Apaixonada Pela Serpente 3 - Estressada Com O Dest escrita por Angy Black


Capítulo 10
A Magia Elemental parte I




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O silêncio se apossara da sala de Transfiguração naquela tarde, com exceção somente das penas que arranhavam os pergaminhos em cada carteira. McGonnagal caminhava por entre as carteiras garantido o silêncio dos demais.


Uma jovem na primeira carteira mordera os próprios lábios vermelhos ao preencher uma última anotação em seu pergaminho. Seus dedos sujos de tinta agora lutavam contra as mechas avermelhadas que lhe escapavam de seu coque. Era assim que gostava de
trabalhar, com os cabelos presos, sem nada para distrair-lhe de suas anotações.


– Acabou? - chamara a professora.

A jovem subira os grandes olhos esmeraldas para McGonnagal ao ser surpreendida pela voz da professora. Era sempre a primeira a acabar seus exames e já era a terceira vez que McGonnagal perguntava se ela já havia terminado. De fato ela já terminara há um bom tempo, mas se negava até então a entregar o próprio pergaminho sabendo que faltara alguma coisa.


– Creio que já está pronto, professora. – dissera a jovem respirando fundo e levantando de sua própria cadeira.


– Tem certeza que não falta agora reler seu pergaminho pela quadragésima vez, minha querida? – dissera uma voz a algumas carteiras atrás de si, o que fizera os outros alunos rirem. Não era necessário virar-se para saber quem a provocara e não se deu ao
trabalho de mostrar-lhe seu mais novo olhar de irritação.


– Chega, senhor Potter. – se dirigira McGonnagal para um jovem bonito de cabelos escuros bagunçados e óculos – Quando é que vai passar pelo menos uma aula minha sem perturbá-la?


– Ahh... Não leve para o lado pessoa, professora. Ele me perturba em todas as aulas. – respondera a própria baixo para a professora, porém não baixo o bastante, fazendo Potter cair na gargalhada.


– Basta sair comigo... – dissera ele galanteador e se virando para trás encontrando o olhar do amigo que rira junto com ele.

Este, que mantinha as pernas em cima da carteira de forma desleixada, ria de leve com os braços cruzados. Tinha os cabelos muito claros e um olhar negro profundo. Então ele levantara do nada e fora no seu andar de gato selvagem até a professora.


– Terminei, professora... – dissera ele simplesmente. Seu olhar se encontrara com o da garota. “Como pode Potter se interessar por ela?” pensara ele e logo desviara o olhar.


– Ah, senhor Malfoy...Deixe-me ver. – dissera McGonnagal recolhendo seu pergaminho – De fato, pode não ser tão concentrado e obediente quanto seu irmão, mas se ele deixasse de lado um terço de sua arrogância para ter pelo menos um quarto de seu talento...


– Eu também sou arrogante... – brincara o jovem fingindo estar ofendido.


– Ela se refere àquele ar de “que está com alguma coisa fedida em baixo do nariz” de Lucius. – dissera Potter em voz alta de onde estava, tirando risadas de todos, em exceção de McGonnagal e da garota.


– Sem contar aquele rabinho de cavalo dele, é grotesco. – comentara um jovem que estava sentado em dupla com ele. Tinha os cabelos castanhos escuros, porte elegante, e olhos azuis debochados, com certeza pertencente a uma família nobre. Potter rira ainda mais escandalosamente.


– Chega, Black. – censurara McGonnagal para o outro, mas fora ignorada.


– Na boa, vamos corta aquele cabelo dele? Ele está pedindo isso há anos, por favor. – dizia Potter em meio a risos. – É uma família que realmente veio para abominar os bruxos decentes. Sem ofensas, Ephram. – dissera ele por fim para o rapaz loiro de frente para a professora.


– Que isso... – dissera o próprio achando graça.


– É cara, não liga não. Minha família também é assim. – dissera Black rindo novamente com Potter.


– Já chega! Estamos em aula! A Srta. Evans tem um trabalho para apresentar. – dissera McGonnagal implorando para que o horário daquela aula terminasse.


– Ok, já chega! Acabou a graça, a minha Evans vai apresentar! – brigara Potter com os outros, tirando risos de Black.


– Cala a boca, Potter! – brigara a garota virando-se para ele furiosa, não acreditando no que estava acontecendo.

O próprio levantara as mãos em inocência informando que já estava quieto e que ela poderia continuar. Depois para mais irritação da ruiva ele abaixara as mãos para ajeitar os óculos dando um sorriso canalha em sua direção. A ruiva virara rugindo de raiva.


– Ok, então. Sr. Malfoy, pode se sentar em seu lugar, o senhor será o próximo. Quem for terminando vai se adiantando depois deles. – dissera McGonnagal.

Ephram obedecera McGonnagal, voltando a sua carteira, mas não esquecendo de jogar um pergaminho amassado para Potter que o agarrara na mesma facilidade com que agarrava um pomo de ouro. Potter e Black se apertaram para ler o pergaminho que continha nada mais nada menos que as respostas do trabalho de Transfiguração.


– É disso que eu gosto nos Malfoy, sempre prestativos. – dissera Black baixo e acenando em agradecimento para Ephram. Potter rira baixo. Logo seu ombro fora cutucado e eles se viraram para trás onde um garoto de cabelos castanhos claros e aparência cansada os olhava com censura.


– Por que não se dão pelo menos ao trabalho de ler as questões? Por favor... Nunca precisaram de cola em matéria alguma.


– Remo quer fazer o favor de ficar quieto? – reclamara Black com impaciência.


– Sabemos que não precisamos, Aluado. Mas é só pelo fato de que realmente não queremos nos dar ao trabalho... Preguiça é um mal de estudante. – brincara Potter. Remo apenas revirara os olhos. Logo Potter se virou para frente, enquanto Evans ia até a mesa da professora de frente para a turma e começava a apresentar seu trabalho. – Aliás... Ela já o faz tão bem...


– Ah, Merlin! – reclamaram Black e Remo entediados, se ajeitando melhor em suas carteiras.


Evans estava de frente para a turma e abrira seu pergaminho em cima da mesa. Em seu pergaminho continha uma caligrafia antiga e delineada como a de um cientista. Continha também pequenas ilustrações explicando o processo da magia da qual falava. McGonnagal a olhava com entusiasmo, não era segredo que Lílian Evans era a favorita de muitos professores. James Potter, Sirius Black e Remo Lupin que sempre andavam juntos, também eram muito conhecidos pela sua inteligência. Mas não ocupavam cargo de favoritos pelo número de confusões em que se metiam por dia e o número de detenções que sujavam bem suas fichas. Abrindo exceção apenas, e às vezes, de Remo, que era monitor-chefe da Grifinória assim como Evans.


– A Magia Elemental... – começara Evans decidida para a turma que prestava bastante atenção. – Ou a Magia Elementar, não é uma magia que pode ser aprendida, mas sim um dom. O
dom de se familiarizar com os elementos da natureza.


– Se eu tivesse esse dom já teria há muito tempo transformado o Ranhoso num pedaço de graveto. – murmurara Black indiferente, fazendo Potter prender uma risada.


– Um dom que poucos bruxos conhecidos até hoje já conseguiram controlar. Assim como até mesmo o ofidioglotismo: o dom de falar com as cobras. – continuava Evans.


– É, porém só bruxos das trevas são ofidioglotas. – dissera uma voz feminina com certo deboche.

Era uma jovem bonita de longos cabelos negros e grandes olhos azuis que passavam um ar intimidador. Evans não gostava dela, notara o ar desafiador dela, mas não se abalara.


– Bella, por favor... – pedira a dupla de Bella. Uma jovem loira que Evans sabia ser irmã da outra. Porém, Bella a ignorara.


– O que quer dizer? Que há alguma restrição para portadores da Magia Elemental? Bruxos “bons”, por exemplo? – ela continuara ainda em mais deboche. Evans respirara fundo antes de responder.


– Não há nenhum registro que prove o tipo de restrição tanto para portadores da Magia Elemental, quanto para o dom de falar com as cobras. Salazar Slytherin, por exemplo, foi o ofidioglota mais famoso, e não há provas suficientes de que ele realmente tenha sido um bruxo das trevas.


– Provas suficientes? Além da Câmara Secreta? – perguntara Bella ainda desafiadora.


– Srta. Black! – censurara McGonnagal.


– A Câmara Secreta não passa de uma lenda, até onde se sabe. – dissera Evans. – De qualquer forma, bruxo das trevas ou não, eu duvido que seu dom tenha dependido disso. Como eu disse Slytherin foi o ofidioglota mais famo...


– Pensei que Voldemort fosse o mais famoso. – cortara Bella.


– Srta. Black! Exijo imediatamente que pare já com esse assunto!

– Estamos apenas discutindo a matéria... – dissera Bella indiferente.


– Você está sempre “apenas discutindo a matéria”, não é, priminha? Discutir sempre é sua atividade favorita. – debochara Sirius. Bella apenas o olhara com um pingo de irritação e dissera indiferente.


– Mantenha-se apenas em sua insignificância, Sirius. – o rapaz apenas rira em deboche.


