O Báculo Do Poder escrita por dgpaxiel


Capítulo 2
Capítulo 2 - O Retorno da Magia




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Um silêncio modorrento pairou entre eles, alguns estavam impacientes, sem entender o motivo de Shaoran enrolar tanto para dizer o que queria. Sakura nesse momento não esboçou tanta reação. Milhares de coisas estavam passando pela cabeça dela e ela não sabia realmente o que fazer. Ela tinha muitos sonhos que envolviam tanto sua vida profissional quanto amorosa. Entretanto ela viu que a melhor coisa ali é esperar do que apressar qualquer coisa que Shaoran estivesse ensaiando pra dizer.

- Me empresta o caderno da 3ª aula? – disse Shaoran em tom inocente.

- O caderno da 3ª aula? – disse Sakura incrédula.

- Sim.

- AH! TANTA ENROLAÇÃO PRA NADA. SHAORAN, VOCÊ É RUIM DEMAIS – vociferou Chiharu que olhava tudo aquilo com uma indignação fora do comum.

Apesar da bondade de Sakura ao tentar acalmar aquela situação, seu rosto mostrava uma decepção tão grande que todos perceberam, exceto Shaoran que olhava para o chão. Sakura chacoalhou a cabeça de modo a expressar sua desaprovação fazendo com que seus cabelos compridos balançassem.

- Desculpa, é que cheguei atrasado do intervalo então eu perdi um pouco da matéria – falava o garoto ainda desviando o olhar do rosto de Sakura.

Sakura verificou o caderno para ver se estava tudo em ordem, talvez pudesse ser que tivesse esquecido-se de anotar alguma coisa e entregou na mão de Shaoran que envergonhado e com um sorriso amarelo no rosto aceitou de bom grado. Mas já a menina não estava nada satisfeita, Shaoran percebeu isso, pois ela lutou um pouco pra soltar o caderno na tentativa de que talvez se não o entregasse, Shaoran pensasse melhor da próxima vez que parasse todo mundo pra fazer uma pergunta insignificante. Talvez ele quisesse tentar de novo, mas Shaoran não tinha intenção nenhuma de perguntar qualquer outra coisa.

- Qual é o problema daquele garoto, ele não liga nem um pouco para os meus sentimentos? O que ele quer? Que eu largue dele? Não deveria ter entregado o caderno – pensava Sakura. Vendo que não ia adiantar ficar ali mais tempo, todos foram para a casa.

As ruas de Tomoeda não eram perigosas, 10 minutos de caminhada era o suficiente para Sakura chegar em sua casa em segurança em caminhada rápida, mesmo assim Shaoran insistia em levá-la até a porta. Mas naquele dia, os 10 minutos pareciam uma eternidade pois um não falou com o outro, apenas quando chegaram a porta, um se despediu do outro de forma teatral e o garoto seguiu sua viagem.

Sakura entrou em casa, jogou sua mochila em qualquer canto e entrou no quarto deixando a porta entreaberta apenas com uma fresta para observar de vez em quando se alguém se aproximava. Lentamente as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Sakura não entendia porque estava começando a chorar, pois Shaoran nunca havia cogitado casamento antes, então porque só agora ela estava daquele jeito? Debruçou-se e ficou ali, com o rosto afundado no travesseiro.

Touya chegou bem de mansinho e resolveu espiar pela fresta da porta que aparentemente Sakura deixara de inspecionar, entrou, colocou um copo em cima do criado mudo e sentou na cama, fazendo com que virasse para ver quem era.

- O que aconteceu? Vi que você entrou de supetão, quase arrancou a porta das dobradiças, quer me contar o que houve? Trouxe um leite para você, vai fazer você se acalmar.

- Obrigada – disse Sakura com a voz embargada e a expressão de poucos amigos.

Naquela noite Sakura contou tudo o que aconteceu desde que saiu de casa após o jantar. Contou como era a universidade primeiramente, o que a fez se aliviar um pouco, mas logo a tensão voltou quando começou a falar sobre Meiling ter feito uma pergunta que foi a responsável por tudo aquilo. Enfim contou o fato de Shaoran pedir o caderno emprestado.

Era óbvio que Touya já não gostava de Shaoran o que intensificou isso ainda mais. Mesmo assim, Touya resolveu não tocar nesse assunto, já havia melancolia demais pra um dia só. Em todo caso ele resolve passar os dedos entre os cabelos de Sakura que fez com que ela sentisse como se algo quente começasse a preencher todo seu corpo, isso a fez se sentir melhor.

