Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 32
Franceses esquisitos...


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fresquinho de Mama Dean. Enjoy!



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Outros passageiros começaram a gritar mais ainda, notando a presença do Pikachu que surgira do nada. Estavam dentro de um filme de terror nonsense da pior espécie.

– Cass, pelo amor de Deus, tira a gente daqui! – implorou Sam. Estranhou a fantasia que o anjo usava, mas pouco se importou. Contanto que Cass os salvasse, podia usar a roupa esdrúxula que quisesse... - Esse avião vai cair!!! – explicou aos berros.

– Não, não vai. – respondeu o anjo, sério.

Sam respirou aliviado. Isso significava que Castiel evitaria o acidente! Mas não era bem isso a que Cass se referia...

– Aquela senhora ali – disse o anjo, apontando para Maria, que gritava sem parar – me assegurou que o avião chagaria sem problemas. Antes era Dean quem estava fazendo frescura... Agora é você, Sam...

Castiel olhou ao redor. Não era apenas Sam que fazia escândalo. Todos os outros passageiros gritavam também, com exceção de Dean. Este, dividia o colo de um bigodudo com o irmão, mas, ao contrário de Sam e Maurice, estava rindo e parecia se divertir.

Era impossível entender os humanos... Do nada se desesperavam e começavam a gritar. Do nada também se acalmavam e começavam a rir. Era só uma questão de tempo, e aquelas pessoas ficariam bem.

– Cass, você precisa acreditar em mim! – suplicou o Winchester caçula. Se Castiel resolvesse sumir dali, estariam mortos em poucos minutos... O avião deu mais um tranco assustador, fazendo Sam soltar um soluço desesperado. Dean colocou os braços para cima.

– Weeeeeeee! – divertia-se o louro, brincando de montanha russa. Maurice, segurava o rapaz com força e bolinava-o ao mesmo tempo, como um cinto de segurança para lá de safado.

O enorme Pikachu tapou os ouvidos com as mãos. Não aguentava mais o barulho de tantos gritos.

– Eu vim buscar vocês para o Carnaval... Esse avião está demorando demais... – falou por fim, sem esconder seu aborrecimento.

– Então vamos logo! – Sam respondeu afobado. Ser zapeado dali era tudo o que queria. – E não esquece a Samanthinha! – advertiu. Ela está por aí...

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– Miss Brie, espero que tenha uma boa estadia! – exclamou o funcionário, colocando as duas enormes malas da hóspede no chão.

A francesa tirou uma nota de dez euros do bolso e jogou em direção ao rapaz. Em seguida foi inspecionar o quarto. Era menor do que esperava e menos chique também... Torceu o nariz. Sua secretária deveria ter procurado um hotel melhor. A suíte presidencial do Copacabana Palace não era boa o suficiente... Não para ela, que além de milionária, era uma estrela de cinema. Tudo bem que não havia chagado à fama ainda, mas estava quase lá...

A ricaça olhou a praia de Copacabana pela janela. Era um lugar bonito... Pena que estava lotado de gente pobre e feia... Talvez não tivesse mesmo um hotel melhor para ficar naquele país de terceiro mundo... A mulher suspirou e começou a tirar suas joias lentamente. Precisava descansar um pouco, naquela espelunca mesmo... Nunca mais se atreveria a viajar para um país subdesenvolvido como aquele.

– Toc toc toc.

Juliette Brie olhou em direção à porta. Estava esperando a chegada do marido, que vinha de uma reunião de negócios nos Estados Unidos. Ele era um empresário importante. Um homem chique, fino e elegante. Uma pessoa de classe, assim como ela.

– Maurice? É você?

Mas não era... A francesa espantou-se ao ver uma velhinha de roupa amarrotada, segurando uma pequena mala nas mãos...

– Desculpa interromper, senhora...

Juliette arregalou os olhos. Onde já se viu hotel deixar pedintes incomodarem os hóspedes? Só no Brasil mesmo... Com desprezo pegou uma moedinha e jogou em direção à velha.

