Black Hole escrita por juliananv


Capítulo 26
Capítulo 26 Votação


Notas iniciais do capítulo

Perdoe-me Team Jacob. Edward, não está lá muito feliz com a relação da Bella com o Jacob, às vezes ele fica meio... ofencivo. Entedam ela não gosta de dividiir a razão da sua existencia com ninguém.



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            Contrariado, irritado e completamente apavorado, desci com a Bella pela janela. Minhas tentativas de dissuadi-la não deram certo. Como ela continuava a ser a mesma teimosa, achei melhor levá-la de uma vez. Nada do que a minha família falasse iria me fazer mudar de idéia, não permitiria que Alice viesse a tocá-la.


 


            - Então, tudo bem. Suba – disse tentado manter a calma.


 


            Mesmo insatisfeito por levá-la para minha casa, não conseguia deixar de me deliciar com o corpo dela tão colado ao meu. Duas coisas que eu amava: Bella e velocidade. Para mim sempre foi um momento especial quando corria com ela assim, colada a mim. Sentia-me completo, feliz. Antes Bella ficava agarrada com mais força, apavorada; agora, ela me segurava gentilmente, parecia estar gostando. Lembrei-me da historias das motos, teria de perguntar sobre isso para ela mais tarde. Já que ela, com certeza, não me abandonaria, teríamos tempo para isso.


 


            Senti os lábios dela me tocando com um suave beijo em meu pescoço. Fiquei em êxtase. Ela devia estar se sentido segura o suficiente para começar a relaxar a meu lado. Fiquei esperançoso de que ela enfim aceitasse novamente o meu amor.


 


            - Obrigado – virei o meu rosto para que ela pudesse me ouvir. - Isso significa que você concluiu que está acordada?


 


            Deliciei-me com o som da risada dela tão próxima ao meu ouvido, havia meses que não ouvia isso. Vivíamos cercados por dor e desespero. Sabia o quanto essa risada era importante para ambos, estávamos felizes. Mesmo que ela ainda estivesse relutante, sentia que a minha simples presença a deixava feliz, via isso nos seus olhos.


 


            - Para ser sincera, não. É que, na verdade, seja como for, não estou tentando acordar, não esta noite.


 


            - Vou de algum jeito ganhar a sua confiança. Nem que seja o meu último ato.


 


            - Eu confio em você. É em mim que não confio.


 


            - Explique, por favor.


 


            Estava novamente perdido. Tinha absoluta convicção de que ela não confiava em mim, embora houvesse dito completamente o contrário. E era verdade: Bella era uma mentirosa tão medíocre que só pela sua voz eu sabia quando ela estava tentando me esconder algo. Diminui o meu ritmo; queria entendê-la antes de chegar em casa.


 


            - Bom... Não confio em mim para ser... o bastante. Para merecer você. Não há nada em mim que possa prender você.


 


            Por mais que isso me parecesse impossível, ela acreditava. Bella tinha a mais absoluta convicção de que eu era bom, bom o suficiente para que ela não fosse digna de estar comigo. Definitivamente ela era insana, mas convicta da sua verdade. Compreendi que ela me via da mesma maneira que eu a via, só que neste caso quem estava certo era eu. Retirei-a das minhas costas, abracei-a o mais apertado que pude e disse, para que ela me entendesse:


 


            - Sua prisão é permanente e inviolável. Jamais duvide disso.


 


Ela suspirou, mas não se contraiu; fiquei feliz. Lembrei que ela não terminou de me contar quais eram os seus problemas e eu precisava saber de tudo para poder defendê-la.


 


- Você ainda não me disse...


 


            - O quê?


 


            - Qual é o seu maior problema?


 


            - Vou deixar que você adivinhe.


 


Ela tocou a ponta do meu nariz com o dedo indicador. Fiquei chocado. Eu. Ela me considerava um problema. Como? Por quê? Eu a magoei, eu a feri, ninguém a tratou assim, eu sabia disso. Mas não era perigoso, Bella confiava em mim, ambos sabíamos que eu jamais seria capaz de matá-la.


 


            - Sou pior do que os Volturi. Acho que mereci isso – sussurrei tentando esconder a minha dor.


 


            - O pior que os Volturi podem fazer é me matar. Você pode me deixar. Os Volturi, Victoria... eles nada são comparados a isso.


 


            Fiquei desesperado por essa confissão dela. Vi pela mente de Charlie parte do que aconteceu a ela em minha ausência; seu rosto abatido, cansado, sofrido. Mas perceber que ela não confiava que eu era incapaz de abandoná-la novamente e considerar isso pior do que qualquer outra coisa era doloroso, difícil. Tive vontade de me matar novamente. Saber que a feri de morte fazia com que meu corpo todo me rejeitasse, sentia nojo de mim. Nojo do que eu era e do que fui capaz de fazer, insanamente na tentativa de protegê-la; eu mesmo quase a matei, eu não prestava.


 


            - Não. Não fique triste.


 


            Tentei dar um sorriso, não queria aquele olhar em seu rosto. Ela não podia sofrer, em especial por mim. Eu não era digno disso, nunca seria digno de alguém como a Bella. Ela deveria mesmo ficar com o lobo. Talvez Charlie tivesse razão, ele a fazia feliz. Entretanto, eu nunca seria capaz de deixá-la para ele, não mais.


 


            - Se houvesse uma única maneira de fazer você entender que não consigo deixá-la. O tempo, imagino, acabará por convencê-la.


 


            - Tudo bem – Bella sorriu. - E, então...  já que você vai ficar, pode devolver minhas coisas?


 


Sorri sem vontade:


 


            - Suas coisas nunca desapareceram. Eu sabia que era errado, uma vez que lhe prometi paz sem lembranças. Foi idiota e infantil, mas queria deixar algo de mim com você. O CD, as fotos, as passagens... Está tudo debaixo do assoalho de seu quarto.


