Reckless - Divergente escrita por Morgana Le Faye, Andiie


Capítulo 13
Ruptura


Notas iniciais do capítulo

Ruptura pk é a quebra da "calma" deles ^^



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O fim do mundo começou quando fui acordada por um pé fedorento na minha cara.

Passei a noite no apartamento de Andrew com Drezza. Pesquisamos e pelas nossas suspeitas a guerra ocorrerá em uma ou duas semanas. Tempo o suficiente para eu avisar á minha família. E desta vez dormimos. Fui poucas vezes no meu. Ele este tão organizado quanto o possível.

Dormimos em posição de valetes na noite passada. Acordei com o pé de Drezza me chutando. Segurei por instinto. Sem querer o apertei um pouco.

Nem preciso dizer que ela gritou e levantou-se em um pulo não é?

Estávamos na cama, no quarto de Andrew. Ele foi gentil em deixar nós com a cama e ele dormir no sofá. Ele chegou correndo e descabelado.

 – O que foi isso?

 – Nada demais... Volte a dormir. – murmuro mais para mim do que para ele. Gostaria de ter dormido naquele dia. Gostaria de ter me escutado e voltado a dormir, mas estava sem sono.

Levantei enquanto D. e Drezza conversavam sobre algo. Fui direto ao seu banheiro.

Uma coisa boa da Erudição é o banho. Algumas facções como a Amizade, Abnegação, e Franqueza respeitam as regras básicas. Luzes desligadas á 00hrs, luz desligada enquanto tiver claridade o suficiente, eletrônicos desligados quando não estiverem sendo usados e... Chuveiros com agua gelada e limite de 5 minutos.

A Erudição, por incrível que parece, não segue nenhuma dessas regras. Durante o banho avistei a janela. O dia ainda não amanheceu lá fora. Não devem ser nem 5hrs da manhã.

Arrumo-me na melhor forma Erudita possível dentro das roupas de Andrew; mais tarde irei para o meu apartamento. Estava pensando em como dizer para meus pais. “Hey, tem como vocês saírem da sede? Irá haver uma guerra contra a facção que controla o governo e os membros da Audácia serão usados como peões controlados pela líder da minha facção”. Isso não me parece uma boa coisa a se dizer. Pensar na minha antiga facção faz minhas mãos tremerem. Preciso avisar minha família a respeito da guerra que a Erudição está planejando, mas não sei como. Vou achar um meio, mas não hoje.

Saio e encontro D. dormindo na cama e Drezza na cozinha.

 – Sem sono? – pergunto enrolando a toalha em meus cabelos.

 – Como você pode estar tão tranquila sabendo que terá uma guerra?! – ela questiona

 – Eu terei tempo de avisa-los. Não preciso me preocupar agora. – digo tranquilamente indo até a porta. Vou para o meu apartamento.

 – Hey, espere. – ela corre atrás de mim quando já estou no meio do corredor. – Aonde você vai?

 – Para o meu apartamento.  – Ela olha para mim. Seus olhos verdes estão aguados. Ela esta prestes a chorar. Não entendo o motivo disso. – O que houve Drezza?

 – Enquanto você estava no banho...  – ela respira pesadamente e passa as mãos no cabelo trançado. – Vicky... Acho que você não terá tanto tempo assim.

Não fico irritada pelo fato dela me chamar de Vicky. Seu olhar de desespero sugere que algo ruim aconteceu. Muito ruim. “Acho que você não terá tanto tempo assim.”.  É possível alguém congelar? É possível um coração não bater e você continuar vivo? Pois foi isso que senti.

Juntas corremos pelas escadas. Descemos por dezesseis andares correndo, tropeçando. Chegamos ao fim do prédio. Ao lado dele ficam os centros de pesquisas.

Ouvimos uma voz familiar. Cara.

 – Os transmissores foram ativados, Jeanine. Em poucos minutos creio. – Sinto lágrimas se acumularem em meus olhos. Minha família esta sendo controlada. A Audácia esta sendo controlada. Eu não os avisei. Tive a chance ontem e não os avisei.

