Black Hole escrita por juliananv


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me Team Jacob, Edward é ciumento.
Esté é último capítulo, estou trite e alegre.
Aproveitem...



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            Minha existência estava quase perfeita.


 


            Meu relacionamento com a minha humana amada era muito mais intenso e profundo do que antes. Ambos sabíamos, então, independentemente de qualquer coisa, que estaríamos sempre juntos. Esta certeza nos dava forças para enfrentamos tudo o que conspirava contra nós.


 


            Agora que o monstro que eu era estava sob controle, eu conseguia ficar com ela mais relaxado. No entanto, não estava preparado para que surgissem outros desejos em mim, e estes desejos eram ardentes. Eu vinha me tornando humano demais com a Bella; era o corpo dela que cantava para mim, estava ficando cada dia mais difícil resistir a esse encanto. Isso me assustava. Eu era forte, poderia machucá-la se não me controlasse. Quando nos beijávamos, meu corpo rapidamente era tomado de desejo por ela, sentia que estava perdendo o controle sobre a minha força. Bella, como sempre, parecia indiferente a tudo isso, sempre tentava me beijar; eu resistia o máximo que conseguia. A cada dia que se passava, a minha resistência se tornava mais tênue.


 


            As outras preocupações eram as mesmas: Victoria, Volturi e lobisomens.


 


            Demorou um pouco mais de um mês para que eu me sentisse seguro o suficiente para ir caçar. Três preocupações me impediram de ir antes. A primeira, a segurança da Bella; tinha pavor de ir e não a encontrar viva quando voltasse. Depois que todos, inclusive a Rosalie, me prometeram que não iam deixá-la sozinha nem por um segundo quando eu fosse, relaxei quanto a isso. Contudo, ainda havia os outros dois problemas. Bella sofreu muito em minha ausência e isso deixou marcas profundas nela. Mesmo com ela se esforçando muito para esconder isso de mim, eu via o pavor em seus olhos quando mencionava que precisava ir para casa. Mesmo que fosse por uma hora, ela sofria, temia que eu não voltasse. Entretanto, ela tentava me enganar e me mandava ir caçar; na verdade, exigiu. Relutei por mais três dias. A sede me venceu. E o meu último problema era eu: não conseguia me imaginar longe dela.


 


            Foi a mais rápida viagem de caça que eu fiz. Mesmo assim, pareceu demorar séculos. Quando voltei, fui direto para a casa dela. Ainda era madrugada, mas, como havia prometido, eu a acordei. Bella sorriu, deu-me um beijo e voltou a dormir com um sorriso no rosto.


 


            Mesmo com a Bella de castigo, eu não conseguia me manter longe dela. Nas muitas horas que nós não podíamos estar juntos, eu praticamente montei um acampamento permanente em frente à sua casa. Minha família não vigiava mais a Bella tão de perto. Alice garantiu a todos que não desgrudava mais os olhos dela. Eu acreditava na minha irmã, era impossível me enganar neste sentido. Mas não era só a Victoria que eu temia. Ainda restavam aqueles para quem o dom da Alice era inútil.


 


            Bella relutava em aceitar como perigoso sua proximidade dos lobisomens. E isso me deixava ainda mais apreensivo, pois eu os conhecia muito bem. Sabia o quanto eles eram instáveis, qualquer coisa os fazia perder o seu tênue controle. Bella era muito azarada, não podia me sentir seguro quanto a isso. Também existia o problema do ciúme: Bella ainda chamava por Jacob enquanto dormia. Isso me deixava cada dia mais inseguro. Somado a isso, ela ainda se recusava terminantemente em se casar comigo. Como eu podia não pensar se ela ainda tinha duvidas a nosso respeito?


 


            Alice me garantiu, depois de uma longa e interminável discussão quanto à veracidade de sua visão, que a Bella se negava terminantemente a casar comigo porque eu fiz tudo errado.


 


            “Edward, se o Jasper tivesse me pedido em casamento da mesma maneira que você fez com a Bella, eu também teria dito não – ela balançava a cabeça. – Foi muita falta de romantismo da sua parte. E por que não esperou pela minha visão?”


 


            Depois que fui obrigado a aceitar que talvez Alice estivesse certa, planejei um lindo jantar romântico, com velas, flores e até a aliança escondida na sobremesa. Mas havia o grande problema: Bella não podia sair de casa. E outro ainda maior: ela era completamente diferente de qualquer garota e era bem provável que não gostasse disso.