Hilary olhou para a francesa, ofendida... Se antes sentia-se mal por ter que tirar a mulher do quarto, agora estava pouco se importando... Que mulherzinha mais metida! Tinha combinado de encontrar com Castiel naquele exato local. Antes que pudesse explicar que precisavam ver se o quarto estava disponível, fazer check in e pagar, o anjo, impaciente, dissera que lhe encontrasse ali, na melhor suíte no hotel. Desaparecera em seguida.

– É o seguinte... – falou então a vovó, com inglês americano, e pouca educação. - Marquei uma reunião aqui nesse quarto com os meus netos. Eles estão chegando a qualquer momento... Então, por favor, a senhora poderia nos dar licença?

– Seus netos? Aqui no meu quarto???!!! – a francesa só faltou desmaiar. Imaginou centenas de ianques mal educados correndo por ali e mascando chicletes. Pegou o telefone para chamar o segurança.

– Se eu fosse você, saía agora... Eles estão chegando... E você vai se assustar... – aconselhou Hilary soando ameaçadora.

Juliette não lhe deu ouvidos. Já falava com alguém do outro lado da linha. Em cinco segundos um sujeito negro, alto e gigantesco já estava lá para defendê-la.

– Queira se retirar, senhora! Ou terei que fazer à força... – ordenou o grandalhão, Maicon, tentando intimidar.

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Em um momento ele estava apavorado, a bordo de um avião em queda, aterrorizado por um palhacinho macabro. No instante seguinte, Sam viu-se em um luxuoso quarto de hotel. Ao seu lado, Dean, ainda rindo, e Maurice, que não desgrudava dos dois.

Uma mulher loura e um homem negro, mais alto até que ele, sapateavam no ar e gritavam descontroladamente. Hilary, ao lado deles, sorria um sorriso vitorioso. Só então Sam notou que o terrível palhacinho viera também. Estava ali – maldito e macabro - bem no colo de Castiel...

– Cass... P... Palhaço... No seu colo... – gaguejou o Winchester caçula, como a avisar ao amigo anjo que o brinquedo vilão viera de penetra.

– M... Maurice... O.. que significa isso? – perguntou Juliette ao esposo assim que conseguiu falar. Estava tão gaga quanto Sam. Nunca tinha presenciado nada tão assustador... Como aqueles seres apareceram assim, no meio do nada? Eram bruxos? Disso ela ainda não tinha certeza... A certeza que tinha era de que eram loucos...

O altão, vestido de mulherzinha, agora choramingava e se escondia atrás de Maurice. O padre estava histérico. Quanto mais Maicon, o segurança brasileiro, gritava, mais ele ria... O outro, fantasiado de Pikachú, permanecia sério no meio daquilo tudo, segurando o palhacinho horroroso nos braços. Mas o que seu fino marido estaria fazendo no meio daqueles bruxos esquizofrênicos?

Maurice também nada entendeu... Será que tinha morrido e ido parar no céu? Não... Para o céu não... Ou a chata da sua mulher não estaria ali...

– Sam, deixa de ser bobo, meu filho. Está com medo da Samanthinha? – ponderou a vovó ao perceber o desespero do rapaz.

Samanthinha? Como assim Samanthinha? Sam então tomou coragem e olhou o palhacinho de frente. Ele era bicudo e do mesmo tamanho de sua sobrinha. Como ele pudera não perceber? Estava tão aterrorizado com a possibilidade de um palhaço assassino que nem se dera conta... Que papelão... Sam começou a rir junto com o irmão.

– D... Dona... Vamos fugir daqui... Isso só pode ser coisa de macumba... Coisa do diabo... – choramingou Maicon, se dirigindo à Juliette, assim que conseguiu se acalmar um pouco. Era evangélico, e para ele, tudo que não podia explicar era atribuído às religiões afro-brasileiras.