– Chega! Os dois! Continue, Srta. Evans. – dissera McGonnagal massageando a cabeça.


– Sim, professora. Como eu ia dizendo... Não há relatos sobre uma possível restrição para com o portador das citadas magias. A bruxa Antares Sérpia, por exemplo, a mais famosa portadora da Magia Elemental, era conhecida por sua ambigüidade na era da Guerra dos Bruxos.


– Uma bruxa do bem que mantinha um romance com um bruxo das Trevas. – dissera Ephram de onde estava. Alguns se viraram surpresos pelo conhecimento dele.


– Exato. – dissera Evans. – Há relatos sobre um possível relacionamento amoroso entre Sérpia e seu maior inimigo...


– Salazar Slytherin. – completara Bella indiferente.


– Não somos sempre nós que interferimos na aula? – murmura Sirius para Potter.


– Shiii, está interessante. – respondera Potter sem desviar a atenção da ruiva.


– Então como podem ver, não tem como relacionarmos o dom da Magia Elemental ao caráter do bruxo. Assim como bruxos bons já adquiriram o ofidioglotismo...


– Cite um. – desafiara Bella.


– Como eu disse não há relatos sobre o verdadeiro caráter de Slytherin...


– Por favor... – debochara a morena. – Não há relatos? Estamos falando de Salazar Slytherin...


– Muito observadora... – murmurara Sirius em deboche.


– O bruxo das trevas que se virou contra os outros fundadores de Hogwarts por seu ódio aos sangues-ruins. – dissera Bella maldosamente para Evans.


– Black... – tentara McGonnagal já derrotada.


– Que os desprezava a tal ponto, que se recusava a lecionar a eles. Fundador da Câmara Secreta, um dos que deu origem a Guerra dos Bruxos...


– A propósito... – dissera Evans calmamente, cortando-a. – Sérpia era nascida trouxa. – um silêncio se alastrava na sala de aula, Bella mantinha um olhar raivoso para a ruiva que riu de lado. A troca de olhares só foi interrompida com o sinal da escola que tocara.


– Ah, Merlin, a aula acabou... – dissera McGonnagal aliviada. – Evans querida, terminará sua apresentação na próxima aula.


– Sim, professora. – respondera Evans indo até sua carteira e recolhendo seu material assim como os outros.


– E quem não terminou o trabalho me entregue na próxima aula, sem falta!


– Aqui, professora, o meu e o de James. – dissera Sirius entregando os pergaminhos à professora com um sorriso amarelo. McGonnagal recolhera os pergaminhos com um olhar desconfiado. – E a senhora é uma ótima professora, de verdade... O modo como impõe...


– Tudo bem, Black, pode se retirar... – dissera a própria revirando os olhos.


Evans recolhia seu material, guardando seus livros dentro de sua mochila, quando se virara levara um susto ao dar de frente para um sorridente Potter, que se mantinha a um centímetro de distância dela.


– Lily... Tudo bem?


– Tudo bem? – dissera ela em fúria. – Fique pelo menos um dia numa distância de um quilômetro de mim e talvez assim as coisas fiquem bem. – ele abrira ainda mais o sorriso ainda não a deixando passar. – E me deixe passar!


– Sabe... Prestando atenção em todo aquele debate sobre a Magia Elemental e o Sr. Blá-blá-blá... Eu pensei: “Por que não chamar a Evans para sair?”.


– Por que você sabe que eu vou dizer “não”? Ou melhor, você já me chamou quatrocentas vezes e olha que coisa: eu sempre digo “não”! – dissera ela tentando passar.


– Eu não guardo ressentimentos...


– Ah, que pena...


– É sério, Lily, até o idiota do Slytherin teve uma chance.


– Incrível, não é? Sorte a minha que o mesmo não acontecerá com você. – dissera ela em deboche, logo forçando passagem e saindo de fora da sala.


– Mulheres... – resmungara Potter para um divertido Sirius. – Qual é o problema dela? Eu sou irresistível...

Lílian caminhava decidida pelos corredores do primeiro andar da escola quando notara que o sol já terminava de se pôr. Ela parara debruçada sobre a murada para admirar o fim da tarde, aos poucos os raios de sol iam morrendo sobre sua face, ela fechara os olhos sentindo apenas aquele ritual sobre seu rosto.


Quando abrira os olhos o céu já estava quase totalmente escuro, fora então quando notara algo se formar no céu. Algo grande, numa tonalidade verde, uma caveira e logo uma cobra saíra por dentro de sua boca. A escola estava sendo atacada. Logo ouvira as exclamações surgindo atrás de si: “São os Comensais da Morte do qual o Profeta Diário falou.” e “Mas o que eles querem aqui em Hogwarts?”. Logo Lílian se virara para todos nos corredores de forma autoritária e decidida.


– Alunos da Grifinória juntem-se! Preciso que voltem imediatamente para o Salão Comunal! Agora! Andem! Alunos do primeiro ano na frente! – fora quando vira um vulto correr em direção a Floresta Proibida, pressionara a vista e reconhecera-o. – Potter!


Lílian mandara mais uma vez todos para o Salão Comunal e correra irritada atrás de James, não acreditando no que estava acontecendo.


– Potter! – ela chamara, mas ele não ouvira. – James Potter! – ela chamara novamente, o rapaz se virara para trás sem parar de andar.


– Volte para o castelo, Evans. – ele dissera indiferente.


– Com o Senhor junto! O que pensa que está fazendo? – brigara ela já bufando, o rapaz a ignorara e ela estressada o enfeitiçara fazendo-o cair e logo ela o alcançara. – Você ficou maluco? Há Comensais da Morte lá, sabia?


– Eu sei. – dissera James indiferente, livrando-se do feitiço, se levantando com o olhar irritado e continuando seu caminho, mas Evans se colocara na sua frente. Então ele a olhara irritado. – A Grifinória não está precisando de você?


– Exatamente, Potter. E como monitora eu tenho a obrigação de garantir que todos estejam dentro do Salão Comunal, inclusive você!


– Isso não vai ser possível. – dissera ele tentando andar e ela o empurrara para trás mais uma vez.


– Não me faça petrificar você!


– Eles mataram os meus pais! – dissera ele de forma séria com raiva e a ruiva engolira em seco ainda sem abaixar a cabeça.


– Eu sei, mas você nada vai poder fazer agora...


– Quer apostar? – ele dissera entre dentes.


Logo uma luz verde os atingira fazendo ambos caírem no chão. Lílian caíra para trás desacordada com seus cabelos vermelhos já soltos espalhados no chão. E então o liso começara a ganhar cachos, o vermelho ia virando cobre até se transformar num castanho, assim como o rosto ia virando outro, assim como o tempo ia se adiantando...


**

Mais ou menos vinte anos se passaram. No lugar de uma garota ruiva, era Hermione Granger que se encontrava desacordada sobre uma cama hospitalar na sessão especial da Ala Hospitalar de Hogwarts.

O único barulho naquela Ala Hospitalar era o dos passos apressados de Madame Pomfrey indo do seu caldeirão medicinal à cama de Hermione.
McGonnagal notara apreensiva Pomfrey encher uma seringa de uma poção púrpura contida em seu caldeirão. Logo a enfermeira puxara o braço da castanha e antes que introduzisse a agulha McGonnagal se pronunciara.


– Pomfrey... Acha necessário?


– Granger se encontra num coma profundo. É horrível, mas eu não posso curar os ferimentos dela enquanto estiver desacordada.


– Mas assim ela vai sentir... Ela já foi muito torturada. – McGonnagal sentia sua voz falhar ao falar da aluna.


– Descobriram mais alguma coisa? – perguntava a enfermeira enquanto injetava a poção na castanha.


– Nada novo. Somente que eles foram encontrados dentro da Floresta Proibida, não sabemos exatamente o que aconteceu. – a enfermeira suspirara com irritação abrindo mais a camisola da garota e analisando ainda mais sua cintura.


– O que mais me preocupa é esse ferimento. – McGonnagal ao notar a ferida aberta que se encontrava na cintura da garota levara aos mãos à boca horrorizada. – Eu não consigo identificar esse ferimento... – dissera a enfermeira passando um algodão em volta da ferida. – Digo... Foi feito com um punhal, mas há uma Magia Negra que me bloqueia a passagem na ferida.


– Mas quem faria uma coisa destas? E com que propósito? – dissera McGonnagal ainda mais tensa.


– Não sei dizer... Nunca vi nada igual, só sei que devemos chamar Dumbledore o mais urgente possível.


– Não conseguimos encontrar o diretor em lugar algum... Ele disse que voltaria esse mês, mas não especificou data.


– Dumbledore devia parar com suas missões fora de Hogwarts, é aqui que estão acontecendo os ataques. – desabafara Pomfrey com irritação.


– Ele confiava que nós professores daríamos conta... – dissera McGonnagal sentindo o peito inflar em culpa. Houve uma pequena pausa. – E o Malfoy... Como está? Severo e eu nem acreditamos quando o encontramos vivo. Definitivamente a magia contida nele era um Avada Kedavra...


