Gênesis escrita por Mielly Milena


Capítulo 36
Gênesis


Notas iniciais do capítulo

Povo desculpem a demora, minha net deu fail e só voltou hoje e u corri para postar rapidinho....agradeço a paciencia



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O sol já estava nascendo, e depois de tantos anos ainda me impressionava de como aquilo me incomodava.

Abri os olhos e tive a melhor visão do mundo, nicolae estava deitado, seu corpo semi coberto por um lençol de seda fina, com os cabelos caindo levemente sobre o rosto de marfim.

Como eu poderia ser totalmente apaixonada por ele mesmo depois de tanto tempo?

Ele abriu seus olhos levemente, ainda meio inconsciente, sorriu ao notar que eu o observava.

- o que está olhando? – ele se sentou ajeitando o cabelo.

- você – acariciei seu rosto – a melhor das maravilhas.

- bom dia pequena – ele me beijou, mas parecia distante.

Dois vultos passaram por nós pulando em cima da cama freneticamente.

- Eva – ele pegou nossa filha nos braços – não deveria estar se arrumando?

A menina a minha frente o olhou feio com a cor exata dos olhos dele, ajeitando seus cachos atrás da orelha, enquanto o filhote de husky siberiano balançava o rabo freneticamente.

- não vou a escola – ela cruzou os braços – eu acho desnecessário.

- Eva – ralhei– o que Arthur vai pensar disso?

Ela corou levemente, minha filha tinha 13 anos e tinha um namorico por Arthur, o filho de gabriella e connor, um lindo garoto de cabelos ruivos e olhos azuis, nicolae sempre disse que ela era nova demais, mas sinceramente nunca ligamos para isso.

Ele se levantou beijando a testa dela e indo em direção a sacada, pelos nossos anos juntos sabia que tinha algo errado.

- vá se arrumar – sussurrei – te encontro na cozinha.

Eva pegou stan nos braços e desceu.

Depois de quase vinte anos estávamos finalmente vivendo num mundo novo, eu cumprira minha promessa, e a terra era algo que eu nunca imaginara ver, caminhei até a sacada e olhei para fora, da minha janela eu podia ver tudo, as florestas, os pássaros, o mar a distância, ainda estávamos trabalhando nele afinal somos um planeta jovem, embora eu tenha que admitir que não sou como a vinte anos atrás meu marido diz que não mudei em nada.

Abracei suas costas nuas.

- o que está olhando? – beijei seu ombro.

- eu? Nada – ele se virou para mim tirando meu cabelo do rosto – estava tentando dar uma escapada de Eva e ficar sozinho com você.

- está blefando – sorri – você está pensando em algo.

- sabe o que é? – ele suspirou de leve – hoje nós vamos unir todos os povos, estamos prontos, mas isso só vai aumentar as responsabilidades, mais trabalho, estarei mais propenso a erros.

- você consegue – beijei seus lábios – eu estou aqui.

- é tem razão– ele sorriu de leve – você está.

- sempre nicolae – murmurei - venha, vamos entrar, temos que nos aprontar.

Eu o deixei no quarto e fui tomar café com nossos filhos.

Desci encontrando duas figuras em volta da mesa flutuante, Eva estava sentada balançando as pernas e ainda de pijama, Dimitri era um adolescente de 17 anos que sempre me pareceu adulto demais para a idade dele, Dimitri adorava lutar, ele praticava todos os dias e em quase todas as modalidades de luta. Sempre me lembrou nicolae, nas formas de agir, na aparência, ele tinha os mesmos olhos verdes e o mesmo cabelo comprido, e estava pronto com sua calça preta e a blusa social rosa que o deixava tão bonito e dentro dela, o cordão com um dente de jacaré que ele pegara de um dos repteis antes de serem libertados, ele o amava e quando o jacaré se fora ele ficou muito decepcionado.

- bom dia – beijei seu cabelo.

- oi mãe – ele sorriu formando covinhas – meus parabéns.

- não dê os parabéns pra mim – peguei uma torrada – não fui a única a trabalhar nisso.