 


            - É mesmo?


 


            O prazer que ela demonstrou por uma coisa tão simples começou a abrandar a dor que eu ainda sentia. Os olhos dela estavam novamente ficando iluminados.


 


            - Eu acho, não tenho certeza, mas imagino... acho que talvez eu soubesse disso o tempo todo.


 


            - Soubesse do quê? – perguntei.


 


            - Parte de mim, talvez meu subconsciente, nunca deixou de acreditar que você ainda se importava se eu estava viva ou morta. Deve ter sido por isso que fiquei ouvindo vozes.


 


            Ficamos ambos em silêncio nos encarando. Sabia que isso era algo importante. Cogitei que ela realmente pudesse ter um dom. Algo que obviamente ficaria mais intenso se ela viesse a ser transformada. Senti a mesma curiosidade que havia visto na mente de Aro; rejeitei este sentimento. Deveria haver outra explicação. Esperei que ela falasse novamente. Ela não disse nada. Então, como a minha curiosidade já estava fora de controle, perguntei:


 


            - Vozes?


 


            - Bom, só uma voz. A sua. É uma longa história.


 


            - Eu tenho tempo.


 


Tentei controlar a minha emoção. Ela me ouvia! Ela nunca tentou me esquecer!


 


            - É bem ridículo.


 


Esperei impacientemente.


 


- Lembra o que Alice disse sobre esportes radicais?


           


            Só de pensar em falar isso era como se meu estômago pudesse estar enjoado. Imaginá-la, então, me deixava desesperado.


 


            - Você pulou de um penhasco para se divertir.


 


            - Hã, isso mesmo. E, antes disso, com a moto...


 


            - Moto?


 


            Claro que eu me lembrava; Alice ficou aflita, atormentou-me por isso. Não contaria a ela, sabia que não era certo vigiá-la, não quando eu prometi o contrário. Mesmo que eu tenha feito este pedido para Alice, no fundo eu gostava de saber que minha irmã o tenha feito. Como eu podia dizer que sabia e que, mesmo sabendo, eu não voltei? E, ainda, acabaríamos falando do cachorro. Estava evitando esta parte, tinha receio de não conseguir controlar o meu ensandecido ciúme. Não fazia idéia de como ela reagiria a isso, então fiquei em silêncio.


 


            - Acho que não contei essa parte para Alice.


 


            - Não – na verdade ela não contou, entretanto sabíamos, Alice sabia.


 


            - Bom, sobre isso... Olhe, descobri que... quando fazia algo perigoso ou idiota... conseguia me lembrar de você com mais clareza. Conseguia me lembrar de como era a sua voz quando você estava com raiva. Podia ouvi-la, como se você estivesse ali bem a meu lado. Na maior parte do tempo eu tentava não pensar em você, mas desse jeito não doía tanto... Era como se você estivesse me protegendo de novo. Como se não quisesse que eu me machucasse. E, bom, imagino se o motivo para ouvi-lo com tanta clareza não era porque, lá no fundo, eu sempre soube que você não tinha deixado de me amar.


 


            Fiquei em completo e total choque. Ela se arriscava só para ouvir a minha voz. Ela se feriu, sangrou, arriscou-se deliberadamente para me ouvir, para imaginar que eu queria protegê-la. Eu estava protegendo, minha distância era isso. Era exatamente isso que eu fazia. Ela se jogou precipício abaixo para me ouvir... Fiquei irado.


 


            -Você... estava... arriscando a sua vida... para me ouvir – consegui enfim falar.


 


            - Shh! Espere um segundo. Eu acho que estou tendo uma revelação agora.


 


            Ela me olhava como se estivesse resolvendo um complicado problema. Sua respiração estava ofegante, seus olhos apertados e concentrados. Eu tentava controlar a minha ira. Minha vontade era de chacoalhar a Bella e ver se eu conseguia colocar o cérebro dela no lugar certo. Com certeza algum tombo a afetou profundamente na infância. Como alguém pode deliberadamente pular de um precipício para ouvir vozes? Comecei a contar mentalmente para que o tempo passasse logo e ela me falasse qual era essa tão importante revelação. Depois disso eu iria ficar muito bravo com ela.


 


            - Ah!


 


            - Bella?


 


            - Ah! Tudo bem. Eu entendi.


 


            - Sua revelação?


 


            - Você me ama.


 


            Apesar de toda raiva, irritação e vontade de colocar algum juízo na cabeça dela, eu sorri. Profundamente feliz, ela de algum modo confiava novamente em meu amor. Eu mesmo cometi erros enormes sem ela. Como podia culpá-la? Eu fui embora, dei a brecha para isso acontecer. E sabia que teria feito a mesma coisa. Na verdade eu fiz, com a garota, com Erin. Arrisque a minha existência para salvá-la, porque me lembrava da Bella.


 


            - Sinceramente, amo.


 


            Olhando profundamente em seus olhos, segurei o seu rosto e sem pensar beijei-a novamente. Era como se eu pudesse levitar. Senti os nossos corpos tão juntos que parecíamos estar sendo fundidos. Perdi o meu tênue controle, não conseguia parar; mesmo estando nós dois respirando com dificuldade, eu a queria mais preto de mim. Bella me agarrava, passava a sua língua quente sobre os meus lábios gelados, deixava em mim um rastro de calor. Suspirei fundo e me afastei dela. Ambos estávamos respirando com dificuldade. Abracei sua cintura com medo de que ela caísse. Quando estava seguro de que a Bella não desmaiaria, decidi falar. Era justo, ela ficou constrangida em me revelar seus segredos, ela precisava saber parte do que aconteceu a mim. Claro que eu atenuaria tudo, não faria nada para deixá-la nervosa ou preocupada comigo:


 


            - Você foi melhor nisso que eu, sabia?