– E ainda é. Não sei como é possível, mas independente se está acordado ou não, o Sr. Malfoy está absolutamente vivo.


– Não conseguimos entrar em contato com nenhum integrante da família Malfoy...


– A Sra. Malfoy deve estar bastante ocupada visitando o marido, onde que quer que ele esteja escondido. E os pais da Srta. Granger?


– Eu não tive coragem... Eles são trouxas... Esperava que Dumbledore voltasse e falasse com eles. O problema é que a escola está alarmada...


– Tenho pena do Sr. Potter... Cada dia acumula mais motivos para ser o assunto da escola...

**

Já era a terceira vez que Harry caía em meio a uma raiz alta indo de encontro com a neve. Sentia suas pernas doerem, a neve estava densa, dificultando a passagem cada vez mais para a Floresta Proibida, contando ainda com uma tempestade de neblina que tomava todo o lugar, não o deixando enxergar um palmo à frente.


Harry apontava sua varinha para frente, iluminando um pouco o lugar e chamando insistentemente, percebendo então que sua voz também começava a falhar.


– Hermione! – ele chamara deixando sua voz ecoar entre a neblina. Logo ouvira uma voz não muito longe exclamar.


– Avada Kedavra!

Harry correra desesperado às cegas para dentro da neblina à procura da amiga. Logo tropeçara em outra raiz caindo na neve novamente, seus óculos voaram alguns metros, deixando-o ainda mais cego. Apalpara a neve enquanto engatinhava por um tempo procurando seus óculos e então o achara repondo-os nos olhos.


Fora então que notara uma mão caída um pouco a sua frente, de pé Harry exclamara um feitiço fazendo a densa neblina afastar-se um pouco e então vira que a mão pertencia a Hermione que estava com Draco, caídos na neve, um ao lado do outro. Hermione parecia ainda muito mais machucada e com ferimentos gravíssimos, os cabelos castanhos espalhados na neve fazendo o contraste com sua pele que mantinha um tom meio acinzentado. Ela estava morta...


***

Harry levantara sobressaltado do sofá aonde cochilara sem perceber, quando notara um par de olhos azuis a sua frente.


– Calma, Harry! Sou eu. Gina. – dissera a ruiva tentando acalmar o garoto que suava frio tendo quase um ataque do coração. – Você estava sonhando, calma... Isso que dá ficar aqui enclausurado. Eu falei pra você ir para aula. Já é o terceiro dia que falta.

Logo Ron entrara pelo quadro da Mulher Gorda se jogando numa poltrona em frente dos dois, enquanto Harry se ajeitava melhor no sofá, tentando esquecer o pesadelo.


– É um absurdo! – reclamara Ron jogando um Profeta de Hogwarts com raiva para os dois, que juntaram as cabeças para lê-lo. – Outra matéria vagabunda sobre o resgate do Harry. Agora estão dizendo que você e Malfoy tentaram duelar até a morte na Floresta Proibida. Nem preciso dizer quem levou a pior, não é? E estão achando também que foi você quem atacou Gina antes de ‘fugir’ para a Floresta Proibida. E Hermione? Fugiu desesperada pra dentro da Floresta, por ver Linda cantando no lugar dela, não agüentou ver seu cargo roubado, tanto de monitora quanto de símbolo sexual pop de Hogwarts. Na boa, Antônio Balazer devia pagar Hermione por vender jornais para ele. Filho da mãe! Agora eu a entendo, sabe?


– Duelo até a morte? – dissera Harry tentando não gritar de fúria enquanto lia aquela matéria absurda. – Estão achando que EU dei o Avada Kedavra no Malfoy? Bem que eu gostaria, mas...


– E o Conl? Onde fica nessa história toda? – perguntara Gina.


– Engraçado a única coisa da qual acusam Conl é de ser animago... Todos os dias. Animago! Animago! Animago! – debochara Ron ainda nervoso.


– Fala como se fosse pouca coisa, ele não é legalizado, pode ir para Azkaban. – dissera Gina.


– Por favor... – ironizara Harry sem tirar os olhos dos jornais, afinal Conl era íntimo dos Malfoy, se Lucius Malfoy, Comensal da Morte, consegue manter o ministério longe dele, Daniel Conl que não seria preso por se transformar num bichinho.


– Você não está entendendo. – ironizara Ron se curvando para Gina de forma raivosa. – Conl é acusado de animago e Harry de assassino! Quero dizer... Viva Daniel Conl o poderoso animago! E eu? Eu fui resgatar o cara que tentou matar a minha irmã... – terminara Ron de forma espalhafatosa, fazendo Harry achar graça.


– Como você é dramático, Ron... – dissera Gina revirando os olhos.


– Não! É incrível como Balazer tem criatividade, ou melhor... É impressionante como o canalha consegue informações. – dizia Ron encostando-se na poltrona ainda de forma irônica e raivosa. – Igual na matéria de ontem, ele citou a raça do cavalo do Comensal Chefe lá, disse que era um imenso corcel negro. Vocês por acaso notaram isso? Porque eu não havia notado que se tratava de um corcel negro, o cavalo podia ser rosa-choque que era possível eu não notar. Eu estava mais preocupado com o tio do Malfoy que estava em cima dele vindo em nossa direção, que por sinal estava tentando nos matar!


– Nada de novo. – reclamara Harry jogando o Profeta de Hogwarts no chão ignorando o amigo. – Nada sobre o tio do Malfoy, Lestrange, Voldemort... Nada. Não consigo entender o que aconteceu lá, por mais que eu tente... Quero dizer... Malfoy? Não... O máximo que se passa pela minha cabeça é que ele pode ter levado o feitiço no lugar da Hermione, por mais que não seja do feitio dele...


– Toda a escola está comentando que Malfoy levou um Avada Kedavra e sobreviveu... – dissera Gina também pensativa. – Dumbledore vai ter realmente muitos problemas quando voltar.


– Que tenha! – explodira Ron enquanto os outros dois continuavam pensativos. – Aquele velho lá! Que abandona a escola em meio a guerra dos bruxos! É impressionante como ele é prestativo, não é? Ele vê que Hogwarts não foi atacada por duas semanas e viaja! O que ele espera que a gente faça? Que a gente chame os Comensais para um churrasco no domingo enquanto jogamos uma partida de Quadribol?

– O ministério vai colar em Dumbledore... – dissera Harry sério como se não ouvisse o amigo.


– Ah, eu quero mais é que Dumbledore se exploda!


– Rony! – brigara Gina. – A culpa não é de Dumbledore nem de ninguém se...


– Não, a culpa é do Voldemort que cismou com a cara do Harry... – cortara o ruivo ironizando.


– Rony... – dizia Gina massageando a testa enquanto o irmão continuava no seu discurso.


– Ou melhor... A culpa é do Harry que não morreu nas mãos dele quando tinha um ano.


– Pelo menos não temos que nos preocupar com a matéria que muda todos os dias, ao contrário de Hermione que continua inconsciente e Merlin sabe até quando. – dissera Harry ainda sem se importar com o escândalo do amigo.


– Ah claro... – voltara Ron na sua ironia – Com sorte amanhã dirão que fui eu quem transformou Conl num cavalo.


– Harry é verdade que você tentou matar o Malfoy? – perguntara um primeiranista para Harry de forma maravilhada. Porém fora Ron quem respondera de forma bruta.


– É claro! E isso foi antes da Hermione virar um pterodátilo e chamar seu exército de opa-lompas para me comerem vivo!– dissera ele irônico fazendo os garotos correrem.


– Você é impossível. – censurara Gina.


– Eu vou melhorar depois que eu tiver a cabeça do Balazer numa bandeja.


Ele estava de costas, mirando o lago enquanto um vento forte batia em sua face espalhando seus cabelos loiros. Snape caminhava em sua direção a contra gosto. Já sabia como lhe retribuiria a conversa, era um garoto impossível, espalhafatoso, que só queria saber de se divertir e exibir-se. Não lhe parecia um bom sonserino, pelo contrário, lhe lembrava mais um dos malditos Marotos. Com certeza ao chamá-lo se viraria para ele com aquele sorriso debochado e olhar cínico, faltando-lhe o respeito. Ao estar enfim às costas dele o vira com as mãos nos bolsos da calça, ainda sem notar sua presença.


– Conl. – chamara Snape.

Daniel demorara um pouco para se virar, mas quando o fizera surpreendera até mesmo o professor que vira um olhar sério, sem nenhum sorriso debochado... Uma cara que realmente ninguém naquele castelo já vira em Daniel Conl, ele que sempre fora responsável pelas risadas e brincadeiras. Agora estava apenas sério e quem sabe até mesmo... Era uma expressão estranha. Snape fingira não notar a aparência do rapaz, continuando no seu tom intimidador.

– Venha a minha sala... Na ausência do diretor falará comigo e com Minerva. E agora. – e sem dizer mais nada dera as costas indo em direção ao castelo, sendo seguido por um sério Daniel Conl.