- Será que ele não entende meus sentimentos? Será que ele não imaginou que eu estava esperando outra coisa dele? Não é pelo caderno, é que, é que... – Sakura parou de falar por um instante ao ver que seu irmão olhava pra ela como se fosse dar um sermão.

- Ahh maninha, eu acho que você estava esperando demais dele, já que você associou àquela conversa que você teve com seus amigos na sala. Você tem 19 anos, é muito nova, não pode se preocupar com isso agora, mas se serve de conforto, acho que ele relutou muito tentando dizer o que você queria, mas não teve coragem. Sabe, para as pessoas, lidar com o casamento é algo muito sério, uma decisão pra vida toda, não é algo que deve ser feito entre os amigos no fim da aula de matemática na porta da faculdade.

- Mas será que ele não gosta mais de mim? – disse Sakura imaginando o que o irmão poderia responder.

- Aquele moleque, digo, Shaoran, gosta sim de você. Nós não conseguimos disfarçar por muito tempo quando não gostamos de uma garota, e pelo que vejo, não é o caso dele. Ele vem sempre aqui, e agora ele levou e trouxe você hoje com medo de que algo aconteça, mesmo chegando tão tarde em casa e ouvindo um sermão por dia do tutor dele, Wei. Não espere tanto dele, deixe-o tomar as iniciativas. Se ele não quiser você algum dia, pode apostar que ele não merece você.

Sakura esvaziou o copo rápido entregando a Touya que resolveu não estender mais a conversa, apagou as luzes e vigiou Sakura até dormir profundamente, e após isso de hora em hora ia ver se estava tudo bem. E assim foi por vários dias.

Sakura se vê em um lugar completamente diferente, nunca havia estado ali, o lugar emanava uma sensação estranha. Era como se corresse em um lugar suspenso, como se fosse um enorme rochedo. Não havia vegetação, todo o lugar era cinzento, o chão era de pedra pura, elevações que pareciam montanhas rochosas e bem ao longe uma estrutura lúgubre, porém era praticamente impossível distinguir o que era devido ao denso nevoeiro que fazia. Correu para o local, mas quase caiu em um imenso desfiladeiro. Sakura analisou o local e viu que não daria para chegar até lá. Sentiu o tempo passar e estava em um local sombrio, a sensação de peso nos ombros aumentou muito mais e poderia pressentir que suas pernas bambeariam a qualquer instante. Imaginou que estava no interior daquela estrutura que vira há pouco tempo atrás por fora, mas desejou que não tivesse chegado até ali. Entrou por uma porta e viu uma pessoa sentada em uma espécie de trono. Era uma mulher que tinha um chapéu com muitos enfeites, porém era pontudo com um chapéu de feiticeiro. Tinha cabelos compridos e negros, então logo Sakura associou que fosse rainha de algum reino. Tinha um manto preto com detalhes vermelhos e um cajado na mão.

- Quem é você? – disse Sakura com altivez.

A mulher não respondeu. Simplesmente se levantou e lançou um sorriso maligno que fez com que as pernas de Sakura perdessem a força o que a fez cair no chão na mesma hora.

- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!

Touya entrou correndo no quarto e viu Sakura com a expressão mortificada. Apressou-se, puxou a irmã pelas costas de modo a fazê-la se sentar, parecendo uma boneca de pano. Percebeu que a irmã ainda estava inconsciente, mas de olhos abertos.

- Sakura, acorde Sakura, está me ouvindo?

Sakura olhou para ele e o vigor dos seus olhos verdes voltou lentamente.

- Bom dia, eu acho que tive um sonho ruim – disse Sakura calmamente, mas Touya não estava nem um pouco calmo. Só de presenciar a cena, não conseguia nem imaginar o porquê de Sakura ter gritado dormindo.

- Você não está bem, desce e vamos tomar café, você pode ter tido um ataque qualquer, vou chamar um médico.

- Não diga besteiras irmão, eu estou super bem, já disse, só tive um sonho ruim. Pode descer, vou me trocar. – bradou Sakura, mas foi diminuindo o tom gradativamente.

Touya saiu do quarto e Sakura ajoelhou-se para vasculhar o seu baú. Ali dentro ela resolveu revirar um pouco as coisas de seu baú devidamente organizado. Ali havia roupas normais de uma garota de 19 anos, cartas que Shaoran enviava pra ela devidamente catalogadas e ordenadas por data, um caderno de poesias, que ela sempre escrevia, e após revirar mais um pouco, encontrou o livro.

Havia anos que Sakura não utilizava magia, tanto é que Kerberos ou Kero, como Sakura assim o chamava, voltou para o livro para ter certeza que as cartas não saíssem do controle. Yue vivera como Yukito, o melhor amigo de Touya desde aquele tempo. Assim, levava uma vida normal, sem ter qualquer magia, mas também nunca se casou, e sempre explicava que até ali era por opção e talvez fosse encontrar uma esposa no futuro, apesar de estar muito bem até aquele momento.

