Inferno Na Terra escrita por Melanie


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Eeeei voltei com mais um capítulo!
Espero que gostem, por que eu meio que gostei de escrevê-lo... Peço desculpas por qualquer erro de ortografia adiantadamente e sem mais demoras vamos ao capítulo:



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— Entre.

 Respirei fundo e entrei.

— Haruno. Imagino que tenha vindo dizer sua resposta, não é?

— Sim, senhor.— Consegui pronunciar, meus olhos presos aos seus.

A quantidade de vezes que eu já me recriminei por agir de maneira tão idiota na frente do meu chefe não podem ser contadas, confesso, e, por motivos inexplicáveis, esse momentos estão se tornando cada vez mais frequentes. Porque, por favor, ele continua sendo o mesmo cretino hipócrita de sempre.

Hoje mais cedo eu acordei decidida. Sim, essa era a palavra certa para me descrever nesta manhã. Eu estava decidida de que ir nessa viagem era a escolha certa e estava ainda mais decidida de que, independente de qualquer coisa, as últimas descobertas seguidas pelos últimos acontecimentos não iriam interferir de maneira nenhuma no meu trabalho.

— E então?— O olhei sem entender. — Sua resposta, Haruno.— Ele falou impaciente e foi então que percebi que estava lhe encarando por tempo demais sem falar nada.

Agora ele irá pensar que sou louca também, ótimo.

— Minha resposta, certo.— Falei rapidamente corando em seguida. — Eu adoraria acompanhá-lo nessa viagem de negócios, senhor.— Disse me recompondo.

Ele assentiu e juntou alguns papéis em sua frente.

— Pode voltar ao trabalho então, Haruno.— Disse sem me fitar.

Era só isso? Quero dizer, não que eu esperasse alguma outra coisa, mas... Ele poderia apenas me olhar enquanto falava comigo, não é? Seria o educado a se fazer.

— E entregue isso a Temari quando sair.— Colocou aqueles papeis em minha frente na mesa. — Agora, Haruno.— Falou ao levantar os olhos e ver que eu continuava parada em sua frente, o encarando. De novo. Maravilha.

— Claro. Sim, senhor.— Assenti nervosamente enquanto voltava a mim mesma.

Dei meia volta e me preparava para sair rápido de sua sala quando o ouvi me chamando.

— Haruno?

— Sim?— Me virei rapidamente e ele apontou para os papeis que eu havia esquecido de pegar. — Ãn... Certo. Desculpe-me, senhor.

 Peguei os papeis o mais rápido que pude e dei meia volta de novo para sair o quanto antes daquela sala, mas, como eu parecia estar com muita sorte acabei esbarrando em uma das cadeiras em frente a sua mesa.

— Me desculpe, senhor. — Disse novamente ao me virar envergonhada para sua mesa.

Ele assentiu com a cabeça sem dizer nada, estava me fitando, o que me fez corar e eu me apressei em sair, dessa vez sem esbarrar em nada e, graças a Deus, não tropecei em meus próprios pés e caí.

Ao abrir a porta tentei não olhar para trás e fitei o chão, mas quando a estava fechando não consegui evitar levantar a cabeça e o encontrei me seguindo com os olhos enquanto sorria discretamente. Bati a porta com um pouco mais de força do que gostaria e me repreendi mentalmente. "Sakura, sua idiota! Se antes no carro ele não percebeu que você estava nervosa, agora ele com certeza percebeu e vai achar que o motivo é ele, o que ele não precisava saber. Idiota, idiota, idiota."

— Temari?— A chamei me aproximando de sua mesa. — O sr. Uchiha me pediu pra te entregar isso.— Falei quando ela levantou cabeça e me fitou.

Seus olhos brilharam em reconhecimento do que eu estava segurando.

— Finalmente.— Disse tirando a pasta da minha mão. — Isso aqui era o que faltava pra eu terminar. Muito obrigada, Sakura.— Agradeceu sentando-se novamente.

— Não tem de quê. — Sorri e fui em direção a minha mesa.

Muito trabalho me esperava.