Enquanto caminhava pelo castelo, Daniel atraía o olhar de todos os estudantes nos corredores, que cochichavam sobre o ocorrido. Não era mais segredo para ninguém que Daniel Conl fora encontrado desacordado na Floresta Proibida, no local onde acontecera uma transformação animaga ilegal, na noite do ataque dos Comensais. Sem contar que só ele parecia saber o que acontecera de fato com Draco e Hermione, já que Harry e Ron ficaram para trás.

Foram dias muito difíceis para Daniel. Seus melhores amigos estavam em coma e ainda tinha de aturar todo o falatório e as pessoas que vinham lhe fazer perguntas.


Snape abrira a porta da diretoria da Sonserina dando passagem para que o francês entrasse. Logo que Dan entrara, vira que McGonnagal também se encontrava na sala, sentara-se na cadeira de frente para o diretor da Sonserina, enquanto McGonnagal continuava em pé olhando de um para outro com o olhar apreensivo.


– Já falou com o Potter e o Weasley? – perguntara Snape para McGonnagal.


– Sim, Severo. – dizia McGonnagal mais para Daniel do que para Snape. – E a história termina quando eles e o Sr. Malfoy vão atrás do Sr. Conl e a Srta. Granger. Nada mais sabem daí, apenas que o Sr. Conl fora encontrado desacordado e...


– Eu estava lá, eu me lembro. – murmurara Dan sem encarar nenhum dos dois.


– Então... Conte-nos o que aconteceu. – suplicara a professora.


– Como Draco está? – perguntara ele ainda sem encará-los.


– Ainda desacordado. – dissera a professora com a voz fraca.


– E Hermione...? – perguntara Dan engolindo em seco ainda sem encarar ninguém.


– Também... – dissera a professora depois de um tempo sem conseguir responder. Porém Snape que estava inquieto levantara-se agressivo de seu acento.


– O que queremos saber, Sr. Conl, é o que exatamente você, o Sr. Malfoy e mais três grifinórios estavam fazendo dentro da Floresta Proibida e em meio ao ataque de Comensais, uma vez que todo o mundo mágico sabe do interesse deles no Sr. Potter. E também gostaríamos de saber o que aconteceu com a Srta. Granger e o Sr. Malfoy e porque eles se encontram num estado muito mais crítico do que o Sr. Potter. Ah! E já íamos nos esquecendo. Desde quando o senhor é um animago? Responda, Conl! – dissera o professor de forma acusadora, Conl apenas o olhara sério de forma nada intimidado. Então ouvira a voz mais compreensiva da professora McGonnagal.


– Nos responda, Conl, por favor... É importante.


– Pode ir para Azkaban, sabia disso? – brigara novamente Snape.


– Chega, Severo. Por favor. – suplicara Minerva. Snape contrariado, sentara-se em seu acento ainda encarando um Dan que não se abalara em momento algum com o tom do professor. – Daniel?


– Os Comensais atacaram a Weasley e levaram o Potter. Fomos... – começara Daniel tentando não se abalar. – Resgatar o Potter...


– Ah! Que idéia mais estúpida! E é incrível como o Potter sempre é o motivo disso...


– Severo, deixe-o continuar. – brigara McGonnagal.


– No caminho... Apareceram Comensais e o tio do Draco...


– Tio do Draco? Refere-se a...


– Ephram Malfoy. – respondera Severo em seu lugar. Minerva levara as mãos à boca.


– Merlin... Não tinha ouvido falar dele por anos, achei até que podia ter morrido... Lembro dele, era um bom rapaz.


– Ele geralmente é muito legal, o problema é quando vê uma nascida trouxa. Draco me mandou tirar Hermione de lá... E eu o fiz, mas... Não fui rápido o bastante. – então Dan parara de falar, sentindo sua garganta engasgar e algo muito pesado cair sobre seu peito... “Hermione...” pensara ele.


– Continue, Conl. – insistira Snape irritado.


– Ephram nos alcançou e levou Hermione com ele... Eu não pude fazer nada, já havia sido nocauteado. Depois Draco apareceu com o Potter e o Weasley,... E eu falei que Ephram a tinha levado para ele salvá-la. Eu o mandei ir atrás dela, eu não podia. E ele foi...


– Você o mandou ir? – brigara Snape. – Mandou Draco ir de encontro a Comensais?


– Eu não achei que algo lhe aconteceria... Ele sempre teve imunidade entre eles...


– Pois Draco levou uma Maldição da Morte e a culpa é toda sua!


– Severo, Chega! Isso não é verdade

– Isso é imunidade pra você? – continuava Snape acusador, ignorando McGonnagal. Dan apenas mantinha o contato visual com o professor. Logo o sinal do almoço tocara.


– Daniel, querido... Vá almoçar e assistir suas aulas, depois chamamos você. Severo também precisa se acalmar. – completara McGonnagal entre os dois.



– Vocês três podem entrar. – chamara Madame Pomfrey para Harry, Ron e Gina que esperavam sentados do lado de fora da Ala Hospitalar.

Os três a seguiram até a ala especial, onde encontraram Draco e Hermione num coma profundo. Gina parara perplexa entre as duas camas olhando de um para outro.


– É horrível... – dissera a ruiva quase sem voz. – Parecem... Mortos.

Ron sentara na poltrona ao lado da cama de Hermione, de cabeça baixa como um cão leal, tentando não chorar. Harry tirara as flores já mortas do vaso de cabeceira de Hermione e colocara um novo buquê de margaridas amarelas. Depois sentara na beirada de sua cama, acariciando sua mão fria.


– Eu queria que estivesse aqui, Hermione... Precisamos de você. Sempre precisaremos... – dissera se lembrando de quando vira a amiga no mesmo estado no segundo ano. – Quantas vezes teremos de passar por isso?

**

Evans virara a cara com brutalidade ao ser acertada mais uma vez pelo pesado punho do Comensal. Cuspira sangue ao cair no chão, sentindo seus olhos lacrimejarem e seu queixo latejar. Sentia-se fraca, incapaz de permanecer de pé. Vira de canto James muito machucado e desacordado, sentiu uma onda de dor invadi-la e começou a sentir algumas lágrimas escorrerem de seus olhos. Logo fora virada magicamente de barriga pra cima com brutalidade pela varinha de outro Comensal.


– O Lord das Trevas ficará orgulhoso da surpresa que estamos preparando para quando Dumbledore voltar. Seus preciosos alunos mortos... Começando pelos sangues-sujos. – dissera ele amaldiçoando a garota com o Crucio, fazendo-a gritar de dor até cair exausta e sem sentidos no chão. Fazendo uma roda inteira de Comensais explodir em gargalhadas.


– Mate-a logo, estamos torturando-a a mais de duas horas... – dissera outro Comensal ainda rindo. Logo outro Comensal exclamara assustado chamando a atenção de todos: “O que é isso?!”.


As madeixas vermelhas de Evans começavam a se debater no ar num ângulo contra o vento. Logo todas as árvores próximas pareciam ser sugadas por um furacão violento. Todo o ambiente parecia sofrer com uma ventania. Os Comensais mal conseguiam se manter no lugar. O corpo da garota estava escondido atrás de um redemoinho de folhas secas e terra que a contornavam magicamente.


– Que magia é essa? – gritara outro Comensal.

Todos tentavam feitiços que batiam contra o redemoinho em volta da garota e voltavam contra eles. E então tudo cessara. O vento parara assim como o redemoinho cessara, dando lugar apenas para uma Lílian Evans que se mantinha em pé respirando com dificuldade como se estivesse ausente de tudo e todos.


Os Comensais a observaram receosos por um tempo, até que o Comensal no comando fizera sinal para que os outros prosseguissem. Em passos lentos, eles começaram a cercar a garota, com varinhas em punho. A garota não fazia nada, nem mesmo parecia notar a presença deles a dois metros de si.


– Quando eu fizer o sinal... – dissera o Comensal.

E então vira a garota se virar indiferente para ele. Ele vira tenso os olhos verdes da garota se tornarem ainda mais profundos enquanto uma brisa quente parecia radiá-la, fazendo seus cabelos vermelhos flutuarem contra a gravidade novamente. “AGO... “ mas antes que terminasse um anel de fogo surgira em torno da garota, separando-os dela. Os Comensais foram jogados para trás com força, enquanto as chamas ficavam cada vez mais densas, até que o anel se apagara mostrando apenas uma Lílian Evans tensa de braços abertos.


– Vamos sair daqui!– gritara um Comensal. Mas o outro não conseguia desviar a atenção da garota que agora abaixara os braços e parecia soar frio. – Vamos! – pressionara o Comensal enquanto muitos já iam debandados. – Ela não é importante! Vamos!


Depois que os Comensais já haviam saído do local, Evans passava seus grandes olhos verdes a sua volta, de forma perdida, enquanto sentia uma grande exaustão cair em cima de si. Caíra de joelhso sobre a terra apoiando as mãos no chão de forma que seus cabelos cobrissem seu rosto. Sentia como se um poderoso vulcão estivesse dentro de si e aquilo machucava demais, perdia o oxigênio e suava cada vez mais frio. Não tinha noção de tempo nem espaço, não reconhecia nada, só sentia uma dor alucinante sobre os olhos e começara a perder os sentidos novamente, caindo agora de vez desmaiada dentro da Floresta Proibida a menos de dois metros de onde o corpo do Potter também se encontrava desacordado...


