta e põe o seu chapéu, dando o braço esquerdo para a Hidan e sendo guiada por ele até o lado de fora do escritório. Inoshi e a Srª Yamanaka seguiam os dois a uma curtíssima distância. Os pertences que a loirinha trouxera já estavam perfeitamente alocados na parte traseira da carruagem negra de Hidan, que estacionara diante do cartório.

- Caros Yamanaka. – o Mefistófeles se vira para os pais de Ino. – Nos despedimos de vocês agora.

- Adeus, senhor Jashin. – fala a mãe da loira – Espe...-

- Me tira daqui! – fala Ino para Hidan.

- Como quiser, meu bem. – ele sorri. – Bem, caros sogros. Como puderam notar, minha esposa...- ele sente a loirinha tremer ao som dessa palavra. – Está ansiosa para partirmos, adeus.

Dizendo isso, o casal Jashin vai andando até a carruagem preta e deixam para trás os pais de Ino, que sofriam imensamente pelas reações da filha desde que ela soubera do noivado com Hidan. Os Yamanaka perceberam, naquela hora, que perderam a filha de todos os jeitos. E por mais que fosse horrível admitir, ela tinha toda razão em odiá-los, mas essa realização não diminuía a dor lancinante que os assolava.

- “Ela sequer olhou pra trás.”

O casal realiza ao ver a carruagem negra deixando o centro de Konoha.

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No one holds the only truth in his hand

(Ninguém possui a verdade absoluta em sua mão)

So who am I

(Então quem sou eu)

To defy even God

(Pra desafiar até Deus)

In quest for a reason

(Em busca da razão)

There's no time to waste I'm afraid

(Eu temo que já não haja mais tempo pra desperdiçar)

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OoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

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I must take your farewell

(Eu devo receber o seu adeus)

Carried by destiny

(Carregado pelo destino)

Bound to obey

(Fadado a obedecer)

I must take your farewell

(Eu devo receber o seu adeus)

Trails of discovery

(Trilhas de descobertas)

Lead me an ocean away

(Me conduzem a um oceano distante)

So far away

(Tão distante)

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- Vai fazer o que eu pedi? – pergunta Ino olhando os presentes que estavam dentro da carruagem.

- Sei lá. – responde ele sem tirar os olhos da janela até sentir a dor da bota da loira colidindo com sua canela esquerda. – Qual é a sua, garota?

- Pare de me chamar de garota! – reclama a loira, fechando o vidro da carruagem por causa do vento frio. – Eu sou uma mulher, droga!

- Não ainda. – fala Hidan, gargalhando. – Mas tenha certeza que será, e muito em breve. – os olhos violetas brilham lascivos. – “Cuidarei pessoalmente disso.”

- Não se eu puder evitar. – ela continua abrindo os presentes. – “Ele deve ser bem rico mesmo.”

- E não pode.

Eles se calam. Ino se distraia com os embrulhos e o Mefistófeles apenas observava; era curioso como ver aquela cena lhe trazia uma sensação agradável. O que era um péssimo sinal, aquelas idiotices humanas já estavam ficando irritantes, seria imperativo que sua brincadeira com a loira durasse e funcionasse no menor espaço de tempo possível.

- Você não respondeu minha pergunta. – a voz dela rompe a tranqüilidade.

Ele pensa um pouco.

- É só dizer quando quer começar. – Hidan responde.

- Tudo que eu preciso é de mais um tempo. – Ino se encanta com uma caixinha de música. – Depois que eu estiver certa de que ninguém mais será afetado, você pode começar.

- Eu não sabia que você tinha isso dentro de si. – comenta a Morte.

- Isso o que?

- Esse lado cruel. – esclarece Hidan, parecendo fala sério pela primeira vez. – Tem certeza de que quer fazer isso?

A loira pára um minuto, refletindo sobre o que quer.

- Sim.

- Não quero saber de choramingo na minha cabeça depois! – ralha o Mefistófeles.

- Eu sei o que eu quero. – a voz da jovem é resoluta e fria. - Por que está duvidando?