 


            Então só me restava insistir com ela quando aparecia a oportunidade. Isso me deixava completamente dividido, uma parte feliz. Enquanto nós dois ficamos neste jogo de gato e rato, ela ganhava tempo como humana, e assim eu também ganhava. Mas tinha a questão da insegurança do meu ciúme. Eu sabia que só o conseguiria controlar quando tivesse certeza de que ela realmente me preferia e que seria assim para sempre. O casamento me daria esta segurança e certeza.


 


            Mesmo que não gostasse de ser obrigado a passar algumas horas do dia longe dela, não podia deixar de agradecer ao Charlie pelo castigo. Bella estava proibida de sair de casa. Só podia ir para a escola, onde nós éramos inseparáveis, e ao trabalho, quando, na maior parte do tempo, eu também ficava por perto, na floresta. Isso facilitava a minha existência, pois ela era proibida de ir atrás do lobisomem. Não queria ter de proibi-la disso, então Charlie realmente era meu melhor aliado nesta parte.


 


            O que estava complicado era assistir a Bella ligar diariamente para o cachorro. Sempre que ela julgava que eu não estava por perto, fazia isso. Pelo menos ele não a atendia. Entretanto, isso não me deixava completamente feliz; era contraditório, ele poderia fazer isso para deixá-la mais interessada nele. E estava dando certo: a cada dia Bella parecia mais impaciente para entrar em contato com o cachorro. E eu tinha de fingir que não sabia de nada, que isso não me afetava.


 


            Rezava para que Charlie não a tirasse do castigo até que a Bella estivesse formada. Assim, teríamos que ir embora, eu estaria livre de pelo menos este fantasma. E eu não seria obrigado a me desentender com ela a esse respeito.


 


            Mais uma vez eu ouvia a Bella ligando para o cachorro do seu trabalho. Estava indo para casa para pegar o carro quando a ouvi falando. Parei, esperei; ele não atendeu novamente. Então, corri para pegá-la e levá-la para casa.


 


            Ela entrou no carro, deu-me um beijo e cruzou os braços enquanto eu, a muito custo, tentava manter o limite de velocidade. Via o quanto ela estava nervosa, provavelmente por causa do cachorro. Fingi não notar. Bella explodiu:


 


            - É uma grosseria! É um insulto completo! Billy disse que ele não quer falar comigo. Que ele estava lá, e não ia dar três passos para pegar o telefone! Em geral Billy só diz que ele saiu, que está ocupado, dormindo ou algo assim. Quer dizer, até parece que não sei que está mentindo para mim, mas pelo menos é uma forma de lidar com isso. Acho que agora Billy me odeia também. Não é justo!


 


            Estava ficando cada dia mais difícil esconder o ciúme avassalador que eu sentia. Não era culpa dela; dei espaço para que isso acontecesse, minha ausência tornou possível a aproximação dos dois. Sabia que o que a Bella sentia por ele não era uma simples amizade, nunca revelaria isso a ela. Então, fazia-me de compreensivo e tentava não deixar a minha cólera me dominar.


 


            - Não é você, Bella. Ninguém odeia você.


 


            - Parece que é assim.


 


            - Jacob – odiava ter de falar o nome - sabe que voltamos e tenho certeza de que sabe que estou com você. Ele não chega perto de mim. A inimizade é profundamente arraigada.


 


            - Isso é idiotice. Ele sabe que você não é... como os outros vampiros.


 


            - Ainda é um bom motivo para guardar uma distância segura – ver o quanto ele conseguia afetar a Bella me abalava profundamente. Se eu não tivesse em dívida com o cachorro, provavelmente já teria mandado o pacto para o espaço. – Bella, nós somos o que somos. Posso me controlar, mas duvido que ele possa. Ele é muito novo. Seria muito provável começar uma briga, e não sei se posso evitar que eu o m... – droga, falei demais, não queria que a Bella tivesse qualquer noção do quanto eu o odiava. – Que eu o machuque. Você ficaria infeliz. Não quero que isso aconteça.


 


            Bella suspirava profundamente, sabia que não conseguira consertar o meu deslize. Não ia me ajudar em nada se ela soubesse do meu ciúme doentio. E eu não toleraria dividir o tempo que tinha com ela em discussões sem sentido sobre o cachorro.


 


            - Edward Cullen. Você ia dizer “que eu o mate”? Ia?