*****

A Sala de Transfiguração, onde Harry e Ron faziam totalmente desanimados um dever passado por McGonnagal, estava silenciosa naquele dia. Como também estava silenciosa a Sala de Feitiços, onde Gina apoiava a testa sobre a mão para não cair em cima do próprio dever, o qual não tinha ânimo algum para fazer. E como também estava silenciosa as masmorras, onde jogado em sua carteira Daniel observava os outros alunos arranharem seus pergaminhos.

Toda a escola que permanecia quieta naquela manhã, acabara por se assustar. Algo mágico parecia correr pela escola. Todas as velas se apagaram de uma vez, as vidraças e os objetos de vidro começaram a estremecer e as portas e janelas das salas começaram a bater. Todos os alunos levantaram sobressaltados, enquanto os professores tentavam manter o controle da situação.


– Calma! Calma! Fiquem quietos! – ordenava McGonnagal.


– Acha que é outro ataque? – murmurara Ron alarmado para Harry.


– A essa hora? Duvido muito.


– Fiquem todos juntos, cuidado com os objetos cortantes! – dizia o professor de Feitiços para uma turma desesperada. Gina explodira uma carteira que ia para cima de dois alunos que correram desesperados.


– O que está acontecendo aqui? – dissera a ruiva para si mesma.


Nas masmorras, Daniel aproveitara o tumulto para sair escondido da sala e correra em direção à Ala Hospitalar. Não sabia o que estava acontecendo, mas sentia que era lá que deveria estar.

Fora então que tudo parara. Todo barulho e o tremor, assim como os gritos assustados, deixando a escola novamente em silêncio. Daniel parara de correr observando o lugar, tentando entender o que acontecera. Logo todos os alunos começaram a sair assustados de dentro das salas para ver o que acontecera, deixando o corredor lotado.


– Conl, onde você pensa que vai? – chamara Snape que aparecera também no corredor. – Volte já para as masmorras!

Pomfrey que acabara de presenciar assustada toda a Ala Hospitalar estremecer e os materiais rodearem a cama de Hermione como um ímã, fora nervosa em direção a cama da castanha, levando um susto em ver que a garota abrira os olhos sentindo uma grande animação dentro de si.


– Srta. Granger? – chamara a enfermeira emocionada. A garota virara os olhos para ela, fazendo a enfermeira soltar uma exclamação de alegria. – Bem vinda de volta.


A professora McGonnagal ainda enfeitiçava a sala repondo tudo em seu lugar com a ajuda dos alunos quando recebera uma coruja da torre. Ron que notara dera um tapa no braço de Harry chamando a atenção dele para o fato. Ambos viram McGonnagal ler o pergaminho recebido e esboçar um sorriso alegre e emocionado. Logo a professora procurara pelos dois na sala, logo os encontrando com o olhar e dizendo sem conter a emoção.


– A Srta. Granger... Ela está de volta. Vocês deviam ir até a Ala Hospitalar agora. – dissera ela e ambos completamente em êxtase correram para o local citado.

As portas da Ala Hospitalar foram abertas com um estrondo e Hermione, que já estava vestida com uma roupa transfigurada de seu quarto, vira Harry, Ron e Gina entrarem correndo e vindo desesperados em sua direção. A castanha abrira um sorriso e correra em direção a Harry que a abraçara fortemente por um longo tempo, sem vontade ou condições de se largarem.


– Tem que parar com essa mania de entrar em coma... – dissera o moreno sem soltá-la. Ron e Gina riam da cena.


– Estou aqui, Harry... – dissera a castanha no mesmo tom. Depois Hermione abraçara Ron e Gina fortemente e se virara para os três aliviada por estarem bem. Logo entrara McGonnagal entrar às pressas na enfermaria abraçando a castanha, que rira com os outros da cena.


– Srta. Granger... Graças a Merlin... Como está se sentindo?


– Muito bem... – dissera a castanha até achando estranho esse fato. – Quero dizer... Estou ótima.


– Ótima? – dissera Harry achando estranho. – Você estava em coma... Hermione, você passou quase uma semana desacordada... O que aconteceu lá? – o sorriso de Hermione se apagara aos poucos, vendo a imagem embaçada apenas de um vulto segurando-lhe o pescoço por trás.


– Eu não me lembro... Exatamente.


– Mas isso não é hora para perguntas. O importante é que a Srta. está boa. – dissera McGonnagal. – Eu só não entendo essa sua recuperação...


– Realmente não faz sentido algum... Era para Srta. Granger ainda estar de cama. – dissera Pomfrey para a professora.


– Ah, quem liga? O importante é que você está bem. – dissera Ron carinhosamente.


– E Draco? Onde ele está? – dissera Hermione séria, para os cinco presentes.


– O Sr. Malfoy... Ainda se encontra desacordado. – dissera Pomfrey. Hermione engolira em seco sentindo os olhos arderem.


– Quero vê-lo. – dissera a castanha.

Pomfrey abrira a cortina em volta da segunda cama e Hermione se apressara para estar ao lado do loiro, segurando-lhe a mão gélida sem conseguir segurar uma lágrima ao ver o belo rosto pálido de Draco.

– Parece morto.


– Vamos torcer para que ele melhore, assim como ocorreu com você. – disse Minerva com os olhos cheios de água.

Mas Hermione não prestava atenção em mais nada a sua volta, só sentia seu peito inflar em angústia ao ver Draco daquele jeito. Fechara os olhos forçando-se a se lembrar, mas não conseguia. Mas sabia que era a culpada daquilo, pois lembrava de Draco tentando impedi-la de entrar na Floresta Proibida. “Isso não devia ter acontecido com você...” pensara ela sentindo uma leve enxaqueca.


– Quando é que você vai sair desse estado sereno idiota...? – murmurara ela para si mesma. Sentira então uma mão no seu ombro que sabia muito bem a quem pertencia.


– Vamos, Hermione. Depois a gente volta... Você precisa comer, sair um pouco daqui. – dissera Harry carinhosamente.


– Ele tem razão, Srta. Granger. – dissera Pomfrey. E então Hermione se virara calmamente para Gina, ignorando os outros dois.


– E Dan? – Gina respirara fundo antes de responder com seu olhar ligeiramente preocupado.


– Dan está bem, mas... Muita coisa aconteceu desde aquela noite. Conl está passando pela maior perseguição já vista em Hogwarts.


– Perseguição? – perguntara Hermione com o cenho franzido.


– Infelizmente o Sr. Conl infligiu uma lei gravíssima. Ele é, não se sabe desde quando, um animago não registrado. – dissera Minerva, Hermione virara o rosto contrariada, sentindo uma revolta dentro de si.


– Onde ele está?



Daniel fora chamado para entrar na Diretoria de Hogwarts, onde se encontrava a professora Minerva McGonnagal, que se sentara no lugar do diretor Dumbledore e indicara a cadeira da frente para Daniel se sentar. A volta estavam todos os outros professores de Hogwarts e até mesmo Antônio Balazer com papel e caneta à mão, fazendo Dan imaginar como é que o desgraçado conseguia acesso a tanta coisa. Tudo parecia mesmo um tribunal. Daniel se sentara na cadeira indicada e Minerva se pôs a falar.


– Bem, Sr. Conl. Estamos aqui como uma cópia de uma edição de um Tribunal de Justiça para resolvermos o seu caso. Isso porque não queremos expor um aluno nosso, ainda mais na ausência do Diretor. Tentaremos arrumar uma punição para o senhor caso seja declarado culpado, não tão severa quanto a do Tribunal do Ministério. Temos aqui o professor Snape, quem fará a acusação. – dissera Minerva apontando para Severo, Dan apenas o olhara sério. – E na sua defesa temos uma aluna que se ofereceu como voluntária na sua defesa. – dissera ela apontando para outro lado onde uma aluna de trança castanha ajeitava algumas papeladas de costas para ele. Dan ficara surpreso e logo apertara os olhos em direção a aluna reconhecendo aquela trança cheia, sentindo seu peito inflar de inquietação. – Bem, que comece então.


– O Sr. Daniel Conl está sendo acusado de manter a identidade secreta de animago por anos, sem ser registrado no Ministério da Magia. Isso por ser encontrado no local e hora exata em que fora registrada a mutação. – dissera Snape logo sendo cortado pela voz determinada da voluntária a defesa.


– Há um erro de identidade. – Dan vira Hermione virar-se para Snape não acreditando que ela estava ali, viva, acordada e ainda fazendo a sua defesa.


– Hermione! – exclamara Dan agarrando-a num abraço apertado pouco se importando com os outros.


– Ok, agora não, Dan. – murmurava Hermione sem graça.


– Me desculpe, eu devia ter lutado mais... Enfrentado ele... – murmurava Dan de modo culpado.


– Pare de falar besteiras, estamos no meio de uma audiência...


– Será que os senhores... – começara Snape rispidamente pros dois que se soltaram rápido antes que ele terminasse a frase, se ajeitando melhor como se nada tivesse acontecido.


