Em casa, Bia viu que eram 23h. Bastante tarde. Ela colocou um pijama de corujinhas, o de sempre, e se jogou na cama. Claro, depois de tirar a maquiagem.

Dormiu sem problemas até o dia seguinte. Acordou revigorada e feliz! Colocou uma playlist só de fan-music no iPod e vestiu um vestido azul com flores, uma sandália e uma bolsinha à tira-colo. Deixou o cabelo levemente encaracolado solto e passou uma sombra preta e um batom rosa.

Pegou a bicicleta, naquele lindo dia ensolarado, e andou até o parque municipal, que era próximo da casa. Deixou a bicicleta no posto onde se aluga e se guarda bicicletas. Pois é, ela trouxe a sua dessa vez.

Caminhou feliz pelo parque, apreciando a flora e olhando bem, com um sorriso nos lábios, cada bichinho, desde uma borboleta até pequenos coelhos e esquilos.

Um pouco adiante, sentou em um banco, pegou o livro de bolso que estava na bolsa e começou a lê-lo.

57 páginas depois, ela foi interrompida.

– Bonito o dia, não, Bia?

– Tom? - ela olhou para o lado e viu o rapaz.

Ela imaginou que ele seria super-extrovertido, amante de esportes e um cara normal. Tipo, que faz o que todos os caras fazem.

Mas ele estava com um livro na mão. O mesmo livro que ela lia. E, longe de Lilliany, parecia alguém mais parecido com... ela. Bia.

– Eu! Quem mais pensou que seria?

– Eu não sei. Só fiquei surpresa.

– Onde está, no livro?

– Hein? Ah, sim. Página 57. Comecei agora, aqui.

– Que legal. Ei, eu tenho que te recomendar um livro! Se está gostando deste, vai adorar o outro.

– Qual o nome? E o autor?

– Não sei pronunciar. Mas posso te levar na Biblioteca Pública e mostrar.

– Pode ser! Estou de bicicleta, e você?

– De bicicleta também. Vamos!

Bia ficou feliz com o jeito que a conversa fluiu bem. Eles pedalaram até a biblioteca pública, duas quadras dali.

No local, Tom levou Bia até onde ficavam os livros. E ele tinha razão: é difícil pronunciar o nome do livro e do autor!

– Muito obrigada, Tom!

– Não tem de quê.

Sem querer, Bia tropeçou nas almofadas do canto de leitura dali, e Tom segurou-a. seus rostos ficaram, hã, muito próximos. Bia sentiu o hálito refrescante de menta dele, e viu seus olhos cor-de-mel que contrastavam com seu cabelo castanho. Seus rostos se aproximaram mais e aconteceu tudo que Bia queria que não acontecesse.

Eles se beijaram.

E ela gostou.

Depois do beijo, Tom também notou o que fez. E na sua expressão, lia-se: oh-oh. eu beijei-a e gostei. Lilliany vai me matar. Pelo menos foi o que Bia pensou, e o que ela esperou.

– Bem, Tom... - Beatrice levantou-se e arrumou o vestido. - Vou fazer o empréstimo do livro, muito obrigada.

Ela foi andando até o balcão e fez o empréstimo. Viu Tom escrevendo algo num papel. Depois, ele entregou a folhinha para ela.

Quero falar depois com você, direito. Vá para o Le Café Français. Vamos conversar comendo croissants e bebendo lattes. Amanhã, 10h.
Meu telefone é 0113-4972.

Bia sorriu e guardou o papelzinho na bolsa, como marcador do novo livro.

Foi para casa e mexeu um pouco no computador, leu, assistiu TV, conversou por um tempo com Belle sobre coisas que aconteceram com as duas. Decidiu ir no shopping. Foi de carro, e agradeceu a si mesma por não ter trocado de roupa.

No shopping, andou por aí. Comprou uma sapatilha, chocolates (uma caixa para si e uma para Belle) e um livro. Ficou lá até o céu ficar bem azul, ou seja, poucas horas depois do entardecer.

Foi para casa e ficou assistindo TV por um bom tempo. Logo concluiu que fora um ótimo sábado, e seria um domingo cheio. De manhã, se encontrar com Tom; à noite, ia jantar com Nina.

