Black Hole escrita por juliananv


Capítulo 24
Capítulo 24 Consequências


Notas iniciais do capítulo

Presente!!!!
Dois capítulos em menos de 24 horas!!!
Este é o meu último original BuAAAAAAAAAA!!!
Espero que gostem.



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            Desci a escada, acreditando estar preparado para a ira de Charlie; eu me enganei. Ele tinha absolutamente todos os motivos para me tratar daquela maneira. Machuquei muito a filha dele. Mesmo que naquela época acreditasse que estava protegendo a Bella, eu errei. Não tinha esse direito.

 

            - O que você pensa que está fazendo aqui? Não quero você perto dela! Você sabe o que fez à Bella? Como ela ficou depois que você a abandou na floresta? Ela estava morta, você matou a minha filha!

 

            Enquanto ele dizia tudo isso, recordava-se do estado em que a Bella ficou. Foi como se eu estivesse em alguma espécie de ataque. Nunca, jamais, poderia imaginara a dor dela, o estado que eu a obriguei a ficar. O sofrimento que Alice havia me mostrado não era nada. O sofrimento por que passei não tinha mais a menor importância. Ver pelas lembranças do Charlie o que eu fiz a ela era pior que tudo. Pior que o período em que me escondi na caverna fétida; pior que quase morrer atacado pelo Nolan; pior que todos os meses em que eu era diariamente tragado pelo buraco. Com muito custo consegui me manter de pé e voltar a respirar.

 

            - Charlie, eu amo a sua...

 

            Ele deu dois passos. Ficou bem de frete a mim, ignorando os seus instintos, que o compeliam a se afastar. Falou baixo, com autoridade:

 

            - Isabella não precisa de um amor assim. E ela já está namorando Jacob. Ele a faz feliz, ele é bom para minha filha. Suma, não precisamos de você aqui.

 

            Ele me matou de ciúmes revelando isso. Dei um passo para trás. Mesmo vendo na mente do Charlie que ele mentia, não consegui deixar de me afetar com a notícia. Temia isso.

 

            - Charlie, perdoe-me. Sei que fiz a sua filha sofrer, mas eu também sofri. Não foi por falta de amor que me afastei. Não tive escolha, precisava agir assim.

 

            - Presta atenção, garoto: eu proíbo você de entrar novamente na minha casa, de passar pela minha porta. Não quero você com a Bella. Ela não precisa passar por isso novamente. Saia, você não é bom para minha filha, ela já tem o Jacob.

 

            Saí de lá sem poder contestar nada. Eu sabia o quão especial a Bella era, não a merecia mesmo. Mas teria que voltar, prometi isso a ela. Desrespeitaria as ordens de Charlie. Entrei no carro, ainda tentando inutilmente não pensar nas lembranças dele.

 

            - Rose, ainda bem que seus pais já se foram. Ter sogro é jogo duro!

 

            - Deixe o Edward em paz, Emmett! Ele já tem problemas demais, não precisa de você pegando no pé dele – os dois se divertiam.

 

            Depois de dois quarteirões, eu disse:

 

            - Emmett, pare o carro, vou voltar.

 

            - Tem certeza? Charlie está a ponto de te desmembrar e transformá-lo em cinzas – ele ria.

 

            - Não tenho opção. Prometi a Bella que estaria lá quando ela acordasse.

 

            - Ela ainda vai dormir bastante, temos que conversar em casa – disse Rose. - Estão todos nos esperando.

 

            - Emmett, pare! – ele obedeceu desta vez.

 

            - Não vou falar com ninguém agora. Primeiro a Bella. Eu não posso deixá-la sozinha, Victoria a está caçando.

 

            - O quê? – Emmett e Rose me olharam surpresos.

 

            - Emmett, no momento estou com pressa. Alice sabe de tudo, ela te conta em casa, preciso voltar. Não é seguro para a Bella.

 

            - Boa sorte com Charlie.

 

            - Não se preocupe, sou mestre em me esconder dele – disse enquanto abria a porta e corria para a floresta.

 

            Em menos de um segundo estava em frente à janela dela. Tive de esperar um pouco, Charlie estava lá. O cheiro de cachorro em volta da casa dela era forte. Contudo, um odor se sobressaia a outros; Jacob, provavelmente. Rosnei irritado. Quando finalmente Charlie saiu do quarto, pude realizar o desejo que me tomou durante todos aqueles meses: escalar novamente a janela dela.

