A Ultima Fuga 2 escrita por DM


Capítulo 22
A Fuga


Notas iniciais do capítulo

Feliz 2014



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Mais tarde, quando o sol ainda estava alto no céu, mulheres vieram ao seu quarto, trazendo-lhe um banho perfumado com folhas de rosas. Emily ficou contente de se deitar na água fria. O pequeno quarto era por demais pequeno, quente e sem ar.

Após ela ter se banhado, as mulheres esfregaram óleos em seu corpo. Trouxeram-lhe uma grande quantidade de perfumes, para que escolhesse um, o qual elas passariam em seus pulsos, pescoço, e cabelo.

Os perfumes, de cheiro forte e enjoativo, lembraram a Emily o incenso queimando nos aposentos do Sultão. Finalmente escolheu um, feito de pétalas de rosas amassadas, que lhe recordava um perfume inglês. Emily lavara o cabelo. Depois de seco, parecia ouro liquido caindo suavemente sobre cada lado do rosto pequeno. As mulheres colocaram em sua testa as jóias que todas usavam com seus trajes de gala.

Mas, a faixa usada ao redor da cabeça de Emily era de diamantes ovais entre pérolas grandes, que ela sabia serem muito valiosas.

Depois que lhe tinham vestido um kaftan de fina seda branca, bordado com fio de ouro e prata, trouxeram-lhe as magnificas jóias de casamento. Emily fora informada pela Sultana, que aquelas jóias eram usadas por cada noiva do Sultão, no dia do casamento.

Eram longos colares de esmeraldas, rubis e diamantes incrustados em ouro. Pedras antigas e de grande valor. Havia também pulseiras de ouro e pedrarias. Deram-lhe um anel para cada dedo. Anéis para os dedos dos pés descalços, e pesadas kholkal para os tornozelos. Tudo de pedras preciosas.

Depois que Emily tomou banho, as mulheres pintaram as palmas de suas mãos e as solas de seus pés com hena vermelha. Passaram verniz nos dedos das suas mãos e dos seus pés. Também pintaram seus olhos. Trouxeram-lhe ainda um pesado cinto de pedrarias para usar ao redor da cintura à frente do kaftan, arrematado por uma borla de fio de ouro.

Finalmente, os sete véus foram trazidos pela própria Sultana. Emily devia usar os véus sobre o rosto até o momento em que seu marido os tirasse, um por um, quando se encontrassem sozinhos no quarto nupcial, terminada a cerimônia. As mulheres quiseram colocar os véus sobre ela, mas Emily protestou.

– Está muito quente- queixou-se Emily à Sultana, em francês.- Eu lhe peço, Alteza, deixe-me esperar até o momento de ir para o grande hall. Se eu usar os véus durante tanto tempo, sou capaz de desmaiar. E tenho certeza de que o Sultão não desejaria uma esposa inconsciente.

Sabia que se mencionasse alguma coisa que pudesse aborrecer o Sultão, a Sultana lhe daria ouvidos.

Imediatamente a Sultana respondeu- Mandarei Almoh e Zella para colocar os véus, antes de levá-la até a porta do grande hall.

Como Almoh e Zella eram duas das esposas do Sultão, Emily compreendeu que elas não ficariam satisfeitas com a tarefa. Mas não ousavam desobedecer a Sultana, e quando esta lhes disse o que deveriam fazer, prometeram acompanhar Emily, embora seus semblantes mostrassem ressentimento.

Enquanto Emily era enfeitada, não viu a sudanesa. Emily sabia que a moça devia estar sentada sozinha, chorando amargamente porque fora abandonada.

Afinal, no harém onde se encontravam as mulheres, vozes de alegria dominaram o ambiente. Um eunuco entrou dizendo que elas poderiam se enfileirar no corredor e subir as escadas que levavam ao terraço, de onde poderiam ver o grande hall.

– Cubram os rostos - disse ele - não deixem que ninguém admire sua beleza. Porque, qualquer homem que olhar para uma mulher que pertença ao Senhor, morrerá. E se ela for culpada, será expulsa do kasbah e levada para o deserto.

Ele falou com rudeza. Emily viu uma espécie de tremor geral percorrer o grupo de mulheres. Cada uma temia provocar a fúria do Sultão.

Depois, dando risadas como colegiais a passeio, deixaram o harém seguindo a Sultana, que estava vestida com grande luxo e jóias magnificentes.

Quando ficou sozinha, Emily começou a sentir medo. Apanhou a adaga que estava escondida debaixo do colchão.

Era pontiaguda, mas ao mesmo tempo parecia leve e inofensiva. Será que aquela adaga poderia matar um homem?... Ou seria apenas capaz de feri-lo?... e então, ele se tornaria tão perigoso quanto um animal ferido!

Sentia o coração bater em seu peito, com tanta força que se alguém estivesse ali perto poderia ouvi-lo. A boca estava seca. Emily respirava com dificuldade. Segurando a adaga com as duas mãos, dirigiu-se ao grande harém.