 


            - Melhor em quê?


 


            - Em sobreviver. Você, pelo menos, se esforçou. Levantava-se de manhã, tentava ser normal com Charlie, seguiu o padrão da sua vida. Quando eu não estava rastreando, ficava... totalmente inútil. Não conseguia ficar com a minha família... Não podia ficar perto de ninguém. Estou muito constrangido de admitir que, mais ou menos, me voltei para mim mesmo e deixei que a infelicidade me tomasse. Foi muito mais ridículo do que ouvir vozes. E é claro você sabe que eu ouço também.


 


            - Só ouvi uma voz.


 


Eu ri, enquanto a colocava na direção correta, ao meu lado.


 


            - Só estou satisfazendo a sua vontade. O que eles disserem nada importa.


 


            - Isso agora os afeta também.


 


            Fingi indiferença. Sabia que ela estava certa, mas tinha medo e esperança. Esperança de que todos rejeitassem a idéia; embora fosse praticamente impossível, agarrava-me a isso. E medo de que a Bella não terminasse o dia como humana. Lutaria por isso, tinha os meus planos, eu só precisava convencer a maioria deles.


 


            Ao entrarmos em casa, Bella olhava tudo espantada, como se nunca tivesse estado ali. Eu ri e chamei por todos. Não havia mais como evitar isso mesmo.


 


            - Carlisle? Esme? Rosalie? Emmett? Jasper? Alice?


 


            Segurava a sua mão tenso, queria de alguma forma conversar com eles antes dela; isso seria impossível. Devia ter aproveitado melhor a minha chance na floresta, mas era tarde para arrependimentos. Bella se assustou com a repentina aparição de Carlisle.


 


            - Bem vinda de volta, Bella. O que podemos fazer por você? Imagino, devido à hora, que não seja uma visita puramente social.


 


            - Gostaria de conversar com todos vocês, se não houver problema. Sobre um assunto importante.


 


            - Não dê ouvidos às bobagens dela, Carlisle – sussurrei na esperança de meu pai ouvir.


 


            O que está acontecendo, Edward? Por que esta cara?


 


            Fiquei quieto. Bella parecia ter notado a minha conversa silenciosa com Carlisle. Pela curiosidade que eu sentia em sua mente, eu não poderia impedir esta reunião.


 


            - Claro – Carlisle respondeu a ela. – Por que não conversamos na outra sala?


 


            Bella e Carlisle seguiram na minha frente. Eu esperei um segundo a mais na sala, o suficiente para o restante da minha família chegar.


 


            Edward, não adianta tentar nada, a reunião vai acontecer de uma forma ou de outra. Bella está determinada a isso e todos nós estamos curiosos. Bem, na realidade eles estão curiosos, eu naturalmente já sei o que está para acontecer.


 


            - E o que vai acontecer, Alice? – falei entre os dentes.


 


            Não sei de tudo ainda, Bella não fez a proposta. Mas algo me diz... que você não vai ficar muito feliz.


 


            - Alice...


 


            - O que está acontecendo, Edward, Alice? – Esme perguntou.


 


Alice e eu estávamos muito perto, a centímetro um do outro. Ela estava indiferente ao meu humor e feliz por Bella ser corajosa e estar tomando a atitude que ela julgava certa.


 


            Edward, vamos parar de discutir. Bella nos aguarda.


 


            Ignorei as perguntas de Esme. Fui à frente; sentei-me ao lado esquerdo da Bella, meu pai ocupava o direito. O restante da família ocupou os lugares restantes, estava concentrado na mente de todos. Eles notavam a minha irritação, não conseguiam entender, estavam perdidos. Só Alice estava feliz, ela já conseguia ver a Bella como uma de nós. Não posso negar que a imagem era estonteante. Bella era linda, mas o que eu via na mente da Alice era impossível: como algo que já é perfeito pode se tornar ainda melhor? Não podia me deixar influenciar por isso, era fútil, mesquinho da minha parte.


 


            - Não! – Sussurrei para Alice.


 


            Aceite o inevitável, não temos mais como fugir disso. Desista!


 


Olhei feio para Alice enquanto ouvia a voz do meu pai:


 


            - A palavra é sua.


 


            Senti o nervosismo e a insegurança dela. Segurei a sua mão; estava molhada. Bella tremia, não conseguia saber se era de nervoso ou medo. Torcia para que fosse medo; agora que estava tão perto de conseguir o que queria, talvez ela visse o quanto tudo isso era uma loucura. Sentia os seus olhos em mim, mas não conseguia olhá-la. Olhava para minha família enfurecido, logo eles entenderiam o porquê, e se tivessem juízo ficariam ao meu lado. Uma coisa me deixava mais esperançoso: conhecia o meu pai e tinha certeza de que Carlisle, como eu, faria de tudo para dissuadir a Bella.


 


            - Bom – Bella começou nervosa, parei de respirar. - Imagino que Alice já tenha contado tudo o que aconteceu em Volterra.


 


            - Tudo!


 


            - E no caminho para lá?


 


            - Isso também - Alice confirmou.


 


            - Que bom. Então estamos todos em pé de igualdade. – Bella me olhou e depois se virou para todos, concentrada. - Então, temos um problema. Alice prometeu aos Volturi que eu me tornaria uma de vocês. Eles vão mandar alguém para checar, e eu tenho certeza de que isso é ruim... Que deve ser evitado. E assim, agora, a questão envolve vocês todos. Lamento por isso. Mas se vocês não me quiserem, não vou forçar minha presença, quer Alice esteja disposta a isso ou não.


 


            Minha família estava dividida; uma parte me achava um total idiota e irresponsável e a outra se perguntava por que eu continuava relutando em tê-la ao meu lado. Será que o sofrimento pelo qual eu havia passado não tinha me feito mudar de idéia?