O resto do tempo passou rapidamente e logo chegou a hora do almoço. Temari e eu fomos almoçar no mesmo restaurante de sempre, Ten Ten e Lee estavam nos esperando lá quando chegamos. Infelizmente, o tema central da conversa foi o que aconteceu no dia passado e eu tive que contar para eles tudo o que contei para Hinata e Ino, mas obviamente omiti algumas partes, partes que com certeza não iria falar na frente do Lee. Não que tivesse alguma coisa importante a ser considerada, mas seria constrangedor.

Quando voltamos Temari teve que se ausentar já que acompanharia o sr. Uchiha em uma reunião com alguns sócios, então a parte chata do trabalho naquela tarde ficaria comigo. "Você não pode reclamar Sakura, o salário é bom e você precisa dele", lembrei. Quase duas horas mais tarde, a porta do elevador se abria e os dois voltavam, e como sempre, ele passava direto pela minha mesa como se eu não existisse. Fuzilei a porta com os olhos quando ela se fechou.

Que culpa eu tinha se era uma pessoa que apreciava a boa educação?

Ouvi Temari rir e me virei.

— O quê?— Perguntei estranhando sua reação.

— Nada.— Ela falou com um sorriso na cara.— Então, Saky, soube que vai me acompanhar em Paris.— Disse com a óbvia intenção de mudar de assunto.

— Pois é.— Concordei. — É uma grande oportunidade.

— Sim e finalmente não vou ter que aguentar sozinha aqueles sócios chatos.— Disse e então complementou. —Chatos, velhos e tarados.

 Eu ri.

— Já está me fazendo repensar.— Brinquei.

— Não me fala uma coisa dessas.— Ela me repreendeu e eu ri de novo. — Acho que é a primeira vez que estou animada em viajar à negócios. Quem sabe ele não nos dá um tempo de descanso? Daí poderíamos visitar alguns lugares em Paris. Você já foi na Torre Eiffel?— Eu ia responder, mas a porta se abriu e o sr. Uchiha apareceu a tempo de ouvir a última parte da pergunta.

— Nós vamos viajar à negócios e não em férias. Se querem fazer um tour por Paris, eu sugiro que voltem em uma excursão.— Ele falou rispidamente e Temari ficou pálida.

— Sim, claro. Eu não estava... Me desculpe, senhor.— Ela se desculpou rapidamente.

— Eu vou ter que sair. Uma das duas cancele qualquer outra coisa que eu tenha hoje e remarque para semana que vem.— Ele falou indo em direção ao elevador.

Eu e Temari nos entreolhamos.

— Semana que vem, senhor.?— Arrisquei ao perguntar já que Tema não iria correr esse risco.

— Sim.— Ele afirmou rispidamente, de novo, e eu me arrependi de ter perguntado. — Eu não vou vir amanhã, o que significa que é para cancelarem qualquer compromisso que eu tenha amanhã também. Eu não quero ser incomodado, entenderam?

 O que tinha acontecido? Ele estava mais rude que o normal, bem mais rude que o normal.

— Sim, senhor.— Respondemos juntas.

Era melhor não cutucar a cobra com vara curta.

Ou seria onça?

— Ótimo.— Ele falou e entrou no elevador.— Quero as duas no aeroporto às dez horas da noite de amanhã. Não se atrasem.— Disse e então a porta se fechou.

— Nossa, o que será que aconteceu?— Perguntei.

— Não faço ideia, mas o fato dele se ausentar pelo resto do dia e não vir amanhã vai nos deixar com muito trabalho. Acho melhor começarmos agora se não quisermos atrasar. - Temari falou já digitando algo em seu computador.

Eu concordei e fiz o mesmo, mas minha cabeça estava em outro lugar.

O que será que tinha acontecido? Desde que comecei a trabalhar aqui ele nunca se ausentava por um dia inteiro. Talvez tivesse que sair no meio do dia, mas nunca deixava de vir e pela surpresa e curiosidade estampadas no rosto da Temari, ele nunca tinha feito isso antes mesmo.

— Você tem certeza de que pegou tudo, Saky?— Hina perguntou pela milésima vez.

Ela e Ino estavam me ajudando a arrumar minhas malas, já que como era bem a minha cara eu as deixei para arrumar algumas horas antes de ir.