 

            Entrei feliz por sentir novamente o cheiro da Bella; não tão feliz em também sentir o cheiro do cachorro ali. Então eles eram íntimos a ponto da Bella permitir que ele entrasse no seu quarto. “Droga.” Deixei isso de lado e olhei para ela. Finalmente ela estava onde eu queria, no seu quarto, em segurança. Eu me aproximei da cama, sentei-me no chão; agora eu podia finalmente olhá-la, admirá-la. Notei que ela estava mais magra, os cabelos menos brilhantes. Sem tirar os olhos dela, estudei o quarto com minha visão periférica, como minha espécie era capaz de fazer. Estava diferente; os CDs haviam sumido; no lugar dos livros que ela costumava gostar de ler, estavam outros, de matemática, física. O quarto parecia estar sem vida, como se não pertencesse mais à mesma pessoa.

 

            Ela se mexia inquieta. Começou a tremer. Cobri-a. Bella jogou a coberta para longe; debatia-se na cama.

 

            - Volta...

 

            Ela começou a murmurar. Fiquei tenso, sabia que ela estava tendo um pesadelo. Passei a mão no seu rosto para acalmá-la. Antes isso dava certo. Bella abriu os olhos, mas não parecia estar acordada.

 

            - Sou eu, Bella – sussurrei. – Tudo bem, acabou. Você está segura. Eu estou aqui.

 

            - Fica – ela chorava, enquanto se agarrava à minha mão.

 

            - Eu vou ficar, prometo.

 

            Suspirei fundo e deitei-me ao lado dela. Bella automaticamente colocou a sua cabeça em meu peito e eu a abracei. Comecei a beijar os seus cabelos enquanto cantarolava a sua canção de ninar. Ela foi relaxando e se acalmou, voltou a dormir tranquila. Ficamos assim por algumas horas. Estava em completo e total êxtase ao seu lado, até ser interrompido pelos pensamentos dela:

 

             Toc, toc. Estou entrando, Edward.

 

            Alice entrou pela janela da Bella, sem a menor cerimônia, como era do seu costume.

 

            Precisamos conversar.

 

            - Mais tarde, agora estou muito ocupado – sussurrei.

 

            Abracei a Bella mais forte, enquanto beijava o seu cabelo. Alice riu.

 

            Edward, sei que você captou coisas importantes, eu não fui capaz de fazê-lo. Precisamos conversar, logo.

 

            - Alice, minha prioridade numero um é conversar com ela. Depois que a Bella acordar, faremos isso.

 

            Edward Cullen, nós dois sabemos muito bem que você será incapaz de se afastar dela, vejamos... – Alice colocou o dedo indicador nos lábios - pelo próximo mês - ela riu.

 

            - Eu sei disso. Mas não posso deixar a Bella sozinha. Victoria, lembra?

 

            Eu já vi, ela não vai atacara a Bella. Durante esta semana, pelo menos, teremos paz.

 

            - Sinto muito, mas agora NÃO!

 

            Eu devia saber – ela balançou a cabeça - que era impossível tirar você daqui.

 

            - Preciso ficar. Bella teve um pesadelo; comigo por perto fica mais calma – Alice franziu os olhos.

 

            Convencido - sorri. - Vamos fazer assim: chamo todos aqui, falamo-nos na floresta, perto o bastante para que você possa ouvir o coração dela batendo. Ela estará segura, ficaremos vigiando.

 

            - Isso é admissível – menti; não me agradava ter de sair do lado dela, mas precisava alertar Carlisle. - Alice...

 

            Não, eu não a vejo acordando enquanto você estiver fora, fique tranquilo. Bella só vai acordar daqui a algumas horas, no começo da manhã. Tá, ta, já sei... – disse Alice impaciente, antes que eu pudesse exigir saber exatamente a hora. - Lá pela uma da manhã. Feliz?

 

            - Sim – suspirei. - Vai demorar tanto assim? – ela não respondeu.

 

            Certo! Levanta daí, que eles já estão chegando.

 

            - Você não ia chamá-los?

 

            Na verdade, sabia que seria impossível tirar você de perto dela. Então tentei uma manobra alternativa. E não é que deu certo? - ela sorriu, convencida.

 

            - Alice, você é um monstrinho irritante!

 

            Te espero lá fora. Não se preocupe, em uma semana ela vai estar idêntica ao que era antes.

 

            - Alice...