 


Esme queria falar com a Bella, dizer que ela era parte da família. Bella não se deixou desviar, parecia que agora que havia tomado coragem para falar queria terminar logo. Sabia que devia estar sendo tremendamente difícil para ela, pois odiava ter tanta atenção assim.


 


            - Por favor, deixe-me terminar. Todos vocês sabem o que quero. E tenho certeza de que também sabem o que Edward quer. Acho que a única maneira justa de decidir isso é todos darem seu voto. Se vocês decidirem que não me querem, então... Acho que volto para a Itália sozinha. Não posso permitir que eles venham até aqui.


 


            Não consegui evitar que a fúria que senti pelas palavras dela transbordasse, mas todos me ignoraram.


 


            - Levando em consideração, então, que não vou colocar nenhum de vocês em perigo, seja qual for a decisão, quero que votem sim ou não sobre a minha questão de me tornar vampira.


 


            Bella deu a deixa para que Carlisle votasse. Esta era a chance que eu tinha, precisava compartilhar com a minha família os meus planos, precisava convencê-los de que eu ainda podia conservar a humanidade dela.


 


            - Só um minuto. Tenho algo a acrescentar antes da votação – ignorei o suspiro contrariado da Bella. – Sobre o perigo a que Bella se refere. Não acho que precisamos ficar muito ansiosos com isso - olhei para todos. - Vejam só, houve mais de um motivo para eu não querer apertar a mão de Aro lá no final. Há um detalhe em que eles não pensaram, e eu não quis lembrar isso a eles.


 


            - Qual? – perguntou Alice, já descrente.


 


            - Os Volturi são excessivamente confiantes, e por um bom motivo. Quando decidem encontrar alguém não é de fato um problema. Lembra-se do Demetri? – perguntei a Bella, não queria que ela ficasse de fora da nossa discussão. Respeitava o fato de a reunião ser dela e sobre ela. Ela deu de ombros, aceitei como um sim. – Ele encontra as pessoas... É o talento dele, é por isso que o mantêm. Agora, todo o tempo em que ficamos com eles, fiquei sondando o cérebro de todos, em busca de qualquer indicação que pudesse nos salvar, obter o máximo de informações possíveis. Então vi como funciona o talento do Demetri. Ele é um rastreador... um rastreador mil vezes mais dotado do que James. Sua capacidade é um pouco relacionada com o que eu faço, ou com o que Aro faz. Ele pega o... sabor? Não sei descrever... o teor... da mente de alguém e depois o segue. Funciona a distâncias imensas. Mas depois dos pequenos experimentos de Aro, bem...


 


            - Você acha que ele não vão conseguir me encontrar?


 


            Sorri da minha lógica inquestionável.


 


            - Tenho certeza disso. Ele depende totalmente desse outro sentido. Quando não funcionou com você, todos eles ficaram cegos.


 


            - E como isso resolve alguma coisa?


 


            - É muito obvio, Alice poderá dizer quando eles planejam uma visita e eu vou esconder você. Eles vão ficar impotentes. Será como procurar uma agulha num palheiro!


 


            Bella balançava a cabeça. Sabia que seria difícil para ela entender a necessidade de se esconder. Não prestava muita atenção na mente da minha família, só conseguia captar o entusiasmo do Emmett.


 


            - Mas eles podem encontra você – ela mordia os lábios, nervosa.


 


            - E eu posso me cuidar.


 


            - Excelente plano, meu irmão – disse Emmett enquanto batíamos os braços em comemoração. Sentia a relutante mente de todos.


 


            Edward, o que deu em você? Desde quando se tornou tão descuidado? – perguntou Esme.


 


            - Não – disse Rosalie.


 


            - Absolutamente, não – concordou Bella.


 


            - Que legal - continuou Jasper.


 


            Isso é histórico, Edward. Sua péssima ideia pelo menos serviu para que as duas concordassem em alguma coisa.


 


            - Idiotas – murmurou Alice.


 


            Vi que não adiantava argumentar com ninguém, todos já tinham a sua opinião formada. O único que debatia calado era o meu pai. Tinha esperança de que ele não concordasse; a opinião do Carlisle sempre influenciava a todos.


 


            - Muito bem, então. Edward propôs uma alternativa para a consideração de todos. Vamos votar – disse Bella.


 


            Ela se virou para mim contrariada, mas disposta a levar a minha opinião a sério.


 


            - Quer que eu me una à sua família?


 


            Doía ter de dizer não a ela, entretanto era necessário:


 


            - Não desse jeito. Deve continuar humana.


 


            Ela fingiu indiferença e se voltou para os outros.


 


            - Alice?


 


            - Sim.


 


            - Jasper?


 


            - Sim.


 


            Bella tentava disfarçar o seu nervosismo. Bem diferente de mim, que a cada voto “sim” olhava mais enfurecido para todos. Será que ninguém levava a minha opinião a sério? Não viam o mal que isso podia provocar a Bella? E se ela não fosse forte o suficiente para se controlar? Os primeiros anos de um recém-criado não eram fáceis. Não era só a alma dela que me preocupava; sabia do que ela teria de abrir mão. E o quanto era difícil e doloroso? Não só o processo de transformação, a adaptação à sua nova realidade também não seria nada fácil. Ela não precisava sofrer. Não tinha que passar por isso.


 


            - Rosalie?


 


            - Não.


 


            Bella fingiu não se afetar, mas eu senti a sua mão pressionar a minha diante da recusa de Rose. Se fosse por qualquer outro motivo, eu estaria irritado com a Rose; hoje eu queria agradecer à minha irmã.


 


            - Deixe-me explicar – implorou Rosalie. - Não quis dizer que tenho alguma aversão a você como irmã. É só que... esta não é a vida que eu teria escolhido para mim mesma. Eu queria que tivesse havido alguém para votar “Não” por mim.