Juliette arregalou-se. Queria fugir dali também... Mas não podia deixar suas malas. Seu conteúdo valia milhares de euros e muito tempo gasto no shopping.

– Leve as minhas malas! – Ordenou ao serviçal. Mas era tarde demais... O homem já estava a léguas dali.

– Maurice, leve as minhas malas você! Vamos voltar para a França! – a mulher estava furiosa.

O bigodudo ainda tentava colocar sentido no que tinha lhe acontecido. E chegara a uma conclusão... Não fazia sentido algum. Estivera a beira da morte, e, de repente, lá estava ele: no Rio de Janeiro, vivo e respirando. Havia ganho uma nova chance...

Sim, o que lhe acontecera não fazia sentido algum. Mas sua vida também não... Tinha uma mulher fútil e um emprego chato. Vivia em reuniões formais, com gente metida a besta. Só conseguia ser ele mesmo quando estava sozinho. Precisava dar um basta naquela vidinha de aparências...

– Vá você se quiser. Eu vou ficar pelo Brasil mesmo! – desafiou o marido.

Juliette arregalou os olhos, que faiscavam de indignação.

– Como é?! Ficar no Brasil? Você está louco, Maurice! Vamos embora agora! – ordenou.

– Nem morto que saio de perto desses lindinhos para ficar com você! – e dizendo isso Maurice apertou o bumbum de Sam e Dean, um com cada mão.

– Maurice!!!!! – exclamou Juliette, quase caindo para trás. – Que pouca vergonha é essa!?

– Pouca vergonha nenhuma... Estou tendo uma nova chance nessa vida que Deus me deu, e pretendo ser feliz! Eu não gosto de você, Juliette. Volte para França. Eu sou gay, e passarei o resto dos meus dias colocando as minhas mãos em homens lindos como estes.

– Gay?! Ahhhhhh! – A mulher gritou horrorizada.

– Ele não era assumido? – perguntou Sam perplexo.

– Eu era um covarde... Mas agora serei valente como você, Sammy. Meu solho é usar um vestidinho rosa como esse seu. É tão lindo...

Sam olhou o vestido horroroso e curto... O que ainda fazia com ele no corpo? Despiu-se imediatamente, ficando apenas de cueca. Em seguida jogou-o em direção a Maurice. O bigodudo abriu o maior sorriso do mundo. Diante do olhar perplexo da mulher, o francês se livrou do terno caro e enfiou o vestidinho rodado.

– Tchau meus lindinhos! – despediu-se o homem tascando um beijo na boca de cada Wichester, e mais um na de Castiel. Saiu assobiando e balançando a saia em direção às areias de Copacabana, para desespero da mulher que agora chorava e carregava suas próprias malas para fora do quarto.

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– Enfim sós! – festejou a vovó fechando a porta do quarto atrás de si. – Meu, Deus... Como esses franceses são esquisitos!

Hilary então fitou seu lindos netinhos. Castiel de Pikachú, Dean de padre, Samanthinha de palhaço assassino e Sam apenas de cuequinha. Eram tão adoráveis... Mas porquê Dean não parava de rir? Tudo bem que a cena de Maurice com a esposa tinha sido engraçada... Mas... O rapaz já estava exagerando... Hilary preocupou-se com o estado mental do louro e foi examiná-lo.

Sam aproveitou para arrancar a fantasia de palhaço da sobrinha. Ela ficava bem mais bonitinha sem aquela roupa macabra... Depois pareceu pensativo.

– Cass... O que você fez com o avião, e os outros passageiros?

– Eu? Nada...

O Winchester mais novo sentiu um frio na barriga. Ligou a televisão apressado, e lá estava a notícia. O avião havia se espatifado na costa brasileira. Helicópteros já sobrevoavam o local mostrando os corpos.

– Buáááááááá!

Sam teria se comovido com o choro da sobrinha se não soubesse que aquela cena tenebrosa apenas lhe abrira o apetite.

– Tio Cass, busca um lanche lá pra mim?


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