 

            - Não! Sei que vai me perguntar. Quer saber o que vai acontecer quando ela contar. Mas não vou estragar o momento de vocês. Não vou falar, nem adianta insistir. Só posso garantir... não, não vou garantir nada. E foi você mesmo que me proibiu de olhar o futuro dela – dito isso, ela pulou a janela, enquanto eu lhe mostrava a língua.

 

            Alice bem que podia aliviar um pouco do pânico que eu estava sentido. Isso começou, ainda em Volterra, da primeira vez que Bella se afastou de mim e estava crescendo incontrolavelmente desde então. Não sabia quanto tempo mais poderia suportar esse mistério. Será que ela ainda iria me querer depois de tudo? Que tipo de relação ela tinha com o lobisomem? E, principalmente, ela era capaz de me perdoar e de me amar novamente? Pelo menos eu já sabia que teria de esperar até à uma da manhã para descobrir. Sabendo disso, fiquei em dúvida se queria que ela acordasse; pelo menos por enquanto ela me deixava ficar...

 

            Já conseguia ouvi-los. Com muita força de vontade, saí de sua cama, dei-lhe um beijo e dirigi-me para a floresta.

 

            Quando cheguei lá, menos de um segundo depois, minha vontade de voltar para onde estava já era insuportável. Contudo, fiquei feliz em rever toda a minha família, sentia que não os via havia muito tempo. Na realidade não os via mesmo. Em minha época sombria, eu só estava fisicamente ali. O restante do meu ser estava morto. Esme veio me abraçar.

 

            - Deixe-me aproveitar que a Bella está dormindo e não agarrada a você. Preciso te abraçar direito. Minha mente diz que você agora está seguro, mas meu corpo não acredita ainda.

 

            Fui até Esme de braços abertos; minha mãe passou por um sofrimento muito grande, sentia-me culpado.

 

            - Perdoe-me, mãe, não consegui evitar.

 

            - Eu sei. Foi duro, não é?

 

            - Você nem faz idéia.

 

            Esme beijava o meu rosto, enquanto pensava que ela também sofreu por Alice e por Bella. Não queria perder a metade da sua família, Bella já era uma filha para Esme também. Ela estava radiante com as coisas se acerta. Sua família estava completa e reunida novamente.

 

            - Esqueça isso, passou – suspirei enquanto sorria.

 

            - E agora, Edward, o que vamos fazer? – Perguntou Carlisle.

 

            - Primeiro eu tenho que pedir o perdão de todos você. As consequências do meu erro serão enormes. Principalmente para você, pai. Aro inveja tudo o que você tem. Agora sua existência corre perigo.

 

            - Como assim? - perguntou Alice - Não vi nada disso.

 

            - Foi muito rápido. Ele estava evitando pensar, planejar qualquer coisa neste sentido, sabendo do que éramos capazes, do que eu era capaz.

 

            - O que você captou? – perguntou Carlisle.

 

            - Nada muito concreto; como disse, foi rápido. Se não estivesse tão atento, teria perdido. Ele imagina que se matar Carlisle pode quebrar o elo que nos une. Assim seria mais fácil para ele conseguir o que ele quer.

 

            - E o que exatamente ele quer?

 

            - Alice, Jasper, Emmett, Bella e eu.

 

            - Bella? – Rose e Carlisle indagaram juntos.

 

            - Parece que Alice não contou os experimentos de Aro – olhei para ela, ela deu de ombros. – Aro foi incapaz de ler a mente da Bella e Jane também não consegui torturá-la.

 

            Além de me deixar envaidecido pela Bella, isso também me deixava confiante pelos planos que estava bolando. Fiquei agradecido por ela ser forte ao menos neste sentido. Em todo resto Bella era extremamente frágil.

 

            - Eu vou ficar atenta a qualquer mudança em nosso futuro. Não se preocupe com isso, Carlisle – disse Alice.

 

            - Sinto muito, pai.

 

            - Esquece, Edward, era só uma questão de tempo até eles descobrirem sobre nós. Até que demorou – Carlisle colocou a mão sobre o meu ombro, reconfortando-me. Ele me conhecia bem demais, sabia o quanto eu lamentava. Contudo, eu realmente não podia me culpar totalmente. Alice sempre nos avisou que, em algum momento, nossos destinos se cruzariam; só não queria que fosse por minha culpa.

 

            - Temos problemas mais urgentes - lembrei a eles. - Os lobisomens e a Victoria.

 

            - O que vamos fazer? – perguntou Rose.