 


            Bella assentiu e voltou a sua atenção para Emmett.


 


            - Que diabos, sim! Podemos encontrar um outro meio para arrumar uma briga com esse tal Demetri.


 


            - Traidor – sussurrei para Emmett.


 


            Sinto muito, mano, mas eu gosto da Bella. E, por mais louco que possa parecer, acho que a gente não deve arrumar uma briga com os Volturi agora.


 


            Bella tentava não sorrir para Emmett enquanto se virava para Esme.


 


            - Sim, é claro, Bella. Eu já penso em você como parte da minha família.


 


            - Obrigada, Esme.


 


            Todos sabiam que esta era a pessoa que decidiria. Carlisle era o chefe da família, mesmo que ele se negasse a pensar assim. Bella parecia saber que as minhas esperanças estavam no que Carlisle decidiria, seus dedos tremiam dentro da minha mão.


 


            Carlisle não olhou para ela.


 


            - Edward...


 


            - Não!


 


            - É a única opção que faz sentido. Você escolheu não viver sem ela e isso não me dá alternativa.       


 


            Não consegui mais me segurar. Levantei-me da mesa furioso. A cada voto “sim” Bella se tornava mais forte na visão da Alice. Agora parecia que ela podia até piscar nesta visão, de tão iluminada. Olhei para Bella e vi que estava ligeiramente contraída enquanto me olhava. Não queria que ela fosse obrigada a me ver assim. Soltei a sua mão e fui para a outra sala. Estava tomado pela ira.


 


            Tudo o que eu fiz não adiantou nada! Absolutamente nada! Quebrei algumas coisas na sala, sem dar importância. Estava tão tomado de pela ira que não conseguia me controlar. Só despertei, para ficar em maior pânico, quando vi na mente da Alice as duas subindo juntas para o quarto. Alice mordia a Bella. NÃO! Voei para a sala antes mesmo que a Bella pudesse ter tempo de começar a falar.


 


            Assim que entrei pela sala, dei uma encarada furiosa em Alice:


 


            - Se quiser continuar com a sua cabeça onde está, não se atreva a fazer ISSO! – sussurrei.


 


            - Bom, Alice. Onde quer fazer isso?


 


            Nunca fique tão fora de controle assim antes perto dela. Enquanto eu gritava, Bella permanecia indiferente; só se concentrava na Alice.


 


            - Não! Não! Não! Ficou louca? Você perdeu todo o juízo?


 


            Calma, Edward! Vai matar a garota de medo. Não estou preparada para isso. Eu sei que você precisa de um tempo para aceitar os fatos. Relaxa, hoje ela ainda vai continuar humana se depender de mim.


 


            Não conseguia acreditar na palavra da Alice. Precisava tirar Bella dali, antes que qualquer um deles fizesse o que eu temia. Posicionei-me entre Alice e Bella.


 


            Bella continuava a sua conversa, ignorando o meu descontrole:


 


            -Humm, Bella. Não acho que eu esteja pronta para isso. Vou precisar me preparar – disse Alice.


 


            - Você prometeu.


 


            - Eu sei, mas... É sério, Bella! Não faço a menor idéia de como não matar você.


 


            - Você pode fazer isso. Eu confio em você.


 


            Você não vai gostar disso – alertou Alice.


 


            Alice balançava a cabeça enquanto me revelava o futuro próximo. Agora era com Carlisle que Bella subia as escadas. Rosnei. Bella se virou para falar com ele, eu a segurei. Tive de me controlar muito; consegui virar a sua cabeça para mim, sem machucá-la, enquanto levantava a mão, advertindo Carlisle.


 


            - Carlisle? – disse Bella.


 


            - Eu posso fazer. Você não correria nenhum perigo de eu perder o controle – prometeu meu pai.


 


            - Que bom.


 


            Calma, filho. Vai dar tudo certo.


 


            Ignorei os pensamentos do Carlisle. Pensava em alternativas para tirá-la dali. Precisava ganhar tempo. Reverter a situação.


 


            - Espere. Não precisa ser agora – implorei olhando para o meu pai.


 


            - Não há motivos para que não seja agora – Bella parecia estar totalmente decidida.


 


            - Posso pensar em alguns.


 


            Minha cabeça trabalhava em tantas direções que estava difícil formular as frases corretamente. Eu me debatia procurando uma saída.


 


            - É claro que pode. Agora me solta – pediu Bella.


 


            - Daqui a duas horas, Charlie estará aqui procurando você. Não duvido nada que ele vá envolver a polícia. Por Favor! – sussurrei para o meu pai antes de continuar.


 


            - Todos os três policiais – disse Bella, sarcástica.


 


            - No interesse de continuarmos imperceptíveis, sugiro que deixemos esta conversa de lado pelo menos até que Bella termine o ensino médio e saia da casa de Charlie – disse, dirigindo-me para Carlisle.


 


            Vou te dar um tempo, Edward. Mas está decidido. Respeitei a sua vontade quando tentou manter-se longe dela. Assisti ao seu sofrimento sem fazer nada. Segurei Alice o quanto pude. Agora que todos sabemos que não existe nenhuma possibilidade de você se manter vivo sem ela... Vou dar a Bella o que ela quer. Ela vai fazer parte da nossa família eternamente. Desta vez vou respeitar a decisão dela.


 


            - Este é um pedido razoável, Bella – disse Carlisle.


 


            - Vou pensar nisso.


 


            Consegui voltar a respirar quando a Bella concordou.


 


            - Tenho que levar você para casa. Para o caso de Charlie acordar cedo – disse, aflito para tirá-la logo dali.


 


            Precisava pensar sem sentir-me tão pressionado. Bella virou-se para o meu pai antes de sair:


 


            - Depois da formatura?


 


            - Tem minha palavra.


