Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 33
Vamos para o Carnaval?


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora! Além de estar sem tempo, estou sem inspiração... Mas espero que gostem...

O próximo cap. também vai demorar pois vou viajar por três semanas... Sorry!



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Castiel franziu o cenho.

– Desculpa, Samantha, mas estamos atrasados para o Carnaval...

Samanthinha desandou a chorar, ainda mais.

– Vamos para o Carnaval? – perguntou então o anjo, convidativo, virando-se para olhar os amigos.

Sam estava apenas de cueca e parecia perplexo, com os olhos vidrados na televisão. Nem respondeu. Hilary e Dean haviam se enfiado no banheiro já fazia uns dez minutos.

– Vovó! – chamou o anjo, preocupado. Ele já estava prontinho para ir à festa... Há muito tempo aliás...

– O que foi, querido? – respondeu a velha, gritando de onde estava. – Não ouvi...

– Carnaval!!! – insistiu ele, aparecendo agora ao lado de Hilary. A mulher deu um pulinho para trás e quase se estatelou no chão ao avistar o enorme e sério Pikachú. Apesar de corriqueiras, as aparições de Castiel nunca deixavam de assustá-la...

– Que susto, Cass! – reclamou ela, levando a mão ao peito.

– Hahahahahaha – Dean achou a cena muito engraçada. Este, imerso na banheira, estava agora, assim como o irmão, só de cueca. Hilary pareceu perder a paciência.

– Não é possível que esse rapaz não vá parar de rir! Nem água fria está dando jeito... – resmungou mais para si mesma que para o anjo.

Castiel ponderou.

– Mas no Carnaval pode ir gente alegre... Pior se estivesse chorando...

Hilary olhou para o seu anjinho predileto e sorriu. Pobrezinho, estava doido para dançar fantasiado de Pikachú... Mas Dean estava dopado, Sam estava sem roupas, Samantha estava com fome, e Hilary acabara de descobrir: faltavam meses para o Carnaval...

– Cass... Ele está dopado... Não pode sair assim... – Explicou a velha, pacientemente.

Castiel sorriu e se aproximou do rapaz. Nada que ele não pudesse resolver...

Assim que o anjo tocou a testa de Dean, as gargalhadas cessaram. O ex-caçador olhou ao redor, parecendo perdido. Mas dois segundos foram o suficiente para Dean recordar-se de tudo o que acontecera com ele. Após um breve silêncio, o homem pôs-se a gritar sem controle.

– Aquele bigodudo me beijou!! Na boca!! Que nojo!!! Eu vou vomitar!!!

O louro correu até a privada e colocou tudo o que tinha no estômago para fora. Fez a maior molhação, saindo de dentro da banheira de qualquer jeito.

– Que nojo! Que horror! – repetia ele, protagonizando um dos maiores ataques de piti que já se teve notícia.

Hilary não sabia o que fazer.

– Cass, pelo amor de Deus, dá um jeito nele!

– Nocauteá-lo? – perguntou o anjo, incrédulo. Como Dean poderia ir ao Carnaval desmaiado?

A vovó já estava ficando sem paciência.

– Não,Cass! Faz ele se acalmar! Sei lá...

Castiel deu de ombros e abaixou a cabeça desapontado. Não podia fazer mais nada... Não podia mudar a personalidade de ninguém. E Dean, ultimamente, andava propenso a grandes pitis, ao que parecia... Antes tivesse deixado o amigo rindo, feliz...

– Não fica assim, não, meu filho... O rapaz era até limpinho... – ponderou a vovó, na sua melhor tentativa de acalmar o Winchester.

– Ahhhh. Era o maior bigodão! – chiava Dean sem lhe dar atenção.

– Um bigodinho de nada... – minimizava a velha.

Foi nessa hora que Sam apareceu, preocupado com a gritaria que vinha do banheiro.

– Veja o seu irmão como está calmo, Dean... E o Cass... Maurice beijou todos os três... E só você está gritando desse jeito...

Dean calou-se por um segundo, e o choro de Samantha estrondou da sala. Ouvindo o barulho que a criança fazia, a vovó aproveitou a deixa:

– Tá vendo... Está até assustando a Samanthinha...

– Não! – interviu Castiel, sincero. – Ela está chorando porque quer que eu busque uns corpos pra ela... Está com fome...