— Sim, eu tenho.— Respondi pela milésima vez.

Ela era pior do que minha mãe.

— Quase tudo.— Ino falou entrando no meu quarto.

— O que é isso?— Perguntei olhando a sacola que ela segurava.

— Isso, minha querida amiga, é um vestido.— Disse enquanto tirava o vestido da sacola.

Eu fiquei em choque.

O vestido era lindo. Azul marinho, simples, elegante e perfeito.

Olhei para Ino que ainda segurava o vestido, ela estava sorrindo.

— O vestido é incrível.— Falei sorrindo e o sorriso dela aumentou.

— Você gostou?— Ela perguntei.

—Sim, claro que sim. Você sabe que tem bom gosto, Ino.— Respondi o óbvio.

— Então pode levar.— Ela falou me entregando o vestido, mas eu não peguei.

— Espera, o quê?— Acho que ouvi errado.

— Eu disse que você pode levar.— Repetiu dobrando o vestido. — Na verdade, você vai levar esse vestido querendo ou não.— Me estendeu o vestido novamente e eu vi a etiqueta ainda presa.

— Ino, eu não posso pegar emprestado. Você ainda nem usou.— Recusei.

— Você não só pode pegar emprestado como vai. — Disse e então colocou o vestido dentro da minha mala. — Eu ainda não usei porque comprei hoje para que você levasse, sequer é o meu tamanho. Não dá para ir à Paris e não levar um vestido maravilhoso para  usar e você vai ter onde usar, com certeza.

Não, eu não vou não. É uma viagem à negócios, Ino. Eu não vou em nenhuma festa ou sei lá onde mais eu poderia usar esse vestido.— Falei tirando o vestido da mala.

Ino pôs as duas mãos na cintura. Estava se preparando para começar uma discussão, mas Hinata viu que era hora de interferir.

— Saky, a Ino tem razão. Acho que você deveria levar o vestido.— Eu ia retrucar, mas Hina voltou a falar. — Eu sei que é uma viagem de negócios e talvez você não tenha tempo de se divertir, mas é sempre bom estar prevenida. A sua mãe sempre diz que é melhor levar e não precisar, do que não levar e faltar.— Ela terminou e eu suspirei.

Era uma batalha perdida.

Eu iria levar o vestido.

— Tudo bem, vocês venceram.— Me rendi guardando o vestido na mala de novo. Me virei para encarar as duas e ambas estavam sorrindo. — Agora vou precisar pegar sapatos que combinem.— Reclamei e Ino se adiantou.

— Deixa comigo.— Gritou enquanto corria para seu quarto. — Aqui, você tem que levar esses com você.

 Estendeu um par de sapatos pretos Jimmy Choo que eu provavelmente nunca conseguiria comprar. Eu ia recusar, mas Ino foi mais rápida.

— Nem ouse recusar. — Suspiro. — Esses bebês precisam viajar para Paris. Não negue isso a eles, Saky.

 Balanço a cabeça negativamente, sorrindo, enquanto pego os sapatos. Olho para Hina e ela também estava sorrindo.

Ino e suas manias.

— Bom, meninas, é hora de ir.— Falo quando fecho a mala e olho para o relógio.

21:23min.

Pego as malas. Apenas uma grande para empurrar e outra pequena. Eu não precisava de muitas coisas, afinal era apenas um final de semana.

— Tchau Saky, faça uma boa viagem. E lembre-se de avisar quando chegar.— Hinata se despediu me abraçando quando terminei de colocar as malas no táxi.

Agora não teria jeito, eu teria que ir de táxi.

— Certo.— Concordei.

— Se cuida, Saky, e divirta-se.— Ino me abraçou em seguida.

Eu nem perdi tempo a lembrando de que não estava indo a diversão.

Entrei no táxi e acenei para elas de dentro. Quando o carro se preparava para virar a esquina eu olhei para trás e as vi entrando novamente no prédio. Provavelmente iriam reclamar por eu ter saído sem lavar a louça, já que era minha noite, e esse pensamento me fez sorrir. Passado algum tempo, voltei a olhar para o relógio, 21:47min, maravilha. Eu iria chegar atrasada na minha primeira viagem de trabalho e tudo por causa desse maldito trânsito! Por que justo hoje, nesse horário, algum idiota resolveu beber e bater o carro? Por quê?

