Base da SHIELD – Ala dos Prisioneiros

                O cabelo fino e liso escorria pelo colchão nada macio da prisão da SHIELD. A garota continuava deitava fitando o teto sem lembrar bem o porque de estar ali. Ela sabia o porque de estar, mas, haviam vagas lembranças em sua mente e isso era tudo.  Estava longe de tudo o que conhecia, ou pelo menos de tudo o que lembrava conhecer e isso não era uma sensação boa. O olhar milimétrico procurava alguma falha na estrutura da cela, mas,eles tinham pensado em tudo perfeitamente. O que não era surpresa considerando quem eles eram. Então os passos foram ouvidos. Ela já ouvira aqueles passos antes, sua boa audição permitia reconhecer. Seu palpite mental fora confirmado quando ela viu Clint Barton se aproximar do local.

-Mas que honra...a que essa visita maravilhosa? – ela riu de lado, sem mover-se na cama ou ao menos encarar o homem, apenas continuara parada fitando a mesma cosa que fitava antes. Clint ergueu a sobrancelha fitando a moça através do vidro modificado que “encapava” a cela.

- É seu dia de sorte. – ele coçou a nuca rápido, sem mudar o tom firme. – A SHIELD está alistando alguns...ajudantes, digamos assim. Vimos suas habilidades. Nick decidiu que você pode ter uma segunda chance.

-Nick decidiu? E quem disse que Nick pode decidir as coisas por mim? Tudo bem que ele manda e desmanda nessa hospedaria maravilhosa, mas eu? Não faço parte disso e nem quero fazer, obrigada.

                    Ela dobrou as pernas fazendo um ele, o que vez Barton dar uma inclinada discreta para olhar. Ele separava bem trabalho e esse tipo de coisa, mas, havia um problema com o arqueiro. Chamasse humanidade.

-Isso não foi um convite. Foi uma proposta. Que eu...honestamente sugiro que aceite. É uma boa chance para não ficar presa ai e depois ser interrogada por Natasha ou até coisa pior...- assentiu sem ter preocupação alguma com a garota. – Você é esperta....ao menos pelo que me disseram, não acha que pode me poupar da birra e ir de bom grado?

-Eu sou esperta, exato. Por isso que não vou me envolver com as coisas da SHIELD. Porque aqui funciona a lei do “se você entra, você nunca sai”.

-Não posso negar essa verdade. Mas...olhe para você, o que tem a perder.

-Dignidade.- ela assentiu prontamente.- Não vou virar soldadinha da SHIELD.

-Boa sorte com sua dignidade, espero que fique bem com ela. – assentiu virando de costas e se preparando para sair.

                      Barton não era Natasha. Ele tinha plena consciência disso e de que seus dotes não eram convencer pessoas a fazer o que ele queria, porque isso, ficou surpreso ao ouvir seu nome.

-Arqueiro! – a voz suave da garota chamou e então o Gavião girou os calcanhares olhando-a levantar da cama e ficar de frente para o vidro. Agora podia ver a estatura mediana e o corpo magro da garota com mais facilidade. Ela parecia o tipo que entrava nos lugares com uma certa facilidade, talvez isso ajudasse e fosse útil.

-Eu tenho uma proposta... – Clint não falou. Apenas ergueu a sobrancelha como se esperasse pela continuidade da frase. - ...Eu ajudo vocês...se me ajudarem a lembrar e claro...se eu tiver algum tipo de vantagem nisso.

-Seu vantagem será estar livre, o que acha? – a garota passou a mão pelo queixo, como se considerasse a proposta do homem a sua frente e então assentiu.

-Concordo. – ela falou se aproximando do vidro, na espera de que ele abrisse a cela.

-Ok. – assentiu sem variar de expressão, porém sentindo a leve sensação de vitória em seu interior. – Volto para buscar você depois. – ele assentiu colocando as mãos para trás e saindo andando em sua postura exemplar pelos corredores.

