Jacob chegou, e ele correu pra me abraçar, com seu abraço de “esmaga-ossos”. Parecia que ficar longe dele era uma coisa quase impossível. Sempre que estava junto a ele, sempre que eu tinha algum contato físico com ele, sentia ondas elétricas percorrer meu corpo, e isso era estranho. Parecia que havia alguma coisa nele que fazia com que eu precisasse fica junto a ele, e ele também. Mas deve ser impressão, ele é tão protetor comigo, ele é como um irmão pra mim, mas sentia que não queria só isso dele...

             _ Nessie, minha lindinha fofa, você não quer passear? Sair, sei lá... Quer?

             Claro que quero! Ficar com Jacob sem meu pai fuxicando a minha mente seria uma maravilha! Opa! Olhei pra trás e procurei pelo meu pai. É realmente desagradável você ficar bisbilhotando minha mente sabia? Sei que esse é o seu dom, mas tem coisa aqui que é íntima! Pensei, para que papai escutasse e me desse alguma privacidade.

            _ Nessie? O que foi? – disse Jacob preocupado. Esqueci que eu estava conversando silenciosamente com meu pai. Encostei minha mão em seu rosto e mandei uma imagem com meu pai dentro da minha cabeça “fuxicando” meus pensamentos. Jacob soltou uma gargalhada alta.

             _ Vamos então, coloque uma roupa e vamos passear. – disse Jacob animado

             Dei-lhe um beijo na bochecha e subi, e percebi que ele também subia, com certeza pra colocar uma blusa. Mas ainda assim o preferia sem blusa, porque olhar seu corpo escultural, seus músculos... Seus lábios, o Jacob pra mim... Escutei alguém pigarrear. Papai é claro. Saia da minha mente! Agora! Deixe-me em paz! Saia, eu quero privacidade! Pensei. Ter um pai leitor de mentes não era muito bom.

             Subi até o terceiro andar, com Jacob nos meus calcanhares, entrei no meu quarto e o olhei entrar pro dele, e antes de fechar ele me mandou um beijinho, e claro eu corei. Fechei a porta, sentei na minha cama pra tirar os meus tênis, tirei a roupa e entrei no banheiro da minha suíte. Não gostava de me olhar no espelho, principalmente nua. Era um tanto desconfortável, eu não gostava do meu corpo. Sempre passava reto, não olhava no espelho, e só olhava se realmente fosse preciso.

             Entrei na minha banheira, esperei a banheira encher de água e relaxei. Aquela água quente, tão boa, tão Jacob... Era incrível, tudo me lembrava Jacob! Queria que Jacob sentisse o mesmo que sinto por ele...

             Enquanto relaxava-me na banheira, pensei em mil coisas. Jhonnie, família, caçar, sede e Jacob, principalmente Jacob. Vi que estava demorando demais, e que Jacob e já deveria estar me esperando. Ainda no banheiro, coloquei minhas peças íntimas e saí do meu banheiro apenas de calcinha e sutiã, e escolheria uma roupa qualquer no enorme closet que a tia Alice insistiu em fazer.

             Quando abrir a porta do banheiro, levei um susto ao ver Jacob ali, com uma blusa de manga um pouco colada e um jeans, ele estava maravilhoso daquele jeito, deitado na minha cama. Mais maravilhoso era seu rosto, suas feições tinham uma perfeita harmonia, só não entendi porque ele tinha aquela expressão. Suas sobrancelhas estavam erguidas, suas maçãs do rosto estavam acentuadas enquanto sua boca formava um pequeno O misturado com um sorriso de alegria e de vez em quando fazia um biquinho lindo, enquanto sua cabeça ia pra baixo e pra cima, olhando meu rosto e meu corpo. Ele nunca olhava assim pro meu corpo com tanta frequência... Então olhei pra baixo e entendi.

             Oh, ainda estava de calcinha e sutiã. Então corri pro meu banheiro envergonhada. Eu fiquei seminua pra ele! Peguei minha toalha e saí do banheiro, ainda vermelha como um pimentão, e ele não se moveu, mas vi que ficou meio triste ao ver que me enrolei na toalha. Hum. Ele estava meio assanhadinho hoje. Mostrei a língua pra ele e ele se levantou, ainda não tinha falado nada desde que entrou no meu quarto, chegou perto de mim, segurou meu rosto firme entre suas mãos e me deu um beijinho perto da boca, e lá estava eu de novo corando, e tive que abaixar de novo a cabeça pra ele não me ver corando daquele jeito, mas era normal ele fazer isso comigo, mas eu não me acostumava. Logo ele saiu pra me dar mais privacidade.

             Peguei um short curto que gostava, e coloquei uma blusa de frio verde claro com uma blusa preta de alça um pouco decotada por dentro, e coloquei minhas galochas preferidas. Apesar de ser frio em Juneau, estar com Jacob, não precisava de roupas de frio, um short era suficiente pra quem ficava sempre tão perto dele. Achava que aquela hora era uma hora que o espelho – raramente – tinha alguma necessidade. Fui até o espelho, passei um batom claro e penteei meus cachos largos e ruivos, e já estava pronta.

             Saí do meu quarto e vi Jacob encostado na parede da frente do meu quarto. Eu tive que suspirar, ele estava tão lindo enquanto eu aqui, tão simples... Ele me deu a mão e descemos juntos, mas acho que, ainda assim isso era atitude normal de Jacob, ele sempre me tratava desse jeito e isso não era nada demais.

             Ao chegar ao primeiro andar, mamãe nos deu um tchauzinho, tia Rose fez cara de reprovação ao ver que estávamos de mãos dadas, Esme e Carlisle olhavam-nos com carinho, tio Jasper olhava de um jeito estranho, papai olhava pro Jacob segurando uma risada, tia Alice olhava pra minhas roupas com cara de reprovação e tio Emmett fazia um biquinho engraçado de “eu gosto disso”. Logo saímos, e subimos na moto do Jacob que estava nos fundos da casa, ele sem esforço algum me levantou e colocou-me na moto, como se eu fosse uma criancinha de quatro anos. Ele sentou e coloquei minhas mãos em volta de sua cintura e encostei meu rosto em suas costas pra sentir o seu cheiro delicioso. Logo só vi um borrão das árvores passando à nossa volta no escuro da floresta.

             Chegamos à algum lugar, que não reconhecia, mas era perto do mar porque escutava a maré, ainda assim silenciosa a uma distancia não muito grande. Ele me levou pra um penhasco na beira da praia, sentou-se na beira e pediu pra que eu sentasse ao seu lado. A brisa mansa balançava meus cabelos, enquanto as estrelas brilhavam. Era tão lindo, estava impressionada. Mas percebi que Jake não olhava pro céu como eu, ele tinha os olhos fixos em mim.

             _ Nossa Jake! Aqui é lindo...

             _ Sim, muito mesmo... – ele me olhou fixamente, tirando minha concentração. Ele passou o braço pela minha cintura como Jhonnie e deitei em seu ombro quente e macio. Meu subconsciente entendeu que eu não estava mais apoiada no ombro de Jake, e que já estava deitada no colo de Jacob, com a brisa do mar soprando, o cheiro de Jacob e sua respiração leve, combinado com seu colo quente, logo fechei os olhos, ali mesmo dormi. Calma e serena, adormecida no colo de uma pessoa tão importante na minha vida.