— Com licença, senhor.?— Chamei o motorista. — Não tem nenhum outro caminho para chegar ao aeroporto?

Rezei mentalmente por uma resposta afirmativa.

— Sinto muito, senhora.— Negou me olhando pelo espelho. — Esse é o único caminho.

 Fechei os olhos e suspirei não me importando em ter sido chamada de senhora, mas se fosse em outro momento eu o teria corrigido. Eu não pareço ser velha. Bufei ao me encostar no banco e apertei os olhos com mais força ao sentir o táxi andar menos de um metro e logo parar novamente. O sr. Uchiha iria comer o meu fígado quando eu chegasse, isso se ele me esperasse. A possibilidade de chegar e o avião já ter partido me deixou irritada, ele não teria essa coragem, teria?

"Claro que teria".

...

Agradeci ao motorista ao pegar minhas malas e saí correndo quando ele parou o carro em frente ao aeroporto, "mas dessa vez lembrei de pagar". Me repreendi. Não era hora de fazer piadas.

Olhei para o relógio, 22:02min, eu não estava tão atrasada assim... Será que ele estaria irritado?

— Temari.— Falei ofegando ao entrar e a encontrar sentada. Sim, eu tinha corrido. — Onde está o sr. Uchiha?— Perguntei ao ver que ele não estava no avião.

— Você parece que correu uma maratona.— Comentou ao me olhar e eu tinha certeza que ela se referia ao estado do meu cabelo. — Ele mandou uma mensagem avisando que iria se atrasar.— Respondeu a minha pergunta.

Ele o quê?

Foi isso mesmo que eu ouvi? Ele vai se atrasar? A raiva que eu estou sentindo nesse momento não pode ser descrita. Eu corri, me acabei em preocupações sobre não chegar atrasada quando ele, ele, ia se atrasar? Inacreditável.

— O avião é dele, Sakura.— Começou a explicar quando percebeu que eu estava irritada com o que ela tinha acabado de dizer. — Ele pode se atrasar.— Terminou e eu arregalei levemente os olhos.

Não era da empresa? Espera, isso não dá na mesma coisa?

— Esse avião é dele?— Perguntei olhando ao redor.

O interior era claro com algumas partes em marrom. As poltronas eram na cor creme e Temari estava sentada em uma dessas poltronas com uma mesa em frente, onde ela mexia em seu computador. Havia uma poltrona em sua frente, do outro lado na mesa e foi para onde me dirigi. Do lado direito do avião havia a mesma coisa, outras duas poltronas com uma mesa entre elas. Mais ao fundo havia um sofá também na cor creme em formato de L no canto direito com uma TV de plasma no lado esquerdo em frente ao sofá e uma outra mesa no centro. Havia uma porta também, que só poderia ser o banheiro.

— Sim.— Respondeu quando me sentei em sua frente. — Bonito, não?

Acenei com a cabeça concordando.

— O que você está fazendo?— Perguntei ao vê-la digitando.

— Nada de mais, apenas fazendo uma última checagem na nossa reserva no hotel.— Respondeu sem tirar os olhos do computador.

Eu ia perguntar o nome do hotel no qual ficaríamos, mas a porta do avião abriu e o sr. Uchiha entrou.

Nossa.

Era só isso que eu poderia pensar em dizer quando o vi, ele estava... não há palavras para descrevê-lo e eu admito isso. Ele usava uma calça jeans escura, uma camisa social preta dobrada até os cotovelos com o primeiro botão aberto e um sapato comum preto. Eu nunca o tinha visto sem ser na empresa, ou seja, nunca o tinha visto sem estar vestido tão formalmente com terno e gravata e agora aqui estava ele.mAcredito que o tenha olhado por muito mais tempo do que devia, pois seus olhos encontraram os meus, o que me fez desviar o olhar rapidamente para a frente. "Vamos Sakura, você nunca negou o fato dele ser realmente bonito, mas também nunca demonstrou abertamente o que achava, então não vai começar agora, por favor".

