O Diário De Uma Aventureira escrita por Luna Kiara


Capítulo 2
Sobras Fatais




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Capítulo 2

987 D.G — 28 de outubro.

Vento quente e areia escaldante são o que cerca Morroc. A cidade está localizada no centro de um oásis e isso permitiu seu crescimento, nos dias de hoje é uma importante rota comercial. Suas pirâmides e esfinge guardam segredos, cujos valorosos aventureiros desejam desvendar. Mas é no subsolo, da próspera cidade que está seu maior e pior segredo.

Lá em baixo, esquecido pelos homens, transformado em história para assustar crianças está um dos mais terríveis males da história de Rune-Midgard, cuja maior virtude é a paciência. Dormindo ele aguarda o dia de seu retorno.

∆∆∆

O Dia mal acabava de clarear e as temperaturas já subiam. Os pobres viajantes mal-acostumados nem mesmo podiam se mover sem desfalecer de insolação e calor. Mas aqueles que viviam naquele ambiente cruel, acostumados com as diferenças de temperatura entre o dia e Á noite, moravam e abriam seus negócios com sorrisos em seus rostos marcados pelo sol forte.

Ao leste da cidade, em uma humilde casa, uma jovem mulher de cabelos rosados se despedida de seu marido, seus olhos rosados brilhavam de contentamento, levavam uma vida difícil, eram pobres, mas era uma vida feliz.

Sim. Essa era a vida que queria ter e teria, não permitiria que seu sangue amaldiçoado interferisse em sua felicidade, deixaria o passado enterrado e seguiria em diante com seu futuro.

Com um pequeno sorriso nos lábios entrou em casa, limpando os pés no tapete puído. Mas tarde limparia a varanda, agora cheia de areia depois da tempestade que tiveram ao anoitecer. Atravessou o pequeno cômodo da sala e entrou na cozinha.

Cantarolando, Emília Wild Lirian começou a trabalhar no café da manhã.

Lobos dormem noite adentro
Morcegos voam ao relento
Uma alma perdida que não dorme jamais
Com medo de bruxas e sombras fatais.

— Cantando novamente essa música boba?

— Bom dia — Emília sorriu para o filho mais velho, que revirou os olhos.

— Eu gosto da música — disse a filha mais nova.

— Isso porque você é uma pirralha — disse o mais velho.

— E você é um chato! — A menor retrucou.

— Ok, chega de brigar — Emi interveio — Robert deixe implicar com a Rose e se sentem para o café.

Emília pôs o café na mesa para os filhos. Seus amados pequenos, por eles faria de tudo.

Robert o mais velho tinha 14 anos, era um garoto alto a pele morena e o peculiar cabelo rosado da família, além de seus olhos cor de rosa. Tinha uma personalidade difícil, mas no fundo era um bom rapaz. Rosellyta faria oito anos em breve, tinha os mesmos cabelos cor de rosa que o irmão, mas seus olhos eram cinza quase negros, como os do pai. Era uma menina esperta e curiosa.

Os dois irmãos nunca pareciam se entender e estavam sempre brigando, muitas vezes por motivos bobos.

Quando o café terminou, Emi se despediu dos filhos com um sorriso caloroso e ficou os olhando caminhar pela rua em direção ao centro de Morroc. E aos poucos seu sorriso foi sumindo.

[Emília]: Você pode sair — Disse — Eu sei que está aí.

[???]: Vejo que ainda não perdeu suas habilidades.

[Emília]: O que quer aqui? — Disse girando para encarar seu visitante. Seus olhos antes calorosos, agora eram frios e cortantes.

[???]: Vim ver se você ainda continua com a idéia ridícula de viver de forma medíocre, desperdiçando suas habilidades e negando que você é de verdade

[Emília]: Eu sei quem eu sou — Afirma convicta — E também sei o que quero! E o que eu quero é viver com quem eu amo, deixando para trás aquilo que eu fui.

[???]: Negando seu sangue.

[Emília]: Não. Eu estou negando o legado que me foi imposto.

[???]: Hahaha! — O misterioso riu — Você está agindo como uma hipócrita Emília, ambos sabemos que você não diria uma coisa assim se não tivesse conhecido aquele idiota.

[Emília]: Não fale assim Silas! Você não sabe de nada!

[???]: O que é muito bom, não é mesmo? Porque se ele soubesse já teria te deixado... Opa... Haha! — Ele riu desviando de uma faca — Apenas admita Emi.

[Emília]: De o fora daqui!

[???]: Como quiser senhorita — disse rindo em deboche — Mas você sabe tão bem quanto eu que aquela dois herdaram o legado e mais cedo ou mais tarde um deles virá até nós.

Emília gritou de raiva, seus filhos não iam herdar sua maldição, não, não iam! Ela não permitiria.

Lágrimas de raiva desciam por seu rosto, porque no fundo ela sabia que não podia impedir. Quando crescerem seus filhos iriam querer sair pelo mundo e qualquer um que conheceu sua família viria a reconhecê-los.

∆∆∆

Rosellyta subiu as escadas do castelo o mais rápido que suas pernas podiam agüentar. Morroc não tinha uma cadeia de aprendizes como Prontera, mas a cidade contava com diversos aventureiros que se dispunham a ensinar as crianças o básico.

Hoje era dia de uma de suas aulas preferidas. História era a única aula que acontecia dentro da biblioteca do castelo, cheia de livros, cujos em dias livres lia até o anoitecer.

Robert a deixou no meio do caminho para o castelo, indo se encontrar os amigos.

Bem... Rose não se importava nem um pouco com que o irmão fazia, mas tinha certeza de que não era algo bom. Nunca era.

Sorrindo e ofegante, Rose entrou no castelo imaginado qual seria anel da que ouviria hoje.

Ao meio-dia o sol estava mais quente do que nunca, mas Rose não se importava a aula já havia acabado fazia horas, mas a pequena ainda continuava lá, lendo os livros cheios de lendas sobre os heróis que viveram antes e depois do Ragnarok.

[Silas]: Rose?

[Rosellyta]: Oi? — Um enorme sorriso brilhava no rosto infantil — O que está fazendo aqui papai?

[Silas]: Vim buscar você para comprar seu presente de aniversário.

[Rosellyta]: Já? Mas é só amanhã!

[Silas]: Mas podemos comprar o presente hoje — O homem sorriu exibindo rugas nos cantos dos olhos — A alguns mercadores vindos de Hugel e Payon.

[Rosellyta]: Sério? O que eles trouxeram?

[Silas]: Ooooh, muitas coisas bonitas, quer ir ver?

[Rosellyta]: Claro que sim!

Rose e o pai passaram o resto da tarde olhando as barracas dos mercadores. Os mais acostumados com o calor pareciam bem certos dos preços de seus produtos, já os outros eram levados nas pechinchas e na lábia sagaz dos habitantes do deserto.

Rose saltitava ao lado do pai a pintando cheia de curiosidade e fascinação por alguns dos produtos.

Uma das barracas que mais fascinava era a de bonecas artesanais. Rose ficou encantada com uma boneca de Munak. Tão encantada que o vendedor aceitou vender pela metade do preço ao saber que amanhã seria aniversário dela.

Mas que feliz, Rose e seu pai voltaram para casa.

Naquela noite, Rose dormiu tranqüila sob o olhar dos pais e olhar ressentido do irmão.


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