O semblante de Dean pareceu mudar de repente. Ele não era mais o doido varrido que gritava por por causa de um bigodudo tarado. Era uma mãe que via injustiça sendo feita à sua filhinha...

– Cass, e o que você está esperando?! – perguntou o louro, aflito. – Meu Deus, a Samanthinha não come desde que saímos dos E.U.A.! – desesperou-se ele.

– Não, ela almoçou a mão de uma velha defunta... – Sam foi logo explicando, tentando tranquilizar o irmão. Mas Dean não pareceu lhe dar ouvidos.

– O que você está esperando, Cass? Vai buscar uma carniça pra menina!

O anjo lançou um olhar implorativo a Hilary. Ele não tinha que voar sabe-se lá para onde atrás de algum cadáver, tinha? Não agora que era hora de Carnaval...

– Vai logo, Cass... Depois que a Samantha comer e as coisas – disse olhando para Dean – se acalmarem, a gente vai se divertir. Pode ser?

Sem opção, Cass fez o que a vovó lhe pediu.

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– Hey, você! – Castiel ouviu alguém lhe chamando. Olhou em seguida para o homem que o encarava perplexo. - De onde você veio?

Damião não podia acreditar. A área estava isolada pela polícia, e estavam longe de qualquer civilização. Como aquele rapaz, vestido de Pikachú, chegara até ali? Chegou a considerar que fosse uma das vítimas da catástrofe, mas Castiel estava inteirinho demais.

– Eu vim do Rio de Janeiro... – respondeu o anjo secamente. Não queria muito papo. Tudo que precisava era de um presunto fresquinho para alimentar uma Bicudin faminta. Ia escolher qualquer um e se mandar dali.

Damião não estava entendendo nada.

– Como entrou aqui? O que você quer? – perguntou confuso.

– Eu já estou indo embora, não se importe comigo... – respondeu o anjo resoluto. – Só vou levar esse aqui... – explicou apontando para um rapaz ainda jovem, um pouco acima do peso.

– Essa área é restrit... – antes que o pobre homem pudesse completar a frase, literalmente caiu para trás de tanto susto. O Pikachú e o cadáver sumiram, evaporaram... Depois Damião fez a asneira de contar o ocorrido aos colegas de trabalho. Em menos de 24 horas já estava no hospício.

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Quando Castiel retornou, as coisas pareciam mais calmas. Hilary havia ligado para o serviço de quarto e pedido sanduíches, que tinham acabado de ser entregues no quarto. Fariam uma agradável refeição em família.

Ao ver o anjo chegando, Samanthinha se alvoroçou.

– Oba! Comida! – Comemorou ao avistar o cadáver carnudo trazido pelo anjo. – Obrigada, tio Cass! – agradeceu a criança, dando um abraço no amigo Pikachú.

Enquanto a vovó e os Winchesters, famintos, devoravam os sanduíches, Samantha mordia a suculenta barriga do defunto, feliz da vida.

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– Que hora nós vamos para o Carnaval?

Pobre Cass... Hilary não sabia como contar para ele... Seria péssimo ter de decepcioná-lo... A velhinha suspirou. Hmmmm, mas talvez não fosse preciso... Afinal tudo o que Castiel sabia sobre o Carnaval era que nele as pessoas usavam fantasias... E festas a fantasia provavelmente não eram incomuns no Rio de Janeiro... Só precisava ganhar tempo e encontrar uma... Ligou a televisão.

– Nós vamos depois da novela... – respondeu Hilary resoluta. Sim, definitivamente aquilo parecia ser uma novela...

– Você acompanha essa novela, vovó? Você fala português? – Cass perecia perplexo.

A velha pigarreou. Não estava entendendo uma palavra do que aquelas pessoas falavam...

– Dizem que as novelas brasileiras são ótimas! Eu queria que você, meu anjinho predileto, assistisse e depois me contasse tudinho... Por que eu não entendo nada...

Como os humanos eram estranhos... Mas Castiel concordou. Era bom ser poliglota e prestativo... Sentou-se em frente à televisão e assistiu atentamente a cada cena de “Cobras e Lagartos”, que passava no Vale a Pena Ver de Novo.

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– E então? Alguém achou alguma coisa? – perguntou a vovó preocupada. Tinha colocado os Winchesters para ajudá-la na busca, que não estava sendo nada fácil...