— Sr. Uchiha.— Temari o cumprimentou e eu deveria fazer o mesmo, mas surpreendentemente minha voz não queria sair.

Ele a cumprimentou com a cabeça e eu me vi o fitando novamente .

— Senhor.— Consegui pronunciar e ele também me cumprimentou com a cabeça.

Ele passou por nós e foi em direção ao sofá onde se sentou e começou a digitar em seu computador, o qual eu nem havia visto que estava com ele. "Será que eu deveria ter trazido o meu?". Quer dizer, Temari e eu havíamos feito nosso trabalho quanto à organização e afins dessa viagem no escritório mesmo então nem pensei em trabalhar enquanto voávamos para Paris. Olhei para Temari que parecia estar lendo algo e pensei em perguntar para ela, mas perdi a coragem ao perceber que não estávamos mais sozinhas no avião.

— Estamos prontos para decolar, senhor.— Um homem de meia idade falou ao entrar no avião e o sr. Uchiha acenou com a cabeça dando permissão.

Ele não estava muito falante, mas ele nunca realmente é.

— Senhoritas.— Falou ao se virar, quando nos viu, antes de caminhar para a cabine de comando.

Logo em seguida a porta do avião abriu novamente e por ela entraram um outro homem, também de meia idade, e uma mulher.

— Sr. Uchiha?— O homem o chamou. — Esta é Kin.— Falou apresentando a mulher.

Ela era loira e possuía olhos escuros, provavelmente estava na casa dos vinte e poucos anos e era muito atraente.

— Ela irá servi-los.— Terminou de dizer e, pelo fato da mulher ter corado, eu imagino que o sr. Uchiha estivesse olhando para ela.

— Típico.— Sussurrei apenas para Temari ouvir e pelo sorriso discreto em seu rosto ela entendeu.

Kin e o homem, o qual eu ainda não sei o nome, se retiraram para a cabine de comando também deixando nós três a sós.

Olhei para Temari e ela já tinha afundado a cara no notebook de novo. Eu me perguntei então se poderia pegar o livro que estava na minha bolsa e ler, afinal, seriam não sei quantas horas de viagem e eu já estava começando a ficar entediada, mas não tive coragem de pegá-lo porque não queria dar a impressão de ser a única que não estava fazendo nada relacionado ao trabalho.

(...)

Respirei fundo antes de me levantar. Já tinha se passado algum tempo desde que decolamos e Temari estava encostada dormindo, mas eu não conseguia dormir então iria perguntar direto ao chefe se tinha alguma coisa que eu poderia fazer. Não estava mais aguentando ficar parada apenas olhando para meus dedos.

Estava sentindo o pânico se aproximar.

— Senhor?— O chamei quando me aproximei e ele me fitou. Tentei ignorar a sensação esquisita que estava sentindo. — Tem alguma coisa que precise que eu faça?— Perguntei em um só fôlego.

Ele pareceu me considerar por alguns segundos antes de responder, o que só serviu para me deixar ainda mais nervosa.

— Se houvesse algo que eu precisasse, eu certamente já teria lhe mandado fazer, Haruno.— Rude como sempre, mas eu não me importei.

Estava tentando me concentrar na difícil tarefa de respirar.

— Certo. Eu...— Tentei formular a frase, mas a cada momento eu sentia a falta de ar aumentando. — Eu...— Não consegui terminar de dizer e ele me olhou de forma inquisidora.

— Está tudo bem, Haruno?— Perguntou e eu quis gritar que não, eu não estava nada bem.

Eu precisava sair desse avião o mais rápido possível.

— Si-sim.— Gaguejei e passei a respirar pela boca.

— Esta na cara que você não está nada bem. Por que não senta?— Perguntou apontando para o lugar ao seu lado.

Em um outro momento eu teria recusado imediatamente. Eu jamais aceitaria ficar tão perto assim dele, mas nesse momento eu precisava desesperadamente de qualquer coisa que me distraísse então me aproximei em passos mais controlados do que esperava e me sentei.

— Precisa de alguma coisa?