- mesmo assim – ele deu de ombros – você merece.

-mãe, eu não quero perder o festival – Eva cruzou os braços brava, intercalando seu olhar entre nós – me deixe faltar só hoje?

Pensei um pouco, eu iria querer minha família completa no festival.

- o que você acha Dim?

- deixe-a ir – ele se levantou – eu estarei lá e Lucca também vai, iria ser injusto.

- então vá se arrumar – sorri pra ela – quero você linda.

Ela saiu correndo e subiu as escadas em disparada.

- tem alguém a porta – nath falou de modo familiar.

Quando nicolae quebrou todos os tabus e mandou construir uma casa para nós eu pedi que trouxessem nath junto, e foi divino ter ele comigo, mas em troca ele havia me pedido para eu libertar Cárites, o que não foi fácil na época, mas ter um cervo adulto de 70 quilos vivendo dentro de uma casa com aqueles chifres gigantes não era fácil.

Abri a porta para Vicentini, Lucca e uma gabriella com uma barriga extremante redonda por conta da gravidez, me esperando no batente.

- entrem – convidei.

Como presente de 19 ano nicolae havia dado baixa a gabriella como soldado, deixando-a seguir carreira como estilista, hoje ela tem centenas de lojas e é muito famosa, connor preferirá ficar como soldado, hoje ele é comandante.

- mãe acho que Eva vai precisar de ajuda com a roupa – pedi – pode me fazer esse favor?

- claro – ela me deu um beijo e seguiu em direção as escadas.

- eu vou também –Lucca saiu correndo com os cabelos ruivos saltando – Eva, cheguei.

Vi gabriella suspirar.

- eles crescem tão rápido.

- e então? – levantei os braços – o que a rainha do estilo preparou para mim?

- vamos até seu quarto – ela começou a subir – obras primas não podem ser mostradas em todo lugar.

Gabriella não mudara nada para mim, talvez uns cabelos começando a ficar branco, ou talvez algumas rugas, nada que os tratamentos a qual nós duas nos submetíamos não resolvessem, afinal, tínhamos que estar perfeitas para nossos maridos.

Nicolae estava terminado de colocar a gravata quando entrei, seu cabelo estava meio grisalho, o que o deixava irrevogavelmente lindo, eu costumava dizer que ele era como um vinho de uma safra boa, se você o tomar na hora ele é delicioso, mas com o passar dos anos, ai sim ele pode te mostrar todo o seu potencial.

- deixe-me ajudar – ofereci – pronto.

- obrigada – ele me beijou de leve – eu tenho que ir.

- estarei lá num piscar de olhos – sorri – e talvez algumas horas.

- estarei esperando – ele foi em direção a porta – Dim está pronto? Ele disse que iria comigo.

- provavelmente.

Assim que ele saiu gabriella tirou o conjunto da cobertura, e era lindo, era extremamente impossível não amar tudo o que ela me dava, meus vinte anos de reinado foram patrocinados pelas roupas dela, e eu amava o fato dela sempre arrumar um jeito de confeccionar minhas roupas mesmo estando esgotada.

Era uma combinação de calça social e uma blusa azul celeste de seda com um leve brilho no tecido.

- o que acha que eu deveria fazer no cabelo? – simulei um coque.

- ai que coisa de velha – gabriella fez uma careta.

- desculpe – brinquei – ninguém te avisou? Somos velhas.

- Velha é sua mãe, eu sou uma jovem senhorita.

- tudo bem jovem senhorita – revirei os olhos – o que devo fazer no meu cabelo?

- que tal uma trança transversal? Ou fazer demolirias em todo ele?

- vai demorar – franzi a testa – chega, vou deixa-lo solto.

- você não pode – gabriella pós as mãos na cintura – você é a rainha, e hoje todos seus súditos estarão te vendo, você não pode estar molambenta.

- ok – suspirei – as demolirias então.