 

            - Eu preciso ficar ao lado da Bella. Se ela não me quiser mais, se preferir ficar com o lobo, vigiarei escondido. O que eu não suporto é saber que ela corre algum risco – seria doloroso ter de assisti-la com ele, mas isso era preferível. Qualquer coisa era melhor do que a ter morta.

 

            - Ela sempre vai te querer – disse Alice enquanto revirava os olhos.

 

            - Não sei. Ainda não conversamos. Agora ela tem opções, pode mudar de idéia.

 

            - Preocupado com o lobo? – perguntou Emmett. - Se você quiser, a gente acaba com eles...

 

            - Não posso fazer isso, Emmett! Devo a eles por encontrar a Bella viva. E acredito que a Bella realmente goste dele, ele esteve no quarto dela. Eu sou incapaz de magoá-la assim – disse, desanimado.

 

            Emmett gargalhou:

 

            - Páreo duro, hein, Edward? Ser trocado por um lobisomem!

 

            - Esse cheiro horrível que estou sentindo é dele? – perguntou Jasper.

 

            - É.

 

            - Fique tranqüilo; Bella não vai querer alguém que cheire assim.

 

            - Ele só tem esse cheiro para nós, Jasper – infelizmente.

 

            Alice gargalhou:

 

            - Há, há, há! Se antes você tinha medo de que algum de nós ou mesmo você pudesse matá-la, agora deve estar em pânico. A situação é horrível, eu sei, mas não consigo evitar achar graça. Victoria, lobisomens, Volturi... esqueci alguma coisa?

 

            Todos riam, menos eu.

 

            - Não tem graça, Alice!

 

            - Ah, tem sim, Edward. Uma coisa realmente não se pode negar: Bella sabe como ninguém se meter em encrencas – tive de concordar e rir.

 

            - Por isso eu adoro a sua garota, mano – Emmett me dava um soco no braço. – Nossa existência ficou muito mais agitada com a Bella, é difícil ter dias monótonos com ela. Boa escolha! – revirei os olhos.

 

            Entretanto, era verdade. Graças a esse dom, de se meter onde não devia, ela estava comigo. Bella era completamente incapaz de se manter longe de uma boa encrenca. E eu era a menor delas desta vez, o que me trouxe certo consolo.

 

            - O que vamos fazer quanto a isso? – meu pai falou sério, tirando todos do momento alegre. - Os lobisomens parecem respeitar o tratado que fiz. Não atacaram a Alice. Vamos respeitar o tratado! Não tivemos problemas com isso no passado, não haverá motivos para que não funcione novamente agora. – Ele não acrescentou um rival à equação, isso definitivamente tornava tudo ainda mais complicado. - Eles já devem saber que estamos de volta e não fizeram nada ainda.

 

            - Mesmo assim, eles são um risco, para ela pelo menos. Se o que Alice falou for verdade, são cinco lobisomens e nós podemos dar conta disso facilmente. Não me agradaria matá-los agora. Como disse, estou em dívida com a matilha. Vou tentar manter a Bella longe deles, isso será o suficiente para que ao menos os lobos não a machuquem. No momento, minha maior preocupação é a Victoria. Teremos de vigiar a Bella.

 

            - Ela não vai gostar – disse Alice.

 

            Ela me mostrava a Bella dando um ataque por achar que estava nos colocando em perigo.

 

            - Eu sei – disse, desanimado -, vamos ser discretos. Não quero que ela tenha que ficar apavorada. Por ora não há necessidade disso. Vou precisar da ajuda de vocês. Bella não poderá ficar nem por um segundo sozinha.

 

            - Pode contar conosco – respondeu Rosalie.

 

            Todos olharam chocados. Antes Rose nunca gostou de ajudar a proteger a Bella, fazia por obrigação.

 

            - Obrigado por enfim aceitá-la – disse comovido.

 

            - Não gosto dela... ainda. Vou me esforçar. Preciso proteger a minha família e mesmo que eu ainda não goste muito, posso aceitar que a Bella já faz parte dela. Isso já é mesmo um fato consumado.

 

            Alice riu.

 

            - Viu, era só uma questão de tempo, Edward. Rose só é mais lenta porque é loira – disse Alice.

 

            - Por essa razão escolhi uma morena – todos riam.

 

            - E quanto aos Volturi? – perguntou Jasper. – Esse é o maior risco, não só para Bella, mas para todos. Precisamos transformá-la logo, pelo menos por essa transgressão eles não poderão mais nos acusar. Não terão desculpa para atacar.