— Não.— Sussurrei negando com a cabeça. — Só... — Parei de falar e abaixei a cabeça, tapando meu olhos com as mãos.

"Respire e inspire, Sakura", lembrei-me.

— Só fale comigo, por favor.— Pedi. — Sobre qualquer coisa, mas por favor... Eu preciso me esquecer de que estou nesse avião.— Tentei explicar sem levantar a cabeça.

Podia imaginar que ele estava pensando que eu era louca, mas eu já me achava louca por estar pedindo algo assim para ele então que diferença faria se ele também achasse?

— Por que concordou em vir se tem tanto medo de aviões?— Ele perguntou por fim e eu teria revirado os olhos se não os estivesse apertando.

— Eu não tenho medo de aviões. Tenho claustrofobia, é diferente.

— Completamente diferente.- 

Qualquer um teria sentido a ironia.

— Quer saber? Esquece. Acho melhor eu tentar dormir.— Falei me levantando.

— Ainda não disse por que concordou em vir sabendo que podia ter um ataque de pânico.

 Isso fez com que eu voltasse a me sentar e o olhasse. Consegui entender o que ele estava fazendo, estava me distraindo com perguntas.

— Na verdade, isso nem passou pela minha cabeça.— Disse e me chutei mentalmente. Como isso não poderia ter passado pela minha cabeça? — Acho que eu estava entusiasmada demais com a possibilidade para deixa-la escapar.— Dei de ombros.

— Hm.

— Eu peço desculpas por o estar incomodando por causa disso, senhor.

 Estava mortificada agora que percebi o que tinha feito em um momento de desespero e já me levantava novamente.

— Por que não bebe um copo d'água?— Perguntou me surpreendendo.

Não estava irritado com minha intromissão ridícula?

Pisquei.

— Um copo d'água?— Repeti lentamente e ele assentiu.— Ãn... Claro. Onde posso pegar um?— Perguntei me recuperando da surpresa e o observei dar um pequeno sorriso, como se... Como se estivesse rindo de mim?

— Você não precisa.— Falou e apertou um pequeno botão ao lado do meu ombro.

Gelei com a aproximação repentina e o calor que eu sentia vindo de seu braço, mas esperava que ele não tivesse notado.

Três segundos depois Kin apareceu.

— Sr. Uchiha?— Perguntou com as mãos juntas em frente ao corpo em uma postura profissional, mas eu tinha certeza que era para sobressaltar seus seios.

Rolei os olhos com essa constatação.

— Um copo d'água para a senhorita.— Pediu e então apontou com a cabeça para a minha direção e Kin finalmente pareceu me notar.

— É pra já, senhor.— Respondeu prontamente me ignorando e se retirou para algum lugar que eu não vi, pois estava observando minhas mãos em meu colo.

— Algum problema?— Ouvi meu chefe perguntar, mas não respondi.

Continuei olhando para minhas mãos.

Eu estou com algum problema?

Como posso responder essa pergunta se nem eu sei o que está acontecendo?

Eu não sei o que é isso que está me incomodando tanto, mas tem alguma coisa se remexendo no meu ínfimo que está me deixando muito incomodada.

— Haruno?— Ele me chamou novamente e eu levantei a cabeça para encará-lo.

— Não, senhor. Eu estava apenas me perguntando se falta muito para chegarmos.— Inventei a primeira coisa que veio na minha cabeça e acredito que não fui muito convincente.

— Sim.— Respondeu me parecendo meio desconfiado. — Vamos fazer uma pequena parada para reabastecer antes de chegarmos. Você deveria tentar dormir.

 Eu ia falar algo, mas Kin voltou trazendo uma bandeja com copos e uma jarra com água, a qual colocou em cima da mesa.

— Aqui está sua água, senhor.— Falou depois de derramar a água em um copo enquanto se curvava para entregar o copo a ele, deixando seu decote que, com certeza, estava maior desde a última vez em que ela esteve aqui a mostra.

E ele não tinha falado que a água era para mim?

Kin ficou esperando por um agradecimento que não veio. Ao invés disso ela viu ele se virar e me entregar o copo e então a encará-la de maneira fria e eu conhecia aquele olhar. Ele estava irritado. Kin ficou pálida e voltou para a cabine de comando o mais rápido que conseguiu. Segurei uma risada enquanto tomava a água e, quando abaixei o copo, o sr. Uchiha estava me olhando.

