Condenados escrita por Lilian Smith


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá, semideuses e semideusas! Mais uma vez, peço desculpas por demorar e dessa vez, não irei prometer nada de ser mais rápida, pois eu nunca cumpro isso! Sinto muito, por isso!
Mas espero que gostem do capítulo, e fico muito feliz por vocês estarem comentando! Obrigada mesmo, todos os comentários me deixam muito feliz!



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Suor escorria pelo rosto de Percy Jackson, enquanto o mesmo aguardava impaciente, para á sua punição diária. Correntes o prendiam, obrigando ele a ficar em uma posição nem um pouco confortável e completamente vulnerável a outras pessoas. A sala em que ele se encontrava era uma espécie de porão, porem adaptado especialmente para torturar adolescentes.

Milhares de facas, todas diferentes umas das outras decoravam as paredes, dividindo espaço com os machados, cerras e até mesmo algumas foices. No canto, estava uma maca metálica, manchada de sangue e no centro do quarto, uma cama de casal, onde Percy se encontrava, porém estar nela não era algo agradável.

Do lado de fora do quarto, Percy ouviu um barulho de pessoas se aproximando, e se sentiu aliviado. Pior do que sentir dor, era o momento que antecipava a hora da agonia. Pelo menos, enquanto você sofria qualquer tipo de violência física, aquele instante acontecia diretamente. Esperar para sofrer e não poder mudar o que iria acontecer, era algo insuportável.

A porta se abriu, e cinco homens entraram no quarto, seguidos de uma única mulher, que Percy já conhecia. Marie sorriu para ele, assim que entrou, e Percy precisou conter uma careta de nojo. Ele a detestava. Antes de ir para o reformatório, ele havia jurado para si mesmo nunca detestar ou odiar alguém. Já tinha experiência de sobra com Gabe, para saber o que o ódio causava nas pessoas. Porém, depois que havia sido condenado, ficou complicado, não odiar a tudo e a todos. Percy sinceramente desejava a morte de muitas pessoas.

- Pronto para a brincadeira? – Um dos homens, vestido com uma roupa colorida demais, na opinião de Percy, questionou com os olhos brilhando de malicia. – Espero que hoje, você não seja tão resistente, pirralho.

- Há ele não vai ser. – Marie comentou, tranquilizando-o. – Ele sabe que se resistir demais, quem vai sofrer vai ser aqueles amiguinhos dele.

- Espero que ele saiba mesmo. – Outro homem comentou este vestido de preto. Percy demorou um tempo para perceber que ele era Brady, a primeira pessoa que o havia violentado. – Não estou com paciência para aturar, crianças birrentas.

- Chega de papo. – Taylor, ordenou. Caminhando com passos rápidos, até Percy. Ele ergueu a mão esquerda e apertou com força o rosto de Percy, o fazendo morder a própria língua. O sangue espirrou pela boca dele, e Percy teve de se segurar, para não cuspir na cara de Taylor. – Você cresceu mesmo em? – Taylor provocou. – Nunca mais toquei em você, desde aquela primeira vez, mas acho que hoje vou compensar esses dois anos. Quantos anos ele tem agora, Marie?

- 14, eu acho. – Marie respondeu, observando a cena. – Mas se quiser mesmo compensar esses dois anos Taylor, acho melhor se apressar. Existem mais quatro pessoas no recinto.

- Bem que vocês podiam deixar ele só pra mim, por hoje, não é? – Taylor, murmurou, rindo. Percy não teve certeza, mas sentiu que havia algo mais naquele pedido. Algo, além de querer tortura-lo.

- Jamais. – o Homem colorido respondeu. – Estou louco para brincar com alguém, e esse daí é meu brinquedo predileto.

- Não só seu meu caro, mas de muita gente também. – O quinto presente na sala se pronunciou. Percy teve uma vaga impressão de que seu nome era John. – Incluindo a mim, então acho que podemos começar logo.

- Parem de falar de mim, como se eu fosse um objeto. – Percy resmungou, quanto enfim, Taylor soltou seu rosto. – Eu ainda estou aqui.

- Mas de certa forma, você é um objeto. – Marie falou. – Lembra-se do que eu disse a você, quando entrou aqui? Se disserem que você é tal coisa, isso você será. É a regra. Para nós, você é um objeto, um brinquedo, uma coisa para ser usada. Se dissermos que você é isso, então isto você se torna.

Percy ficou tentado a responder, mas não valia a pena. Aquela lógica, obviamente estava errada. Era injusta, mórbida e típica de uma ditadura. Mas o que ele podia fazer a respeito? Nada, ele não podia fazer nada.