- Já vi muitos buscarem a vingança e se arrependerem depois. – esclarece o homem, os olhos violetas estavam firmes e sóbrios. – Por isso que estou dizendo pra pensar bem.

- Eles não pensaram antes de me venderem a você. – os orbes cerúleos ficam inundados de mágoa.

- “ Ahh, se você soubesse do tesão que me deu agora...” – ele oculta os pensamentos impuros em nome da interessante conversa. – Interessante escolha de palavras.

- É mesmo? – zomba Ino, erguendo uma sobrancelha dourada.

- Sem dúvida. – responde a Morte fazendo questão de ignorar a ironia. – O que exatamente você quer?

- Vingança.

- Até aí eu sei, inferno! – reclama Hidan, tirando duas taças e uma garrafa de vinho de dentro de uma caixa de madeira. - Perguntei o que você quer que seja feito.

- Quero que eles sofram...- fala ela, lágrimas se formando nos olhos azuis.

- “Já começou bem.” – o Jashin sorri empolgado.

- Que eles vejam o mundo que conhecem e amam sendo arrancado deles como foi de mim.

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When the tide is high

(Quando a maré estiver alta)

I won't dwell or wait no longer

(Eu não hesitarei ou esperarei mais)

There's no time to waste I'm afraid

(Eu temo que já não haja mais tempo pra desperdiçar)

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Ao término dessa frase, a cabeça da loira se abaixa e lágrimas silenciosas escorrem pela pele branca e gelada, os olhos estavam fixos no chão da carruagem. E assim ficam até ela se sentir sendo puxada para o colo do Mefistófeles, parando de lado sobre as pernas firmes e quentes. Ino se assusta e assiste enquanto a Morte enche as duas taças com o líquido carmesim, uma das mesmas vem parar em sua mão direita enquanto a esquerda estava segurando o pescoço masculino.

- Você me convenceu. – Hidan levanta um pouco a sua taça e bate com ela na da loira. – Se é esse o presente que você quer, eu lhe darei.

Ela sorri e os olhos azuis brilham de um jeito curioso, um jeito quase perverso.

- Brindemos a isso. – eles repetem a atitude com as taças e cada um toma um gole do vinho.

- Obrigada. – a loira toma mais um gole. – Só de curiosidade, como chegaremos a Kumogakure?

- Navio. – responde o homem, degustando a bebida.

- Quanto tempo? – ela pega a garrafa e põe mais vinho em sua taça.

- Três dias.

Mais uma vez eles se calam. A loira apenas pensava sobre como seria a viagem até Kumogakure e o que ela faria no navio para se distrair. Já Hidan se pegou percebendo como o perfume de dama-da-noite dela estava mais forte e como o corpo jovem e delicado dela sentado em seu colo jogava seu auto controle nos pés. Assim sendo, ele pega as taças e a garrafa e coloca as mesmas dentro da caixa, os olhos púrpuros faiscavam, a Morte chega mais para frente no banco.

- Hei! Eu ainda estava beben...-

Todo o protesto da loira é silenciado pelos lábios famintos do homem. Ino se assusta e fica ainda mais assustada quando as mãos de Hidan a fazem ficar sobre o colo dele com cada um dos joelhos dela apoiados no assento escuro. A mão esquerda dele prende seus pulsos e a puxam na direção do corpo masculino, o braço direito se enrosca na cintura fina, tornando qualquer fuga impossível. Os lábios se devoram violentos, os braços dela se unem ao pescoço de Hidan e as mãos dele passeiam por baixo das camadas do vestido dela. O casal só se separa quando a carruagem para.

- Continuamos isso depois, amor. – sussurra ele no ouvido dela.

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I must take your farewell

(Eu devo receber o seu adeus)

Carried by destiny

(Carregado pelo destino)

Bound to obey

(Fadado a obedecer)

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E por mais incrível que pudesse parecer, a Ino também desejava isso.

- “Por Deus, o que está acontecendo comigo?”

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Trails of discovery

(Trilhas de descobertas)

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Continua


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Notas finais do capítulo

(1) Expressão romana que significa “Viva longa e prosperamente”.



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