– Como eu disse, houve um erro de identidade. – repetira Hermione.


– Como? – perguntara McGonnagal confusa. Dan tentava chamar a atenção da amiga com os olhos. Porém ela o ignorava, assim como ignorava seus murmúrios. “Hermione, o que está fazendo?!”.


– Daniel Conl não é um animago. – dissera Hermione.


– Ah, ele é sim. – dissera Snape na mesma hora irritado. Daniel começara a entender o que a amiga estava fazendo e se desesperara.


– Sim, eu sou.


– Está vendo? – dissera Snape infantilmente.


– Ele está protegendo alguém. – disse ela.


– Não. – negara Dan.


– Sim, está. – dissera ela indiferente.


– Não estou não!


– Sim está... Não. – dissera Snape confundindo-se.


– Protegendo quem? – perguntara McGonnagal. Hermione virara-se para Daniel, encarando-o ao responder.


– Alguém que lhe deve muito. Uma amiga. – dissera Hermione para ele de forma profunda. Daniel contivera uma irritação no maxilar querendo não se comover com as palavras dela. Ela estava prestes a fazer uma grande burrada e ele sabia disso. – Se é um animago... – ela continuara, desafiando-o. – Poderia me responder: em que animal se transforma?


– Um cavalo. – respondera ele.


– Errado. O animal se trata de um Anicórnio jovem, ainda sem chifre. É uma raça especial, prima distante do unicórnio, tendo como diferença a pelagem dourada.


– Ou seja: um cavalo. – dissera Dan já irritado com a castanha e se virando para o tribunal. – Eu já disse que sou um animago, não basta?


– Temos de escutar essa inconveniente? Ele já confessou. – dissera Snape com nojo.


– Isso é tudo que exigem? Uma confissão? – dissera Hermione. McGonnagal dera de ombros meio confusa.


– Bem... Sim... Imagino que sim.


– Bom. – dissera Hermione. – Porque eu tenho a mesma carga mágica de mutação contida no meu corpo desde aquela noite e também estava na Floresta Proibida...


– Pra falar a verdade, tem até muito mais... – murmurara McGonnagal.


– E eu tive conseqüências dessa irresponsável mutação. Sou a única com a prova de que eu sou uma animaga.


– Você? – perguntara Snape ignorando a discussão dos dois.


– Hermione... – murmurara McGonnagal abalada.


– Agora estamos quites. – murmurara Hermione para Dan ao se pôr ao lado dele.


– Você é louca. – respondera ele irritado, sem se virar pra ela.


– Então, soltem Daniel Conl. – dissera McGonnagal mais aliviada.


– Calma! – dissera Snape para todos. – Não vamos nos esquecer que isso aqui é uma cópia de um Tribunal de Justiça. E a punição da Srta. Granger? Conl pode ter sido declarado inocente, mas ainda há uma culpada aqui! – Daniel encarara Hermione ao seu lado de modo sério com uma irritação contida.


– E como é que você espera se livrar dessa, gênio?


– Senhores. – dissera McGonnagal. – A acusada esteve em coma por quase uma semana, além de ter sido torturada por Comensais da Morte. Devemos levar em conta que a acusada já foi suficientemente punida por sua irresponsabilidade. – logo todo o tribunal começara a concordar, e Dan e Hermione apenas assistiam com satisfação Snape ter uma crise consigo mesmo. – Daniel Conl e Hermione Granger, portanto ficam aqui declarados inocentes.


– Pra falar a verdade eu estava doido de saudades de você. – brincara Daniel com um sorriso cínico para a castanha.



Mais uma semana correu em Hogwarts e aos poucos o assunto do ataque foi cessando pelos corredores, em exceção apenas do fato de Draco ainda estar em coma e ter sobrevivido a um Avada Kedavra. Como de costume Hermione fora passar algumas horas na Ala Hospitalar, tentava ficar o máximo de tempo ao lado de Draco e com seus pensamentos. Lembrava dos dois dançando no baile, fora tão perfeito. Nunca que eles imaginariam que horas mais tarde...

De repente começara a ver alguns flashes a sua frente. Um homem cavalgava até eles na Floresta Proibida separando-os dos Comensais. Lembrava disso. Draco mandara Dan tirá-la de lá. Ela se lembrava disso. Lembrava-se do tal Ephram levá-la para outro lugar... Mas então... Uma dor de cabeça absurda a invadia, não conseguindo pensar em mais nada. Então Hermione fora distraída por duas vozes que vinham do escritório da Madame Pomfrey. Antes que Hermione pudesse registrar o que estava fazendo, ficara atrás da porta, notando que se tratam da Madame Pomfrey e McGonnagal.


– Minerva, acalme-se... Não disse isso para que ficasse neste estado. Eu só não entendo como é possível. O Sr. Malfoy levou a Avada Kedavra e ainda respira! Não sei o que pensar. O Potter sempre fora um caso inacreditável... E agora mais este.


– Não posso negar que o estado do Sr. Malfoy me preocupa, mas nada me assusta mais que esta recuperação repentina da Srta. Granger. Dá para ver em seus olhos mais dor que qualquer um pode imaginar... Ela foi torturada. Ela corre muito mais perigo do que pensa. Eu sinto isso. – Hermione sentira-se arrepiar, sabia que Minerva chorava.


– Está falando como a Trelawney, Minerva. – falara a enfermeira tentando acalmá-la.


– Tem algo muito estranho acontecendo com eles dois. Como eles sobreviveram? Dois estudantes contra um grupo de Comensais? Como é possível? E Malfoy... Ele é quase dado como morto! – Hermione dera um passo pra trás transtornada, esbarrando numa pilha de materiais que caíram no chão. As duas saíram do escritório encontrando uma Hermione toda atrapalhada recolhendo tudo. – Senhorita...


– Me desculpem, eu não queria ouvir... Foi só...


– Tudo bem, Srta. Granger. Eu vou indo então, Pomfrey. – despedira-se McGonnagal ainda abalada.


– Ah, professora! – chamara Hermione fazendo Minerva parar. – E se... A maldição, tivesse o acertado de raspão? – perguntara a garota receosa sabendo que era uma idéia idiota.


– O que? – perguntara a professora.


– Ou não sei... Se não tivesse acertado o coração... Não sei porquê, mas tenho a impressão de já ter ouvido sobre isso antes. – completara a castanha um pouco confusa.


– Pois ouviu de um maluco, só pode. – dissera a professora.


– Mas quem diria um absurdo desses? – rira-se a enfermeira.


– Eu não sei... – dissera Hermione pra si mesma.


– É impossível. Uma vez a maldição esteja em contato com a pessoa já faz efeito. Não importa onde tenha mirado.


– Mas então... Como...?


– Eu não sei, Srta. Granger. Acho que o Sr. Malfoy teve o mesmo anjo da guarda que o Sr. Potter teve há dezesseis anos atrás. É melhor esperar Dumbledore retornar para que nos dê uma teoria melhor.

****


Evans caminhava nervosa até a Biblioteca xingando mentalmente Potter de todos os nomes possíveis. Aquele garoto a irritava mais do que qualquer coisa e não entendia como ainda aturava aquilo. Como passara por cima da sua moral, do seu orgulho e se deixara apaixonar por alguém como James Potter?! Como namorara com ele?! “Muito bem, Lílian Evans. Eis a sua recompensa.”, pensara ela, ainda lembrando da cena que presenciara há pouco. Potter e Bloostrud aos beijos.

Aquela arrogante ex dele metida a super sensação de Hogwarts. Todos sabiam que ela só se pendurara no pescoço de James nos últimos meses por popularidade e que todo incrível charme e esplêndida beleza, sem contar aquele corpo maravilhoso dele não tinham nada haver com isso. “Aff, pára de pensar nisso!”, brigara a ruiva novamente consigo mesma.


Ele a traíra, não conseguia acreditar. Jurara amor por tanto tempo e agora a traíra. Chegara até mesmo a sentir um pouco de pena do desgraçado quando gritara na sua cara todo o tipo de verme que ele era, ameaçando matá-lo friamente caso se aproximasse dela novamente. Não querendo ouvir as dúzias de “Perdão!” ou “Eu posso explicar...”, “Não é nada disso”, “Confia em mim, eu não queria...”. Grr... O cinismo dele era o que mais a irritava. Filho da mãe. Nunca mais se permitiria sofrer daquele jeito. Nunca mais. Por mais ninguém.


Caminhava entre as estantes da Biblioteca vazia, exausta por procurar por um livro interessante o bastante para livrar-lhe de seu estresse. Parara de cabeça baixa, respirando com dificuldade, apoiando as mãos na estante à frente. “Ele é um idiota... Idiota...” pensava ela. “Ele é um idiota... E você é doida por ele... Doida por aquele galinha que só queria completar a listinha dele contigo...”.


Fora quando sentira seus olhos arderem e uma lágrima escapar. Ela notara surpresa a lágrima ir em direção ao chão quando a própria parara. A lágrima congelara no ar sem cair. Evans levantara surpresa mantendo certa distância da lágrima que continuava parada no ar e olhara para os lados certificando-se de que estava sozinha. Então se agachara até a altura da lágrima ainda congelada no ar, analisando-a com o cenho franzido. Colocara então sua mão direita de costas um pouco abaixo da lágrima e quase instantaneamente ela descongelara caindo em sua pele.