 


            Desviei o rosto da Bella, não tinha como negar isso. Eu queria muito poder matar o cachorro; só de imaginar isso me sentia completamente feliz. Entretanto, não podia. Isso tudo era uma droga completa.


 


            - Eu me esforçaria... muito... para não fazer isso.


 


            Fugia do olhar que ela me mandava, chocado com a verdade. Enquanto Bella se mantivesse afastada do cachorro, isso estava relativamente fácil.


 


            Como já era de hábito, eu ouvia tudo quilômetros antes de estarmos lá. Fazia isso para estar preparado caso Victoria estivesse tramando alguma emboscada.


 


            O que ouvi me deixou tenso. Charlie estava furioso com a Bella, havia descoberto a historia das motos. Entretanto, não era esse o motivo da minha tensão. Pela primeira vez desde que voltamos, eu ouvi os pensamentos do cachorro. No primeiro momento achei que ele não estivesse só, pois ouvia muitos pensamentos. Só depois me lembrei que Bella me revelou que eles conseguiam se comunicar mesmo a grandes distâncias. Então, provavelmente, Jacob estava sozinho, e esperando por nós, por mim. Precisava dar um jeito de Bella entrar e me deixar lidar sozinho com o problema. Ela falava descontraída, enquanto eu me mantinha concentrado na mente do Jacob.


 


            – Bom, não vai acontecer nada parecido com isso, então não há motivo para preocupação. E você sabe que Charlie está disparando o cronômetro agora. É melhor me levar para casa antes que eu fique mais encrencada por me atrasar.


 


            - Você já está encrencada Bella – sussurrei nervoso.


 


            Ela entrou em pânico. Segurou meu braço enquanto procurava pelo perigo. Respirava com dificuldade, achava que o perigo estava próximo.


 


            - Que foi? O que é?


 


            - Charlie...


 


            Não conseguia atenuar o ódio que sentia pelo cachorro; isso deixaria a Bella amedrontada. Suspirei buscando equilíbrio, ela não precisava ficar com medo; tentava me convencer. Notar o sentimento que o cachorro nutria por ela não era nada agradável.


 


            - Charlie... provavelmente não vai matar você, mas ele está pensando nisso.


 


            - O que foi que eu fiz? – sua voz estava trêmula.


 


            Antes que eu pudesse adverti-la do motivo da ira de Charlie, nós já estávamos na casa dela. Bella pode ver a sua moto na garagem e não levou nem um segundo para entender. Pelo menos isto eu tinha que admitir: gostei da traição do cachorro. Bella iria odiá-lo depois disso.


 


            - Não! Por quê? Por que Jacob faria isso comigo?


 


            Bella começou a chorar. Isso me fez sentir culpado. Como eu podia ficar alegre com algo que a magoasse tanto?


 


            – Ele ainda está aqui?


 


            Ouvi nos pensamentos do cachorro que hoje ele não iria embora sem antes falar comigo e ver a Bella. Como não havia como evitar este encontro, seria melhor que eu estivesse com ela. Pelo menos assim ela estaria completamente segura. Eu não suportava a idéia de deixar os dois sozinhos.


 


            - Está esperando por nós – sinalizei para a trilha.


 


            Bella correu para fora do carro furiosa, segurei-a junto a mim. Bella gritava com o cachorro, ela não fazia idéia de como as palavras dela soavam doces em meus ouvidos. Fiquei realmente tentado a soltar; se Bella não fosse tão frágil e ele tão perigoso, acredito que eu o teria feito.


 


            - Me solte! Eu vou matá-lo! Traidor!


 


            - Charlie vai ouvir você – sussurrei para acalmá-la. - E depois de colocar você para dentro, talvez lacre a porta com tijolos.


 


            - Só me dê um round com Jacob, depois vou lidar com Charlie.


 


            - Jacob quer me ver – alertei a Bella. – É por isso que ele ainda está aqui.


 


            Senti que ela ficou tensa e preocupada. Parou de tentar se livrar dos meus braços. Sussurrou amedrontada:


 


            - Para conversar?


 


            - Mais ou menos.


 


            - Mais para mais?


 


            Sabia que ela estava com medo de que nós viéssemos a brigar. Virei a Bella de frente para mim, arrumei o seu cabelo, que estava todo espalhado por seu rosto, enquanto a acalmava. Eu me deliciava em ver o quanto de ciúmes conseguia provocar no cachorro; ele conseguia assistir a tudo, mas cada vez que eu a tocava, deixava-o tão louco de ciúmes quanto eu.