 

            - Isso pode esperar, Jasper. Eles contam o tempo muito diferente da gente. Confie em mim, dei uma boa espiada na mente de todos; temos tempo.

 

            Não queria entrar em uma discussão com eles agora. Eu não iria permitir que ninguém, nem mesmo a minha família, transformasse a Bella. Só que precisava voltar antes de ela acordar; se revelasse isso para eles agora, nossa conversa poderia se alongar muito. Depois, com mais tempo, retomaria esse assunto.

 

            - Teremos de ser muito mais cuidadosos e evitar caçarmos sozinhos. Sempre em duplas. Corremos o risco de esbarrar com qualquer um da guarda. Aro conhece a mim e a Alice profundamente, sabe de nossos hábitos. Anda que não fosse assim, Demetri pode encontrar qualquer um em qualquer lugar. É o melhor rastreador que Aro conhece. Demetri nunca falha. – minha família me olhava preocupada. - Eu preciso voltar, Bella pode acordar.

 

            - Espere filho – disse Esme -, deixe alguém aqui para vigiá-la. Venha caçar comigo, posso ver que você está com sede.

 

            - Preciso estar lá quando ela acordar.

 

            - Edward, ouça Esme – interveio Carlisle. – Você sabe muito bem como o cheiro da Bella te afeta. Não pode perder o controle perto dela, não é seguro. Com sede do jeito que está, você vai colocar a Bella em perigo – sorri muito feliz.

 

            - Não corro mais esse risco, fique tranquilo – disse presunçoso.

 

            - Como assim? – perguntou Jasper.

 

            Contei para eles o que eu já suspeitava. Bella nunca mais correria o risco de que eu viesse a matá-la. Meu corpo rejeitava qualquer possibilidade de perdê-la; desde que eu a reencontrei, não senti nem por um segundo o ímpeto de atacá-la. Eles ficaram admirados e felizes pela minha nova descoberta.

 

            - Mesmo assim, Edward, mesmo que ela não corra mais este perigo. Você deve estar sofrendo, posso ver.

 

            Estava mesmo muito desconfortável a queimação em minha garganta. Entretanto, no momento, era impossível eu me afastar dela. Mesmo ali na floreta, ouvindo que o seu coração batia em um ritmo calmo e constante, já era intolerável.

 

            - Depois que eu me entender com a Bella, prometo que irei caçar.

 

            Olhei para Alice, pedindo silenciosamente que ela não revelasse a Esme que eu não estava com tanta pressa. Não sabia quanto tempo eu ia ficar tão relutante em sair do lado da Bella. E eu conseguiria ficar mais algumas semanas sem me alimentar; no tempo que estive longe dela, praticamente não me alimentei. Estava acostumado a isso. Alice não disse nada.

 

            - Vou voltar – confirmando o meu desejo, o coração da Bella deu duas batidas descompassadas; fiquei tenso.

 

            - Ela ainda vai demorar algumas horas para acordar, já te falei. Não precisa ter tanta pressa.

 

            - Deixem que ele vá – sorriu Carlisle. – Edward já sofreu muito. Precisa mais estar com ela agora do que caçar. Vá, filho, estou feliz por te ter de volta.

 

            Abracei meu pai, agradecido; ele me compreendia.

 

            - Agradeço imensamente a todos vocês pela paciência e por perdoarem os meus erros.     Obrigado – curvei-me, em respeito à família maravilhosa que eu tinha.

 

            Quando comecei a me afastar, Alice me chamou:

 

            - Edward, não está se esquecendo de nada?

 

            Olhei para ela, surpreso. Busquei na mente de todos por alguma coisa que eu deveria ter deixado passar; nada. Alice, propositalmente, cantava o hino nacional da Hungria em sua mente. Só consegui captar que ela estava feliz.

 

            - Não sei do que você está falando, Alice.

 

            Ela tirou algo muito pequeno do seu bolso. E com um maravilhoso sorriso no rosto, colocou na minha palma da minha mão.

 

            - Não se esqueça do seu futuro, Edward.

 

            Lá estava ela novamente. A aliança da minha mãe. Sorri e voltei os meus olhos para Alice. Ela me mostrava novamente Bella e eu na campina, de modo claro e firme. O meu futuro estava de volta.

 

            - Ela pode não me querer mais. Fiz coisas horríveis, Alice – sussurrei, deixando que meus temores fossem revelados.

 

            Alice revirou os olhos e não me mostrou mais nada. Eu me aproximei e dei um grande abraço nela.