Lílian levantara assustada batendo com força contra outra estante, olhara pra cima assustada e em desespero notara um enorme número de livros que começavam a cair em sua direção. Num reflexo levantara as mãos e logo abrira de leve os olhos notando que esses não caíam e se mantinham congelados no ar com uma espessa camada de gelo. Então se sentira respirar com dificuldade, seu nervosismo aumentando junto com a palpitação no seu peito. Andava pra trás cada vez mais tensa, sentindo uma dor de cabeça horrível aumentando. As mesas pelas quais passava eram violentamente jogadas pro alto, assim como as lâmpadas do ambiente que começavam a explodir.


Lílian virava-se assustada para cada ponto da Biblioteca que parecia rebelar-se contra ela, seus cabelos vermelhos já não estavam mais num coque, mas sim flutuava no ar, como que carregados de uma fonte de energia. Lílian começava a sentir sua pele arder, assim como seus olhos, os quais fechara com violência, agachando-se de dor.


– Pare... Pare... – suplicava ela para o desconhecido. Logo todas as vidraças da Biblioteca explodiram em pedaços que acabaram por irem em sua direção.

Ela botara o braço na frente em defesa, mas quando abrira os olhos viu que os cacos de vidro estavam congelados no ar cobertos de gelo a alguns centímetros dela. Virara-se numa revolta sentindo seu peito prestes a explodir quando sentira bater de frente para alguém que a segurara quase num abraço sustentador. Vira a sua frente um par de olhos negros preocupados, mesmo no seu jeito orgulhoso.


– Evans, o que foi? – dissera Ephram a sua frente, mirando aqueles imensos olhos verdes arregalados de medo, os cabelos dela estavam bagunçados em torno de seu rosto como uma fogueira.

Ela suava frio, encarando-o como se passasse alguma mensagem e antes que percebesse que fora seu primeiro contato com ela, a vira cair desmaiada em seus braços. Assustado, Ephram deitara Evans com cuidado no chão da Biblioteca chamando por ela, olhara para os lados, não havia ninguém, e então notara o rosto pálido da garota desacordada. Seus cabelos lisos e vermelhos espalhados no chão. Notara que ela segurava com força uma pulseira de couro de aspecto antigo, que possuía um cristal em seu centro. A pulseira da sorte de Lílian havia se desprendido de seu pulso...


****



Hermione acordara sobressaltada em seu quarto sentindo seus olhos arderem demais, sentindo-se numa febre de cinqüenta graus. Suava frio e tremia, agarrando seu cobertor. Colocara a mão na barriga de onde vinha toda a ardência. Jogara-se para o lado a procura de seu diário e agarrara-o como se ele pudesse protegê-la de algum mal. Desesperava-se em não saber o que estava acontecendo.

Lembrava vagamente de seus pesadelos, não entendendo o que eles significavam. Lembrava-se de alguém apanhando, de alguém falar de Salazar e a Guerra dos Bruxos. Lembrava de sentir muita dor, alguém nocauteia-la no rosto fazendo-a cuspir sangue. Lembrava-se de um anel de fogo, de mesas e vidros explodindo. Mas era tudo muito confuso, muito rápido, não via rostos, não escutava quase nada. Só sentia, raiva... Desespero...


– O que está acontecendo comigo? – dizia-se Hermione sozinha fechando os olhos com força tentando ignorar a dor que se alastrava pela sua cintura.

Não agüentando de dor correra até seu banheiro acendo a luz às presas e jogando água nos rosto, tentando refrescar aquela pele que ardia em febre. E então tudo parara. Olhava-se no espelho, seu reflexo descabelado e cansado. Mas não sentia mais nada, estava ótima de novo. Então subira a camisa de seu pijama um pouco, encarando surpresa uma fina cicatriz em sua cintura. Uma linha forçada, cicatrizada às pressas e há pouco tempo.

– O que fizeram comigo?

***

Ephram estava jogado em sua carteira no fundo da sala não prestando a devida atenção naquela aula de poções. Mas ele não era o único. Olhara de lado para Potter que mantinha um olhar sério e perdido, o amigo ainda sofria pela ruiva, mesmo não entendendo o que de tão especial havia nela, Ephram sentia pelo amigo.

Hogwarts não andava mais tão animada quanto antes. Mas mesmo assim não conseguia esquecer o pedido que ele lhe fizera. Respirara com irritação não acreditando que ele mesmo concordara com uma loucura daquelas. Logo ele... Era inacreditável. “Por que ele não pedira isso para o Sírius, afinal? Grr...”.


Então o loiro olhara para mais a frente, onde Evans também não prestava atenção na aula. Ela mantinha apenas seu olhar parado para um lápis a sua frente que mantinha-se magicamente em pé sobre a ponta e girava lentamente em sentido horário. O dedo indicador da ruiva mantinha-se apenas a alguns centímetros acima do lápis. Ephram franzira o cenho pasmo com o que aquela ruiva parecia estar fazendo...


***



Logo os olhos esverdeados tornaram-se castanhos, as madeixas ruivas se tornaram cheias e cacheadas num tom castanho também. Hermione mantinha o olhar concentrado sobre o seu lápis que girava magicamente a sua frente, arranhando sua carteira. Logo sentira alguém cutucar seu ombro desconcentrando-a e instantaneamente fazendo com que o lápis caísse e ela mesma se atrapalhasse ao pegá-lo no chão.


– O que foi? – perguntara ela meio aborrecida.


– Já soube? Dumbledore volta essa tarde. – dissera Harry com o olhar atônito para a amiga.


– Já era tempo, aquele miserável dar as ca... – resmungara Ron ao lado do amigo ainda copiando o seu dever.


– Talvez ele consiga explicar o que aconteceu... E quem sabe trazer Draco de volta. – aquilo realmente fizera uma alegria se espalhar pelo estômago de Hermione, ela engolira em seco tentando manter a calma.


– É... Talvez.


– Você está bem? – perguntara Harry pela terceira vez naquela manhã. – Parece estranha... Dormiu bem? – Hermione respirara fundo sentindo uma angústia terrível em seu peito, não agüentava mais fugir daquela pergunta. – Hermione?


– Tenho tido alguns pesadelos estranhos...


– Que pesadelos? – a garota olhara pros lados tentando achar palavras e coragem para o que ia dizer, a essa altura até mesmo Ron já se interessara.


– Harry... Sei que pode parecer estranho, mas... Eu tenho a impressão... Na noite do ataque... Ah! – Hermione massageara a cabeça não conseguindo continuar, não sabia exatamente o que tinha de dizer, tudo parecia confuso demais.


– O que foi? Diga... – perguntara Harry com a voz compreensiva.


– Harry... Está acontecendo alguma coisa. – dissera Hermione mirando o amigo de um jeito sério. – Algo que envolve a sua mãe.


– O que? Como assim...


– Srta. Granger! – dissera Snape na sua voz arrastada, a garota o olhara e vira o mesmo olhar de irritação e nojo de sempre. – Já que a senhorita está aproveitando seu tempo livre para jogar conversa fora, deve significar que já entende a matéria perfeitamente. Estou certo?


– Professor... – dissera Harry tentando se controlar.


– Calado, Sr. Potter! Você não é a Srta. Granger, é? – dissera Snape para o garoto. E olhara de volta para a castanha. – Por que não vem até aqui e nos dá uma demonstração do quanto você entendeu?


– Senhoras e senhores mais uma brilhante demonstração da incrível Miss Hermione Granger. – brincara Dan do outro lado da sala tirando risada dos outros. Hermione rira do amigo de leve, vendo-o piscar pra ela de forma encorajadora.


Hermione respirara fundo segurando uma irritação, com tantas dúvidas e complicações na cabeça ainda tinha que aturar um idiota como professor. Hermione levantara emburrada de sua cadeira indo até a mesa do professor de frente para sala onde tinha um caldeirão, algumas ervas e vários manuscritos.


– Poção Olictavus... – começara a castanha para a turma. – Ou melhor, a poção para esquecer um amor. É a poção que tem como função desencadear de sua mente e coração mágoas passadas. Uma poção muito eficiente e sem antídoto, criada pela bruxa Antares Sérpia nos anos da Guerra Bruxa. Sérpia uma bruxa nascida trouxa que gerara muita polêmica em sua época também por ser a Bruxa Elemental mais famosa...


– Bruxa o que? – cortara um aluno. Todos se entreolhavam perdidos na explicação da castanha. A própria parara de falar não entendendo de onde tirara aquela informação.

Logo a castanha, ainda confusa, vira o olhar do professor. Snape a olhava com um estranho olhar pasmo, era óbvia a surpresa e indignação dele. Era o melhor olhar que ela vira nele desde quando o professor também flagrara Harry falando com as cobras.


– De onde tem tanta informação sobre Sérpia das Pedras e como sabe sobre a Magia Elemental? – indagara Snape rispidamente. Hermione fechara e abrira a boca várias vezes.