Tomei meu banho rapidamente, e fui trocar de roupa, sempre adorava as roupas que gabriella me fazia, elas sempre eram divinas, e eu não me lembro de ter odiado nem uma em todos esses anos.

Eu estava abotoando o ultimo botão quando Eva chegou com minha mãe e Lucca. Ela estava linda, com um vestido violeta, e seus cabelos fluindo cacheados sobre os ombros.

- você está linda mãe – ela sorriu.

- você também.

- estão todos prontos? – Vicentini bateu palmas – então vamos, estamos atrasados, e Victor está me esperando.

Demorei um tempo para aceitar que minha mãe estava casada com antigo rei desse lugar, não sei o porquê, mas sempre me pareceu tão estranho. Com o tempo fui me acostumando, decidi que os dois mereciam ser felizes pelo menos uma vez na vida, e era evidente que se amavam, mesmo isso significando que Denise era quase minha meia irmã, já que nesses últimos tempos estávamos quase amigas.

- tudo bem - Calcei meus sapatos e coloquei um diadema simples na cabeça, não queria parecer soberba, e então me dei por pronta e fomos.

Nos últimos anos, nós estávamos trabalhando para quadriplicar a cidadela, para que assim pudéssemos viver todos juntos, havia muito trabalho a ser feito aqui e lá fora havia milhares de pessoas precisando de trabalho, então juntamos tudo, eles poderiam começar uma nova vida aqui e se sentirem mais protegidos, conosco vivendo tão perto e suprindo suas necessidades, e teríamos mais praticidade em ajuda-los, e hoje marcaria o primeiro dia dessa união.

Assim que chegamos ao local marcado fiquei deslumbrada com a quantidade de pessoas que haviam ali, realmente havíamos crescido muito. Nicolae estava acertando algumas coisas com seus assessores e eu fique mais uma vez deslumbrada de como ele passava essa aura de poder e controle até mesmo à distância, dava para se vê que se tratava de um homem poderoso a quilômetros e Dimitri estava sentado num dos bancos, de forma graciosa que ele certamente não herdara de mim, totalmente alheio aos olhares de cobiça que recebia das meninas que passavam por ele, algumas, notei, passavam várias vezes, como se esperassem que ele lhes notasse, uma menina morena deixou cair um caderno perto dele, Dimitri pegou o caderno e lhe entregou sem tirar os olhos do livro. Eu estava quase rindo da situação quando uma menina de cabelos loiros de pele clara e olhos amendoados chegou, andando fluidamente como uma bailarina até ele, com convicção do que fazia ela pegou seu rosto e beijou seus lábios de leve, Dimitri levantou-se e sorriu para ela, era evidente o carinho e amor que se transmitia através de seus olhos. No começo senti uma pontada de ciúmes pelo seu namoro com lissa, acho que pelo fato dele me lembrar tanto nicolae, mas ela era uma menina maravilhosa, delicada e era louca por ele então foi bem recebida na família, lissa usava no pescoço um colar com um pequeno emblema da nossa família trabalhado em ouro nele, eu lhe dera de aniversário.

- amanda – nicolae me libertou de meus devaneios - vamos?

- sim – concordei dando a mão a ele.

- você está linda – ele beijou meus dedos levemente.

Corei de prazer.

- obrigada.

Ouvi a trombeta tocar anunciando nossa chegada, respirei fundo e comecei a andar olhando sempre para frente e tentando ignorar o fato que havia milhares de pessoas me observando naquele momento.

Me sentei em frente a multidão, já não podendo evitar os olhares, me olhando, julgando, avaliando.

Nicolae foi até a frente, dando seu discurso de boas-vindas, que por sinal estava ótimo, ele foi super carismático, usando seu melhor lado, disse que estávamos começando uma nova família, e era verdade, estávamos dando um passo num caminho desconhecido, porém gratificante.

Ele foi muito aplaudido quando finalmente terminou seu discurso, ouve muita comemoração.

Olhei para o lado, Dimitri sorriu para mim pegando minha mão numa declaração silenciosa.

Apertei a mão dele.

- eu também.