Manhatan – Sprinkles

           As bochechas rosadas de Eleonor Fitzgerald pareciam ainda mais ruborizadas naquela tarde fria. Kate podia ver isso perfeitamente. A garota tinha o cabelo castanho preso em um coque com uma tiara vermelha na cabeça. As roupas eram de toque vintage, completamente diferente das de Kate, que sentia os olhares pesarem sobre ela, talvez pelo fato de estar com jeans detonado em plena elite de New York, talvez pelo jeito despojado a que ia para o brush mais bem freqüentado de toda a cidade, talvez pela noticia de que ela fugira de um manicômio ter sido solta em umas notas de imprensa.

-Então... também procuraram você? – Eleonor ergueu a sobrancelha bem delineada fitando a loira. Kate manteve a postura mesmo sentindo um arrepio tremendo na espinha. Elas haviam se conhecido há cerca de um ano, pouco tempo depois de a loira ter saído do manicômio e desde então uma ligação estranha a juntou. Conheciam uma a outra como ninguém e aquilo era um pouco engraçado.

-Sim...mas, eu decidi que não vou. Não vou servir de arma para o governo ou deixar alguém me usar assim.

-Mas Kate...isso pode ajudar o mundo e você sabe disso. – a morena suspirou a fitando. – Alguns dizem por ai que pessoas como nós são aberrações...mas... não acho que seja assim...E muitos não acham e...

-Não tem e, Elle. – a loira afirmou seriamente. Haviam se passado poucos dias desde que receberam a proposta da SHIELD, as amigas compartilhavam de dons proporcionados por suas mutações. No entanto, enquanto Elle provinha de uma família bem estabelecida e estruturada, que a fez se tornar uma pessoa calma e discreta, seguindo os parâmetros que a sociedade impunha, a Kate, coube um passado tenebroso, que muitos teriam medo de fuçar.

- Senhoras... – o sorriso de canto de Tony Stark tomou o ar no local. Ele puxou uma cadeira para si, sem ao menos pedir permissão e sentou fitando ambas as garotas. – Acho que a discussão aqui faz jus aos meus interesses.

- Interesses da SHIEDL, o senhor diz. – Kate revirou os olhos corrigindo o homem, ela odiava estar na presença deles.

- Interesses da paz mundial, eu diria. – Tony assentiu rindo e dando uma piscadela para Eleonor, enquanto Kate não pode evitar de revirar os olhos mais uma vez.

- Senhorita Jones...se pudesse deixar dessa cara amarrada e me escutasse, e ficaria grato. – ele riu de lado.- Sei como é uma droga para você ter que largar o sexo, drogas e rock n’ roll, mas, se puder nos auxiliar...será de grande ajuda. E você senhorita Fitz... – ele virou para ela.- Nunca vi um Bruce Banner tão empolgado para trabalhar com alguém em toda a minha vida então...façam o favor de...

-Você pode parar! – Kate disse emburrada e então a morena interviu.

-Senhor Stark, encontraremos com os senhores na base marinha...agora, se nos dá licença.- falou levantando e puxando uma Kate de punhos cerrados consigo, ela sabia bem o que vinha depois disso.

-Kate...é uma oportunidade importante. Para mim, como meio de aprimorar minhas pesquisas sobre mutações e para você como forma de vencer velhos traumas. E para o mundo...que será ajudado de alguma forma. Pare e converse com a Kate que só pensou em salvar aquela garotinha de nove anos. Pense...em como ela poderia salvar tantas outras. – então a loira caiu em si, não deixaria pequenas garotas passarem por situações difíceis, mas, sua postura era algo inquebrável, então ela apenas murmurou um “vou pensar” e saiu do local o mais rápido que pode.

Brooklyn – Apartamento 236

                  O abdomem musculoso se contraiu quando o moreno subiu o corpo. Matthew estava suado, talvez mais do que costumava ficar quando malhava em dias comuns. O apartamento quente só piorava a situação, mais parecia que haviam colocado um sol dentro do local, mas, ao invés disso, Nova York estava fria, ou pelo menos os bairros nobres estavam. Uma tira de suor escorreu pela lateral do rosto bem delineado do rapaz, ele o limpou com a toalha que deixava sempre perto de si na hora dos exercícios então, fitou o nada. Ficou parado um tanto sem nexo com o mundo a fora, até que fora desperto pela voz de Oliver, jornalista do The New York Times vulgo, seu colega de apartamento.