 


            - Tudo bem – ela me olhou com os olhos estavam radiantes. Não consegui impedir que isso também não me deixasse feliz. - Pode me levar para casa – ela pediu.


 


            Saí com ela apressado. Logo que deixamos a casa, coloquei-a novamente em minhas costas e corri para sua casa.


 


            Meus sentimentos estavam confusos. Uma grande parte minha estava em completo êxtase, pensava e planeja tudo o que poderíamos ter e fazer se enfim fôssemos iguais, compatíveis, não só em alma e coração, mas fisicamente. Eu poderia amá-la como nunca acreditei ser possível. Teria absoluta certeza de que jamais passaria pela dor de perdê-la novamente. Sabia que este era o meu lado egoísta falando, mas não posso mentir: gostava muito dessas opções. Ela também não poderia nunca me trocar por outro, em especial o cachorro. Teria a Bella eternamente para mim.


 


            Mas era certo? Era justo com ela? Sabia que não. Bella era muito jovem para ter certeza do que queria. Havia pensado em algumas opções pelo caminho. Fui obrigado a aceitar o inevitável: ela se tornaria uma vampira, isso eu não conseguiria evitar. Mas podia tentar adiar. Quem sabe ela não mudava de idéia?


 


            Eu precisava ganhar tempo. Uma saída para isso me ocorreu. Fiquei contente com a idéia. Quando dei por mim, já estava em seu quarto e andava de um lado para o outro. Procurei pelo seu rosto; não a encontrei. Se não estivesse escutando as batidas do coração dela, teria ficado em pânico. Fui me juntar a ela, debaixo do edredom.


 


            - Se não se importa, prefiro que você não esconda seu rosto. Eu vivi sem ele por mais tempo do que eu podia suportar. Agora... me diga uma coisa.


 


            - O quê?


 


            - Se pudesse ter alguma coisa no mundo, qualquer coisa, o que seria?


 


            - Você – estava impaciente, precisava da cooperação dela para continuar.


 


            - Algo que não tenha – eu era totalmente dela.


 


            Bella me levou a sério. Olhava dividida em assumir o que nós dois sabíamos. Ela estava com receio de me ofender. Esperei.


 


            - Eu queria... que Carlisle não tivesse que fazer isso. Queria que você me mudasse – essa era a resposta de que eu precisava.


 


            - O que estaria disposta a dar em troca?


 


            - Qualquer coisa.


 


            Sabia que o que estava tentando era difícil. Se não desse certo, desistiria, seguiria em frente. Na verdade, acho que atropelaria o meu futuro, já que estava abrindo mão de mantê-la humana. Se eu fosse aceitar uma das visões da Alice, por que não aceitar todas?


 


            - Cinco anos? – Bella balançava a cabeça. -    Você disse qualquer coisa.


 


            - Sim, sim... você vai usar o tempo para arrumar uma maneira de se livrar disso. Tenho de aproveitar a minha chance. Além disso, é perigoso demais ser humana... Para mim pelo menos. Então, tudo menos isso.


 


            Esperta.


 


            - Três anos? – implorei.


 


            - Não!


 


            - Então não vale qualquer coisa para você?


 


            Ela pensava seriamente. Ambos sabíamos que ela queria isso desesperadamente. Agora que eu não conseguiria mais negar isso para ela, tinha de usar qualquer coisa para ganhar tempo. Se conseguisse tirar Carlisle do caminho, seria mais fácil retardar a Bella. Sem falar que uma parte do meu cérebro ficava estranhamente feliz em sentir uma ultima vez o gosto do seu sangue, mesmo que o restante de mim ficasse inquieto só em pensar em feri-la. Mais uma prova de que eu estava sob controle perto dela.


 


            - Seis meses?


 


            - Não basta.


 


            - Então um ano. É meu limite.


 


            - Me dê pelo menos dois.


 


            - De jeito nenhum. Vou fazer 19 anos. Mas não vou chegar a lugar nenhum perto dos 20. Se você vai ficar adolescente para sempre, eu também vou.


 


            Desisti. Não tinha como eu conseguir vencer. O pavor que ela tinha de envelhecer era gigantesco. Eu teria de dar a ela aquilo que, no fundo, eu também desejava muito que acontecesse. A visão da Alice, Bella imortal e magnífica, não saía mais da minha cabeça. Parecia que o meu cérebro havia fundido essa imagem lá e eu a queria para sempre. Desisti de tentar, aceitei o meu futuro. A aliança da minha mãe parecia saber, sentia-a mais quente em meu bolso.


 


            - Tudo bem. Esqueça o limite do tempo. Se quiser que seja comigo... terá de cumprir uma condição.


 


            - Condição?


 


            Fiquei terrivelmente nervoso, não sabia como fazer isso direito. Pensei em pegar a aliança, ajoelhar. Entretanto, depois teria de explicar, afinal, não é normal andar com uma aliança no bolso. Eu não queria ter de contar para ela todos os detalhes de quando estive longe. Resolvi fazer sem a aliança por enquanto. Mas e se ela disse não... “Não seja covarde, peça.” Tentava me encorajar.


 


            - Case-se comigo primeiro.


 


            - Tudo bem. Qual é a piada?


 


            Por quê? Por que ela nunca responde às minhas perguntas objetivamente?


 


            - Está ferindo meu ego, Bella. Acabo de lhe pedir em casamento e você acha que é brincadeira – disse sério.


 


            - Edward, por favor, fala sério – ela ria nervosa.


 


            Será que ela não acreditava em mim ainda?


 


            - Estou falando completamente a sério – olhei profundamente em seus olhos, Bella precisava acreditar em mim.


 


            - Ah, sem essa. Só tenho 18 anos.


 


            - Bom, eu tenho quase 110. Está na hora de sossegar.