Quando finalmente a parte de discursos acabou. Todos foram levados ao ar livre, onde seriamos servidos adequadamente, a festa durou a tarde inteira e adentrou na noite, uma música agitada começou a tocar e todos se dirigiram em casais para dançar, Lucca veio buscar Eva, que aceitou completamente vermelha.

- você vai ficar bem se eu for? – Dimitri perguntou.

Sempre tão preocupado, acho que ele puxou a mim nesse quesito.

- claro querido – ajeitei seu cabelo para traz – não deixe lissa esperando.

Procurei nicolae com os olhos mas não o encontrei.

- amanda – era connor – quero te apresentar uma pessoa.

Ele me levou até onde gabriella esperava com duas senhoras de aparência modesta, um senhor grisalho e dois homens altos.

Na hora reconheci quem eram, a mulher da direita, certamente era a mãe de gabriella, seus cabelos de fogo não os deixava negar, e os outros certamente que eram a família de connor, o homem e a mulher estavam grisalhos e não dava para notar, mas os cabelos dos dois rapazes era loiros e cacheados, e os olhos de gelo não deixava dúvidas.

Eles se curvaram quando me viram.

- majestade – falaram em uníssono.

- senhora Small – cumprimentei – senhor e senhora mason, é um prazer.

- cara eu te disse – um dos rapazes bateu no outro – connor nunca mentiria sobre conhecer a rainha.

Sorri para eles, se ao menos fizessem ideia do que havíamos passado juntos.

- eu estava aqui contando a eles o sexo do bebê – gabriella colocou a mão na barriga – outro menininho.

- ainda bem – brinquei – por que Lucca tem dona.

- amanda será a madrinha – gabriella colocou a mão em meu ombro – de novo.

Não foi necessário ver eles se curvando para ter certeza que nicolae estava bem atrás de mim, nossa ligação, aquela forte aura que cobria nós dois já me dissera que ele estava chegando, me virei para encarar o homem por que eu era completamente apaixonada.

Senhores – ele cumprimentou com a voz grave – amanda, gostaria de dançar?

Sorri abertamente.

- será um prazer majestade – me virei para as pessoas atônicas atrás de mim – será um prazer conhece-los melhor mais tarde.

Nós dirigimos até a pista de dança, dessa vez a música era mais lenta. Encostei minha cabeça no seu peito, e ele descaçou sua mão na parte de baixo da minha coluna, a alguns anos atrás nicolae me contara o que havia feito com Vladimir, ele havia me dito que queria tortura-lo até o último suspiro, mas não conseguira, seu lado bom falou mais auto e a pedido do próprio Vladimir nicolae o tirara desse mundo, no começo eu fiquei chocada com que ele havia feito, mas depois eu o entendi, ele precisava dessa sensação de que estava no controle, me protegendo, pois nos momentos em que ele havia perdido o controle eu quase morri, hoje ele era passando, uma pequena mancha em todo o reinado maravilhoso que tivemos.

- você não me disse como se chamaria esse Festival, o que ele irá representar – ele murmurou em meu cabelo – disse que já estava pronto.

- e está – me afastei para olha-lo nós olhos – vamos chama-lo de Gênesis.

- Gênesis?

- sim, significa o princípio, o começo – passei o dedo pela curvatura de sua boca – e aqui estamos, no começo, um novo princípio.

- então será Gênesis.

Voltei a me deitar no seu peito, olhando em volta, ali não havia mistura entre a realeza e a plebe, éramos um único povo, estávamos unidos com um único objetivo, sobreviver, e havíamos ganhado essa chance, não era hora de olhar para traz, tínhamos que caminhar em direção ao amanhã, acreditando que algo melhor estava por vir.

- E que venha Gênesis – murmurei.


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Notas finais do capítulo

Gente linda assim como eu pedi na outra fic....esse é o ultimo capitulo, então podem deixar um comentario bem legal? até aquelas que nunca comentou, comntem só esse capitulo please??
Valeu gente e obrigada por acompanharem!!!
Mil beijooos!