 


            - Não se preocupe, ele não veio aqui para lutar comigo. Está agindo como... um porta voz do bando.


 


            - Ah!


 


            Olhei para a casa para alertá-la de que não tínhamos muito tempo.


 


            - Precisamos nos apressar. Charlie está ficando impaciente.


 


            Segurei a mão dela e andei um pouco mais á sua frente; protegia Bella com o meu corpo, ficava entre ela e o cachorro. Deixei um amplo espaço entre nós caso ele não fosse capaz de se controlar precisava ter um tempo de reação para proteger a Bella.


 


            Ele não escondia dela a sua irritação, suas mãos tremiam. Ele olhava minha proximidade com a Bella enojado, estava se esforçando muito para não tentar retira-la do meu lado. Tentava controlar a minha irritação com ele, não podia deixar que Jacob soubesse o poder que tinha sobre mim e como ele conseguia minar a minha confiança no amor da Bella por mim.


 


            - Bella – ele a cumprimentou sem desviar a sua atenção, não confiava em mim.


 


            - Por quê? - Ela sussurrou. – Como pode fazer isso comigo, Jacob?


 


            Eu podia ler em sua mente o quanto ele sentia por ter quer magoar a Bella daquele jeito. Não consegui não me afetar com isso. Ele também amava o meu amor, também se preocupava com ela. Mesmo sem que eu quisesse, que me permitisse sentir assim, passei a sentir certa gratidão por ele; comecei a respeitar Jacob.


 


            - É para o seu bem – disse Jacob.


 


            -O que isso significa? Quer que Charlie me estrangule? Ou quer que ele tenha um ataque cardíaco, como Harry? Por mais chateado que você esteja comigo, como pôde fazer isso com ele?


 


            Consegui ver as intenções claramente na mente do cachorro. Ele pretendia manter a Bella longe de mim, queria que Charlie a deixasse de castigo, que ele me proibisse de vê-la. O cachorro não era um bom estrategista. Com certeza a sua manobra beneficiaria a mim: Charlie deixaria Bella mais tempo de castigo e ela não poderia ir a La Push. Como ele não iria contar para ela a verdade, então eu o fiz:


 


            - Ele não quer magoar ninguém... Só quer que você fique de castigo, assim não teria permissão para estar comigo.


 


            - Ai, Jake! Eu já estou de castigo! Por que acha que não fui a La Push para te dar um chute por não retornar as minhas ligações?


 


            Isso deixou o cão perdido. Eu estudava a sua mente enquanto conversávamos, precisava conhecer o meu inimigo. Não conseguia enxergar nada que pudesse atrair Bella. Como ela podia se interessar por alguém que tinha uma mente tão... imatura?


 


            - Foi por isso? – perguntou Jacob confuso.


 


            - Ele pensou que eu estivesse te impedindo, não Charlie – complementei o seu pensamento.


 


            - Pare com isso – ele estava irritado com a minha invasão em sua mente. Isso já era um assunto delicado para o cachorro, ele não gostava de ser obrigado a compartilhar a sua cabeça com o restante da alcatéia. - Bella não exagerou suas... habilidades. Então já deve saber porque estou aqui.


 


            - Sim. Mas, antes que comece, preciso te dizer uma coisa – não queria me sentir assim, muito menos ter de fazer isso em especial na presença da Bella, mas era preciso. - Obrigado. Nunca serei capaz de lhe dizer o quanto sou grato. Vou ficar lhe devendo pelo resto da minha... existência.


 


            Obviamente o cachorro era tão lento que eu tive de me explicar melhor. Bella estava com as batidas do seu coração descompassadas. Isso era motivo suficiente para me manter em maior estado de alerta.


 


            - Por manter Bella viva. Quando eu... não fiz isso.


 


            - Não fiz por você – sanguessuga nojento.


 


            - Sei. Mas isso não anula a gratidão que eu sinto. Achei que você deveria saber. Se houver algo ao meu alcance que eu possa fazer por você...


 


            Claro que há. Solte-a, vá embora. Desapareça, deixe a Bella em paz. Tire essa sua mágica imunda dela. Sei que você deve ter algum poder para mantê-la assim...


 


            Ignorei os insultos dele e continuei:


 


            -Isso não está ao meu alcance – admiti para ele.