- Bem, vamos logo com isso, certo? – Brady, os apressou. – Taylor, já que está tão animado, comece por você. Tire as roupas dele.

- Há não obrigado. – Taylor recusou. – Eu quero ser o ultimo.

Marie ergueu as sobrancelhas, confusa. – Mas você não disse que queria compensar os dois anos? – Ela questionou.

- Exato. – Taylor respondeu, tranquilamente. – Então, se eu for o ultimo, vou poder aproveitar mais que qualquer um.

- Esperto. – John, resmungou. – Tudo bem, quero ir me deitar cedo, então eu começo.

Percy trincou os dentes, quando John se aproximou dele, e começou a acariciar o rosto dele. Ele queria gritar, mas sabia que aquilo só iria causar problemas para Bianca e Nico. As mãos de John desceram para a nuca de Percy, e depois para a cintura. Habilmente, John agarrou a camiseta dele, e a puxou, rasgando-a.

- Não se preocupe. – Brady provocou. – Vamos dar uma roupa nova, para você.

Percy fechou os olhos, fazendo as lágrimas escorrerem por seu rosto, contra a sua vontade. Ele já havia jurado a si mesmo, que não iria mais chorar diante daquelas pessoas. Porém era impossível. Aquele tipo de coisa era a pior humilhação que alguém poderia passar em vida. Era ser reduzido a menos do que um inseto, ou verme.

- Chore menino, chore. – John provocou, abrindo o zíper da calça de Percy. – É tudo que você pode fazer agora.

***

- Você acha que ele volta hoje? – Bianca perguntou, e Nico não precisou questionar quem era o “ele”.

- Não. – O garoto respondeu, sem tentar tranquilizar a irmã. Ele já tinha preocupações demais, para tentar cuidar das dos outros. Sabia que Percy voltaria bem, mas convencer a si mesmo e ainda fazer isto em outra pessoa, não era um dos seus talentos.

“Mais um massacre, foi notificado.” A voz do locutor da rádio exclamou. Nico e Bianca estavam na biblioteca do reformatório, aproveitando a rara chance de ficarem sozinhos, em um local que não fosse sua própria cela. Dentro da biblioteca, existia um aparelho de som, antigo, mas que de alguma maneira, ainda funcionava. Nico inconscientemente prestou atenção ao assunto que estava sendo tratado. Ao seu lado, Bianca se endireitou na cadeira, prestando atenção na noticia.

“... cerca de trinta e cinco alunos e uma professora, foram assassinados, ontem no horário de aula. Não existe nenhum suspeito e ninguém alega ter visto algum movimento próximo à sala. Este é o terceiro massacre escolar, neste mês, retirando as quase setenta mortes individuais com características similares as do massacre. O governo, a policia e a população estão desesperados com a situação. Os casos são tão alarmantes, que até mesmo um nome foi dado ao assassino ou ao grupo de assassinos. Sanguinary é como as pessoas o chamam. Psicólogos dizem que a situação é típica de um psicopata ou de um grupo de psicopatas...”.

Nico não conseguiu conter-se, e começou a gargalhar. Bianca o olhou, espantada, mas mesmo sob os olhos curiosos da irmã, Nico não conseguiu parar. Riu, ao ponto da barriga doer.

- Recomponha-se! – Bianca o advertiu, um pouco assustada com aquela reação do irmão, diante de um caso tão serio. Com certo esforço, Nico parou de rir.

- Sanguinary? – Nico falou, tossindo após o ataque de riso. – Que nome mais tosco! Sinceramente, de onde essas pessoas tiram essas coisas?

- Foi isso que mais chamou sua atenção? – Bianca questionou. – Sério? Eles estão falando de um massacre!

- E daí? – Nico perguntou, dando de ombros. – Eu não ligo, se as pessoas estão morrendo. Aqui dentro é pior.

- Como você pode dizer algo assim? – Bianca o olhou, paralisada, mas antes que Nico pudesse responder, ela alterou o assunto. – Bem, mas admita que é estranho, ter tanta crueldade assim, e ninguém ver ou ouvir. Parece coisa de magia.

- Também achei. – Nico concordou hesitante. – Será que...

- Não, é impossível. – Bianca o cortou, antes que ele completasse a frase, já adivinhando o que ele diria. – Ninguém sai ou entra aqui, sem ser fiscalizado. Principalmente, se for um semi titã.

- É você tem razão. – Nico concordou rapidamente, não querendo se aprofundar demais no tópico. – Quer voltar para a cela?