- E foi esse o sonho! – disse Sakura.

- Ahh, só isso? Bom, sonhos são sonhos né? Digo, não pode ser nenhum aviso. De qualquer forma anda logo, você vai se atrasar para o serviço, depois o Sr. Fujimoto te dá uma bronca daquelas e não vem chorar as mágoas pra cima de mim – disse Touya em tom de conclusão.

O Sr. Fujimoto era um homem de meia idade, usava óculos e era dono da padaria da esquina. Sakura trabalhava ali, e era uma espécie de amuleto da sorte para ele já que desde que começou a trabalhar, a padaria nunca teve tantos clientes. Sakura era simpática e gentil e o Sr Fujimoto, sempre que podia, elogia Sakura pelo bom trabalho.

- O carisma e a beleza é a alma do negócio – sempre dizia para seus funcionários.

Isso fazia com que todos os outros funcionários se esforçassem para chegar bem arrumados e faziam o máximo para ser carismáticos. Todo aquele mimo em um funcionário apenas despertava um pouco de inveja em alguns.

Naquele dia, Sakura não conseguiu parar de pensar no sonho, será que o que Touya disse poderia ser verdade? Uma visão? Mas toda vez que pensava, imaginava que aquilo era apenas um sonho mesmo, tal coisa não poderia existir em lugar nenhum e atender clientes era o mais importante naquela hora.

- Sakura, meu anjo, você pode levar bolo pra casa, com tanta delicadeza e tato eu acho que logo te promoverei a confeiteira – então disse baixinho – você não é como as outras funcionárias, você é especial.

Sakura agradeceu a gentileza, apesar de não achar certo gostar da última frase, foi para casa com um sorriso de orelha a orelha, principalmente depois da possibilidade de ser promovida, nem pensou muito mais no sonho aquela noite, exceto pelo fato de continuar sonhando nas noites seguintes. Resolveu não contar nada para seu irmão, ele já tinha preocupações com o próprio emprego, os deveres que fazia na casa, o encontro que ele ia ter, etc.

Depois de algumas noites de sono ruim e em muitas delas desejar não dormir, Sakura vai para o trabalho normalmente, mas no caminho Yukito corre na direção dela com a expressão afobada como se tivesse corrido uma maratona inteira.

- Bom dia Sakura, indo para o serviço? – Sakura meneou com a cabeça afirmativamente e antes que pudesse dizer alguma coisa Yukito continuou – bom preciso encontrar com você nesse endereço – e entregou um papel dobrado que parecia um pouco amassado por estar no bolso.

- Assim que você chegar do serviço, tudo bem? Te espero lá.

O que foi aquilo? Sakura pensou que deveria ser realmente sério para Yukito não deixar ela nem responder. Desdobrou o bilhetinho e ali estava:

TRAVESSA DOS IMIGRANTES, 235, QUADRA 3

                Guardou no bolso com cuidado, e depois de sair do serviço resolveu seguir para o local. Não sabia muito bem aonde era, resolveu perguntar para algumas pessoas onde ficava, então seguiu o rumo.

                - Você não vai para lá não é? – Disse um homem baixinho que ficava sentado perto de uma loja de bebidas – ninguém com uma aparência boa procura aquele lugar.

                O homem indicou onde ficava o local e Sakura continuou o caminho até ver em uma placa “Travessa dos Imigrantes”. Andou mais um pouco e viu que o homem tinha razão. Não era um lugar muito aconchegante, tampouco poderia dizer que gostaria de passar o dia lá. O endereço que Yukito havia dado para ela era de um estádio completamente destruído. Dava para ver que havia sido alvo de um incêndio, mas que aconteceu há muito tempo. As paredes exteriores estavam erguidas, mas continham muitos buracos. Esgueirou-se para entrar e então encontrou Yukito sentado em uma pilha de tabuas velhas.

- Olá Sakura, então você veio – disse Yukito sério.

Sakura estudava o local. Apesar de a quadra estar conservada, nada mais estava. As arquibancadas ruíram em uma boa parte, enquanto outras davam a impressão de que iam ruir a qualquer momento.

- Não entendo, porque me trouxe aqui?

- O que vamos fazer terá que ser aqui. Um local que ninguém pensaria em te encontrar, e ninguém imaginaria que alguma coisa estivesse sendo feita aqui e antes que eu me esqueça, eu tenho isso aqui.