 

            - Você é a melhor irmã do mundo. Eu sempre vou amar você, Alice. Não importa o quão irritante você consiga ser – dei um beijo nela e me afastei, já correndo e colocando a aliança no bolso.

 

            - Preciso estar lá quando a Bella acordar, eu prometi – gritei.

 

            - Tome cuidado com o Charlie – gritou Emmett.

 

            Entrei pela janela e imediatamente a calma voltou a tomar conta de mim. Bella havia mudado de posição. Eu me deitei a seu lado e ela automaticamente se virou, aninhando-se em meu peito, como se eu fosse um imã que tivesse o poder de atraí-la. Beijei o alto da sua cabeça e voltei a cantar a sua canção de ninar. Alguns minutos depois, eu escutei que Charlei estava ao telefone com a Renée.

 

            Fiquei constrangido em estar ali ouvindo a ligação dele. Eles falavam sobre mim. Na verdade, Charlie informava que a Bella havia voltado e que eu estava na cidade novamente. Ouvia Renée através dois pensamentos de Charlie.

 

            - Renée, eu não quero que ele volte com ela.

 

            - Calma, Charlie, Bella não é mais uma criança. Se você não respeitar a vontade dela, Bella é bem capaz de sair de casa.

 

            - Ela nunca faria isso, ela é doce e me respeita.

 

            - Você precisa aceitar o fato de que ela cresceu. Agora a sua garotinha já é uma mulher, ela tem o direito de fazer as escolhas dela, mesmo que a gente não goste.

 

            - Desde que não esteja jogando fora a sua vida.      

 

            - Charlie...

 

            - Não Renée, me escute. Você só sabe o estado em que a nossa filha ficou por mim. Assisti ao sofrimento da Bella, diariamente, ao longo dos meses. Eu me sentia impotente. Quando esse garoto a abandonou... não quero ter de passar por isso novamente. Não o quero perto da Bella.

 

            - Charlie, pense. Por mais madura que a Bella seja, ela ainda é uma adolescente. Quando éramos adolescentes, nos sentimos pressionados pelos nossos pais. E o que fizemos? Fugimos para nos casar. Se você pressionar muito a Bella, ela pode fazer o mesmo. Não acho que você vá querer que a sua filha se case e que fique sem falar com você.

 

            - Ela não seria capaz.

 

            - Ela ama esse garoto. Pelo desespero que você disse que ela ficou quando você o mandou embora, Bella fará qualquer coisa para ficar com ele. Só torço para que a minha filha volte a ser a mesma adolescente feliz que era. Mesmo que para isso eu tenha que aceitar e engolir todo o sofrimento por que o Edward a fez passar.

 

            - Eu entendo o que você diz, mas não consigo nem olhar para ele. Se não fosse por ser o chefe de polícia, hoje eu teria...

 

            - Calma, Charlie – Renée riu. – Agora, nós somos os adultos.

 

            - Prefiro que ela fique com o Jacob.

 

            - Quem tem que preferir com quem vai ficar é a Bella...

 

            - Eu sei... queria que ela visse que Jacob é o melhor.

 

            - Esfrie a cabeça, vá dormir um pouco. Aposto que, como eu, você mal fechou os olhos. Vamos ficar felizes, nossa garotinha voltou. No momento é isso que importa. Peça que ela me ligue, vou falar com ela. Não prometo nada.

 

            - Certo. Boa noite, Renée.

 

            Eles desligaram e eu fiquei pensando que agora eu teria inúmeras consequências com que lidar: Victoria, lobisomens, Volturi, a ira de Charlie. Entretanto, tudo parecia pequeno, distante. Ali, naquele momento, deitado com a razão da minha existência ao meu lado, a única consequência que eu conseguia temer era perdê-la. Bella podia não me querer mais. Isso me deixava apavorado.

 

            Tinha mais duas horas no paraíso. Olhei para o relógio e vi que em duas horas ela estaria acordando. Coloquei o pânico de lado, tranquei-o em uma parte do meu cérebro. Tinha muitas razões para estar feliz. A maior delas estava agora deitada em meus braços, dormindo tranquilamente. Como se conseguisse também sentir o quanto eu a queria, Bella me abraçou enquanto sussurrava o meu nome. Tudo estava perfeito.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Gente, como esse é o meu último original, me digam se gostaram.

bjos, pelo andar das coisas aqui até no máximo quarta eu já terei postado tudo.

mais bjos



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