- Mas eu acho realmente diferente e esquisito, todas essas mortes. – Bianca continuou, ignorando a pergunta de Nico. – Porém nunca ouvi falar de poder nenhum assim e...

- Shh! – Nico a repreendeu, erguendo-se da cadeira. – Não fale disto aqui, eu disse meu poder a você, por que você é minha irmã e foi o mesmo no seu caso, mas nos dois sabemos que qualquer assunto envolvendo os poderes de outros semi titãs é proibido!

- Tudo bem, tudo bem eu só... - Bianca não pode completar a frase, pois um guarda entrou na biblioteca e os encarou de má vontade.

- Nico Di Ângelo. – Ele chamou. – Me acompanhe.

Acompanhar” não era bem a palavra certa. O homem ergueu uma algema e Nico caminhou com raiva até ele, erguendo os pulsos para ele e deixando que o prendessem. Bianca não questionou nada, mas Nico sentia o olhar dela em suas costas. Bruscamente, o guarda empurrou o garoto para fora do compartimento e o levou para o corredor, saindo no pátio e por fim, atravessando o portal, que levava para a área comum do reformatório.

Nico esperou pacientemente, até que enfim, Brady falasse alguma coisa.

- Você disse mesmo, qual era o seu poder para ela? – Brady questionou, enquanto empurrava Nico para dentro de uma espécie de auditório. Nico quase teve outro ataque de riso, com aquela pergunta.

- Mas é claro que não! – Ele respondeu. – Não sou idiota. Nunca ouviu falar em mentiras?

- Mentir para a própria irmã? – Brady perguntou. – Que coisa mais cruel de se fazer.

- Existem segredos e mentiras, que são para proteger, Brady. – Nico respondeu. – E onde está Percy? Você estava com ele, não era?

- Estava, e já me diverti. – Brady respondeu, Nico trincou os dentes ao ouvir o tom de divertimento da voz daquele homem, e não precisou virar-se para saber que ele estava sorrindo. – Mas agora, ele ficou com Taylor.

- Para onde você está me levando? – Nico questionou, lembrando-se apenas naquele momento, que não tinha noção do lugar em que estava.

- O diretor quer falar com você. – Brady respondeu, e Nico teve certeza de que ele estava escondendo alguma coisa. – Ele quer você faça um serviço para ele.

- De novo? – Nico resmungou. – Esse cara não sabe fazer nada sozinho?

***

- Hum... Não estou com muita vontade de brincar hoje. – Taylor murmurou, andando de um lado para o outro da sala.

Percy não respondeu aquela frase, e concentrou todos os seus pensamentos, em uma música, que havia escutado em algum lugar, e que memorizou em sua mente. O garoto não queria olhar para Taylor, nem para o estado em que estava.

Há algum tempo, as outras quatro pessoas que estavam dentro do recinto, haviam se retirado, sobrando apenas Taylor e seu desejo de “compensar os dois anos”. Porém, após dez minutos, o homem ainda não havia se mexido. Percy estava prestes a surtar, com a falta de movimentos de Taylor, de um modo que teve de se concentrar em outras coisas.

- Alias o que eu vim fazer aqui mesmo? – Taylor conversava consigo mesmo, de uma forma tão sutil quanto à de um elefante. – Hum... Lembrei!

Taylor girou tão rapidamente, que Percy mal o viu se mexer e se assustou, quando viu o viu cara a cara com ele.

- O chefe estava chamando você. – Ele respondeu. – Ele quer que você realize um serviço para ele.

***

- Mandou me chamar, senhor? – A secretaria perguntou, olhando curiosa para o seu chefe, que havia surpreendido-a com uma chamada de emergência.

- Sim, mandei Lottie. – O chefe concordou. – Quero que me traga aqui, um dos semi titãs.

- Qual deles, senhor?

- O filho de Hermes. – Ele respondeu. – Você sabe qual é.

***

Annabeth mexeu preguiçosamente no seu almoço, sem muita vontade de comer. Ao seu lado, Grover, um velho amigo, mexia em sua flauta de bambu de uma maneira que estava deixando a garota impaciente. Quando Grover, quase partiu a flauta ao meio, pela segunda vez, Annabeth desistiu de manter o silencio.

- O que está acontecendo Grover? – Ela questionou, assustando-o. – Por que você está aparentando estar prestes a ter um ataque cardíaco?

- Hoje, Quíron recebeu uma visita na casa grande. – Ele começou, abaixando o tom de voz, e inclinando-se na direção de Annabeth. – Um mensageiro de Hermes, veio dar a noticia de que uma mortal, quase passou pela fronteira durante a madrugada. O nome dele era May Castellan.

