Eles estavam com pressa em sair dali. Hugo era o mais animado, enquanto Jack só ficava murmurando no canto. Ele não suportava a ideia de ter perdido para o "Cabelo de Beterraba". Creio que tenha algo a mais acontecendo em seu coração, mas como todo bom guardião, ele nunca admitiria isso.

– Vamos, vamos! Temos que sair logo! - dizia Hugo animado. - Punzie me ajude com uma coisa.

– Deixa que eu ajudo! - disse Jack de prontidão - Não estou fazendo nada mesmo.

Jack na realidade não queria que Hugo passasse mais tempo com Rapunzel, ele estava com ciúmes.

– Pegue aquelas varetas e as congele então...

– Por quê?

– No momento não te interessa! – disse Hugo sem paciência – Desculpe, eu não queria...

– Não, tudo bem. Sei quando não gostam de mim, saiba que o sentimento é recíproco!

Depois de tudo pronto, eles começaram a caminhar.

P.O.V. Hugo

Eu não entendo. Não queria ter raiva do Jack, mas parece que foi uma coisa transmitida de família. Agora eu estava levando a turma de volta para meu reino. É tecnicamente, sou um príncipe. Não vou contar para eles agora, mas lá não vai ter jeito.

Gharnes. Quanto tempo! Não tenho problema algum com o local. É uma temperatura agradável, relaxante. As campinas com plantações de uva. O castelo. Ah o castelo, foi lá que a conheci.

– Filho se arrume! Receberemos a visita do comandante das tropas norte!

– Mas mãe, é só um comandante! Quem tem que se arrumar é ele, e não eu.

– Para de ser birrento. O que eu te ensinei? Nada de se achar superior, e ele vai trazer os dois filhos dele, vocês podem ficar brincando aqui no quarto.

– MÃE! Eu tenho 14 anos, não brinco mais!

– E esses bonequinhos?

– São bonecos guerreiros de ação, edição de colecionador!

– Não importa, se arrume e desça, eles chegam daqui a meia hora.

Me arrumei com uma camiseta social e uma gravata sem dar um nó, coloquei uma calça jeans, um tênis e desci. Minha mãe arrumou a gravata e logo a campainha tocou.

– Seja gentil! – então ela abriu a porta e eu me dirigi para a sala de estar sentando no sofá e ligando a TV – Fred! Lia! Como vocês cresceram!

Não ouvi nada depois disso, fiquei observando o anime que passava na Tv, um dos meus preferidos.

– Gosta de Shakugan no Shana? – disse uma garota em pé atrás do sofá – Muito legal, não?

– É... eu gosto.

– LEGAL! Viu Fred isso não é anime de mulherzinha!

– Ainda não curto isso – murmurou uma voz vindo da cozinha.

– Se importa se eu assistir com você? – perguntou Lia... acho que era esse seu nome.

– Não, pode sentar.

Então eu me arrumei no sofá e a deixei sentar do meu lado.

– Prazer, Lia! – ela disse estendendo a mão.

– Hugo. – disse completando o aperto de mão.

Ela então começou a assistir e não desgrudou os olhos da tela. Comecei a reparar nela, cabelos brancos que passavam umas 5 palmas dos seus ombros. Ela tinha olhos dourados. Pude reparar na sua boca murmurando algumas falas do anime, ela usava uma calça jeans e uma camiseta preta que realçava sua pele pálida.

– O que está olhando? – ela disse ficando vermelha.

– N-nada... só estava pensando.

– No quê?

– Que tipo de vampira você é?

– Ah! Isso... aqui no meio do reino todos me fazem essa pergunta! Nós do lado norte somos mais frios... eu sou uma Vampira do Gelo.

Naquele momento ela sorriu. Um sorriso que fez eu sorrir também, pensei que deveria odiá-la. Eu fui feito para odiar Jack Frost. Ela era gelo, ele também. Mas eu não a odiava.

Nem um pouco. Nunca a odiei, na verdade, só soube o que era ódio quando conheci Jack.

– Para onde vamos Hugo? – Perguntou Punzie sorrindo, aquele lindo sorriso.

– Gharnes.

– GHARNES? – gritou Merida – EU SEMPRE QUIS IR PARA LÁ! Tenho uma amiga que sei que vocês vão adorar! Principalmente você Jack!

– Quem? – ele perguntou.

– Segredo.

– Merida e seus segredos... – murmurou Soluço.

Por mim tudo bem, desde que não entremos no lado norte. Lia ficaria uma fera comigo. Aquela briga... ela foi o que me fez desistir de tudo. Foi ano passando, prometi nunca voltar... é, cumpri mesmo minha promessa.

– COMO ASSIM?! – ela gritou – VOCÊ DESTRUIU! COMO PODE?

– Foi sem querer...

– SEM QUERER? Você destruiu tudo... m-meus livros... despedaçados.

– Eu posso comprar outros...

– CHEGA! NÃO QUERO OUTROS! ELES FORAM DADOS PELA MINHA MÃE!

– PARE DE RECLAMAR! SÓ POR QUE SUA MÃE MORREU NÃO É MOTIVO!

– SEU PAI PELO MENOS ESTÁ VIVO!

– ELE É O BREU! UM PAI DESSES PRA MIM ESTÁ MORTO!

– Você deveria dar valor ao que tem! – ela disse com lágrimas nos olhos – VAI LÁ AGORA! VOLTE PARA SUAS EMPREGADINHAS, SUAS PEGUETES, VOLTE PRA VIDINHA DE CORFORTO! NUNCA MAIS APAREÇA NA MINHA FRENTE!

Então ela tacou uma bola de gelo em mim que derreteu rapidamente. Ela era mais forte que eu, raramente eu conseguia derreter suas bolas de gelo. Mas ela estava com raiva.

– ÓTIMO! FIQUE AÍ COM ESSES LIVROS DE MERDA DADOS POR SUA MÃE MORTA!

– AGORA PASSOU DOS LIMITES! SAIA DAQUI!

– Eu não deveria ter te contado meus segredos...

– S-A-I-A!

Me arrependo por isso, mas ela mereceu. Ainda guardo mágoas daquele dia. Mas sinto sua falta, ela era minha melhor amiga, minha conselheira. Foi meu primeiro amor.

– Ah! Lá está ela rondando nos portões!

Ela andava pelos arredores da cidade, vigiando a entrada norte, a entrada que estava responsável. Lá estava ela. Ela.

Lia.

– Meriiiiiii! - ela disse correndo e abraçando a amiga.

Ela estava diferente, mais madura. Mais séria. Seu cabelo estava menor, na altura dos ombros. E quando ela me avistou, ficou furiosa.

– O que você faz aqui?

– Oi pra você também Lia.