 


            - Veja bem, o casamento não é uma das minhas prioridades, sabia? Foi como o beijo da morte para Renée e Charlie.


 


            Era exatamente isso que eu planejava. Claro que não exatamente como Charlie e Renée. Mas seria isso que aconteceria: eu me casaria com ela primeiro para depois transformá-la.


 


            - Uma escolha de palavras interessante.


 


            Comecei a ficar receoso. E se a Bella quisesse muito mais ser uma vampira do que ficar comigo? E se este fosse o real motivo para ela me querer? Depois de transformada ela podia não mais me amar?


 


            - Você entendeu o que eu quis dizer.


 


            - Francamente, não me diga que tem medo de se comprometer – disse, incrédulo.


 


            - Não é bem isso. Eu... tenho medo por Renée. Ela tem algumas opiniões fortes sobre se casar antes dos 30 anos.


 


            - Porque ela prefere que você seja uma eterna amaldiçoada a que se case – sorri, era inacreditável.


 


            Depois de tudo; depois de conseguir entrar em uma casa repleta de vampiros, sentar-se à mesa com eles, enfrentar a todos, exigindo se tornar uma de nós; depois de suportar, sem demonstrar um pingo de medo, meu ataque inicial, quando ainda não conseguia aceitar o fato de ela jogar tudo fora por mim, Bella me aparece com essa novidade, medo por Renée. Sem mencionar ir até a Itália e enfrentar um batalhão de vampiros sádicos, ser amiga de lobisomens e conseguir se esquivar inúmeras vezes de ser morta por Victoria. Acho que nem que nós vivamos mil anos juntos ela ainda não conseguiria deixar de me surpreender. Bella é magnífica. Mesmo me negando o maior sonho, ela não conseguia deixar de me encantar.


 


            - Você acha que está brincando – disse Bella.


 


            - Bella, se comparar o nível de compromisso entre uma união conjugal e trocar a sua alma pela eternidade como vampira...  – sorri animado em provocá-la mais. - Se não tem coragem de se casar comigo, então...


 


            - Bom. E se eu quisesse? E se lhe dissesse para me levar a Las Vegas agora? Eu seria uma vampira em três dias?


 


            Fiquei felicíssimo com a ideia. Ela ia me aceitar, ela realmente me queria, a mim!


 


            - Claro. Vou pegar o meu carro.


 


            - Mas que droga. Vou lhe dar dezoito meses.


 


            Consegui disfarçar a dor que senti. Bella parecia não notar o quanto estava me ferindo negando isso. Eu a queria de todas as maneiras possíveis. Contudo, isso também me dava a oportunidade de ter outra coisa que eu já julgava perdida: mais tempo com ela como humana. Agora ambos tínhamos coisas a negociar um com o outro.


 


            Ela deixou bem claro o quanto queria que eu a transformasse; podia muito bem usar isso a meu favor. Aparentemente, ela não sabia o quanto eu queria me casar com ela.


 


            - Nada feito. Eu gosto desta condição.


 


            - Ótimo. Vou pedir a Carlisle para fazer quando me formar – ela tentava mentir, era péssima.


 


            - Se é o que você quer mesmo.


 


            Fingi indiferença; na verdade, eu também queria transformá-la. Isso a faria minha. Meu veneno correria em suas veias, mesmo que isso fosse a parte minha que eu mais odiava, era eu, seria eu dentro dela, sempre.


 


            - Você é impossível. Um monstro.


 


            - É por isso que não quer se casar comigo? – perguntei mais uma vez, inseguro.


 


            Ela não respondeu. Entretanto, não fazia sentido ser esse o motivo. Ela também seria um monstro, brigava para que isso acontecesse logo. Não consegui evitar: pensava no cachorro. E se fosse por ele? “Não, não, Edward. Ela disse que era você que ela amava.” E a Bella era uma mentirosa tão miserável que não podia ser mentira. Se ela me amava, por que não me aceitava? Suspirei e comecei a me preparar para implorar, a aliança pesou em meu bolso.


 


            - Por favor, Bella? Seria melhor se eu tivesse tempo para comprar uma aliança?


 


            - Não! Nada de alianças! – ela gritou, acordando o Charlie.


 


            - Agora você conseguiu - adverti.


 


            - Epa.


 


            - Charlie está levantando; é melhor eu ir – disse, sem a mínima vontade de sair do seu quarto. Bella ficou pálida. - Seria infantilidade minha me esconder no seu armário, então?


 


            - Não. Por favor, fique.


 


            Antes que ela concluísse a frase, eu me escondi em seu armário. Se Emmett visse isso iria caçoar de mim por séculos. Mesmo me sentindo ridículo, preferia fazer isso a me afastar dela.


 


            Escutava a Bella conversar com Charlie sem prestar muita atenção. Ainda estava me sentido perdido com a recusa dela. Estava confiante que ela aceitaria, pelo menos era isso que a visão da Alice me mostrava. Alice não devia mais ser uma vidente tão boa assim... Teria de ter uma conversinha com a minha irmã. Será que ela inventou isso e eu caí direitinho? Não, eu prestei total atenção à visão, não parecia ser nada inventado pela mente perturbada da minha irmã.


 


            Quando Charlie ameaçou mandar Bella de volta para a mãe, eu voltei a minha atenção para os dois.


 


            - Porque eu não vou – suspirei aliviado quando ela se negou.


 


            - Agora espere um minuto, mocinha...


 


            - Olhe, pai, assumo completa responsabilidade por meus atos e você tem o direito de me deixar de castigo pelo tempo que quiser. Vou cumprir todas as tarefas e lavar a roupa e os pratos até que você ache que eu aprendi a lição. E acho que você tem o direito, se quiser, de me expulsar daqui também... Mas isso não vai me fazer voltar para a Flórida.


 


            - Você pode explicar onde esteve?


