22 copos depois de sex on the beach eu estava literalmente trocando as pernas. A sensação era engraçada, meus sentidos estavam bagunçados e junto deles minha visão estava péssima, parecia que estava drogada.

Ao menos minha decepção com o Theo tinha se dissipado por hora.

–Tenho que ir – disse olhando no relógio, o dia tinha se passado diante dos meus olhos.

–Te acompanho – declarou Noah – Você não está nas melhores condições.

–Você me deixou assim – exclamo rindo mesmo que não tivesse graça em lugar nenhum.

–Não foi minha intenção – mentiu descaradamente.

–E isso é mentira bonitinho – toquei seu nariz infantilmente.

–Tem razão – sorriu.

Levantei e quase fui ao chão, parecia que eu tinha quatro pernas e uma cauda. Aluada me definiria daquele momento, deixei que seus braços ficassem envoltos ao meu corpo magro.

Fomos andando para minha casa, o caminho me pareceu curto. Mais curto do que realmente era. Precisava de mais tempo para me recompor, mesmo eu sabendo que só estaria melhor no dia seguinte. Era como os remédios que eu tomava.

–Vou sozinha agora – dou uma risadinha – Sei abrir a porta da minha casa.

Assim que giro a maçaneta da minha porta ela se abre sozinha, dou de cara com Theo me olhando com fogo nos olhos. Noah me solta e eu quase afundo meu rosto no concreto do chão.

–Está entregue – diz Noah – Gostei de passar a noite com você.

O modo como ele anunciou as palavras fez parecer que algo a mais tinha acontecido. Ops, agora as coisas ficariam feias para mim. Theo me puxou gentilmente para dentro e fechou a porta na cara de Noah.

–Nossa, quanta falta de educação – anunciei bem humorada.

–Onde você esteve Tessa? Está cheirando a bebida e cigarro – reclamou – Passa da meia noite, estava saindo para lhe procurar. Rachel não sabia onde você estava, ou sabia e não queria me contar?

–Não meta minha amiga nas suas insanidades – fiquei surpresa por conseguir dizer uma palavra tão difícil de ser pronunciada no estado que eu estava – Eu sai e não devo satisfações para ninguém.

–Realmente você não precisa, podia ter saído com qualquer um menos com ele – disse Theo – Eu o odeio, fiquei feliz que ele escolheu não seguir como líder.

–E você pode sair com aquele projeto de vadia que está tudo bem? Vá para a puta que pariu.

–Nós dois não temos nada, quantas vezes vou precisar dizer?

–Quantas eu quiser ouvir – reclamei.

–E por isso você saiu para beber com ele? Porque acha que tenho algo com a Katrina? Sinceramente Tessa, esperava mais de você. Esperava que você me conhecesse mais, depois de tudo que nós passamos você acredita mesmo que eu possa amar alguém além de você?

–Esperava mais de mim? Eu não conheço você há meses Theo, virou um idiota. O mundo não é só movido de amor, a alma é boa mas, a carne é fraca e ela é bonita.

–E por isso você escolheu o primeiro filho da puta que cruzou seu caminho? Saiu com Noah para beber até cair e chegar desse jeito em casa?

–Pelo menos ele me dá atenção.

Theo se aproximou de mim furioso, segurou firme meus pulsos me deixando ereta e sem movimentos. Ele iria me bater e nós se quer estávamos em um tatame.

–O que está acontecendo com você hein? – urrou – Eu encontrei um maço de cigarro na gaveta da cozinha. Desde quando você fuma com tanta frequência? Desde quando? – gritou ele – Céus Tessa, você está bêbada e saiu com um estranho. Essa não é você.

Eu estava com medo dele.

–Você está me traindo Tessa? Porque se for isso...

–Vai fazer o que? Vai me bater? Eu já sofri mais que você Theo, a vida já me castigou bastante – murmuro tentando não chorar – Eu jamais trairia você.

Ele começava a me apertar mais.

–Droga Tessalha, eu não suporto a ideia de lhe ver com outro, você saiu com ele...

–Só aceitei ir com ele porque eu me sinto tão sozinha – e pronto, eu já estava chorando – Passo os dias nessa casa vendo eu envelhecer e deixando de ser eu mesma, vendo nós dois irmos para lados diferentes, vendo Lize crescer. Me vendo morrer aos poucos – o olhei nos olhos – Me solta, você está me machucando.

–Você não está sozinha – murmurou me soltando.

–Admita para você mesmo, eu sou seu segundo plano. O trabalho vem primeiro. Preferia quando nós brigávamos, você sempre estava de olho em mim – indago chorando – Agora...

Theo me abraça, deixo que meu rosto se afunde em seu ombro. Nós dois estamos perdidos.

–Droga Tessa, o que fizemos com nós mesmos? – murmura.

–Você quem fez isso com nós dois – digo calma limpando o rosto.

–Tess...

–Eu só preciso de um tempo.

Me solto do Theo e vou para o quarto, eu só preciso que ele sinta minha falta tanto quanto eu sinto a dele. Porque ultimamente parece que ele não sente nada do que sentia antes.

Ele entrou no quarto, eu sabia que era o Theo porque seus passos eram conhecidos aos meus ouvidos. Tão conhecidos quanto as batidas de um coração prestes a parar.

–Você quer um tempo de mim? – perguntou se deitando ao meu lado.

–Eu não preciso de um tempo de você, mas talvez você precise de um tempo de mim – sussurro.

–Não é isso que eu preciso...

–É sim, precisa ver se você ainda me ama. Porque ultimamente não parece que você me ama, e eu não tenho obrigação nenhuma de conviver alguém que não me ama. Não preciso de ninguém inflando meu ego, porque vai por mim consigo fazer isso sozinha.

–Não preciso disso – disse ele – Porque eu sei o que eu quero e nessa lista você está em primeiro lugar.

–Meu mentiroso – disse com ironia.

Theo puxou meu corpo bruscamente prendendo minhas mãos no alto da minha cabeça, seu corpo frio ficou por cima do meu. Seus beijos começaram a ser distribuídos no meu pescoço de forma preguiçosa e ingênua.

–Sai de cima de mim – murmuro embriagada por ele.

–Não escutei – disse com um sorriso cínico.

Oh droga, eu não iria a lugar nenhum.

–Porque faz isso? – murmuro novamente.

–Por que você é minha dona Tessalha, minha e de mais ninguém – Theo mordisca minha orelha.

E foi naquele momento que eu literalmente fodi com tudo.