Sinto Drezza me abraçar. Empurro-a gentilmente. Não posso abraçar ninguém agora.  Isso me faria chorar. Não temos tempo para chorar.

 – Temos que ir. – digo. Ela me olha assustada, penso em como deve ser novo para ela. Na Franqueza eles não aprendem a lutar, mas na Audácia isso faz parte da nossa sobrevivência.

 – Para onde?

 – Para a Audácia. – digo e ela cobre a boca. Tenho um plano. Espero que ele dê certo. Se eu conseguir chegar á Audácia á tempo, poderei impedir meus pais e amigos de saírem para a guerra. Não me importo com os outros. Apenas preciso salvar eles.

Não será problema entrar na Audácia com essas roupas de erudita. Se a Audácia esta junto com a Erudição não haverá problema se eu e Drezza entrarmos na sede.

Drezza não questiona e corre ao meu lado. Espero que o trem esteja passando.

Atravessamos a rua escura e vamos correndo pelo Millenium. As rachaduras da calçada faz com que Drezza tropece. Cara... Como ela pode estar fazendo isso se sabe que seu irmão é um dos membros da Audácia?

O trem esta passando. Penso rápido e torço para que Drezza consiga acompanhar o ritmo. Os primeiros vagões passam por nós e sinto Drezza fazendo cálculos ao meu lado.

Peso + tempo. Nunca precisei fazer essa conta para pular, mas ela me parece ser sensata.

Os últimos carros começam a se aproximar. Meu coração esta batendo tão rápido que sinto que ele pode sair do meu peito á qualquer instante.

Quando ele esta próximo jogo-me para o lado. Minhas mãos procuram a barra e se fecham em torno ao metal frio. Caio em pé dentro do vagão e antes que eu possa pensar direito viro-me para esticar a mão á Drezza. Ela corre acompanhando o ritmo do trem.

Á sua frente o trem começa a fazer a curva. Ela tem que pular antes disso.

 – Pule. – digo. Mas o barulho esta tão alto que não tenho certeza se ela me ouviu. Continuo repetindo até que ela agarra minhas mãos e a puxo para dentro.

Caímos as duas sentadas no chão.

Ela se senta encostada á uma das paredes. Seu joelho esta ralado. Ela chora. Suas lágrimas brilham em suas bochechas antes de cair.

Por que ela esta chorando? Nada lhe aconteceu. Ainda.

 – Chorando antecipadamente? – pergunto. Ela me encara. Ela esta com medo. Esta chorando de medo.

 – Nunca estive no meio de uma guerra antes, Victoria. Eu... Eu não vou conseguir. Não sou corajosa. Eu tenho medo.

Tenho vontade de consola-la, mas não o fiz. As palavras de meu pai vieram á minha mente.

 – A coragem não é a ausência do medo, Drezza. É a certeza de que há algo mais importante que o medo. – Era esse o motivo de eu ter escolhido a Erudição. Meu medo. Eu tinha medo, de muitas coisas. De não ser boa o suficiente. Mas aqui estou eu. Voltando para minha facção. Onde o medo não é bem-vindo.

Deixei a Audácia pelo medo. Medo não faz parte dela. Mas estou a caminho de lá. Irei salvar minha família. Mesmo sentindo medo.

Passamos pelo setor da Abnegação.  O que eu vi estará sempre na minha memoria. Tarde demais. Drezza para seu choro.

Os prédios estão escuros e vazios. As ruas estão lotadas de soldados da Audácia, todos marchando no mesmo ritmo, exceto os oficiais, que estão parados a poucos metros uns dos outros, observando enquanto eles passam, ou se reunindo em grupos para discutir alguma coisa. Ninguém parece fazer nada. Estão aqui realmente para uma guerra?

Não fico tempo suficiente para saber se minha pergunta será respondida. Tento encontrar rostos familiares, mas a única coisa que consigo ver é uma pessoa baixa de cabelos claros. Ela olha preocupada para os lados. Não parece ter a mesma expressão sonambula que os outros. A reconheço.

Tris Prior.

Ela esta acordada.


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Notas finais do capítulo

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