 


            Droga, esquecemos da desculpa. Ela teria de se virar sozinha. Balançava a cabeça, preparado para o desastre.


 


            - Houve uma... emergência. Não sei o que dizer a você, pai. Foi principalmente um mal-entendido. Um disse-me-disse. Eu perdi o controle. Ouça, Alice disse a Rosalie que eu pulei de um penhasco... Acho que não lhe contei sobre isso. Não foi nada, só estava brincando, nadando com Jake. De qualquer modo, Rosalie contou a Edward e ele ficou transtornado. Ela meio que por acaso deu a impressão de que eu estava tentando me matar...


 


            Quando ela começou a contar as coisas, editando-as, não imaginei que ela seria tão ingênua em contar para o Charlie sobre o penhasco. Tive que tampar a minha boca com a mão para não soltar uma gargalhada alta. Bella, que já estava completamente enrolada, piorou a sua situação. Agora Charlie também estava convencido, assim como o restante de nós, de que a Bella tentou se matar. Ele ia ficar em cima dela por semanas. Nem precisava das visões de Alice para ver a enrascada em que a Bella se meteu. Podia incluir Charlie agora na nossa enorme lista de problemas. Pelo menos, ele não queria matá-la...


 


            - E o que Edward Cullen tem a ver com isso, afinal? Esse tempo todo ele só deixou você esperando, sem dar uma palavra...


 


            - Outro mal-entendido.


 


            - Então ele voltou?


 


            - Não sei bem quais são os planos. Eu acho que todos eles voltaram – disse ela, insegura.


 


            - Quero que fique longe dele, Bella. Não confio nele. Ele não serve para você. Não vou permitir que ele atrapalhe a sua vida daquele jeito de novo.


 


            Mesmo que doesse muito ouvir o Charlie falado assim de mim, ele estava completamente certo. Por mais que eu tentasse, sabia que seria incapaz de me perdoar por isso.


 


            - Tudo bem – disse ela.


 


            Gelei: ela ia aceitar tão fácil assim que ele nos separasse?


 


            - Ah! Pensei que você fosse criar dificuldades.


 


            - Mas eu vou. Eu quis dizer “Tudo bem, eu vou sair de casa.”


 


            Hã!? Ela... seria capaz? Claro que seria! Era a cara da Bella se mudar para uma casa cheia de vampiros. Se fosse possível, aposto que ela também não se importaria em dividir espaço com os lobisomens. Se os Volturi a convencessem de que não eram “tão maus” assim, ela ainda se tornaria confidente da Jane.


 


            Tomara que depois de transformada a Bella melhorasse esse lado dela. Tinha medo. Carlisle sempre defendeu a idéia de que, quando transformados, o que tínhamos de especial se intensificava. E se isso fosse o que a Bella tinha de especial? E se o seu azar e a falta de prudência se intensificassem ainda mais? Será que eu seria suficientemente forte para continuar protegendo-a de si mesma? Se como humana já era difícil, imagine quando fosse vampira. Tremia só de imaginar tal possibilidade.


 


            Quando ouvi que Charlie deixou o quarto, sai e me sentei na cadeira de balanço antes que ela estivesse de pé. Bella me olhou visivelmente constrangida.


 


            - Desculpe por isso.


 


            - Acho que mereço coisa muito pior. Não comece nenhuma briga com Charlie por minha causa, por favor – eu não merecia, não havia desculpas para os meus atos.


 


            - Não se preocupe. Vou começar exatamente o que for necessário e nada mais do que isso. Ou está tentado me dizer que eu não tenho para onde ir? – ela provocou.


 


            - Você se mudaria para uma casa cheia de vampiros?


 


            Mesmo sabendo a resposta dela, não consegui evitar a pergunta, era inacreditável demais para mim.


 


            - Deve ser o lugar mais seguro para alguém como eu. Além disso... Se Charlie me expulsar, então não há necessidade do prazo da formatura, não é?


 


            Isto eu não podia negar: ela ficaria mais segura na minha casa com vigilância 24 horas do que aqui. Duvido que o cachorro tentasse ir até lá alcançá-la.


 


            - Tão ansiosa pela danação eterna.


 


            Se não fosse por essa razão, eu tentaria convencê-la a ir para a minha casa. A segurança dela era fundamental. Por ora, ela parecia estar segura ali.


 


            Ela me tirou de meus pensamentos:


 


            - Sabe que não acredita mesmo nisso.


 


            - Ah, não acredito?


 


            - Não. Você não acredita – ela afirmou incisivamente. - Se acreditasse de verdade que perdeu a sua alma, então, quando eu o encontrei em Volterra, você teria percebido imediatamente o que estava acontecendo, em vez de pensar que nós dois estávamos mortos juntos. Mas não pensou assim... Você disse: “Incrível. Carlisle tinha razão.” Há esperanças para você, afinal.


 


            Olhei para ela, incrédulo. Ela tinha a mais absoluta razão. Eu não havia me dado conta de que ainda nutria esperanças antes que ela me sinalizasse isso. Bella era um gênio! Por esse motivo ela sempre conseguia tudo o que queria de mim. Ela via coisas que ninguém mais conseguia ver, o cérebro torto dela era estonteante. Como fiquei completamente sem ter o que dizer, ela continuou indiferente ao meu espanto.


 


            - Então vamos os dois ter esperança, sim? Não que isso importe. Se você ficar, não preciso do paraíso.


 


            Levantei para poder ficar perto dela, não conseguia tolerar nenhuma distância entre nos. Coloquei as mãos em seu rosto antes de sussurrar:


 


            - Para sempre.


 


            -É só isso que estou lhe pedindo.


 


            Bella sorriu, antes de ficar na ponta dos pés para me beijar mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo deve ter ficado meio engraçado, pois, meu marido, riu muito enquanto revisava.

Até quarta eu termino.
bjos, boa noite.