Senti o sangue se concentrar em minhas bochechas e abaixei a cabeça ao colocar o copo em cima da bandeja que continuava na mesa.

— Obrigada, senhor.— Agradeci me sentindo tímida de repente, o que não era do meu feitio.

Me estranhei por esse comportamento.

— Não tem de quê.— Respondeu me assustando.

Eu não esperava ouvir sua voz.

Ele não costuma responder à agradecimentos.

— Então, quer ver um pouco de TV?— Perguntou e eu levantei a cabeça rapidamente.

O que tinha acontecido com o "eu deveria tentar dormir"? E ele estava mesmo me perguntando aquilo? Percebi que minha boca estava um pouco mais aberta do que seria considerado apropriado e a fechei imediatamente.

— Não, senhor.— Eu neguei rápido de mais e logo me vi explicando. — Não quero atrapalhar o que estava fazendo mais do que já atrapalhei.

— Eu não estava fazendo nada de importante. — Falou. — Talvez isso a ajude a se distrair para não ter outro ataque de pânico.

 Por alguma razão misteriosa eu senti algo dentro de mim perder o ânimo, algo que eu nunca tinha sentido antes.

Eu estava frustrada?

Foi então que assimilei algo que ele tinha falado. Outro ataque... Eu tinha me esquecido completamente de que estava tendo um ataque e de que tinha voltado ao normal. Franzi o cenho.

— É, faz sentido.— Concordei. — Mas eu realmente não estarei lhe atrapalhando, não é?

— Não.— Negou. — Já estava na hora de eu parar de trabalhar.— Falou e então ligou a TV. — Quer assistir algo em particular?— Perguntou e eu balancei a cabeça negando.

Não era como se eu soubesse o que estava passando naquele horário e muito menos que eu tivesse por hábito assistir televisão, eu não tinha tempo para isso. Por causa dos malditos trabalhos que ele me passava e que me ocupavam até nos finais de semana, mas eu não disse isso à ele, claro. Ele deixou em um canal qualquer em que estava começando um filme que surpreendentemente eu conhecia. A Proposta.

Logo me vi prestando atenção em como a chefe era terrível e seu assistente, assim como todos os outros empregados, a odiavam, e o momento em que ela teve a ideia de um casamento falso. Estava tão na cara que eles iam se apaixonar e ficar juntos que nem valia a pena terminar de assistir o filme já que o final era tão claro. Fora que eu já tinha assistido, mas por algum motivo eu me vi interessada em terminar de assistir o filme.

Apertei os olhos com força e mexi um pouco a cabeça, logo senti um leve cheiro amadeirado e sorri. Era delicioso, mas eu não me lembrava de nada com esse cheiro no avião. Foi então que abri os olhos e percebi que não era um cheiro qualquer, era o perfume do Sr. Uchiha!

"Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus."

Repeti mentalmente entrando em pânico.

Em algum momento depois do final do filme e o início do próximo eu devo ter pego no sono e deitado em seu ombro, o que é a única explicação para eu ter acordado ainda deitada em seu ombro. "Eu estou deitada no ombro do meu chefe!" gritei me debatendo em pânico na minha mente. "Pronto, agora é que eu vou ser despedida pela minha falta de conduta profissional... Ai senhor."

Eu sabia que precisava me levantar e me ajeitar antes dele acordar, se é que ele estava dormindo, o que eu esperava do fundo do meu coração que ele estivesse porque me pouparia um momento muito constrangedor, mas considerando minha sorte era capaz que ele não estivesse. Só que se ele estivesse, então eu estava apavorada com a possibilidade de me mexer e despertá-lo.

Me desencostei lentamente de seu ombro.

— Acordou, Haruno?— Ouvi sua voz e gelei.

Ele já estava acordado!

Claro que estava.

Puta que pariu, isso não está acontecendo.