– Eu... Eu não sei. Eu nunca ouvira falar sobre “Sérpia das Pedras”. Tudo o que eu sei sobre Antares Sérpia é que ela inventou a Poção Olictavus, que é até mesmo proibida e considerada uma magia das trevas. Eu... Eu não sei nada sobre “Magia Elemental”... Eu nem sei de onde veio isso... – dizia a garota confusa sentindo fortes dores na cabeça.


– Só isso? Responda-me, Granger! Onde ouviu sobre a Magia Elemental? Que livros anda lendo?


– O que? – dizia-se a garota confusa... Ouvia a voz do professor ao longe, pois outra estava em sua mente, sua consciência parecia falar consigo. “Não. Você sabe muito mais do que isso.” – Nenhum...


– Não minta, Granger... Fale-me o que sabe sobre a Magia Elemental! – “Você sabe muito mais que isso... Magia Elemental... Lembra... Eu sei mais.”.


– Ela tinha o poder de controlar os elementos... Digo, o dom... O dom de se familiarizar com os elementos da natureza. – dissera Hermione quase sem voz se assustando com o que estava acontecendo.

Snape e os alunos a olhavam com espanto. Ela começava a respirar com dificuldade. Via em sua mente com clareza uma jovem ruiva e dizer em voz alta.


“... Não é uma magia que pode ser aprendida, mas sim um dom. O dom de se familiarizar com os elementos da natureza. Um dom que poucos bruxos conhecidos até hoje já conseguiram controlar. Assim como até mesmo o ofidioglotismo: o dom de falar com as cobras...”


Hermione tapara os ouvidos com as mãos sentindo seu corpo e seus olhos arderem. Ouvia ao longe Snape dizer alguma coisa e mais longe ainda Harry e Ron exclamarem seu nome.


“...É, porém só bruxos das trevas são ofidioglotas...”


Vira em sua mente uma jovem bonita de longos cabelos negros e olhos azuis que passavam um ar intimidador. Via flashes confusos em sua mente, Comensais caindo, muita neve. Uma mistura de informações que doíam da mente ao corpo.


– Bella... – ela sussurrara, Daniel se levantara de onde estava, enquanto Harry e Ron ficavam ainda mais desesperados pela amiga.


“...Você não disse que ia me matar?...”


Hermione apoiara-se na mesa acabando por esbarrar no caldeirão que caíra pra frente despejando todo seu conteúdo.


“...Não há relatos sobre uma possível restrição para com o portador das citadas magias. A bruxa Antares Sérpia, por exemplo, a mais famosa portadora da Magia Elemental, era conhecida por sua ambigüidade na era da Guerra dos Bruxos...”


“...Uma bruxa do bem que mantinha um romance com um bruxo das Trevas...”

Dissera um jovem loiro em sua mente, sentado ao fundo da sala.


“...Só existiu uma única sangue-ruim capaz de me ferir, menina, e ela já morreu faz muito tempo...”


Hermione começara a tombar em direção ao chão gritando de dor quando alguém a segurara pelos ombros sacudindo-a e forçando-a a abrir os olhos e encarar as pupilas verdes escuras de Daniel.


– Hermione, fala comigo! O que está acontecendo? – perguntara o loiro decidido sem soltá-la.


– Eu não sei. – dissera Hermione ao mesmo tempo em que chorava de dor. Sem conseguir registrar mais nada além dos flashes em sua frente.


“...Parece que a história nunca muda, não é mesmo?...”


Hermione tentara voltar ao controle apoiando-se na mesa, tentando afastar-se dos outros, esbarrou nos materiais em cima da mesa do professor quando sentira algo cortante e vira a sua frente um punhal torto do qual olhara com espanto e outra dor avassaladora a percorria.


“...Se tivessem feito isso com a Evans vinte anos atrás, teríamos evitado problemas muito maiores...”


Hermione começara a correr desesperada pra fora da sala, ignorando todos que iam atrás dela. Corria pelos corredores sentindo seu coração acelerado e algo percorrer-lhe as veias. Via em sua mente com clareza o momento que Bellatrix a apunhalara. Hermione caíra de joelhos no corredor gritando de dor, com a mão na cintura no local exato em que o punhal a ferira.


“...Infelizmente, há um destino ainda mais cruel para aquelas que se apaixonam por um Malfoy...”


– Draco, acorda,... Por favor... – dizia Hermione em meio ao choro, logo gritando de dor novamente, sem conseguir se conter. Sua cicatriz na cintura ardia com absurda intensidade e ela sentia que na mesma velocidade que algo se espalhava pelo seu corpo sua, a vida ia sendo sugada. Sentia-se morrendo. – Draco...


“...Eu não sei o que você fez com meu sobrinho... Mas nenhuma outra Sangue-Ruim vai interferir na vida de um Malfoy...”


Via uma jovem ruiva caindo e cuspindo sangue no chão da Floresta Proibida. Sendo torturada.


“... Você sabe muito bem que não há futuro para vocês dois...
...Vamos descobrir...”


Vira Draco sendo acertado por um Avada Kedavra em seu lugar e gritara ainda mais de dor e desespero. Os alunos a rodeavam, enquanto outros buscavam ajuda.


“...Você sabe que independente de qualquer coisa, Draco ama apenas você... Ele não pode se transformar em outra pessoa só pelo amor que tem a você...”


– Não. Ele é bom. – dissera Hermione em delírio. Enquanto se contorcia de dor no chão.


– O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM ELA? – gritara Harry para Snape que apenas a observava atônito e surpreso. Logo McGonnagal aparecera entre os alunos e colocara as mãos na boca em espanto.


– Srta. Granger...

Logo Balazer aparecera entre os muitos alunos com uma máquina fotográfica, mas antes de tirar uma foto fora puxado pelo colarinho com brutalidade e jogado na parede por um Ron Weasley furioso.


– Por favor, me convença que você é só fruto da minha imaginação e de que não está me implorando pra te dar a maior surra da sua vida. – dissera Ron com raiva e ameaçador.

Enquanto isso Daniel apenas acariciava o rosto da castanha tentando acalmá-la. E então vira que Hermione segurara firme a cintura e fizera força pra tirar a mão dela de cima para que pudesse ver a cicatriz. Ele vira espantado e nervoso uma linha fina que representava a cicatriz e veias em volta arroxeadas que pareciam ter vida dentro da garota que continuava aos berros.


“...Essa santa ingenuidade de vocês que sempre os condenou. Essa mania de rotular todos de ‘bons’ ou ‘maus’... Todos conseguem ser ‘bons’ à custa de alguém...”


– Amuldul. – dissera Dan pra si mesmo e olhara para a castanha, que continuava aos delírios chamando por Draco. E então se virara para todos dizendo em voz alta. – Ela foi envenenada! – e a pegara no colo, levando-a às pressas para a Ala Hospitalar.


“... Agora eu sei o porquê dessa super proteção deles com você. Nós tínhamos a mesma para com ela também...”


Via em sua mente Lílian virar-se assustada para cada ponto da Biblioteca que parecia rebelar-se contra ela, seus cabelos vermelhos já não estavam mais num coque, mas sim flutuavam no ar, como que carregados de uma fonte de energia. Lílian começava a sentir sua pele arder, assim como seus olhos, os quais fechara com violência, agachando-se de dor, suplicando para o desconhecido “Pare... Pare...”


– Pare... Pare... – dizia Hermione aos delírios ao ser colocada sobre a cama da Ala Hospitalar, agora só continha Harry, Ron, Dan, Snape, McGonnagal e Pomfrey com ela.


– O que aconteceu? – dissera Gina assustada ao entrar correndo na Ala Hospitalar.


– Essa dor vem da cicatriz... – dissera McGonnagal.


– Um corte de punhal não devia causar isso tudo. – dissera-se Pomfrey atordoada.


– O punhal estava envenenado por Amuldul. – dizia Dan de forma consciente e séria.


– Amuldul? Mas como... – perguntara Snape.


– O que é Amuldul? – perguntara Harry nervoso.


– É um veneno mágico das trevas feito com uma planta muito rara, tinha uma plantação atrás da Mansão dos Malfoy. Precisa fazer o antídoto... – dissera o loiro agora para o professor Snape. – Basta recolher um pouco do sangue dela e seiva de Amargenélia do Norte, deve saber fazer.


– Sei... – disse Snape na sua voz arrastada.


– Então rápido porque não temos muito tempo. – pressionara o loiro.


– Tome, tinha um pouco do sangue da Srta. Granger guardado. – dissera Pomfrey entregando para Snape às pressas.


– ANDA! – pressionara Ron para Snape que o olhara assassinamente. – Digo... Professor. - Milagrosamente Snape saíra as pressas da Ala Hospitalar para as masmorras.


“...Enquanto ainda somos inimigos... Me diga pelo menos o seu nome...”


Hermione via-se dançando alegremente com Draco no baile, tudo era lindo e perfeito.


“...É meio inacreditável, não é?”


“...É, ele não era só maldade, por mais que seja assim que a maioria das pessoas o vejam, ou pensem...”


“...Serei sua inimiga para sempre...”


***


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