Dean perguntou na recepção, e conseguiu alguns panfletos em inglês. Sam tentava decifrar anúncios em português mesmo. Além disso, os três se revesavam para procurar alguma coisa no laptop de Sam.

– Tem o aniversário de uma garota, que vai ser a fantasia... Foi só o que eu encontrei, vovó... – suspirou o Winchester caçula. – Nada que preste...

– Serve! – comemorou Hilary. Qualquer coisa servia...

– Não... Você não entendeu, vovó... É o aniversário de uma garota, na casa dela... Para os convidados dela... Eu li uma conversa por acaso no facebook, usando o tradutor do google.

A velha pareceu nem prestar atenção.

– Anota o endereço, Sammy, querido! A novela já está terminando e é para esse aniversário que nós vamos agora! Quer dizer, para o Carnaval! – comemorou a americana.

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Menos de uma hora depois, já estavam os cinco no taxi. Castiel, feliz da vida, não parava de falar...

– A Letícia pressionou a Henriqueta para tomar uma atitude! E a Milu reconheceu o Martin! Não lembrou o nome, mas reconheceu... Já é alguma coisa, né, vovó?

Hilary balançou a cabeça afirmativamente. Aquela novela parecia muito chata...

– Que legal, querido! Continua... – pediu.

– Aí a Henriqueta surtou e saiu gritando pela igreja que o filho dela estava vivo. Mas os enfermeiros levaram a Henriquete... Coitada...

Sam e Dean, sentadinhos, não davam um pio sequer. Quando Maurice sumiu com o vestidinho cor-de-rosa, acharam que nunca mais precisariam se vestir de mulher na vida... Estavam redondamente enganados...

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40 minutos antes...

Assim que Sam anotou o endereço da festa, Hilary colocou sua roupa de camponesa e mandou que ele e o irmão fossem se arrumar também.

– Nos arrumar como? Estamos sem roupas! – choramingou Sam, fazendo cara de cachorro na chuva. A verdade é que ele e Dean já tinham conversado sobre isso. Depois de um dia tão problemático, tudo o que queriam era ficar em paz no hotel. E tinham a desculpa ideal... No dia seguinte dariam um jeito de comprar roupas novas no shopping.

A velha olhou apreensiva. Ponderou.

– Tem a fantasia de padre... Um de vocês pode usar...

– Está toda suada... – lamentou-se Dean.

– E respingada de vômito... – acrescentou Sam.

A velha sorriu.

– Tudo bem... Coloquem estas roupas aqui. – ela disse tirando dois vestidões da mala. – o que não pode é vocês ficarem no hotel... Vocês sabem o quanto essa festa significa para o Cass...

Os Winchesters se entreolharam horrorizados. Não queriam colocar os vestidões de forma alguma...

Hilary, entretanto, parecia decidida. Eles não teriam escapatória.

– Eu vou com a de padre mesmo! – gritou Dean, apressado. Mas Sam correu na frente... Ambos seguraram a fantasia e brigaram por ela até deixá-la rasgada e em frangalhos.

Quando Hilary viu os meninos brigando, deu-lhes uma grande bronca. Dean ainda pediu para usar as roupas que Maurice deixara para trás, mas a vovó não deixou. Era uma festa a fantasia afinal... A tentativa de Sam de roubar as roupas do defunto, batizado de Billy por Samanthinha, e se vestir de acidentado, também fracassou. Hilary fez questão que os dois colocassem roupas limpas e se fantasiassem de velhinhas. Sammy até ganhou um coque no cabelo...

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– Já estamos quase chegando... – explicou o taxista em um inglês mal falado. O homem olhou para trás de relance. Aqueles americanos eram umas figuras. Teria rido deles se não fosse o palhacinho que rodava de colo em colo. Que troço macabro! A fantasia, de muito mau gosto, lhe dava arrepios...

– Vovó! Eu queria ter trazido o Billy! – choramingou a criança dentro da fantasia.

O taxista olhou de relance novamente... Era só uma criancinha afinal... Tentou sorrir.

– Billy é seu amiguinho? Ou é seu brinquedo?

– Hehehe, é o bonequinho dela... – mentiu Hilary.

O motorista sorriu e acenou para a criança. Sua reação haveria de ter sido outra se soubesse a verdade... Há quilômetros dali, Billy jazia morto e semi-devorado, escondido dentro do armário do hotel. Seu nome verdadeiro, ninguém sabia...


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