Sua voz estava rouca e percebi que estava arrepiada. Mais que merda, não era hora para palhaçadas assim! "Não seja estúpida, Sakura", me repreendi. Tá bom, a voz dele realmente fica sexy quando ele acorda, mas pelo amor de Deus, mantenha a cabeça no lugar e se preocupe em não perder o seu emprego.

— Si-Sim.— Gaguejei e minha voz saiu meio esganiçada.

Maravilha!

O homem fala com uma voz daquelas e eu acordo com uma voz de taquara rachada. Podia ser mais vergonhoso?

Me afastei e tentei me recompor já sentada.

Não ousei olhar em sua direção enquanto passava as mãos pelos meus cabelos tentando amança-los e rezando para que não parecessem ter vida própria. Eu tinha certeza que estava vermelha e não estava gostando nenhum pouco de ter incorporado a Hinata nas últimas horas.

Respirei fundo e me preparei para encará-lo.

— Me desculpe, senhor.— Disse completamente arrependida e rezei a todas as entidades superiores que eu conhecia para ele ver que eu realmente estava e que não me demitisse.

— Tudo bem.— Respondeu simplesmente e algo em meu peito se apertou.

Quer dizer, era claro que o cara já estava acostumado à mulheres dormindo em cima ou embaixo dele e uma garota como eu deitando a cabeça em seu ombro não iria importar, mas o descaso com que ele falou isso me afetou mais do que seria correto. Além do mais, eu deveria estar feliz por ele não se importar, certo?

Dei um pequeno sorriso triste em sua direção sem poder evitar e vi um estranho brilho passar por seus olhos.

O que poderia ser?

A voz de Temari me tirou dos meus devaneios. Eu tinha me esquecido de que ela estava aqui, como consegui esquecer?

— Sr. Uchiha?— O chamou. — Estamos sobrevoando Paris.— Avisou e eu não consegui segurar a minha curiosidade.

Me virei e então olhei pela janela não conseguindo segurar também o sorriso que se espalhou pelo meu rosto. O acontecimento dos últimos minutos parcialmente esquecido perante a vista que se estendia sob meu olhos.

Ouvi a voz da Tema atrás de mim e podia sentir que ela também estava sorrindo.

— Bem-vinda à Paris, Saky.


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Notas finais do capítulo

Vestido: http://2.bp.blogspot.com/-hEh9il2Z-iw/Tc18P7UiMlI/AAAAAAAAAGo/bcnqxMjC6GM/s1600/Com-que-roupa-vou-para-um-jantar-romantico+%25281%2529.jpg
Sapatos: http://caras.sapo.pt/moda/2011/09/29/jimmy-choo-525.jpg/ALTERNATES/w360h395/jimmy+choo+525.jpg
Hmmm, deixe-me ver por onde começo... As roupas, certo! Como já deve estar na cara elas vão ser usadas se não eu não as estaria mostrando e por isso já dá pra imaginar onde a Saky vai usá-las, né? Paris também é a cidade do amor...
O que mais? Aaah sim, a coisa toda da claustrofobia foi a minha tentativa de reconstruir um capítulo de um livro que eu li um tempo atrás e adorei, A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista, e obviamente no livro esse cena ficou muito melhor, mas eu não consegui evitar não me lembrar desse livro enquanto escrevia.
Sobre o filme, A Proposta, eu me lembrei da fic enquanto assistia ao filme um dia desses e achei que essa tinha sido a oportunidade perfeita de encaixar o filme na história, e claro, criar um momento SasuSaku...
Falando nisso, eu espero estar indo de acordo com as expectativas, porque estou tentando nem ir muito rápido com eles e nem demorar tanto, mas não está sendo tão fácil quanto eu achei que seria kkkk.
Por favor, gente, comentem! Comentários podem ser muito inspiradores, principalmente se vocês quiserem sugerir algumas coisas... Eu sempre estarei disposta a ouvir sugestões.
Acho que era só isso.. então lembrem-se de fazer essa autora feliz e até o próximo capítulo! Que venha Paris...
XOXO
P.S: Se puderem dar uma olhadinha na minha outra história SasuSaku e dizerem o que acharam... Seria incrível para mim. O nome é: Porque, ás vezes, sonhos são tudo o que nos restam. Obrigada desde já.



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