- May Catellan? – Annabeth questionou, sentindo alguma familiaridade com aquele nome, mas sem saber definir de onde. – E o que isto tem de preocupante?

- Ela parecia meio louca, mas não parava de afirmar que alguém havia sequestrado o filho dela. – Grover relatou. – Luke Castellan.

- Ainda não compreende, onde se fixa o problema Grover. – Annabeth falou, sentindo-se decepcionada consigo mesma, por não deduzir do que se tratava o assunto.

- O problema. – Outra voz respondeu, antes que Grover falasse. Annabeth levantou os olhos, e viu Thalia sentando-se do lado de Grover, com um prato de sanduiche na mão. – É que Quíron acha que o desaparecimento dele, está envolvido com o caso dos massacres. Porém, eu não acredito nisto.

- Por quê? – Annabeth e Grover perguntaram, em união. Thalia suspirou, parecia extremamente cansada e triste.

- Por que – ela respondeu. – Luke Catellan, morreu há dois anos.

- Como você sabe disso? – Grover perguntou.

- Por que fui eu que o matei.

***

O barulho de água pingando, daria um adorável conserto musical. Ele pensava nisto, enquanto caminhava pelo beco escuro, que terminava nos fundos de um armazém. Em uma das mãos, estava o braço de uma garota morta.

Enquanto caminhava, ele formava toda uma música em sua mente, mesclando a letra aleatória com os sons que existiam no ambiente. Fazia frio, o que era uma boa desculpa, para o uso do capuz, caso houvesse algum erro na barreira de invisibilidade.

Enfim, ele chegou ao fim do beco, e largou o braço da menina, em uma caçamba de lixo. Suspirando, ele se encostou no muro, e observou distraído, o armazém escuro. Por algum motivo, tudo que era escuro, sempre tinha atraído à atenção dele. Era adorável adivinhar que tipo de segredo se escondia na escuridão. Durante a noite, é onde as pessoas podem ser elas mesmas. No escuro, ninguém sabe quem você é, nem mesmo você se conhece.

Mas naquele instante, o escuro era particular por uma pequena razão. Mesmo que a pessoa que se escondia nas sombras, fizesse o possível para ficar quieta, ainda assim, ele a escutava. Os pequenos ruídos que ela provocava, eram suficientes, para que ele soubesse com toda a certeza a localidade dela, e até mesmo a posição em que ela se encontrava. Era divertido, a fazer acreditar que teria alguma chance de sobrevivência.

Ele poderia se divertir com aquilo, mas estava cansado. Precisava repor as energias e estava sem paciência, para ouvir choro de criança. Concentrando-se, ele fechou os olhos, e sentiu cada pequeno movimento, que ocorria dentro do corpo da garota, principalmente o fluxo de sangue. Ele seguiu o liquido, até encontrar alguma região que lhe fosse agradável, e sorriu quando decidiu decepar o braço da garota primeiro. Rapidamente, o membro foi lançado fora, e antes que a menina gritasse ele a fez perder o dom da fala, cortando as cordas vocais da garota. Segurando uma risada, ele rasgou a perna dela e logo em seguida, começou a partir ela ao meio, porém ele não terminou o serviço. Não valia a pena, fazer um estrago tão grande. Era uma mortal comum, se fosse alguma semideusa, seria diferente.

Dando de ombros, ele fez a menina ter um ataque cardíaco, e a deixou de lado. Retornou pelo mesmo beco, e saiu em uma ruela vazia. Naquela mesma rua, existia uma saída para a avenida e ele andou em direção a ela. Ao sair na central, ele encontrou um grande número de pessoas, carros e luzes. Gente demais, ele pensou, com desprezo. Caminhando o mais rápido possível, para longe de todas aquelas pessoas, ele quase não notou que ia direto na direção de uma garota e por pouco não esbarrou nela.

Xingando-se, ele olhou para trás no mesmo instante em que a menina olhou, provavelmente sentindo alguma espécie de brisa ou sentimento de perseguição. Ele a observou também, mesmo sabendo que ela não o enxergaria.

A garota era loira como uma daquelas princesas de filme, e seus olhos eram cinza como tempestade. E mesmo sabendo que era impossível, ele teve certeza de que ela sabia que ele estava ali.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Prometo que tudo terá uma explicação, em breve. ^^

Não tenho muito o que falar agora, pois estou sem tempo, para digitar muitas coisas aqui, então qualquer coisa, falem comigo por mensagem ou nos comentários. Obrigada a todos vocês!