Yukito mostrou o livro de cartas com Kerberos na capa, algo que fez com que Sakura deixasse cair o queixo por um instante. O livro estava no fundo do baú do quarto, como poderia estar nas mãos dele agora?

- Quero uma explicação, por que isso está com você? – disse Sakura espumando de raiva ao pensar no que ele poderia ter tocado (ou lido) ao revirar o baú. – Privacidade zero na minha casa agora. Foi o Touya não é? Foi ele, tenho certeza, assim que eu chegar em casa ele não vai ter tempo de explicar por que ele não vai mais existir – ao terminar soltou um longo suspiro como se o dia tivesse sido ruim e Yukito não esboçava reação a não ser um sorriso ameno, o que deixava Sakura com mais ódio do mundo.

- Calma aí! Foi o Touya que me deu, depois você se entende com ele – disse Yukito.

- Pode ter certeza que eu vou me entender com ele sim – retorquiu Sakura. É claro que Touya sabia da existência do livro, sempre soube, pelo menos desde a época da captura das cartas. Num relance, para o espanto de Sakura, Yukito se transformou em Yue e despertou Kerberos que estava na capa do livro. As roupas de Yue apresentavam detalhes em dourado agora alem da roupa azul mágica que sempre usava, Kerberos tinha uma armadura diferente e a joia da fronte que antes era redonda, agora se tornara um octógono perfeito sem contar que as asas podiam emanar uma chama ardente.

Sakura naquele momento gelou os ossos. Qualquer coisa que pudesse ligar àquele livro ao presente deixava Sakura apreensiva. Apesar da aventura no passado ter feito ela conhecer Shaoran, Kero e Yue, o risco das cartas reviverem poderia trazer uma dor de cabeça terrível, pois só ela e somente ela sofreu naqueles dias em que as cartas criaram uma tremenda confusão.

- Um sonho, você não teve nenhum esses dias? Não sentiu alguma magia perto de casa, algo que realmente te preocupasse? – disse Kerberos curioso.

Sakura contou os sonhos que tiveram aquelas noites com detalhes, o máximo que podia lembrar, ambos os guardiões ouviam com atenção. Quando Sakura falou da mulher misteriosa, as asas de Kerberos tremeluziram um instante, mas não mostrou reação alguma.

Quando Sakura terminou, Yue olhou para Kerberos como se quisesse que ele contasse alguma coisa importante, forçando Kerberos tomar a palavra.

- Seus sonhos eram avisos sobre algo terrível que vai acontecer. Essas cartas que estão aqui que um dia foram suas inimigas, serão a sua maior arma para acabar com o grande mal que está por vir. Essa mulher existe e está planejando coisas incomensuráveis assim como já fez no passado. A chave está dentro de você e vamos despertar essa magia latente para que você possa impedi-la de... – Kerberos parou de repente, não sabia se poderia contar isso.

- Impedi-la de que? – indagou Sakura.

- De destruir o mundo, dominar completamente tudo o que existe aqui. Essa mulher já destruiu outros lugares, planetas, a magia existe em todo lugar, e assim, todo poder mágico que ela pudesse pegar, ela ia conseguindo. Assim aconteceu com um planeta chamado Fyrael. Era um planeta mercante, que havia muitos recursos naturais e havia uma espécie de deus, criador de toda magia, Finler. Usavam a magia para o recolhimento desses recursos e a geração de energia. Essa mulher virou os olhos para o planeta e extinguiu toda forma de vida daquele lugar transformando-o em um lugar devastado, completamente desértico.

Quando terminou de falar, Kerberos tinha um semblante triste, como se conhecesse alguém que tivesse morado lá, ou tivesse conhecido o planeta que acabara de narrar. Sakura não sabia se deveria perguntar mais detalhes, havia ainda muitas perguntas em sua cabeça, não sabia o que perguntar primeiro, tampouco se deveria perguntar. Contudo, resolveu não dizer nada, pois sabia que se perguntasse sobre qualquer dado daquela mulher, eles não dariam qualquer resposta, não naquele momento.

- Você vai ter treinamento conosco para lidar com ela, somente você pode derrotá-la, com o poder das cartas. – continuou Kerberus. Yue que olhava atentamente se aproximou de Sakura e mostrou a palma de sua mão. Sakura sentiu que algo estava saindo de dentro de si e quando viu, havia uma esfera com uma estrela que pairava bem na sua frente.

- Nos encontraremos daqui cinco dias, pais precisamente no domingo a essa hora, esteja aqui, será a primeira fase das três partes do treinamento de defesa e ataque contra magia negra – disse Yue concluindo o assunto.

Os dois estavam sérios, Sakura sentiu o coração saindo pela boca, alguma coisa estava acontecendo.


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