Dormiu como nunca dormira antes: muito tempo, muito bem.

Acordou tendo uma hora e pouco para se arrumar. Tomou um banho e colocou uma linda roupa de acordo com o clima, frio e chuvoso: um suéter cinza com o escrito HI♥, uma calça vermelha, botas pretas de couro, uma echarpe cinza e um gorro de panda.

Foi andando, com um livro na mão, até o Le Café Français. Se sentou numa cadeira no balcão e continuou a ler o livro, era o de bolso do dia anterior.

– Olá, senhorita leitora! - disse, brincalhão, Tom, chegando.

– Oi, Tom.

– Com licença, senhor - ele disse para o atendente. - Poderia trazer para mim um expresso com muito chantilly e biscoitos e para a senhorita...?

– Um latte e croissants.

– Vamos sentar naquela mesa ao canto, sim? - o atendente assentiu. - Pediu o que falei ontem? Você sabe que eu não estava falando sério.

– So sorry!

– Você é muito engraçada, Bia.

Sentados na mesa, o olhar de Tom era sonhador, mas presente e inquisitivo.

– Okay, Bia... Imagino que sua relação com Derick não esteja fixa. Minha relação com Lilliany também não é fixa. Estamos ficando. Ela é gentil, extrovertida... Mas prefiro livros, ela notebooks. Gostamos nós dois de rock. Ela ama roupas, comprar e desenhar, e eu escrevo rascunhos de crônicas e poesias. Não tenho tanta certeza que somos tão bons um para o outro quanto você pode ser para mim.

– Tom, o que quis dizer com isso? Você está namorando Lilliany! E ela é minha amiga.

– Não. Estamos ficando, e você não precisa contar para ela que namoraremos.

– O quê???

– Ha, pandinha... Estou pedindo que namore comigo.

– Tom!

– Nos beijamos ontem e gostei, muito. Pensei sobre isso o dia inteiro. Tenho certeza do que estou falando.

– Não! Eu não quero. Na verdade...

Bia hesitou. Olhou bem para Tom. Seus olhos estavam brilhando, apaixonados, pedindo sem parar de querer.

– Uh! Tom, eu preciso pensar! E nem encare isso como talvez, provavelmente não aceitarei! Ah, caramba! Você está me pressionando demais, poxa!

Ela levantou da mesa, foi até o balcão, onde o garçom estava com um copo de expresso e um prato de biscoitos, junto de um copo de café estilo Starbucks com um prato com um grande croissant.

– Muito obrigada - colocou vinte pratas na bandeja do garçom, pegou o copo com uma mão e o croissant com outra e saiu da cafeteria.

Em casa, comeu o croissant assistindo TV. Começou a bebericar seu latte, mas a notícia a interessou demais.

A criadora do game que interessa à maioria das crianças e adolescentes The My Adventure, Nina Delanue, diz estar ficando ainda mais feliz com seu trabalho de gerente-assistente na empresa HypperTech, pois uma nova estagiária de criação entrou. Nina está feliz porque a moça tem sua idade. Elas irão jantar hoje no Fantasia culinaria, restaurante italiano que é muito conhecido por possibilitar a visita do cliente à cozinha, se ele estiver interessado. Sem dúvida estaremos lá junto delas!

"Ah não. Paparazzi no meu jantar. Agora eu tenho que cuidar ainda mais da minha aparência!", pensou Bia.

A garota bebeu seu latte muito devagar, e depois de terminá-lo teve pouco mais de uma hora para mexer no computador.

Tomou um banho demorado, tomando muito cuidado com seu cabelo, que deveria ficar perfeito!

Secou o cabelo e pediu para Belle fazer uma escova caseira nele. Ele ficou muito bonito e brilhante. Colocou um vestido lindo, que tinha a parte de cima dourada e embaixo uma espécie de saia preta aberta na frente, mais no fim. Saltos altos vermelhos de pequenas pedrinhas, que de longe pareciam purpurina. Esmalte degradê, escurecendo em direção à ponta. Brincos dourados de mini-correntinhas.

Batom vermelho e maquiagem simples. Hora do jantar!