O sol começava a morrer. Seus raios vermelhos, penetrando pela janela, lembravam sangue. O local vazio parecia empoeirado e mal cuidado. As almofadas vermelhas eram de mau gosto e o odor do perfume era vulgar e desagradável.

Emily caminhou na ponta dos pés, lentamente, até a porta dos fundos. A noite chegaria breve e não haveria crepúsculo. Quando o sol sumisse, seria a escuridão.

Em geral, os lampiões eram acesos. Mas naquela noite, sem as mulheres no harém, os criados

com certeza descuidariam de sua obrigação. Assim, ela devia estar perto da porta. Tinha medo de não conseguir encontrá-la quando escurecesse.

Aproximou-se mais e mais. Podia ouvir os passos do eunuco de guarda do outro lado, e escutá-lo tossir de vez em quando.

Havia música à distância, rufar de tambores, e som dos alaúdes. Escutou, também, murmúrio de vozes masculinas e seus risos.

Eles iam comer muito. Embora a sua religião não permitisse que bebessem álcool, os doces estimulariam as paixões, e excitariam o corpo e a mente.

De repente, ela percebeu que estava escuro. O sol desaparecera. O céu, embora não pudesse vê-lo, era um manto aveludado. As estrelas brilhavam nele como jóias. E talvez houvesse uma pálida lua sobre os minaretes.

O interior do harém estava tranquilo. Por um momento, Emily entrou em pânico. Teve vontade de gritar. Queria correr para a porta e bater nela com força. Precisava fugir agora, ou então seria levada ao grande hall. Ali deveria esperar, como espectadora silenciosa, até que a cerimónia do casamento fosse iniciada.

Spencer me abandonou, não pode me salvar!... sussurrou ela

De súbito, Emily compreendeu que aqueles pensamentos eram ditados pelo demônio, para que ela perdesse a fé, não somente em Spencer, mas em Deus.

Ela rezara desde que fora encarcerada ali. Rezara sempre para que Deus a ajudasse. E naquele momento, quando se encontrava sozinha, mais sozinha do que nunca, sabia que Deus estava a seu lado.

Ajude-me, ajude-me a ter coragem! Ajude-me a não ter medo de me matar depressa, se não for libertada! sussurrou ela.

Nesse instante soou uma tremenda explosão. Todo o prédio pareceu estremecer. À explosão seguiu-se outra, e mais outra. Perdita ouviu vozes, gritos agudos. Moveu-se em direção à porta, no momento em que ela se abriu. A sudanesa estava de pé no exterior. E caído ao chão, o corpo do eunuco.

– Venha depressa! disse a sudanesa, estendendo a mão e segurando o braço de Emily.

– Você o matou!... acusou Emily, num cochicho, olhando para o corpo do eunuco.

– Sim, eu o matei. Mas ninguém vai saber que fui eu. Todos pensarão que foi você- diz a Sudanesa

– Eu nunca... podia... ter feito... isso!- murmurou Emily

Neste momento Emily percebe que tem algo errado com a sudanesa

–O que aconteceu?- diz Emily preocupada

–Só um corte bobo- diz a menina mas ela cai no chão

–Você esta ferida- diz Emily

– Vá! Vá depressa! E que Alá a proteja!- disse a sudanesa.

–Não posso você pode morrer- diz Emily

Emily olha o corte a menina foi atingida no coração, a respiração dela estava curta. Emily não sabia o que fazer.

–Eu vou morrer?- pergunta Ouda

–Sim- diz Emily começando a chorar

–Então salve o meu filho- diz Ouda

–Não posso- diz Emily

–Você pode, corte minha barriga e salve o meu filho- diz Ouda- ele esta perto de nascer

–Não- diz Emily com medo

–Faça- diz Ouda

Emily rasga o vestido da sudanesa que esta quase inconsciente, coloca um pano na boca dela, pega a faca e com uma coragem que não sabe de onde surgiu abre a barriga da mulher. Ela tira a criança. No começo a criança não chora e ela entra em pânico mas lembra de sopra a boca da criança que começa a chorar.

– Obrigada...- diz Ouda morrendo

Emily enrola o bebe no em uma toalha e em seguida, sai correndo mais depressa do que jamais correra em toda a sua vida, Emily alcançou o jardim e dirigiu-se para o muro sul. Enquanto corria, escutava tiros e explosões atrás dela.

Alcançou a muralha. Havia luz suficiente das estrelas. Em algum ponto visível nos fundos do kasbah, havia não uma corda, mas uma escada de cordas.

Lembrou-se, então, que já tivera medo de não conseguir subir por uma corda, embora pudesse descer por uma. O cinto de pedrarias pesava. Emily soltou-o da cintura, com impaciência, atirando-o entre as flores. Seus pés descalços pisavam sobre as cordas da escada. Ela subiu depressa.

Pareceu-lhe que a muralha era muito alta. Quando alcançou o cimo, olhou para o chão. Seu coração cessou de bater por um instante. Embaixo estava um vulto. Tinha uma capa branca, igual à que o Sultão usara quando ela o vira pela primeira vez! O capuz encobria o rosto ...

Quando se sentia no auge do pavor...


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Notas finais do capítulo

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