 


            - De quem, então?


 


            Olhei para a Bella. Nunca antes eu tive mais receio de ser trocado pelo cachorro como naquele momento. Ali, na frente dele, eu me senti exposto, vulnerável. A aliança, que carregava sempre comigo, pareceu ficar mais pesada. Parei de respirar quando Bella voltou os seus olhos para mim. Continuei explicando, enquanto Bella e eu nos encarávamos. Sabia que ela novamente teria de tomar uma decisão, escolher um lado. Torcia para que eu fosse o escolhido.


 


            - Dela. Aprendo rápido, Jacob Black, e não cometo o mesmo erro duas vezes. Fico aqui enquanto ela não me mandar embora.


 


            Esperei tenso pela posição da Bella. Por mais que visse em seus olhos que ela não tinha dúvida nenhuma sobre mim, não era fácil passar por isso. O cachorro também esperava ansioso, ele também a amava.


 


            - Nunca – Bella sussurrou, para minha completa felicidade.


 


            Não pude evitar: compadeci-me com a dor do cachorro. Foi difícil para ele nos ver assim, ver que mais uma vez Bella escolheu a mim.


 


            - Queria mais alguma coisa, Jacob? – perguntou Bella, desviando os seus olhos do meu. - Você queria me criar um problema... Missão cumprida. Charlie poder me mandar para a academia militar. Mas isso não vai me afastar do Edward. Não há nada que possa fazer isso. O que mais você quer?


 


            Ele colocou a sua dor de lado e voltou a tratar do assunto de maneira “profissional”. Era bom que a Bella ficasse por dentro de tudo. Ela não sabia das consequências que a sua transformação poderia acarretar. Mesmo sabendo o quanto isso a deixaria ainda mais ansiosa e pressionada, ela tinha esse direito. Ela conquistou isso quando foi me resgatar na Itália. Nós não éramos simplesmente um casal de namorados, ela era a minha companheira. E seria assim eternamente se ela não relutasse tanto em se casar comigo.


 


            - Eu só precisava lembrar a seus amigos sanguessugas de alguns pontos importantes do pacto que fizemos. O pacto é o único motivo que me impede de dilacerar a garganta dele neste exato minuto.


 


            - Nós não esquecemos. “Que pontos importantes?” – falamos Bella e eu ao mesmo tempo.


 


            Jacob queria avisá-la também que se ela se sentisse em perigo, se desconfiasse de alguém ou se eu mesmo fosse lhe fazer algum mal, Bella saberia onde procurar ajuda. Ele não sabia de nada, não tinha a mais remota idéia do quanto eu segurava a Bella nesse sentido, que era eu quem a estava freando. Se fosse por Bella, ela já teria sido transformada há um ano. Era eu quem relutava e não ela. Queria que a Bella fosse prudente e não desse para ele a responda que eu sabia muito bem que ela daria.


 


            - O pacto é muito especifico. Se algum deles morder um humano, a trégua acabou. Morder, não matar.


 


            - Isso não é da sua conta – claro que ela revelaria os nossos planos.


 


            - Uma ova que...


           


            O cachorro perdeu totalmente o controle quando entendeu o que ela queria. Na cabeça do Jacob, Bella nunca estaria disposta a isso. O choque não foi só por saber que ela se transformaria em algo que ele repudiava, mas também por ter certeza de que ela realmente me amava e que abria mão de tudo para ficar comigo, que abriria mão do Charlie, da Renée e dele... Senti pena do cachorro.


 


            - Jake? Você esta bem? – perguntou Bella.


           


            Bella deu um passo na direção dele e eu a adverti, enquanto a puxava de volta para mim:


 


            - Cuidado! Ele está fora de controle.


 


            Isso o fez se recuperar um pouco. Ele verdadeiramente me odiava muito mais do que eu a ele. Eu era obrigado a sentir gratidão, já Jacob não. Para ele, eu roubei o seu amor. Não que a Bella tenha sido dele, mas ele considerava assim. Quando eu a adverti, ele se entristeceu, sabia que, mesmo que não quisesse, ele corria o risco de feri-la.


 


            - Argh. Eu nunca a machucaria – disse Jacob.


 


            - Bella! Entre em casa agora mesmo! - gritou Charlie.


 


            Bella ficou tensa ao meu lado:


 


            - Merda – ela sussurrou.