-Matt! A campanhia, eu to no banho, olha lá. – Matt revirou os olhos, odiava ser interrompido de algo para fazer uma coisa banal como abrir uma porta, mas, mesmo assim, atendeu ao pedido do amigo.

                     Erguendo o corpo para ficar sentado, ele ficou de pé poucos segundos depois indo até a porta e olhando para ver quem era. Dera de cara com o homem de sobretudo preto, para quem abriu a porta sem maiores problemas.

- Estava me esperando? – Nick Fury ergueu a sobrancelha e adentrou o apartamento.

-Não, mas, suspeitei que viesse, então não estou surpreso. – o homem assentiu fazendo gesto para que Nick sentasse.

-Não, obrigado. Estou apenas de passagem, só vim pedir que se junte a nós... o mundo está precisando.

- E veio pessoalmente me convencer disso por...?

-Porque seus poderes podem nos ser útil. – ele assentiu firme.

-Certo, conte comigo para isso. Não pela SHIELD, mas, pelo mundo em si. – ele assentiu e Nick concordou com o que dissera, lhe entregando a pasta e assim deixando o apartamento.

                        Oliver saiu do banho, seu cabelo loiro molhado e a barba mal feita lhe davam o toque charmoso que a maioria dos novaiorquinos tinham. No entanto, eles não podiam competir com o sotaque polidamente do britânico com quem dividia o apartamento.

-Quem era? – Oliver perguntou entrando na sala com a toalha amarrada na cintura.

-Nick Fury...- Matt suspirou sentando no sofá e passando a mão pelo cabelo.

- Devo me preocupar? – Matt olhou para o amigo, pensando na resposta para isso, mas, ele não tinha uma exata. Então apenas depois de um longo suspiro respondeu:

-Se eu não voltar? Deve.

Ruínas do Instituto Xavier

                O pequeno corpo mantinha-se de pé com um certo esforço, fora uma madrugada longa revirando os destroços da mansão. Havia algo na mente de Cindy Howllet que não a deixava descansar. Era uma proximidade estranha que aquele lugar a fazia sentir, uma proximidade com algo que ela ao menos conhecia. Os cabelos castanhos e curtos dançavam no ar enquanto ela ajustava o colete que usava. Tentava andar sobre as peças da ruína, mas, depois de dois dias sem dormir a situação parecia complicada. Mesmo para alguém poderoso como ela, a exaustão chegara.

-Cici? – a voz firme e conhecida fez a garota girar o corpo o mais rápido que a mesma conseguiu.

-Pai? – ela ergueu a sobrancelha se perguntando o que Logan fazia ali.

-Escute, temos de ir rápido.

-Mas... ir aonde?

- Uma organização do governo. Dizem que o mundo está em perigo e eu já vi acontecerem coisas realmente ruins quando boatos como esse correm por ai. Eles precisarão do máximo de ajuda que conseguire.

-E nós seremos essa ajuda? – a garota fitou o homem erguendo a sobrancelha. A idéia era absurda demais para se processar em poucos segundos como aquele, mas, pelo falar e o mexer do corpo de Logan enquanto pensava em uma resposta, a garota sentiu que devia ser realmente urgente.

-Bem...nós tentaremos ser. – ele assentiu por fim tornando a olhar para as ruínas.

Base da SHIELD

             Nick Fury mantinha seu olhar petrificado sobre o homem. A presença de Theobald o irritava profundamente. Era algo na figura irônica que ele era, a soberba que exalava por cima do sobretudo cinza e por baixo do sotaque polidamente britânico. Era mais do que perceptível que havia sido criado cheio de regalias na elite de Londres.

- Fury. – ele assentiu com a fala firme. – já sei como convenceremos seu soldado a se unir a nós.

- Como? – Nick falou se inclinando.

- Apenas confie. – falou Theobald levantando da cadeira que estava e saindo do local.