Sentiments D'anubis escrita por GiGihh


Capítulo 2
Um deus distraído


Notas iniciais do capítulo

Pessoas! Voltei com um cap curtinho, mas eu gostei de escreve-lo.
Para quem quiser rever o começo deste cap, leia O trono de Fogo pgs 102 e 103.
Espero não decepicionar nenhum de vocês, mas tambem espero poder melhorar os caps.
Boa leitura:



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[...]

— E você não pode me ajudar. – sua voz soou levemente irritadiça. Olhei-a cheio de pesar; será que ela sabia que esse fato, o fato de não poder ajudá-la, me causava uma estranha sensação incômoda no peito?

—Já falei sobre São Petersburgo.

—Bom, então, deus de praticamente nada de útil, tem mais alguma coisa a dizer antes que eu me atire para a morte? – o desconforto foi mais forte dessa vez, uma vontade tão...

... Não demorou a uma das meninas gritar chamando pela menina...

—Vá. Lamento não poder fazer mais. Mas feliz aniversário, Sadie. – fui tomado por um impulso, uma estranha vontade. Ela estava sentada ao meu lado, a distância era mínima e esse detalhe fazia meu corpo se arrepiar. Inclinei-me quebrando toda a distância... Selei nossos lábios e o arrepio que eu sentia no corpo foi transformado em ondas. Maravilhosas ondas de calor.

Ao contrário do que devem pensar, prolonguei aquele toque por bastante tempo. Senti a menina soltar o ar lentamente. Uma vontade indescritível de tocá-la me invadiu... Mas eu tinha que ir...

Afastei-me devagar, ainda não entendendo minhas ações e tão pouco as vontades. Vontades? Eu queria aquele calor de novo, aqueles lábios de novo... Mas me dissolvi em névoa, sumindo dali, me perdendo longe da loira...

Abri meus olhos, confuso demais para raciocinar o que tinha acontecido. Esfreguei-os tentando espantar a confusão da minha mente.

Estava em meu quarto, um lugar escuro e talvez até sombrio, mas era confortável. Eu tinha poucas coisas espalhadas pelo cômodo espaçoso, e de certo modo, luxuoso (com detalhes ricos em jóias), mas por anos eu não entendi o que faltava...

... Demorou, mas eu entendi...

Eu tinha sonhado com Sadie... De novo... Era ela quem me faltava.

É. Não tinha sido a primeira vez, nem a segunda ou a terceira. Como o tempo não passa no Duat e deuses não precisam dormir, as lembranças me vinham quando estava acordado. Era difícil achar algo que conseguisse prender minha atenção.

Levantei da cama, só que mais cansado do que quando me deitei. Vesti um jeans preto e uma camiseta qualquer. Ainda tinha que tratar de algumas mortes com o senhor Osíris. Era, realmente, muito estranho ter que encarar o pai dela todos esses dias.

...Perdi a conta de quantos julgamentos foram feitos na minha presença. Fiz meu trabalho, embora não tenha sido de fato bem feito. Eu podia sentir o peso do olhar de Osíris sobre mim; ignorar era uma tarefa difícil, mas eu não tinha coragem de olhar para ele. Não conseguiria encará-lo enquanto sentisse o que sentisse por sua filha.

Os murmúrios pareciam tentar serem discretos, mas... O que posso fazer? Tenho orelhas de chacal!

—Ele não era distraído assim. – distingui a voz de Osíris.

—Tem razão. – a voz era tão parecida com a dela, mas eu sabia que era apenas Ruby – Ele está melhor agora.

—Como? – a incredulidade era palpável.

—Anúbis costumava ser frio e às vezes até cruel...

—Ele sempre foi muito fechado e frio – o pai concordou. – mas por que mudou...?

—Por alguém.

—E quem seria capaz de mudar um deus de natureza sombria, meu amor?

Senti o sorriso no tom de voz de Ruby.

—Se ele mudou por alguém, foi por ela.

[...]

Deixei aquele lugar tenso no instante em que tive uma oportunidade. Sentia-me tão sufocado em lembranças naquele salão, que, mesmo não tendo que respirar, eu sentia a ausência do ar pesando em meu peito.

Eu estava no alto de uma montanha. O pico salpicado de neve destacava o verde da vertente; na base, um rio calmo de águas claras serpentava isolando a montanha do resto do mundo... Era assim que eu queria estar; isolado. Mas no fundo eu era assim.

Eu só podia estar ali graças a um menino que se suicidara pulando de onde eu estava até o fundo do rio. Acompanhei aquela morte e a travessia do menino como uma morte qualquer, mas hoje eu lembrava que ele tirara sua vida por não ter o seu amor correspondido.

Um suspiro me escapou... Nem isso eu podia fazer. Suicídio, palavra tão simples com um significado impossível para um deus. Mas, de qualquer modo, eu ainda teria que aguentar a tensão daquele salão...

—Ele sempre muito fechado e frio, – o pai concordou. – mas por que mudou...?

—Por alguém.

—E quem seria capaz de mudar um deus de natureza sombria?

Ficar pensando naquelas palavras não melhorava em nada meu humor. Sadie era tão diferente de mim que eu já não conseguia entender o porquê de querer tê-la por perto.

Aquela menina imprudente e inconsequente me tirava do sério! Como um podia estar sentindo falta da dona de uma língua ferina e de paciência tão curta?

A resposta veio junto com as lembranças mais agradáveis que eu poderia ter: aquele sorriso tão meigo, os olhos brilhantes transparecendo alegria, a pele da mais fina e cara porcelana, os cabelos sedosos em tom de ouro sempre com mexas coloridas... Não consegui evitar um sorriso.

Sadie irradiava mortalidade, era viva e transmitia esperança. E quanto a mim? Um deus, um imortal que transmitia apenas desespero. “... Um deus de natureza sombria...” as palavras pesavam ao meu redor. Osíris estava certo.

...Mas Ruby também tinha razão. Recordo-me de ser frio e até cruel com muitas almas, mas recentemente tinha reencontrado a bondade em mim: a compaixão, compreensão e a gentileza. Desde que conheci alguém...

Um menino... Um menino que se suicidou, suicidou-se por amor.

Mas... Eu a amava?


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Notas finais do capítulo

O proximo cap será reservado ao tão conhecido Conselho dos Deuses... Não sei quando volto a postar, mas até lá me animem com suas opiniões, ok?
Bjss



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