 


            - Eu lamento por isso. Eu precisava fazer o que pudesse... Tinha de tentar... – lamentou o cachorro.


 


            - Obrigada – Bella disse de maneira sarcástica.


 


            Odiava ver os dois conversando, mesmo que não fosse exatamente uma conversa amistosa. Precisava tirá-la logo da presença dele, cada minuto ali era um risco desnecessário.


 


            Contudo, precisava de algumas informações que também eram vitais para a segurança da Bella; tinha de aproveitar que o cachorro estava ali e me informar do que realmente era importante:


 


            - Só mais uma coisa. Não encontramos rastro de Victoria em nosso lado do limite... Vocês encontraram?


 


            - Da última vez foi quando a Bella estava... fora. Deixamos que ela pensasse que conseguiria passar... Estávamos fechando o círculo, nos preparando para emboscá-la... Mas depois ela fugiu como o diabo foge de cruz. Pelo que sabemos, ela sentiu o cheiro da sua femeazinha e desistiu. Desde então, não chegou perto de nosso território.


 


            - Quando ela voltar, não será mais problema de vocês. Nós vamos...


 


            - Ela matou em nossas terras. Ele é nossa! – disse o cachorro furioso.


 


            - Não... – a voz da Bella saiu em pânico.


 


            - Bella! Estou vendo o seu carro e sei que você está aí fora! Se não entrar nesta casa em um minuto...!


 


            - Vamos – puxei-a. Ainda bem que Charlie novamente estava me ajudando a afastá-la do cão.


 


            - Desculpe. Tchau, Bells.


 


            Travei os meus músculos quando eu o ouvi chamá-la assim, tão íntimo, tão pessoal.


 


            - Você prometeu. Ainda somos amigos, não é?


 


            Não estava fácil assistir aos dois conversarem. Antes a Bella estava furiosa, agora ela se derretia para ele. Tentei não me abalar, pelo menos por fora; por dentro, eu estava em ebulição.


 


            - Sabe o quanto eu tentei manter a promessa, mas... não vejo como continuar tentando. Não agora... Sinto a sua falta – ele esticou a mão, parecia querer tocá-la.


 


            - Eu também, Jake – ela disse.


 


             Se o cachorro quisesse continuar a ter quatro patas, era melhor não fazer isso. Para meu completo e absoluto espanto, Bella esticou a sua mão e andou em direção a ele. Sei que não deveria ter agido de forma tão intensa, mas o que eu podia fazer? Deixar que os dois se abraçassem ali na minha frente sem fazer nada? Segurei a Bella, ela era minha!


 


            - Está tudo bem – ela disse para mim.


 


            - Não está, não!


 


            - Solte-a. Ela quer!


 


            O cachorro também se irritou com o meu comportamento possessivo. Começou novamente a perder o controle, ele queria me dilacerar. Sabia que só assim eu deixaria o caminho livre para ele. Não permitiria que isso acontesse. Coloquei Bella novamente em minhas costas, enquanto me preparava para atacá-lo. Graças a Bella e Charlie, isso não aconteceu. Ambos queríamos; Jacob e eu não nos tolerávamos.


 


            - Não, Edward... – Bella implorou, ela sabia muito bem que eu era muito mais perigoso do que Jacob.


 


            - Isabella Swan! – Charlie gritou.


 


            - Vamos! Charlie está irritado – Bella me puxou.


 


            Recuei encarando o cachorro, ele mandando os seus insultos mentais para mim. Fingia ignorar, afinal não queria que ele soubesse o quanto me afetava. Bella tremia, não sei se pela nossa quase briga ou se por medo do Charlie.


 


            Quando estávamos em segurança e ouvi que Jacob se metamorfoseou e corria para longe, relaxei e segurei a sua delicada cintura. Bella mal se aguentava em pé. Sabia o quanto aquela tensão acabava com ela. Contudo, eu nunca permitiria que ela viesse a sofrer, mesmo que para isso eu tivesse de abrir mão dela em favor do cachorro. Temia que um dia isso pudesse vir a acontecer. Eu não teria forças para sobreviver a tamanha dor.


 


            Agora, no entanto, o que estava nos preocupando era Charlie. Estaria ao seu lado, Bella nunca mais enfrentaria nada sem mim.


 


            - Estou aqui.


 


            Ela me abraçou com mais força, enquanto entrávamos para enfrentar um de nossos inúmeros problemas. Contudo fortes, juntos.


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