Minha vez de contar a história- Peeta Mellark escrita por Levi42


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A história é contada entre Jogos vorazes e Em Chamas. O Epílogo da trilogia não vai acontecer nessa fic.Se tiver alguma reclamação, sugestão ou qualquer coisa falem comigo. É a minha primeira fic, por favor sejam legais, okay? Obrigado.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/405628/chapter/1

Enquanto observava o alaranjado resquício dissipar do copo cristalino na minha mão, pouco me importava meu redor, música alta, aplausos, câmeras, fleches, todos os meus falsos amigos com todo o barulho deles. E a bebida caia calidamente na minha garganta, pondo-me a inclinar sob a mesa, entorpecendo gradualmente minha visão. Nunca quis me transformar em alguma peça de jogo, ninguém nunca quer, mas é isso que sou hoje.

− Peeta Mellark, o amante desafortunado! – Uma voz masculina me afasta os pensamentos – ou deveria dizer ex-desafortunado?

− Sim? – respondo ao homem de cabelos louros, forçando-lhe um sorriso

− Qual o seu segredo? – ele rebate cobrindo um sorriso misterioso em seu rosto.

− Desculpe-me?

− Quero dizer, não é sempre que dois tributos vencem os jogos, vocês dois foram uma rara exceção. Então me conte qual o seu segredo? – replica aproximando seu rosto do meu – Ele deve valer muito.

− Não há segredos comigo, pelo menos não mais – respondo rispidamente.

− Entendo – ele responde franzindo os lábios – Você realmente a ama? – hesito em falar.

O que ele quer com isso?

Percorro meu olhar pelo salão, desviando minha atenção dele, talvez tentando ganhar tempo para uma resposta que no fundo eu sei há tempos. Encontro pessoas de todos os tipos, pessoas que tento evitar ao máximo, extravagantes, alguns rostos conhecidos, antigos vitoriosos, e um homem no canto da mesa, com o seu bigode e óculos adornados em seu rosto como uma máscara detalhada, ele não para de fumar tem a noite inteira... Meus devaneios me levam até aquela caverna escondida na arena, Katniss praticamente me carregara até lá, enquanto eu tentava falhamente não demonstrar dor. Não entendia o porquê de ela estar me ajudando desse jeito, cuidando de meus ferimentos, me alimentando, mas eu decididamente não iria discutir com ela. Lembro-me de como a luz do sol fraca batia perfeitamente em seu rosto com as sobrancelhas franzidas e seus olhos virados para os meus ferimentos.

Conte-me uma história alegre.

− Amo – respondo-o em um tom abaixo do normal. Acabo por encará-lo nos olhos serenamente.

− Realmente? – pergunta ele com suas sobrancelhas levantadas

− Qual o seu nome?– contraponho. Ele estica novamente seu sorriso misterioso.

Definição de misterioso: Indivíduo enigmático; cheio de segredos.

− Finnick Odair.

Oito meses antes

Katniss e eu estamos quase chegando ao distrito doze, já se pode sentir uma multidão ao longe à nossa espera. Depois de tanto tempo na arena, na capital e em frente às câmeras dando entrevistas, estar de volta ao distrito doze com a família é reconfortante. Não mais subir em árvores, dormir em cavernas ou esperar a morte, eu estou indo para casa. Sei que nunca mais serei o mesmo, ao menos terei Katniss ao meu lado.

Seguro sua mão confortavelmente na minha, seus olhos estão distantes dos meus, suas respostas às minhas são dispersantes, sei que vai ser um viajem difícil e é uma viajem sem volta. Poucos dias atrás eu estava certo em me sacrificar por ela, antes de mudarem as regras. Eu estava sozinho, sangrando, esperando, esperando pelo paraíso sombrio. E Katniss me encontra, com sua faísca de esperança. Ela cuidou de mim e me beijou, eu esperava uma flechada em meu peito, isso acabaria com o sofrimento, e seria um a menos para ela estar próxima da vitória. Mas ela me surpreende com um beijo.

Tenho que confessar, durante nosso tempo na caverna não me importou os jogos, ou a dor, ou a fome, Katniss estava comigo.

Durante toda a nossa volta tento convencer o seu sorriso a aparecer para mim, comentando a falta de atenção de Haymitch, o exagero de Effie Trinket, mas sei que seus movimentos são sincronizados e apresentados para mim como se eu fizesse parte da multidão da Capital. Sinto o conflito em sua mente, sei que seus sorrisos são forçados, tentando dizer-me que está tudo bem.

O trem para.

Minha atenção é forçadamente virada ao condutor, teremos uma hora de descanso para podermos sair. Ponho-me de pé vagarosamente e ofereço a mão para Katniss e ela toca-me hesitante, como tudo que tem feito até agora, como se tudo a levasse a grandiosas consequências, analisando periodicamente tudo antes de lhe acontecer. Contudo, assim conduzimo-nos até a saída do trem. Agarro-lhe um ramo de flores brancas, e ela exibe mais uma vez seu olhar hesitante impelida a me dizer que está tudo bem.

−Algum problema? – digo

− Nada – ela responde

Poucos segundos depois, Haymitch aparece atrás de nós, pondo sua mão no ombro dela dizendo:

−Excelente trabalho, vocês dois. Basta manter o ritmo no distrito até as câmeras desaparecerem. A gente vai se dar bem. – e antes mesmo que possa perceber, ele já está voltando ao trem.

−O que ele quis dizer? – digo

− É a Capital. Eles não gostaram da nossa armação com as amoras – ela diz

− O que? Do que está falando? – pergunto

− A coisa pareceu rebelde demais. Aí Haymitch tem me orientado nos últimos dias para eu não piorar tudo.

− Orientado você? Mas não a mim – Katniss franze os lábios.

− Ele sabia que você era suficiente esperto para proceder de maneira correta.

− Eu não sabia que havia algum motivo para proceder de maneira correta. Então o que você está dizendo é que, nesses últimos dias e também eu acho que... Lá na arena... Aquilo não passou de uma estratégia que vocês dois bolaram?

− Não, eu nem conseguia conversar com ele, lembra? – ela insiste

− Mas você sabia o que ele queria que você fizesse, não sabia? – digo. Ela morde os lábios – Katniss? – Solto a sua mão – As suas atitudes foram todas em funções dos Jogos

Nem todas – ela retruca enquanto percebo-a apertando o ramo de flores com força

Então quais foram e quais não foram? – digo – Não, não esquece isso. Aposto que a verdadeira questão é o que vai sobrar quando chegarmos em casa.

Não sei. Quanto mais a gente se aproxima do Distrito 12, mais confusa eu fico – espero ela continuar, mas nada acontece.

Bem, me avisa quando você tiver alguma resposta. saio caminhando a passos largos.

Um turbilhão de pensamentos invade minha cabeça, alcanço os ladrilhosdo trem, encontro Effie iniciando mais uma exclamação, mas não tenho tempo de prestar atenção. Caminho sem olhar pra trás, abrindo a porta da minha cabine em solavanco e trancando-a atrás de mim. Sinto meu rosto ruborizar enquanto tento segurar minhas lágrimas.

− Eu fui usado – murmuro

Minhas pernas falham, e vagarosamente encontro o carpete branco felpudo, onde fico o resto do dia, observando o movimento do trem formar paisagens espectrais e deformadas na janela. Eu estou no inverno da minha vida.

E depois de horas choramingando, eu encontro a paz. E a indiferença.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? gostaram? Comentem! Se não gostaram, comentem também. Sugestões são bem vindas :) Obrigado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Minha vez de contar a história- Peeta Mellark" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.